Considerado como um dos homens fortes, entre outras características generalícias inerentes ao seu clã familiar, na organização de massas (de várias massas, com excepção da cinzenta) do partido que governa o país desde 1975, “Kangamba”, falava à Lusa, em Luanda, sobre a situação política em Angola, numa altura que Ana Gomes, critica do actual regime, está no país para aferir do cumprimento dos direitos humanos.
“Kangamba” tem razão para protestar. Desde logo porque não se percebe como é que a eurodeputada socialista quer aferir algo que não existe no país: direitos humanos.
“Ainda tem sítios para ir, lá em Portugal, tinha que ir visitar o engenheiro Sócrates, que são do mesmo partido, que está preso lá dentro e que se calhar precisa de apoio desse tipo de pessoa. Tem que ir lá no Sócrates”, afirmou o general angolano.
E enquanto Ana Gomes não vai “lá no Sócrates”, refira-se que tanto o Partido Socialista de Ana Gomes como o MPLA pertencem à mesma família política, a Internacional Socialista. Coisas.
A eurodeputada socialista está em Luanda a convite da Associação Justiça, Paz e Democracia e agendou para amanhã uma conferência de imprensa para abordar as conclusões sobre a visita a Angola, que coincidiu com a realização, na quarta-feira, na capital, de uma manifestação de jovens activistas que, certamente com o apoio do Estado Islâmico, se preparam para – como os colegas que estão presos – levar a cabo um golpe de Estado.
Ana Gomes está em Luanda na qualidade de membro do Parlamento Europeu e da subcomissão de Direitos Humanos da União Europeia e já admitiu, durante esta visita, ter ouvido “expressões de preocupação” sobre direitos humanos em Angola.
A sua presença em Angola tem sido duramente criticada nos últimos dias por figuras do MPLA, partido que suporta o Governo, e do próprio Executivo, que acusam Ana Gomes de ingerência nos assuntos internos do país.
“Andar de Portugal para Angola é longe, tem sítios na Europa que tem mais problema que Angola. Achamos que essa deputada tem que evitar de criar “show” com os angolanos. Angola é um país independente há muito tempo, nós com Portugal somos irmãos”, enfatizou o general “Kangamba” expressando-se num português de elevado nível e consentâneo com a sua formação superior, também ela só alcance de generais da sus estirpe.
Para o também secretário do comité provincial de Luanda do MPLA para a Área Periférica e Rural, “em vez de se preocupar” com Angola, a eurodeputada – que já se reuniu esta semana com vários ministros angolanos de acordo com a comunicação social pública, “podia ir a países onde existem esses conflitos”, apesar da “abertura” para demonstrar a situação do país.
“Portugal e Angola já não podem ter este tipo de situação. Pessoas de Portugal virem aqui agitar em Angola, pessoas de Angola irem agitar em Portugal”, disse ainda.
“Presos políticos não há, nunca existiram. Não vejo a UNITA, a CASA-CE, a FNLA, o PRS, a reclamarem os seus militantes presos. Os que estão presos são jovens que algumas pessoas estão a incentivar para fazerem arruaça que não está prevista na nossa Constituição”, afirmou “Kangamba”, acrescentando – certamente à procura da 13ª estrela de general – que na base da agitação “com cinco ou seis miúdos” estão “outros partidos que querem subir no poder a todo o custo”.
“Aqui não é isso. Treze anos de Paz não é nada para anos e anos de guerra em que que se mataram tantos milhares angolanos”, apontou o general, admitindo que o país ainda tem “muitos problemas para resolver”.
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