Mais
de um Estado já assumiu o estado de calamidade pública, mercê de
administrações desastrosas e maltrato ao dinheiro do povo. O Brasil
precisa acordar se quiser acertar o passo com o desenvolvimento. Neste
ano, o Banco Mundial detectou que passamos da 111ª para a 116ª posição
em todos os indicadores de eficiência apurados em 189 países. É que
somos extremamente burocratizados. O direito, que deveria servir de
instrumento de solução de problemas, prefere institucionalizá-los. A
interpretação oscila entre a negativa e o percurso labiríntico de senões
para impedir que se alcance o resultado desejável. Há boas iniciativas,
mas falta uma instância de coordenação que pudesse coletar experiências
e concatenar trabalho conjunto.
A
educação básica é a maior urgência para o Brasil. Levada a sério,
resolveria todos os nossos problemas. A política seria diferente se a
nossa população fosse esclarecida. A saúde melhoraria, pois, o cidadão
bem formado preveniria males que são produzidos pela ignorância. A
violência se resumiria às patologias e não seria endêmica. A economia
não patinaria. Pessoas capacitadas encontram alternativas e enxergam
mais longe do que as desprovidas de saber. Enfim, tudo tem remédio se a
educação atinge suas finalidades, explicitamente previstas na
Constituição: fazer com que as potencialidades do ser humano se
desenvolvam à plenitude, qualificar para o trabalho e treinar a prática
da cidadania.
Educação
que é direito de todos e dever do Estado, da família e da sociedade. O
Estado destina um terço de seu orçamento à rede pública. Ainda
insuficiente, ante o crescimento da demanda, tudo agravada em tempos de
crise. Mas a família e a sociedade podem fazer mais. A começar de uma
aproximação afetiva, carinhosa e verdadeiramente interessada, junto às
escolas públicas. Quando a família se interessa pela escola do filho,
tudo vai melhor. Somos todos responsáveis. Talvez nem todos concordem,
mas pior do que a calamidade da crise econômica é a calamitosa
inconsciência em que grande parte de pessoas que poderiam fazer a
diferença mergulhou e dela não parece querer sair.
JOSÉ RENATO NALINI é secretário da Educação do Estado de São Paulo. E-mail: imprensanalini@gmail.com.