Há pouco mais de dois meses de um conflito
político militar na Guiné-Bissau, o mundo todo foi sacudido para mais um golpe
de Estado, que mais não trouxe do que uma guerra de palavras, por conflito de
interesses, mais parecendo um concurso de mister na passerelle da diplomacia
internacional e, mais não trouxe do que a separação entre organizações com
alguns anos de relacionamento diplomático frágil, que agora, ansiosas, em crise
de valores “na cama com" transferem ou projectam "culpas",
distribuindo soluções com ou sem sentido, mas pouco inteligentes e frias por
uma das partes com maior resistência para negociar uma saída da crise..
Esta separação
psicológica não se sabe se terminará em divórcio entre CEDEAO e CPLP, ambas foram
"amiguinhas" até há bem pouco tempo, mas na falta de resultados
materiais dantes havidos, perderam a confiança uma na outra, por causa da Guiné-Bissau.
Esta “separação” colocou cada uma das partes a desabafar aos ouvidos dos
"amantes" escondidos nos quatro cantos do mundo. Nota-se que a
passerelle, de repente engrossou sua fila, com uns "jeitosos" das
diplomacias de cada país, tentando seduzir parceiros num jogo de cintura que
não tem conseguido atracção suficiente para o “engate”, ninguém lhes
"pega", porque já gastas as suas ideias numa redundância pobre e de
fraca criatividade, que giro, pena é porque nem todos mereciam uma plateia de
cegos, surdos e desdentados, onde o efeito narcísico esperado não passou, nem
com manteiga, escorrega numa mente mais aberta e tolerante.
Assistimos a posturas
de arrogância, frieza e ignorância disfarçadas em citações conventuais do
léxico jurídico, lançadas como defesa, por preguiça, quiçá ignorância, por
arrastamento em matérias específicas de conflito, subjacentes num golpe de
Estado. Mesmo um culpado tem o direito à defesa, é preciso ser ouvido, os
motivos levados em conta para uma análise política e à luz do direito internacional
ou dos acordos e estatutos comuns as organizações. Não se mexeram (CPLP), porque
não foram ouvir uma das partes, passaram a utilizar o que ouviram de terceiros
e tirar as suas elações, um erro crasso e arrogante, nunca se deve evitar ouvir
uma das partes, porque agimos por pré-conceitos, logo não somos mais isentos
para testemunhar uma sentença mais justa possível, só.
Na Guiné-Bissau,
logo no início deste conflito político/militar, muitos analistas políticos
conhecidos da praça e organizações políticas internacionais, quiseram avançar
com uma sugestão de envio de uma força de interposição e não de intermediação
do conflito (operações de manutenção da paz).
Na altura, muitos
de nós questionamos o porquê de uma força de interposição, se o País não está
em guerra (um facto evidente mas abandonado nas suas considerações), o que aliás
anteviu a pouca vontade por parte da CPLP em entrar no terreno e fazer a
constatação e recolha de argumentos, todo o material para uma análise exaustiva
do conflito que, ainda fresco, facilitava uma melhor leitura.
Mas escolheram
então o passeio aéreo por "bandas" com montras mais atractivas e não
o lamaçal deste conflito que ia ganhando raízes pós-golpe de Estado no País.
Foi o primeiro erro crasso cometido contra o tempo, evitaram pôr o dedo na
ferida e preferiram analisar discursos e fotos online. Mas que pena, se são
pagos para muito mais, enfim, batendo no ferro ainda quente, facilmente seria
moldado a gosto, porque frio é mais custoso e difícil, é o que está a
acontecer. Houve, portanto, uma falta de sentido de oportunidade dos
diplomatas, alguns preferiram o frio artificial dos gabinetes em vez de
arregaçar as mangas no calor tórrido deste conflito no terreno.
É de realçar um factor importante aqui, não vemos duas forças militares em guerra aberta, mas tivemos um golpe militar sem derramamento de sangue e com duas prisões efectivas, tornadas públicas até hoje. Continua num impasse o que toca a soluções definitivas que englobem a totalidade das forças políticas no território, auto – exclusão do maior partido político no terreno (PAIGC). Uma guerra de palavras substitui as balas no teatro das operações, um combate em duas frentes, nacional e na Diáspora, uma falta de harmonia nos objectivos traçados, com ambas as partes em perfeita surdez propositada, que aponta para um impasse de longa duração nesta resolução que se pretende positiva e mais justa, de acordo com uma paz possível a conquistar num período de transição.
É de realçar um factor importante aqui, não vemos duas forças militares em guerra aberta, mas tivemos um golpe militar sem derramamento de sangue e com duas prisões efectivas, tornadas públicas até hoje. Continua num impasse o que toca a soluções definitivas que englobem a totalidade das forças políticas no território, auto – exclusão do maior partido político no terreno (PAIGC). Uma guerra de palavras substitui as balas no teatro das operações, um combate em duas frentes, nacional e na Diáspora, uma falta de harmonia nos objectivos traçados, com ambas as partes em perfeita surdez propositada, que aponta para um impasse de longa duração nesta resolução que se pretende positiva e mais justa, de acordo com uma paz possível a conquistar num período de transição.
Mas, meus compatriotas e amigos, "onde houver mel, mete-se o dedo e chupa-se" dizia o outro, e porque não, perguntamos nós. Só se houver o controle desta riqueza que todos cobiçam e ninguém dispensa para a sua saúde física e financeira reconhecidas no futuro, na biodiversidade, na existência de muitas outras riquezas no mar e no subsolo deste território hoje cobiçado por "aves" de rapina, que em voo parado de reconhecimento aguardam por um momento certo, quando já estiverem cadáveres os nativos, para baixar as âncoras e subtrair o que puderem. Chegam trazidos nas costas de alguns Guineenses inconscientes da sua ligação “sanguínea” à Terra, e fazendo tudo para vender a Mãe a preço de saldo, e tudo o que não teria preço, pela sua natureza visceral do afecto, respeito pelo Povo, culturas, patrimónios físico, material e humano deste Povo.
Na Síria, infelizmente a situação do conflito atinge proporções desastrosas. Há já alguns meses que se previu esta evolução galopante para uma guerra civil, como todas elas, com resultados imprevisíveis, na única certeza porém de nada travar as mortes, assassinatos, abusos e barbárie, acostumados a rever cenários de chacina, e como se não bastasse, a comunidade internacional aguarda calma, numa estratégia algo duvidosa e expectante, quando as potências que costumam policiar o mundo, até hoje nada fizeram para travar militarmente esta situação. Dá para perceber que só chegam quando o que lhes interessa assim o exige, tudo leva a crer que esta afirmação militar acontece sempre com contrapartidas materiais e económicas à vista. Como exemplo temos o caso Líbia, que em poucas semanas, numa gigantesca operação militar, aviões descolaram vinte e oito mil vezes para bombardear esse território, hoje basta ver, pensarmos, sabemos que benefícios estiveram por trás destas intervenções rápidas. Perguntamos, porque ainda não foram intervir na Síria, onde morrem crianças, mulheres e velhos todos os dias.
Posto isto, recorda-me que em jeito de reflexão, ter lamentado numa ocasião neste site, as incompatibilidades das duas organizações (CDEAO E CPLP) no que concerne às disputas da “razão” em campos diferentes neste conflito político/militar. Não se tem conseguido demonstrar a isenção esperada, verificamos uma confusão total de papéis que cada uma das partes desempenha, e acabando por meter os pés pelas mãos sem reconhecer o erro de “identificação” negativa cometida contra os estatutos, neste caso da CPLP por exemplo (objectivos para que foi criado) os estatutos previstos para esta organização no seu desempenho, nos campos de acção em que deveria actuar, sem se imiscuir no que não lhe diz respeito, no tempo e no espaço da sequência dos conflitos politico militar na Guiné-Bissau, demonstrou ter dois pesos e duas medidas, pondo em causa todo a seu método e pedagogia utilizada até aqui.
Estas duas
organizações pouco têm feito, na prática, pelo Continente Africano, em várias
situações onde podiam “medir” forças e fazer vincar as suas opiniões, nada se
ouviu, foram sempre a reboque das potências, principalmente a CPLP, chegamos a
não perceber o que faz ou tem feito, não há nada para ser exibido como
“troféu”, é muito pobre a sua história até hoje, é preciso ser mais
interventivo, ter voz própria, mostrar carácter e personalidade colectiva dos
que vem dizendo que representam. Vejamos, por exemplo, no caso do conflito na
Líbia, era esperado muito mais da CDEAO na sua voz activa, uma forte opinião
sobre tudo o que se passou na Líbia, mas, nada, apenas apareceram para assistir
ao “velório”, sem a presença do corpo. É preciso maior dignidade e carácter no
desempenho e actuação destas diplomacias no terreno, só.
A CPLP e CEDEAO apresentam
uma interacção com muitas dificuldades, são variáveis difíceis de medir, o
sentido e valor do empenho de cada um. Um desconhecimento traiçoeiro para os
políticos de “transição” neste momento. Aparentemente separados mas inter-relacionados
nos assuntos fazem um bloco-problema para as nossas cabeças, convém não descurar
este aspecto, deve ser equacionada, sempre que se justificar, uma avaliação
concreta sobre este conflito.
Esta realidade,
passando despercebida, pode ser traiçoeira para a Guiné-Bissau, porque na
verdade não há uma fronteira estanque entre as duas organizações, isto que
acabo de afirmar é subliminar, por isso, Guiné-Bissau deve agir em
"relaxe", manter o estado de profunda racionalização, numa atitude de
pensar os problemas sem perder de vista os seus interesses, e só os seus,
repito como prioridade máxima. Todas as outras organizações são como que Clubes
de futebol num campeonato “mafioso” com árbitros comprados e a peso de ouro, com
a única diferença a nosso favor, o facto do campo de jogo ser nosso, a chave sermos
nós que a temos com se espera (alguns de nós).
O mal é que não existe uma única cópia da chave principal. Neste momento foi poli copiada e ninguém sabe quantas se encontram espalhadas em mãos alheias, o que é revoltante, tornando difícil a estrutura do vínculo entre irmãos, com isto, outros adversários ganham terreno, isto é, outras equipas que já têm "comprados" alguns "pontas de lança" disfarçados, mas Guineenses, a pactuar com "treinadores" da equipa adversária, levando recados que nos são retirados sem sabermos quantos segredos já estarão do outro lado. É de realçar que não estamos todos no mesmo barco, o que nos fragiliza bastante numa altura destas que deveríamos estar mais unidos entre os líderes.
Temos muitas
informações que passam de um lado para o outro sem controlo, de certeza
absoluta, visto que temos irmãos “desavindos” e com “guarda-costas” oriundos de
Países do estrangeiro, interessados nas mesmos conteúdos em discussão e
análise, um verdadeiro obstáculo e quebra-cabeças que tem vindo a castigar tudo
e todos…
Sabemos que negociar sem ter "o segredo" a sete chaves trancado, é obviamente trazermos um rótulo na testa, em que toda a gente, sabendo ler, antecipa o que queremos ou o que vamos dizer, eis a pior dificuldade neste momento para a Guiné-Bissau.
Repito, CPLP, CEDEAO, são dois principais adversários dos reais e profundos interesses da Guiné-Bissau, mas igualmente nossos parceiros, porque estamos representados no seu interior. Aparentemente um deles (CEDEAO) está melhor posicionado neste momento, mais próximo e deve ser encarado como uma relação com os dias “contados”, um casamento a curto prazo, quase uma "rapidinha" relação de interesse no nosso País. Mas todos nós sabemos que na "prostituição" não existe amor (e é bem feito para os seus clientes), porque o amor não é uma fricção de mucosas, e aqui, nestas organizações muitos esfregam as mãos, já coça, todos “excitados” pelo mesmo (com alguns chulos à mistura) oferecem compensações aos seus "pontas de lança" que são nossos irmãos Guineenses, que jogam nessas equipas (CEDEAO/CPLP), para marcarem o máximo de golos possíveis. Temos muita dificuldade todos, para lidarmos ao mesmo tempo e, perigosa se torna quando perdemos o controle da chave mestra, mas, tudo passa pelos níveis de alerta máximo, que trazemos dentro de Casa, até porque estes pontas de lança que são nossos irmãos, pode até ser que aceitem "subornos" no bom sentido (aconselhamento) para marcarem na própria baliza, o que seria muito bom para a Guiné-Bissau, neste período de debate, de consciência nacional na resolução definitiva desta crise. Senão, cada vez mais, temos quase tudo perdido, há que renegociar muita coisa e com a cabeça fria, sem partir do princípio que temos "amigos" pré-estabelecidos (CDEAO/CPLP), nunca porque não se pode acreditar, aqui só a Mãe é amiga, os outros, às vezes, são muito esquecidos e podem mudar de estratégia, de interesses e até de “identificação”.
Um político não tem
amigo noutra “bancada”, cada um defende os seus interesses, o segredo é a chave
para se ganhar a questão, quanto mais bem guardado, melhor. Perante as ideias
somos adversários, no domínio de interesses que cada um defende, há que não
misturar emoções pessoais ou princípios de orientação traçados a partir dos
nossos objectivos gerais e específicos.
A CPLP e CDEAO são
dois organismos distintos dos quais fazemos parte integrante, mas que cada um dos
seus membros defenda a sua “casa”, em cada casa um presidente com o seu
governo, na mesma cama, o amor e o ódio dormem lado a lado, mesmo que a roçarem-se,
são igualmente distintos, por isso, o segredo é a alma do negócio, sempre que
os interesses venham à tona, estamos pelo que nos interessar mais…
Esta crise é
profunda e traz um golpe igualmente profundo, temos muitos pontos internos e
externos que vão aguardar a cicatrização por muito tempo, neste período de
convalescença devemos aproveitar para visitar as ideias dos nossos irmãos
“zangados”, discutir com todos, ser tolerantes e saber ceder, encontrar
soluções de paz, esperança e de confiança, baseados na transparência e nas
lutas comuns que venham a dignificar as nossas escolhas, como Povo da Guiné-Bissau.
Para isso, devemos hoje estar ligados sem hesitar, assinar por baixo, nos
compromissos que não mais podem esperar por, tarde de mais, a sua exigência no
espaço e tempo das necessidades, este futuro é hoje, só.
Viva a Guiné-Bissau
livre, democrático e progressista.
Djarama. Filomeno
Pina.