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terça-feira, 22 de novembro de 2022

PRESIDENCIAL NA GUINÉ EQUATORIAL: Teodoro Obiang Nguema para sempre

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Aos oitenta anos, só ele tem 43 anos no poder, detém o recorde mundial de longevidade no poder, se deixarmos de lado as monarquias onde o monarca, como sabemos, reina por toda a vida. Mas ele ainda não está pronto para reivindicar seus direitos de aposentadoria. Teodoro Obiang Nguema, por se tratar dele, é candidato à sua própria sucessão e esta, pela 6ª vez. Com efeito, tendo chegado ao poder graças a um golpe de Estado perpetrado em 1979, o mestre de Malabo conseguiu a proeza de criar um vácuo à sua volta para que lidere o país sem qualquer contra-poder real. Como prova, apenas um partido político da oposição foi autorizado a apresentar um candidato. Quanto aos outros líderes da oposição, eles deixaram o país ou foram presos, acusados ​​pelo regime de terem fomentado uma conspiração. É a síndrome da perseguição que geralmente habita todos aqueles que chegam ao poder por meio de um golpe de estado, tanto dão a impressão de ver o demônio por toda parte. De facto, no papel, Teodoro Obiang Nguema enfrenta outros dois candidatos. Mas, na verdade, ele não está preocupado com a reeleição já que um dos adversários é aliado, e o outro que é adversário, se houver, não pesa. O que leva alguns observadores a afirmar que as eleições presidenciais na Guiné Equatorial não deixam margem para suspense. Ambos os resultados, antes mesmo da votação, são conhecidos com antecedência. O vencedor chama-se Teodoro Obiang Nguema. Longos reinados sempre levam ao caos Dito isso, às vezes nos perguntamos qual é o propósito das eleições na Guiné Equatorial senão para cumprir simples formalidades. Como prova, o partido presidencial, ao final das consultas eleitorais de 2016, controla todo o Senado, e detém 99 das 100 cadeiras da Assembleia Nacional. Assim vai a democracia no país de Teodoro Obiang Nguema que, recorde-se, nunca escondeu o desejo de ser sucedido pelo filho, Teodorin. Infelizmente, este último foi ilustrado por escapadas e travessuras que acabaram manchando enormemente sua imagem, semeando dúvidas na mente de seu pai. Isso se aplica ao filho de inimigos legais em alguns países ocidentais. Em outras palavras, se o pai está na largada para mais um mandato, pode ser porque duvida da capacidade do filho de perpetuar a dinastia. Em todo o caso, se não for para preservar os interesses do clã, não vemos o que Obiang Nguema ainda pode dar à Guiné Equatorial que não tenha conseguido fazer em 43 anos. Mas a natureza, muito ciumenta, deliciando-se em pequenas doses com as forças que nos emprestou, Obiang Nguema não terá escolha senão entregar a uma nova geração tudo o que isso pode acarretar como riscos. Porque todos sabem que longos reinados sempre levam ao caos. E a Guiné Equatorial, bate na madeira, não será exceção. Bondi OUOBA fonte: le pays

O PETRÓLEO QUE OS PARIU!

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A consultora Fitch Solutions considera que a produção de petróleo em Angola vai cair 20% até 2031 devido à maturação dos poços petrolíferos e à falta de investimento crónico em novas descobertas. Será caso para a PGR do MPLA pedir a intervenção da Interpol ou mandar deter esta consultora por atentar contra a segurança do reino? A “principal razão para o crescimento medíocre da produção petrolífera é o efeito do legado da maturação dos poços petrolíferos”, diz a Fitch Solutions numa nota de comentário sobre a manutenção da produção abaixo do limite definido pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). “A queda na produção dos poços actuais de Angola significa que é preciso uma taxa maior de crescimento da produção para manter a produção nos níveis actuais; Angola precisa de cerca de mais 36 mil barris por dia de produção para anular o impacto do declínio natural”, dizem os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings. No comentário, enviado aos clientes, a Fitch Solutions escreve que “Angola tem assistido a uma pequena subida dos níveis de produção, com a entrada em funcionamento de vários pequenos projectos, mas neste trimestre prevemos que a pequena subida de produção estagne, regressando a um crescimento negativo em 2023, com o efeito do declínio dos poços a materializar-se”. A produção de Angola tem andado em cerca de 1,1 milhões de barris por dia desde o princípio do ano, bem abaixo do limite de cerca de 1,5 milhões de barris por dia imposto pela OPEP. “O novo limite para Angola ao abrigo da produção total da OPEP está muito acima das capacidades de produção e as taxas de crescimento anteriores indicam que há uma probabilidade muito baixa de Angola se aproximar dos limites da OPEP a curto prazo”, concluem os analistas. PETRÓLEO, MEMBRO FUNDADOR DO MPLA A ministra das Finanças de Angola, Vera Daves de Sousa, disse no passado dia 17 de Maio que o Governo reviu em alta a previsão de crescimento económico para este ano, antecipando agora uma expansão de 2,7% devido ao aumento do preço do petróleo. “Sim, revimos a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano para 2,7%, considerando o mesmo ritmo de 1,14 milhões de barris de petróleo por dia e um preço a rondar os 100 dólares”, disse Vera Daves de Sousa, quando questionada durante a conferência da Bloomberg sobre África, que decorreu a partir de Londres. Angola saiu da recessão que durava desde 2016 no ano passado, registando um crescimento de 0,7%, e previa aprofundar a recuperação, com uma expansão económica de 2,4% este ano. Na entrevista concedida durante a conferência ‘Bloomberg Invest: Focus on Africa’, a ministra das Finanças foi também questionada sobre a possibilidade de Angola aumentar as exportações de petróleo e gás para a Europa, compensando a quebra nas vendas à Rússia. “Sim, temos a vontade política e abertura para o fazer, mas precisamos de muito trabalho de casa para conseguir dar resposta a essa necessidade da União Europeia”, respondeu Vera Daves de Sousa, salientando que entre o investimento e o retorno passam anos. “Nós viemos de um cenário de queda da produção, estamos a motivar as companhias a fazerem mais investimentos, através de reformas, e estamos a ver os primeiros resultados, mas demora tempo, entre os investimentos que começam agora e os resultados, demora entre dois e cinco anos, por isso sim, queremos e estamos preparados [para aumentar as exportações para a Europa] mas vai demorar tempo para conseguirmos corresponder às expectativas”, explicou a governante. Novidade? Nenhuma. Em Dezembro passado, o FMI referiu que Angola deveria acelerar o crescimento económico para 2,9% em 2022, o que representava uma revisão em alta face aos 2,6% anteriormente previstos pelo Fundo Monetário Internacional, e registar um crescimento médio de longo prazo em torno dos 4%, disse o FMI, sustentando a previsão “na implementação das reformas estruturais”, que roubam aos milhões que têm pouco, ou nada, para dar aos poucos que têm milhões. Ainda segundo o FMI, na análise – repita-se – do final de 2021, a inflação “deverá começar gradualmente a abrandar em 2022”, enquanto o rácio da dívida pública deverá cair para 78,9% em 2022, ajudada não só pelo regresso ao crescimento económico, mas também pela valorização do kwanza durante este ano. “As políticas prudentes das autoridades angolanas contribuíram para fortalecer a estabilidade e a sustentabilidade ao abrigo do programa, apesar das difíceis condições económicas; ajudadas pela recente subida dos preços do petróleo, esta disciplina nas políticas e o compromisso com as reformas também começaram a melhorar o desempenho económico, colocando Angola no caminho da recuperação dos múltiplos choques e da recessão plurianual que sofreu”, conclui o FMI. Como é para matumbos… E m Outubro de 2021, o mesmo FMI piorou a previsão de crescimento para Angola, antecipando uma recessão de 0,7%, a sexta queda anual consecutiva da riqueza do país, que deveria crescer 2,4% em 2022. De acordo com essas Previsões Económicas Mundiais, divulgadas no âmbito dos Encontros Anuais do FMI e do Banco Mundial, o segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana iria registar o sexto ano consecutivo de recessão. Mas como era Natal… Angola tem enfrentado crescimentos negativos do Produto Interno Bruto desde 2016, na sequência da descida dos preços do petróleo, que afectou a receita do Estado, e do abrandamento da produção de petróleo devido à falta de investimento e ao declínio natural das reservas. As previsões (de Outubro de 2021) do FMI surgiram poucos dias depois de o Governo de Luanda ter actualizado o cenário macroeconómico, no qual estimavam uma estagnação (crescimento zero) este ano, apesar de a ministra das Finanças, numa entrevista à Bloomberg, ter admitido que a recessão era ainda uma possibilidade. Por sua vez, o ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, disse na altura que a redução da actividade petrolífera, a par dos efeitos da pandemia, foi um dos principais motivos dos crescimentos negativos dos últimos anos. “Devido ao grande peso que o sector ainda tem na nossa economia, o crescimento negativo deste sector tem afectado negativamente o crescimento global do país”, disse, lembrando que a estimativa do Governo apontava para um crescimento nulo em 2021, depois de cinco anos de recessão, mas já com a economia não petrolífera a crescer significativamente. “Para 2021, prevemos um crescimento global nulo, mas devemos realçar que para este ano a previsão de crescimento do sector não petrolífero é de 5,9%, enquanto o sector petrolífero deverá registar uma taxa de crescimento negativa em 11,6%”, disse o governante, num discurso feito no seminário sobre a economia de Angola, promovido pelo Instituto Real de Estudos Internacionais do Reino Unido (Chatham House). Para 2022, o Governo previa uma expansão económica de 2,4%, sustentada num crescimento do sector não petrolífero de 3,1%, “o que é de grande importância porque este é o sector que cria mais postos de trabalho e está em melhores condições de contribuir para o bem-estar dos angolanos”, concluiu o responsável. Deficiência ou (deliberado) gozo? N o dia 10 de Dezembro de 2019, Marcos Rietti Souto (representante do FMI em Angola), disse que as reformas em curso no país “são do Governo angolano e não da instituição financeira”, defendendo que “apesar de difíceis”, estas trarão “resultados positivos”. Por outras palavras, como faziam os coloniais maus “chefes de posto”, a culpa do que eles mandavam fazer era sempre dos sipaios. “Reconhecemos que muitas dessas reformas, essas medidas, não são medidas fáceis, elas são para a economia e para a população, mas elas são reformas do Governo angolano, não são medidas do FMI, nós estamos aqui, simplesmente, para darmos o nosso contributo do ponto de vista da experiência”, afirmou nesse dia Marcos Rietti Souto, passando aos angolanos um enorme atestado de menoridade intelectual e de matumbez. Segundo o responsável, o FMI iria continuar a dar o suporte técnico ao Governo angolano para implementar essas reformas “que na nossa visão pensamos que no médio e longo prazo terão resultados bastantes positivos para a economia angolana”. No âmbito do programa de ajustamento financeiro, aprovado em Dezembro de 2018, e no domínio económico, financeiro e fiscal estão em curso em Angola (por ordem directa e sine qua non do FMI) com vista à estabilidade macroeconómica e da gestão das finanças públicas. “Todas essas medidas, elas vêm sendo discutidas dentro do contexto desse programa de assistência ao Governo angolano que já vem inclusive sendo apresentado nos relatórios anteriores”, recordou o representante do FMI, em declarações aos jornalistas. O responsável falava na altura na sede do Ministério das Finanças, em Luanda, no final de cerimónia de assinatura do Projecto de Apoio à Gestão das Finanças Públicas de Angola entre o Governo angolano, a União Europeia e o departamento de Assuntos Fiscais do FMI. “Existem algumas iniciativas em curso, inclusive as transferências monetárias para as populações mais carentes é uma iniciativa em coordenação com o Banco Mundial e a intenção é que este mecanismo esteja disponível antes de se começar qualquer remoção de subsídios do petróleo”, explicou. Em relação à, na altura recente aprovação da revisão da Lei de Branqueamento de Capitais e Financiamento ao Terrorismo, com observações sobre pessoas politicamente expostas, o representante do FMI classificou com um “passo importante”, aguardando pela sua efectivação. “Esperamos pela efectivação da aplicação da lei, e da nossa parte o que vemos é que há um compromisso muito forte por parte das autoridades angolanas e enfatizo que essa como tantas outras são iniciativas do Governo angolano”, concluiu. Folha 8 com Lusa

OS POLÍTICOS E AS FRALDAS

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Marcelo Rebelo de Sousa, presidente de Portugal, criticou o Qatar por não respeitar os direitos humanos, mas vai legitimar – com a sua presença – o Campeonato do Mundo de Futebol que hoje começa. O Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, vai fazer o mesmo. O primeiro-ministro, António Costa, também. Portugal, como muitos outros, não segue o conselho de Eça de Queiroz que dizia: “Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão”. Por Orlando Castro N a verdade, citando Guerra Junqueiro, os portugueses são “um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta”. São “uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro”. Portugal tem “um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País. A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas”. Portugal é dominado por dois partidos (PS e PSD) “sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar”. NOBEL DA POUCA-VERGONHA PARA MARCELO, SILVA E COSTA A “minha experiência de muitos anos de vida e muitos anos de vida política é que o fundamental é olhar para os povos”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa a propósito do “irritante” com Jair Bolsonaro. Pois é. E quando os povos são os, por exemplo, de Angola? Os ideólogos do regime e os políticos portugueses entendem, em grande parte por culpa nossa, que somos todos matumbos. E se por cá se fomenta o medo, a ignorância, o pensamento único, o mesmo (ainda) não se pode dizer em relação a Portugal. Custa, por isso, a entende que os dirigentes portugueses sejam tão cobardes. Custa a crer, mas é verdade que os políticos fazem um esforço tremendo (se calhar bem remunerado) para procurar legitimar o que se passa de mais errado no mundo, desde que isso ajude a besuntar o seu umbigo. Alguém ouviu Marcelo Rebelo de Sousa dizer que 68% da população angolana é afectada pela pobreza, que a taxa de mortalidade infantil é das mais alta do mundo, com 250 mortes por cada 1.000 crianças? Alguém o ouviu dizer que apenas 38% da população angolana tem acesso a água potável e somente 44% dispõe de saneamento básico? Alguém ouviu Marcelo Rebelo de Sousa dizer que apenas um quarto da população angolana tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade? Alguém o ouviu dizer que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos? Alguém ouviu Marcelo Rebelo de Sousa dizer que 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos? Alguém o ouviu dizer que, em Angola, a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, ou seja, o cabritismo, é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos? Alguém alguma vez ouviu Marcelo Rebelo de Sousa dizer que, em Angola, o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder? Alguém ouviu Marcelo Rebelo de Sousa dizer que Angola é um dos países mais corruptos do mundo e que tem 20 milhões de pobres? Ninguém ouviu nem Marcelo, nem António Costa, nem Santos Silva. Dir-se-á, e até é verdade, que esse silêncio é condição “sine qua non” para cair nas graças dos donos do dono do nosso país, até porque todos sabemos que nenhum negócio se faz sem a devida autorização de João Lourenço. Portugal consegue assim não o respeito mas a anuência do regime para as suas negociatas. Esquece-se, contudo, de algo que mais cedo ou mais tarde lhes vai sair caro: o regime não é eterno e os angolanos têm memória. Os angolanos da casta superior que dirige o reino há 47 anos (o MPLA) acreditam que se justifica que Marcelo Rebelo de Sousa agradeça (mesmo que a despropósito) ao Presidente João Lourenço. Se o MPLA dizia que José Eduardo dos Santos era o “escolhido de Deus”, Marcelo Rebelo de Sousa, Santos Silva e António Costa devem dizer que João Lourenço é o próprio “Deus”. Portanto… Marcelo Rebelo de Sousa, ao elogiar o “projecto de paz, de democracia, de regeneração financeira, de desenvolvimento económico, de combate à corrupção” protagonizado pelo Presidente do MPLA, João Lourenço, mostrou várias vezes que não sabe o que diz nem diz o que sabe. Mas não está só. Quando se está no Poder todos são bestiais. Quando deixam de estar são, regra geral, bestas. José Eduardo dos Santos que o diga, José Sócrates que o diga. Todos nos recordamos de, numa intervenção durante um jantar oficial oferecido por João Lourenço, no Palácio Presidencial, em Luanda, Marcelo Rebelo de Sousa saudar como “o vulto cimeiro de um novo tempo angolano”. Não se terá lembrado de o propor para um Prémio Nobel, mas quando “descobrir” que existem 20 milhões de angolanos pobres… vai propor. Justamente, acrescente-se. “Vossa excelência protagoniza-o com um projecto de paz, de democracia, de regeneração financeira, de desenvolvimento económico, de combate à corrupção, de afirmação regional e mundial. Nós, portugueses, seguimos com empenho essa aposta de modernização, de transparência, de abertura, de inovação, de acrescida ambição”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, bem ao estilo dos sipaios coloniais, mas com uma substancial diferença. Estes eram obrigados a bajular, o presidente português não é obrigado a isso. Ou será que é? Segundo o Presidente português, João Lourenço protagoniza “um novo tempo angolano, na lúcida, consistente e corajosa determinação de aproveitar do passado o que se mantém vivo, mas, sobretudo, entender o que importa renovar para tornar o futuro mais possível, mais ambicioso e mais feliz para todos os angolanos”. Continuemos, para memória futura, com o brilhantismo bacoco de Marcelo. Diz ele que, da parte de Portugal, Angola conta com “o empenho de centenas de milhares que querem contribuir para a riqueza e a justiça social” com o seu trabalho, bem como “das empresas, a começar nas mais modestas, no investimento e no reforço do tecido socioeconómico angolano” e também com “o empenho das instituições públicas portuguesas, do Estado às autarquias locais”. “Podem contar connosco na vossa missão renovadora e recriadora. Portugal estará sempre e cada vez mais ao lado de Angola”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa, fazendo aqui e mais uma vez o exercício de passar aos angolanos um atestado de menoridade e matumbez. Portugal, por sua vez, conta com a “incansável solidariedade” de Angola. “Contamos com os vossos trabalhadores, as vossas empresas, as vossas instituições públicas, a vossa convergência nos domínios bilateral e multilateral. Temos a certeza de que Angola estará sempre e cada vez mais ao lado de Portugal”, prosseguiu Marcelo no seu laudatório e hipócrita exercício de servilismo. De acordo com o Presidente português, este “novo momento na vida de Angola” coincide com “um novo ciclo” nas relações bilaterais. “E nada nem ninguém nos separará, porque os nossos povos já estabeleceram o seu e o nosso caminho”, considerou Marcelo, sentindo o umbigo aos saltos, alimentado pela esperança de que os portugueses não acordem e os angolanos nunca lhe cobrem a cobardia. “Porque estamos mesmo juntos, na parceria estratégica, na cooperação económica, financeira, educativa, científica, cultural, social e política. Porque no essencial vemos o mundo e a nossa pertença global e regional do mesmo modo, a pensar na paz, nos direitos humanos, na democracia, no direito internacional, no desenvolvimento sustentável, na correcção das desigualdades”, argumentou aquele que, em matéria de bajulação, bateu todos os recordes anteriores, desde Álvaro Cunhal a Rosa Coutinho, passando por Vasco Gonçalves, José Sócrates, António Costa, Cavaco Silva, Passos Coelho e tantos outros. No final da sua intervenção, de cerca de sete minutos (que entrará para o “Guinness World Records” por ser o que mais bajulação fez em tão curto espaço de tempo), Marcelo Rebelo de Sousa disse que “a história faz-se e refaz-se todos os dias e nuns dias mais do que noutros”, acrescentando: “Estes que vivemos são desses dias”. folha8

COMO NO MPLA, TUDO NA MESMA NO PAIGC

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Domingos Simões Pereira foi hoje reeleito líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) durante o X congresso do partido, anunciou a presidente da comissão eleitoral, Aminata Silla. D omingos Simões Pereira, que é presidente do partido desde 2014, foi reeleito com 1.162 votos dos 1.268 votantes do congresso, dedicado ao tema “Consolidação da Coesão Interna, a luz do pensamento de Amílcar Cabral, pelo resgate do poder popular e promoção do desenvolvimento”. Domingos Simões Pereira disputou a liderança do partido com Octávio Lopes, que obteve 62 votos, João Bernardo Vieira, que teve 32 votos e Edson Araújo, que conseguiu quatro votos. O PAIGC deveria ter realizado o seu congresso em Fevereiro, mas foi adiado devido às restrições sanitárias impostas pelo Governo para combater a pandemia da covid-19. Questões judiciais, algumas das quais que levaram à intervenção das forças de segurança, impediram o partido de realizar o congresso por mais três vezes. O arranque do congresso, na sexta-feira, ficou marcado com a entrada de polícia armada na sala onde decorria a reunião magna do partido para deter o antigo primeiro-ministro Aristides Gomes, que chegou nesse dia ao país. Aristides Gomes saiu da sala e, segundo fontes partidárias, está em segurança. No dia 26 de Fevereiro de 2020, o então candidato às eleições presidenciais guineenses, Domingos Simões Pereira, acusou, em Luanda, o chefe de Estado do Senegal de querer impor à força na Guiné-Bissau o Presidente que ele apoia, tal como fez na Gâmbia. E foi por isso que veio fazer “queixinhas” ao MPLA. Em declarações aos jornalistas, em Luanda, após uma audiência com o Presidente João Lourenço, Simões Pereira referiu que o Presidente senegalês, Macky Sall, “assumiu num ‘tweet’ pessoal que a CDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) deveria mobilizar as forças para impor o Presidente que ele acha que devia ser colocado na Guiné-Bissau, a exemplo do que já tinha feito na Gâmbia”. “A Guiné-Bissau é um Estado soberano, independente, a proclamação da independência da Guiné-Bissau custou vidas e é importante que todo o mundo compreenda que os guineenses não vão permitir que um Presidente lhe seja imposto, que não corresponda àquilo que é a vontade do povo guineense”, afirmou o candidato apontado pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) como derrotado nas eleições. Domingos Simões Pereira, (também) presidente do PAIGC, histórico irmão do MPLA, referiu que explicou a situação política da Guiné-Bissau ao Presidente angolano, considerando que “há outros interesses por detrás do contencioso eleitoral” e que “a questão que se está a debater neste momento na Guiné-Bissau não se resume à disputa eleitoral”. “Os outros interesses são de países que assumem ter uma agenda para a Guiné-Bissau. Se eu disser que no meio deste contencioso eleitoral há um país vizinho da Guiné-Bissau que assume que vai lançar o leilão de plataformas de exploração petrolífera, incluindo plataformas petrolíferas que estão dentro do território da Guiné-Bissau, acho que isso dá alguma ideia daquilo que está a acontecer connosco”, frisou. Simões Pereira referiu que o Presidente angolano o “ouviu com muita atenção” e “colocou várias questões”. “E tal como eu, quando descobrimos – penso que todo o mundo ficou surpreendido – também ele ficou surpreendido com esta quantidade de evidências, e apesar disso uma determinação em contrariar as leis da Guiné-Bissau”, referiu. O político guineense sublinhou que com a decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), cumprida a questão da abertura das urnas e recontagem dos votos, aceitará “qualquer resultado, mas nunca imposto de fora ou por vontades por outros interesses”. “Somos legalistas, somos democratas, e sendo aquilo que é a escolha feita pelo povo guineense, nós aceitaremos qualquer resultado”, disse. Do MPLA, Domingos Simões Pereira disse esperar o apoio de sempre, “que é o acompanhamento, entre Estados irmãos, como é o caso da relação entre Angola e a Guiné-Bissau”. “O que nós esperamos é que, quando todos se dizem cansados, Angola não esteja cansada de ouvir a Guiné-Bissau, quando todos podem estar cansados de nos acompanhar, Angola demonstre não estar cansada de acompanhar a Guiné-Bissau, é isto que o povo guineense quer ouvir, quer sentir, para que tenha as forças necessárias, as energias necessárias, para fazer valer a sua independência”, salientou. Dias antes a Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau confirmara os resultados das eleições presidenciais e a vitória de Umaro Sissoco Embaló, tendo rejeitado as reclamações apresentadas pelo representante da candidatura de Domingos Simões Pereira. O Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissau ordenou à CNE que fizesse um novo apuramento nacional dos resultados após um recurso interposto pelo candidato apontado como derrotado, Domingos Simões Pereira, alegando fraude e irregularidades no processo. A CEDEAO ameaçou impor sanções a quem perturbasse o processo eleitoral e apelou ao diálogo entre a CNE e o STJ para resolver o contencioso eleitoral. Segundo o apuramento nacional da segunda volta das eleições presidenciais de 29 de Dezembro, Sissoco Embaló venceu o escrutínio com 53,55% dos votos, enquanto Domingos Simões Pereira obteve 46,45%. A Guiné-Bissau e a Angola do MPLA N o dia 19 de Outubro de 2019, o Presidente guineense, José Mário Vaz, elogiou o seu homólogo angolano, João Lourenço, pelo combate contra a corrupção, referindo que os dois países “estão juntos” nessa luta. A Guiné-Bissau “não pode ficar refém de caprichos pessoais” do Presidente José Mário Vaz, afirmou em Junho desse ano o ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Domingos Augusto. “É uma coisa que me é comum com o Presidente João Lourenço, que […] está num combate sério à corrupção. Eu estou mais do que num combate feroz contra a corrupção”, disse José Mário Vaz, em entrevista à agência Lusa em Lisboa. Na altura todos ficaram à espera de ver Teodoro Obiang fazer uma simbiose de José Mário Vaz e João Lourenço dizendo, debaixo de aplausos dessa “coisa” que se chama CPLP, que está a fazer um “combate sério e feroz contra a corrupção”. Referindo que na Guiné-Bissau se diz “dinheiro do Estado no cofre do Estado” em vez de corrupção, o Presidente admitiu que se trata de “uma luta bastante difícil”, mas que “vale a pena esse combate”. “Quando olharmos para trás, vamos dizer que valeu a pena a nossa passagem nesta cadeira porque a nossa passagem permitiu o desenvolvimento do país e permitiu o bem-estar do nosso povo”, referiu. Questionado sobre as relações com Angola, José Mário Vaz disse que se tratava de “um país irmão” e que “por isso não há razão nenhuma para que não haja boas relações”. As relações entre os dois países foram afectadas pela crise de 2012, após o golpe de Estado na Guiné-Bissau. Angola enviou militares para o país, mas a intervenção foi contestada e o Governo angolano acabou por retirar aquela força. Sobre o papel da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na Guiné-Bissau, tendo em conta a influência da Comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), o Presidente considerou que as duas organizações “são importantes” para o país. No entanto, reconheceu que a CEDEAO tem uma “presença forte” e que a sua força militar (Ecomib) “contribuiu para a paz e para a estabilidade na Guiné-Bissau”. Referindo que o lugar da CPLP na Guiné-Bissau “é intocável” porque é “a grande família”, sobretudo por causa da língua, José Mário Vaz defendeu, contudo, que a organização lusófona tem de ser mais “a CPLP dos povos e da economia”. Sobre o papel de Portugal, o chefe de Estado defendeu que “pode fazer muito mais” pela Guiné-Bissau e que pode “ter muita contrapartida” se o fizer. O Presidente disse que “gostaria de ter mais empresários” portugueses na Guiné-Bissau e defendeu que Portugal poderá também contribuir mais para a formação de quadros e formação profissional, embora admitisse que o acesso às universidades portuguesas estava mais facilitado. Recordando que fez o seu percurso escolar em Portugal, onde tem “muitos amigos”, o Presidente guineense acusou “algumas pessoas”, sem especificar (como é timbre dos heróicos… cobardes), de terem exercido influência sobre as autoridades portuguesas para prejudicar a cooperação entre os dois países. “Ninguém pode defender mais interesses de Portugal mais do que eu”, conclui. Foto de arquivo: José Eduardo dos Santos aconselhando o jovem Domingos Simões Pereira. Folha 8 com Lusa

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