A CPLP assinou um memorando com a Fundação Alexandre de Gusmão, do Brasil, especializada em relações internacionais. Disponibiliza 600 obras gratuitas online e quer estabelecer relações com instituições universitárias angolanas
A Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), do Brasil, disponibiliza online, gratuitamente, cerca de 600 obras sobre relações internacionais – mas também sobre outros temas – sem que, estranhamente, os países que falam português, língua em que mais de 90% dos livros estão publicados, figurem entre os que mais utilizam o portal.
A maior parte das consultas vem dos Estados Unidos, China e Alemanha. Só depois surgem os países lusófonos, com Portugal a regredir mesmo no número de consultas de 2013 para 2014. Os internautas de Angola que acedem ao portal aumentaram, mesmo assim, de um ano para o outro, ainda que menos que os de Moçambique.
E estes dados são tanto mais significativos quanto o portal da FUNAG duplicou, em 2014, o número de visitas registado em 2013, passando de 817 mil visitas, para mais de 1,2 milhões de visitas. Provenientes de Angola o portal registou em 2013 7.282 visitas e, no último ano, 7.891 visitas.
A biblioteca digital da FUNAG é um testemunho muito completo das linhas de força da política externa brasileira, colocando ainda, gratuitamente, à disposição de quem o consulta obras capitais sobre a temática das relações internacionais, fixando-se como missão a democratização do conhecimento nesta área.

Memorando com a CPLP

Para promover uma maior divulgação entre os países lusófonos da existência do portal bibliográfico, a CPLP, através do secretário executivo da organização, embaixador Murade Murargy, e o presidente da FUNAG, o embaixador Sérgio Moreira Lima, assinaram, na passada sexta-feira, dia 26 de Fevereiro, em Lisboa, na sede da CPLP, um memorando para o estreitamento da colaboração institucional entre as duas entidades, cerimónia que contou com a presença dos representantes permanentes do países que integram a organização. Paralelamente, o embaixador Sérgio Moreira Lima proferiu uma palestra sobre o tema ‘Democratização do Conhecimento das Relações Internacionais’, em que, após explicar o que é a FUNAG e quem foi Alexandre de Gusmão, afirmou que o portal ‘tem-nos permitido verdadeiros milagres’, aludindo à capacidade da internet para levar o acervo bibliográfico nele contido aos quatro cantos do mundo.
‘O maior mercado são os Estados Unidos, seguidos da China e, em terceiro lugar, a Alemanha, que tem registado um crescimento muito grande. Já os países lusófonos não têm mostrado o mesmo dinamismo. O que me levou a aceitar o convite do embaixador Murargy para conversar com os representantes permanentes dos outros países e mostrar que esta é uma grande oportunidade de espalhar pelas suas universidades que existe esse grande acervo bibliográfico. É uma grande plataforma de conhecimento em língua portuguesa’, adiantou.

Biblioteca plural

A biblioteca posta ao dispor do internauta encontra-se ordenada por colecções como ‘História Diplomática’, ‘Política Externa Brasileira’, ‘Relações Internacionais’, ‘Manuais do Candidato’ (à carreira diplomática), ‘Livros na Rua’ (breves descrições de países, um dos quais dedicado a Angola), existindo obras especificamente dedicadas a África, como é o caso de ‘Novas Relações Sino-Africanas’ e ‘Paz e Segurança Africana’.
Além de disponibilizar livros online para ‘download’ gratuito, a FUNAG distribui livros físicos pelos centros de estudo de relações exteriores no Brasil e também fora dele. Já distribuiu 26.715 livros no Brasil e 6.559 no exterior, 104 dos quais em Angola.
‘A Guiné-Equatorial se beneficiou muito desta distribuição sob o argumento da necessidade de difundir o português no país. Timor Leste e Portugal são outros destinos dos livros bastante expressivos’, assinalou o embaixador Sérgio Moreira Lima.
O presidente da FUNAG lembrou o carácter multidisciplinar das relações internacionais, um factor que contribui para a ‘riqueza bibliográfica’ do portal e realçou a actualidade de alguns dos temas que ela contempla, como é o caso do direito do mar, já que ‘todos os países aqui reunidos, da nossa comunidade, estão actualmente negociando com as Nações Unidas os limites exteriores à plataforma continental’.

Valores lusófonos

A FUNAG, referiu o seu presidente, procura estabelecer relações com instituições universitárias no universo lusófono, possuindo já a indicação de entidades angolanas. ‘Qualquer que seja o processo de internacionalização que busquemos a nossa plataforma são esses valores que estamos criando e que tem a ver com a lusofonia, que têm a ver com a nossa história, as nossas tradições, com aquilo que nós somos, com a nossa identidade essas páginas (online) estão ao serviço dessa história e desses valores’, referiu o embaixador Sérgio Moreira Lima.
O secretário executivo da CPLP, embaixador Murade Murargy, após referir o vasto currículo diplomático do presidente da FUNAG, recordou que esta, ‘através das actividades que desenvolve, permitiu a mutos diplomatas dos nossos países fazer uma reciclagem dos seus conhecimentos em relações internacionais através de vários cursos que organizou, tanto no Rio de Janeiro como em Brasília’. Acrescentou que a fundação ‘tem desenvolvido vários trabalhos em diferentes áreas das relações internacionais e da política externa e sobretudo aquelas que tocam muito de perto as nossas realidades’. Hoje, com a digitalização, podemos ter acesso, numa perspectiva de democratização do conhecimento, ao que vem sendo produzido pela FUNAG ‘. A FUNAG, instituída em 1971, é uma fundação pública vinculada ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que desenvolve pesquisas e atividades culturais e pedagógicas no campo das relações internacionais e da história diplomática do Brasil. No cumprimento das suas atribuições, a FUNAG desdobrase em duas unidades: o Instituto de Pesquisa em Relações Internacionais (IPRI) e o Centro de História e Documentação Diplomática (CHDD).
#opais.co.ao