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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Entrevista oferecida pelo comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz à imprensa nacional depois de votar, em 3 de fevereiro de 2013, “Ano 55 da Revolução”.

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...


Entrevista oferecida pelo comandante-em-chefe Fidel Castro Ruz à imprensa nacional depois de votar, em 3 de fevereiro de 2013, “Ano 55 da Revolução”
Revista e atualizada pelo entrevistado
(Tradução das versões estenográficas do Conselho de Estado)
(O comandante-em-chefe Fidel Castro cumprimenta os presentes, dialoga com alguns eleitores e com os membros da mesa eleitoral e depois procede a exercer seu direito ao voto.)
Jornalista Ana T. Badía.— Que contente estou de vê-lo, comandante! Em verdade, dissemos isso de coração.
Comandante-em-chefe Fidel Castro.— E eu estou empolgado e muito contente de conversar.
Jornalista Ana T. Badía.— Aqui estamos como sempre, comandante. Muita saúde.
Fidel Castro. — Vocês são os jornalistas?
Ivia Pérez Reyes.— Sim, jornalistas todos, do Granma, doTrabajadores...
Fidel Castro. — De Cuba?
Ivia Pérez Reyes. — Todos cubanos.
Jornalista Fabiola López. — E da Telesur.
Ivia Pérez Reyes. — Ah, Fabiola, que está aqui.
Fidel Castro.— Quem está disparando?
Pioneiro.— As câmeras.
Fidel Castro.— Sim, eu sei, mas pareciam metralhadoras.
Jornalista Ana T. Badía.— Não lhe perguntamos por quem votou porque isso é secreto.
Fidel Castro.— Eu estou muito satisfeito pela lista de candidatos.
Jornalista Ana T. Badía.— Comandante, o senhor tem acompanhado o processo durante toda a jornada, em todo o país? O que o senhor acha disso?
Fidel Castro.— Sim, estou acompanhando as notícias.
Disseram-me que tinham feito mais uma entrada. Aqui acho que havia uma escada.
Jornalista Ana T. Badía.— Mudaram a entrada, colocaram agora a entrada por aqui.
Fidel Castro.— Foi uma boa ideia.
Jornalista Gladys Rubio.— Claro, porque é mais confortável, já não há escadas.
Soube alguma coisa do presidente Hugo Chávez?
Fidel Castro.— De Chávez? Sim, todos os dias. Está recuperando-se, segundo o último laudo médico que recebi hoje domingo, 3 de fevereiro, ao meio-dia.
Jornalista Gladys Rubio.— Melhorando.
Fidel Castro.— Sim, embora tenham sido dias difíceis e fortes. Nossos médicos se consagram a essa tarefa, é o que posso dizer-lhes, já que a informação é um direito que cabe ao governo bolivariano e aos seus familiares.
Jornalista Ana T. Badía.— E a votação esteve um pouquinho..., porque choveu; mas depois parece que as pessoas saíram e há muitas..., está bem avançada a votação, hoje.
Fidel Castro.— Ah, falou-me um médico que ele tinha estado em seu colégio há um tempinho e faltavam apenas quatro por votar. Aqui, quantos votaram?
Jornalista Ana T. Badía.— Trezentos e tantos. Há já como 90% que votaram aqui.
Fidel Castro.— E os outros não votaram?
Jornalista Ana T. Badía.— Não, porque há muitas pessoas trabalhando, esteve explicando-me a presidenta da mesa que estão trabalhando, ou estão no exterior.
Fidel Castro.— Ah, bom, no exterior, mas não podem votar.
Jornalista Ana T. Badía.— Sim, podem votar.
Fidel Castro.— Ah, no exterior?
Jornalista Ana T. Badía.— Não, eu não sei se poderão votar no exterior, mas os que estão trabalhando em Cuba podem votar noutro colégio.
Fidel Castro.— Não, não, eu acho que uma pessoa pode votar noutro colégio, se pede licença.
Jornalista Ana T. Badía.— Ah. Mas nós votamos aqui.
Fidel Castro.— Aqui mesmo?
Jornalista Gladys Rubio.— Sim.
Fidel Castro.— E eu por um triz não as vejo (Risos).
Jornalista Gladys Rubio.— Ah, viu!
Fidel Castro.— Estamos tão organizados que não sabia.
Jornalista Gladys Rubio.— Sim. Desde cedo.
Sim, porque como os deputados são nacionais, nós podemos votar.
Fidel Castro.— Não, e vocês são jornalistas.
Jornalista Gladys Rubio.— Sim, jornalista puro.
Fidel Castro.— Têm direito a votar onde estiverem.
Jornalista Gladys Rubio.— Uh-hu, onde estiverem.
Fidel Castro.— E quais reportagens têm agora?
Jornalista Gladys Rubio.— Bom, estávamos esperando pelo senhor o dia todo, porque queríamos ver se vinha, se enviava a cédula; mas entrevistamos muitas pessoas aqui, entre eles jovens e crianças.
Fidel Castro.— Tinham construído um pequeno corredor para as eleições de outubro, mas não me disseram nem uma palavra.
Jornalista Gladys Rubio.— E como tomou a decisão de vir, então?
Fidel Castro.— Porque o vocal do colégio me convenceu.
Eu tinha perguntado a vários companheiros que trabalham comigo o número de degraus e a altura das escadas da entrada. Afirmaram-me que eram oito degraus altos, o qual era certo. Meu joelho fragmentado pela queda em Santa Clara, no mês de outubro do ano 2004, a quase dois anos de adoecer, em julho de 2006, cobrava também seu preço.
Jornalista Ana T. Badía.— Há muitas mulheres, comandante, no Parlamento, o que o senhor acha disso?
Fidel Castro.— Bom, acho muito bom, e deram-me a oportunidade de..., bom, não posso dizer, porque é secreto (Risos), havia três mulheres entre os candidatos.
Jornalista Ana T. Badía.— Com certeza o senhor votou pelas mulheres.
Fidel Castro.— Será? O que você acha?
Jornalista Ana T. Badía.— Eu acho que sim (Risos). Quase 50% do Parlamento são mulheres.
Fidel Castro.— E não violo nenhuma lei?
Jornalista Ana T. Badía.— Não, se o senhor diz não viola nada.
Fidel Castro.— Pois é.
Jornalista Ana T. Badía.— Viu!, o senhor votou pelas mulheres.
Fidel Castro.— Sim, e para que não se sentissem discriminados, votei também por um homem que ia de candidato... (Risos).
Jornalista Ana T. Badía.— Muito obrigada.
Fidel Castro.— Se fosse julgado por isto, vou chamá-las (Risos).
Jornalista Ana T. Badía.— Sim, sim.
Fidel Castro.— Eu fico contente, aqui também as mulheres jornalistas têm maioria.
Jornalista Ana T. Badía.— Sim, somos maioria.
Fidel Castro.— Deixe ver. Ah, e essa engenhoca?
Jornalista Ana T. Badía.— É um gravador, comandante.
Fidel Castro.— Um gravador.
E estão muito baratos agora ou estão muito caros? E as pilhas, quanto custam?
Jornalista Ana T. Badía.— As pilhas são um pouquinho mais caras, as baterias um pouquinho mais caras, também são recargáveis, agora se recarga tudo com eletricidade.
Fidel Castro.— Sim. E isso, o que é, por exemplo... (Assinala).
Jornalista Amaury del Valle.— Isto é um telefone que faz a função de gravador, comandante.
Fidel Castro.— Sim? Eu tenho que usar bastantes engenhocas dessa classe, mas os companheiros me ajudam.
Quem é ela? (Refere-se a uma pioneira que está ao lado duma urna)
María Antonia Puertas.— Essa pioneira está desde as 6h da manhã aqui, comandante.
Fidel Castro.— ... Não trouxeram almoço para ela?
María Antonia Puertas.— Sim, ela almoçou, mas está desde cedo aqui.
Jornalista Gladys Rubio.— Sim, todos almoçaram.
Fidel Castro.— Quantos erros se podem cometer por falta de informação!
Jornalista Gladys Rubio.— Bom, mas já sabe para a próxima.
Fidel Castro.— Quando penso..., bom, terei que agradecer toda a vida a Santiaguito (Risos).
Jornalista Gladys Rubio.— Sim. Santiaguito lhe avisou.
Fidel Castro.— Assim se chama o vocal; ele me disse: “sim, é só um passo”, eu achava que ele estava encurtando as escadas; não sabia nada da entrada nova.
Jornalista Gladys Rubio.— Veja só! Desde outubro arranjaram tudo isto.
Fidel Castro.— Sim, a presidenta do Colégio me disse isso quando cheguei.
Jornalista Gladys Rubio.— Bom, já sabe.
Fidel Castro.— O povo dizia na eleição de outubro para eleger os delegados municipais: “Por que Fidel não veio votar?” Ignorava o que se fez, que não é o mesmo. Horroriza-me pensar que por um triz não venho e teria deixado a todos esperando-me outra vez.
Jornalista Gladys Rubio.— Mas veio.
Fidel Castro.— Desfruto desafiar as escadas.
Jornalista Ana T. Badía.— Que bom, comandante!
Mas, também, comandante, aqui se une muita história hoje.
Fidel Castro.— Que mais?
Jornalista Ana T. Badía.— Não, que eu lhe dizia que aqui se une muita história, comandante. Aqui desde que se iniciaram as eleições no país, habitualmente o senhor tem vindo votar. Há, reafirmou, muita história reunida neste lugar e muito mais durante este dia.
Fidel Castro.— Dediquei bastante tempo à questão eleitoral, adquiriu-se experiência e fico muito contente, porque apesar das bobagens que alguns afirmam no mundo, eu penso que é um processo eleitoral de verdade; são eleições em que não apenas são os deputados à Assembleia Nacional e os delegados à Assembleias Provinciais, mas também os candidatos a esses cargos são eleitos pelo povo, sem a intervenção do Estado ou do Partido. Antes não tinha tanto tempo, agora vejo assembleias nos bairros, o povo discute quem devem ser seus candidatos: ocorre assim nos países capitalistas? Quantos votam nos Estados Unidos, esse país tão democrático? Nem sequer 50%.
Jornalista Ana T. Badía.— Aliás, as eleições são feitas num dia útil nos Estados Unidos.
Fidel Castro.— Sim, porque se é um dia útil, não deixam votar os trabalhadores, muitos grandes empresários fazem isso.
Jornalista Ana T. Badía.— E os deputados são profissionais, aqui não.
Fidel Castro.— Onde?
Jornalista Ana T. Badía.— Nos Estados Unidos e noutros países os do Parlamento não trabalham, aqui têm que continuar trabalhando de professores, de médicos, de operários.
Fidel Castro.— Muitos deles naqueles países são especialistas em elevar os salários a si próprios.
Jornalista Gladys Rubio.— E o da Celac de Cuba foi lindo, Cuba, e em 28 de janeiro, comandante.
Fidel Castro.— Sim, com certeza. Pude presenciar tudo através da televisão.
Jornalista Gladys Rubio.— E não está escrevendo?
Fidel Castro.— Vou lhe responder com prazer, mas antes permita-me expor minha opinião sobre um fato que acho de interesse. Hoje li o despacho de uma agência de notícias onde se afirma que nos Pirineus da Espanha apareceram restos do Homem de Neandertal, de há 200 mil anos, numa caverna desse território. Também se afirma que era mais inteligente que o Homo Sapiens. Em despachos anteriores afirmaram que uma terceira espécie também fez parte do homem atual. Os cientistas discutem e discordam sobre esses temas.
Outros despachos, de consequências mais imediatas, são relacionados com a colonização dos planetas e asteroides. Uma empresa privada holandesa está planejando a colonização de Marte. A mesma recruta jovens para treiná-los. Eles acreditam que seria como vir a este hemisfério da Espanha. Contudo, os indivíduos devem viajar com o compromisso de não retornar, permanecer na colonização de Marte, que tem órbita e gravidade diferentes, densidade do ar insuficiente, e, que bonito!, a empresa recruta jovens. Há quem vai tranquilamente. São notícias das quais fala cada vez mais a imprensa, as quais assinalam a perspectiva incerta da aventura humana.
Há outras notícias cada vez mais realistas derivadas de cálculos precisos e irrebatíveis. A população mundial está crescendo, a um ritmo jamais imaginado, ao longo de centenas de milhares de anos. Tardou o longo período de mais de 1.500 séculos para chegar a quase 1 bilhão de habitantes, no ano 1800; um século depois, em 1900, atingiu a quantidade de 1,65 bilhão; 50 anos mais tarde, em 1950, o número a aumentou para 2,518 bilhões; em 1975, para 4,088 bilhões; para 6,070 bilhões, em 2000; e para 7 bilhões, em 2011. A população mundial cresce já mais de 100 milhões de pessoas por ano. Esse número incrível continuará aumentando. Existe uma grande ignorância sobre o mundo em que estamos vivendo. Um número considerável de pessoas ignora esses temas.
Por outro lado, nunca na história humana puderam evitar-se as guerras.
As armas se desenvolvem a ritmo acelerado. Projéteis de canhões impulsionados por ondas eletromagnéticas atingem distâncias superiores a 200 quilômetros. Os países mais desenvolvidos informam sobre insuspeitos avanços da ciência e a tecnologia a serviço da destruição e da morte.
Jornalista Ana T. Badía.— O senhor falava precisamente do fim da espécie humana, e fez alertas importantes ao mundo acerca dessa possibilidade.
Fidel Castro.— A última guerra mundial deu lugar às bombas lançadas sobre a população civil em Hiroshima e Nagasaki, que mataram centenas de milhares de pessoas e irradiaram um número superior.
O “inverno nuclear”, inconciliável com a sobrevivência humana, seria a consequência do uso duma reduzida percentagem das armas nucleares acumuladas pelas potências que as possuem. Também a gente pensa nestes problemas porque tem tempo. Quando está na vida diária, não dispõe de tanto.
Jornalista Ana T. Badía.— E o mundo pode evitar isso, o homem pode evitar a guerra, se quiser, comandante.
Fidel Castro.— Penso que o Homo Sapiens não evoluiu o suficiente como para evitar a guerra; infelizmente, os instintos e os egoísmos prevalecem em suas relações.
Jornalista Ana T. Badía.— E os drones.
Fidel Castro.— O imperialismo e seus aliados converteram a indústria militar no setor mais próspero e privilegiado de sua economia. Cada dia se publica alguma notícia sobre os artefatos mais incríveis para destruir e matar; elaboram-se códigos para seu uso; os direitos da pessoa, elaborados durante séculos, foram varridos. Matar e destruir, sem limite algum, é sua filosofia. Como é lógico, tal atitude provoca a reação dos países adversários com suficiente desenvolvimento técnico e científico para fabricar as armas capazes de contestar e, inclusive, superar tais armas.
O que vai acontecer no Japão, com essas ilhas que arrebataram à China? O que vão ganhar os ianques protegendo o Japão nesse tema?, porque até agora, segundo tenho entendido, esse ponto estava fora do acordo de proteção. Agora que o governo dos Estados Unidos declara que estão, provoca-se uma grande tensão na área. Alguns jornais opinam que os chineses estão preparando-se para defender-se de qualquer provocação intolerável por parte de seus tradicionais adversários. Sobre esses problemas, se a gente tem tempo, informa-se e os estuda.
Evitaram-se alguma vez na história as guerras? E a Crise dos Mísseis?, bem perto estivemos de converter-nos em campo de batalha nuclear então, e depois no sul da África, quando defendíamos Angola das tropas racistas sul-africanas? Ali estavam... 50 mil homens, entre soldados cubanos e angolanos. Duas vezes estivemos em perigo de guerra frente às armas nucleares.
Vocês me estiveram falando da reunião do Chile.
Jornalista Ana T. Badía. A Celac.
Fidel Castro.— A Celac foi um avanço. Esse avanço é devido, em boa parte, à Venezuela, especialmente ao esforço do presidente Hugo Chávez. Chávez é uma das pessoas que mais tem feito pela liberdade e pela união deste continente. Primeiro Bolívar. Se a senhora analisa poderá ver que Bolívar e Martí têm as mesmas idéias... como explicou Raúl, quando falou dos pronunciamentos de Martí sobre Bolívar. Havia uma irmandade muito grande entre eles.
A senhora conhece as campanhas que fazem contra Chávez na Venezuela, uma coisa horrível.
Os venezuelanos e os cubanos sempre temos estado muito perto; a burguesia daqui foi embora para Miami ou para a Venezuela, que era um país com mais recursos que nós. Chávez ganhou muito prestígio. O povo respondeu, e não só é uma questão de lema, porque digam: “esse transporte agora é de nós, agora tenho uma casa que jamais tive, porque tenho um emprego que jamais tive”. Chávez fez tudo por seu povo.
Quando estava em plena batalha se esqueceu da saúde e se consagrou à luta. É um bom exemplo, inspirado em Bolívar e na história heróica de seu povo. Bolívar levou suas idéias de independência e seus soldados desde as fronteiras do Mar Caribe até as fronteiras com a Argentina. Isso significa Ayacucho, onde o espinhaço do império colonial espanhol foi quebrado. Mais de metade da população morreu. É o único das grandes figuras da história que ganhou sua fama libertando povos; os outros, foi conquistando fama e riquezas: desde Alexandre Magno até Napoleão Bonaparte.
Napoleão, de revolucionário, virou imperador da França. Invadiu a Rússia. Talvez vocês assistiram o filme A guerra e a paz, também puderam ver Libertação. Essas são obras que ensinam muito.
Mas, então, quando são as próximas eleições? (explicam-lhe que ainda falta, que estas são as gerais). Bom, tenho que lembrar-me que vocês estão aqui desde muito cedo, e peço-lhes desculpas pela minha ignorância.
Jornalista Gladys Rubio.— Não, o povo vai estar muito contente de vê-lo e saber que o senhor veio aqui.
Fidel Castro.— E eu ignorando, porque imaginem, a gente tem coisas que fazer, não importa quantos dias, meses, ou anos dispõe, não é algo que me preocupe; mas me interessa muito aproveitar o tempo, e atendê-los a vocês é a melhor forma de empregar meu tempo. Agora, digam-me e perguntem o que desejem.
Jornalista Gladys Rubio.— Bom, imagine, impactados. Para nós foi muito agradável encontrar o senhor hoje aqui.
Pensávamos que vinha o companheiro Santiago com as cédulas eleitorais.
Fidel Castro.— Sim, ele vinha...
Jornalista Gladys Rubio.— Pensávamos que vinha Santiago e quando vimos o senhor, dissemos: “Meu deus”. Além disso, tem sido uma chance única.
Fidel Castro.— Bom, isso para mim significa boa sorte. Eu teria uma enorme pena e, ainda pior, perderia uma chance de falar livremente com vocês sobre os temas que lhes interessa.
Então, digam-me, o que sabem vocês da situação no resto do país?
Jornalista Ana T. Badia.— Até agora tudo corre bem, mais de 77% tinha votado no último parte, que foi perto das 16h00.
Jornalista Gladys Rubio.— Na informação parcial das 14h00, 77% dos eleitores já tinha votado.
Fidel Castro.— Sim.
Jornalista Gladys Rubio.— É preciso levarmos em conta que choveu, mas acho que 77% está bem.
Fidel Castro.— Mas não foi o furacão Flora.
Jornalita Gadys Rubio.— Não, não, somente uma pequena chuva.
Fidel Castro.— Um pouquinho de água fria.
Jornalista Gladys Rubio.— Mas 77% é bastante para as 14h00, não acha?
Fidel Castro.— Quanto foi noutros tempos? Vocês é que levam as estatísticas.
Jornalista Gladys Rubio.— Acho que para as 14h00 está bem, outras vezes tem sido mais de 95%, no final do dia, mas ainda não sabemos; acho que para essa hora está bem.
Fidel Castro.— Será que nos converteremos numa sociedade como a de outrora, onde as pessoas não votavam?
Jornalista Gladys Rubio.— De maneira nenhuma! Há um povo que responde muito, comandante, um povo que o quer, e a Raúl também.
Fidel Castro.— Eu tenho certeza disso; eu estou certo de que o povo é um povo revolucionário e que tem feito muitos sacrifícios, isso não tenho que demonstrá-lo, foi a história que demonstrou, 50 anos de bloqueio e não conseguiram nem poderão vencermos. Como disse Antonio Maceo: ‘Aquele que tente apoderar-se de Cuba, somente colherá o pó de seu solo alagado em sangue’, creio que isso foi mais ou menos o que ele disse. E acho que é assim, as pessoas vivem melhor sendo livres, mas é preciso aprender a ser livres, e as pessoas são revolucionárias quando podem melhorar constantemente a experiência e quando se fazem melhor as coisas. E, às vezes, todos nós temos responsabilidades, porque partimos duma ignorância total, que é a que existe ainda no mundo. As pessoas não encontram uma solução, porque não é uma, são centenas de soluções, segundo a cultura, as crenças, a geografia de cada país.
Não só pode prevalecer o interesse, o egoísmo, os instintos, a natureza nos dá instintos e a capacidade de raciocinar nos deve dar uma ética.
Jornalista Fabiola López.— Comandante, o que acha das mudanças em andamento em Cuba?
Fidel Castro.— A senhora diz as mudanças, mas a maior mudança foi a Revolução, a quais mudanças a senhora se refere?
Jornalista Fabiola López.— Não, eu falo sobre as mudanças a partir das Diretrizes do Congresso do Partido e tudo o que está acontecendo para atualizar o socialismo.
Fidel Castro.— Acho que, em geral, é um dever atualizá-lo e superá-lo, mas esta é uma etapa onde é imprescindível avançarmos com muito cuidado, não devemos cometer erros. Partimos duma época difícil e muito complexa da história, a vida durante estes 50 anos nos ensinou muito. O país que mais se aproximou duma revolução profunda, tão perto do império, tem sido Cuba. Nem tudo foi perfeito, mas constitui uma obrigação inadiável aperfeiçoar e superar o que temos feito.
Quando lhes digo que em nossa sociedade o jornalista tem grande responsabilidade, e que por isso devem estudar muito, lhes estou dizendo uma verdade objetiva e fraternal, não é uma crítica.
Logicamente, acho que minha conduta se ajustou ao que devo fazer estritamente. Não sou dos que pensam que tudo vai sair bem, que tudo é perfeito, que essa é a última palavra sobre organização social.
Não é possível que agora cada província aspire a dispor de instituições similares às de maior desenvolvimento, em momentos em que o país deve consagrar seus maiores esforços na produção de alimentos, devido aos problemas que o mundo vai ter que enfrentar.
Em dias recentes, tive uma reunião com alguns companheiros que trabalham na pecuária, para trocar impressões sobre a produção de alimentos essenciais, um tema sobre o qual recentemente tenho pensado muito.
Quem controla o crescimento impetuoso da população mundial? Poderia dizer-se que nós temos esse problema ao avesso, porque os Estados Unidos, apoiando-se nos elevados salários dum país desenvolvido e rico, nos levou muita força de trabalho jovem e qualificada, graduados universitários, nos levou, por exemplo, médicos, não os melhores, sei onde estão os melhores, estão aqui e estão em todas as partes, cumprindo seu dever sagrado. No aço do espírito da nova Cuba não poderão bater.
Vocês, que já estiveram por outros países reunindo experiência... Bom, Gladys eu soube o que lhe aconteceu, lá, acho que no Equador, para informar sobre o trabalho dos nossos cooperadores.
Jornalista Gladys Rubio.— Vai falar sobre as botas.
Fidel Castro.— Sobre as botas e os caminhões carregados, a embarcação que não cruzava o rio e que, por pouco, os restos chegam ao Atlântico, na foz do rio Amazonas. Conhecem também o problema do continente, por isso tem muita importância a reunião da Celac, isso foi um passo de avanço. Há que estar mais de dez minutos — bom em dez minutos não se escuta um discurso — 10 horas e 20 discursos para saber como pensa cada qual. Até pela face, se observa o rosto dos participantes, sabe como pensa o caribenho, como pensa o boliviano, como pensa o outro.
A reunião da Celac foi com os líderes da América Latina e do Caribe e com os líderes da União Europeia. 
Às vezes, converso com alguns dos visitantes, com muitos deles, pelo interesse que a gente tem.
Eu não sei quando dormem ou quando vão para sua casa os líderes políticos da Europa.
Angela Merkel, quando descansa? Porque eu sempre a vejo nalguma reunião, jamais está na Alemanha. Depois, os ingleses, que agora querem se integrar, quando lhes têm ido muito bem sabotando essa moeda, quem os entende? Por outro lado, por acaso tem solução o índice de 26% de desemprego da Espanha? Será que o suborno tem solução? Todos esses países estão cheios de problemas, quem paga tudo isso, a fome dos demais, a pobreza?
Sobre nossa Revolução, devo dizer que Karl Marx, que não gostava muito dos discursos e das profecias, nos disse em sua famosa ‘Crítica do Programa de Gotha’, em 1875, que na revolução social, na primeira etapa, a riqueza seria distribuída segundo o princípio “De cada qual, segundo sua capacidade, a cada qual, segundo seu trabalho”. Numa segunda etapa, a fórmula seria: “De cada qual, segundo suas capacidades, a cada qual, segundo suas necessidades”. É o que quero responder da tua pergunta, Fabiola.
Quando a gente tem tempo para pensar, é mais fácil para quem esta pensando.
Quero contribuir o mais possível para a unidade, para o raciocínio, sempre serei contra a autossuficiência, porque o ser humano tende muito à autossuficiência.
Espero que vocês não se desanimem, isto que lhes digo não é para isso.
Quando vai ser a próxima eleição?
Jornalista Gladys Rubio.— Acho que dentro de cinco anos.
Fidel Castro.— Imagine, me parece demasiado (Risos).
Jornalista Ivia Pérez Reyes.— Bom, dois anos para as parciais.
Dois anos as parciais e em cinco anos a geral.
Fidel Castro.— Bom, terei que participar dum congresso dos pioneiros.
Jornalista Ana T. Badia.— Não, e de jornalistas também, porque agora proximamente será nosso Congresso, e o estamos convidando.
O senhor é jornalista, pode participar do Congresso.
Fidel Castro.— Quando é o congresso dos jornalistas?
Jornalista Ivia Pérez Reyes.— Em 14 de julho, o estamos convidando, comandante.
Fidel Castro.— Ah, em 14 de julho. Quando foi a tomada da Bastilha?
Jornalista Amaury Del Valle.— Exatamente. O senhor tem uma... Nessa mesma data.
Fidel Castro.— Que bom!
Jornalista Ivia Pérez Reyes.— E esta sendo convidado.
Fidel Castro.— Quando você mencionou o 14 de julho lembrei a Revolução francesa. Na época de Robespierre, o que teria acontecido se as pessoas dispusessem da televisão?
Jornalista Gladys Rubio.— Imagine, isso teria sido...
Fidel Castro.— Imaginem aquela que assassinou Robespierre. A Robespierre não, a este o executaram quando a Revolução francesa começou a recuar, após um excessivo extremismo. Você pode desatar as idéias, mas não as pode controlar, tente guiar-se o menos possível pelo instinto, e o mais possível pelo conhecimento.
Eu estou disposto a ir, se posso. Há que subir escadas?
Jornalista Gladys Rubio.— Não, não, de maneira nenhuma.
Fidel Castro.— Onde vão fazer o Congresso?
Jornalista Ivia Pérez Reyes.— Em Cojímar, na escola de capacitação de Cojímar. Lá não há degraus.
Fidel Castro.— Lá foi onde iniciamos a preparação dos alunos de Timor Leste, já deve ter-se graduado a maioria dos médicos que Timor necessitava. E quando haverá um sentimento mundial?
Jornalista Gladys Rubio.— Faz muita falta.
Fidel Castro.— Porque ninguém pode dizer: “sou dono da luz”, “sou dono do ar”; ainda prevalece o conceito de propriedade sobre os meios essenciais da vida. Quando a humanidade poderá ver-se como uma só família?
Bom, se eu posso, com muito prazer, estarei nesse congresso.
Jornalista Ivia Pérez Reyes.— De qualquer forma, qualquer outro convite para dialogar sobre esses temas e sobre a importância da imprensa que o senhor tem referido, está feito, estamos à sua disposição, dispostos a falar sobre esse tema.
Fidel Castro.— Agora temos jornalistas muito bons, porque aqui o jornalismo não é um negócio sujo, como vocês podem apreciar, o jornal fascista da Espanha ataca todos os dias a Venezuela com insultos.
O primeiro que leio todos os dias são 20 ou 30 notícias, selecionadas por um grupo de companheiros familiarizados com essa tarefa, que se associam às que se podem receber por diversas vias.
São cada vez mais interessantes as notícias que chegam da China. Agora, vai ser realizada uma reunião, que durará várias semanas, sobre a eleição da direção central do Partido Comunista da China.
Conheci Xi Jinping quando visitou nosso país, há alguns meses. Conversei muito com ele, nomeadamente sobre a necessidade vital de produzir alimentos. Sem dúvida, é um homem muito capaz. Tive o privilégio de conhecer Hu Jintao, e Jiang Zemin.
A China é um país assombroso, com um povo trabalhador e muito inteligente. Eis a lenda de que os chineses não pronunciam o erre quando aprendem espanhol, falando com vizinhos de fala hispânica; quando o fazem numa escola de idiomas, aprendem o espanhol melhor que qualquer um de nós. O difícil e complexo idioma chinês, com milhares de sinais, é, segundo minha opinião, um fator que contribui para o desenvolvimento de sua inteligência.
Realmente, o homem é a única espécie conhecida cuja inteligência continua crescendo um tempo depois de nascido.
Bom, para não estendermos com vocês, vou pensar seriamente na possibilidade de reunirmo-nos.
Quantos dias vai durar o Congresso de vocês?
Jornalista Ivia Pérez Reyes.— Dois dias.
Fidel Castro.— E penso que o vão publicar.
Jornalista Ivia Pérez Reyes.— Com certeza.
Fidel Castro.— Se não, a Telesur vai encarregar-se de fazê-lo.
Jornalista Ivia Pérez Reyes.— Com certeza, todos os meios.
Fidel Castro.— Vocês me perdoam, porque eu selecionei aqui uns porta-vozes.
Jornalista Gladys Rubio.— Não se preocupe.
Fidel Castro.— Vocês admitirão que são pessoas preparadas e que podem influir muito, isto não quer dizer subestimação.
Jornalista Gladys Rubio.— De maneira nenhuma.
Fidel Castro.— Embora as mulheres estejam ganhando poder, cada vez mais, é pela força social de que dispõem mais que nós, mas não me digam que são mais revolucionárias.
Jornalista Gladys Rubio.— Porém mais fortes.
Fidel Castro.— As mulheres sim, não estou falando das de Cuba, estou falando das mulheres em geral.
Jornalista Gladys Rubio.— Somos o terceiro país com mais mulheres no Parlamento.
Fidel Castro.— Penso que os ingleses nos venceram. A rainha da Inglaterra completou 60 anos de reinado e lhe presentearam 500 mil quilômetros quadrados, sabem onde?, na Antártida.
Jornalista Ana T. Badia.— Olha só!
Fidel Castro.— Nisso há reclamações. O pólo sul foi distribuído entre um grupo de nações. Não fica outra alternativa, é preciso nomear a rainha soberana do polo (Risos). Perfeito.
Jornalista Gladys Rubio.— Muito obrigada por tudo. Por estar perto de nós. Estamos muito felizes por isso.
Em coro.— Muito obrigado, comandante.
Jornalista Gladys Rubio.— Todos estamos muito felizes, e o povo também vai estar feliz por isto.
Fidel Castro.— Querem que lhes diga uma coisa? Livrei-me da amargura que me teria dado tudo isso.
 Jornalista Gladys Rubio.—Tenha muito boa tarde, comandante.
 Fidel Castro.— Bem não, e vocês o quê?
 Jornalista Amaury del Valle.— Nós aqui.
 Fidel Castro.— Que jornal representam vocês?
 Jornalista Amaury del Valle.— Eu, o Juventud Rebelde, comandante.
 Fidel Castro.— Escuta, e tem melhor papel.
 Jornalista.— Sim.
 Fidel Castro.— Granma não se pode ler, às vezes, tem uma letrinha pequenina.
 Jornalista.—E o senhor consegue ver sem óculos, Comandante?
 Fidel Castro.— Sim, até números vejo; contudo, na televisão, as legendas essas, custa trabalho ler e a mudança de luzes me incomoda a vista.
 Jornalista Amaury del Valle.— Repare para que veja que estas letras estão colocadas ao azar. Percebe que não têm um nome.
 Fidel Castro.— Uma apareceu por aqui, de que jornal?
 Jornalista.— Eu? Da Rádio Metropolitana. Rádio Metropolitana, a rádio da cidade.
 Fidel Castro.— A rádio de Havana?
 Jornalista.— A rádio de Havana.
 Fidel Castro.— Quais são os que falam de agricultura?
 Jornalista.— De agricultura? Havana não fala muito de agricultura.
 Fidel Castro.— Espera. Disseram-me que há um.
 Jornalista.— Rádio Cadena Havana, que é a rádio das províncias Mayabeque e Artemisa.
 Fidel Castro.— Ah.
 Jornalista.— Chama-se Rádio Cadena Habana.
 Fidel Castro.— Quem a dirige?
 Jornalista Amaury del Valle.— Não, não saberia dizer-lhe o nome do diretor.
 Fidel Castro.— Qual é? Não sabem quem fala de agricultura?
 Jornalista.— Não, quem dirige a emissora, ele diz que não sabemos o nome da diretora ou do diretor da emissora. Mas essa emissora fala muito de agricultura, Rádio Cadena Habana.
 Ivia Pérez Reyes.—Yolanda París. Yolanda París chama-se a diretora da emissora Rádio Cadena Havana. E também está Rádio Mayabeque, e Rádio Artemisa, que também falam muito de agricultura, porque são as emissoras das novas províncias.
 Fidel Castro.— Eu tinha contato com (Orlando) Lugo e ainda tenho. Lugo conhece os melhores agricultores, o Lazarito, do Bejucal; o outro é o de Cienfuegos, que produz leite de cabra, Regino, é um tremendo produtor camponês. Eu lhe pergunto: E os abigeatários, como lida com eles? Bem, disse-me, "somos vários produtores e nos revezamos. E eu, por exemplo, agora tenho ordenha mecânica".
Regino ordenhava manualmente 148 cabras diárias. Um filho mais velho o apóia e o outro filho, que está na escola e tem 8 ou 10 anos, ordenhava 40 cabras. "Fui afetado, porque depois que apareceu a ordenha mecânica fiquei sem treino", reclama o rapaz... agora teve que dedicar mais tempo ao estudo.
Lugo conhece os melhores camponeses e membros das cooperativas. Colaborou na distribuição de sementes. Há algumas plantas das que se podem semear já milhões, o problema é conhecer as possibilidades, o valor e o custo da produção. É complexo, mas muito promissório.
 Jornalista Miguel Mauri.—Também está a AIN.
 Fidel Castro.— Manda-lhe dizer que também gostaria de conversar com ela. (Refere-se à diretora da Rádio Cadena Habana).
Tenho notícias das principais fazendas. O búfalo produz o dobro de carne por dia no cevadouro, e com menos gordura. Isso me contou Alfredo, um camponês de Alquízar, inteligente e sério.
Em Cuba não existia esse valioso animal. No ano 1983 (o presidente) Torrijos nos ofereceu 25 fêmeas e dois machos da raça Bufalypso, conhecido como búfalo de rio. Entre 1983 e 1986 Cuba adquiriu 241 fêmeas e 31 machos da mesma raça; e entre 1987 e 1989, nosso país comprou 2.648 fêmeas e 57 machos da raça Carabao, conhecido como búfalo do pantanal. O animal quando não tem pastagem, derriba cercas e busca alimentos.
Contudo, é o único animal que pode viver em zonas alagadiças e inóspitas. Em poucos anos se multiplicaram; não padeceram o uso excessivo da inseminação artificial, o elevado número de fêmeas que não se gestava, nem a alta percentagem de vitelos que morriam por desnutrição. Em cada uma das províncias tinham sido criadas pequenas leiterias em lugares visíveis do caminho principal, que produziam leite e queijo de mansas búfalas. Esse animal, que constitui a fonte fundamental de leite e carne em países como o Vietnã e outros da Ásia, havia sido descartado. O país lutará por dispor de todas as fontes possíveis de leite e carne de gado bovino, caprino, bufalino, suíno, avícola e cunícola.
Na produção de alimentos de origem animal ou vegetal é preciso aplicar princípios rígidos e invariáveis no aspecto sanitário, que nossa Pátria está em condições de levar a cabo.
Qual é, por exemplo, o país que mais alimento produz? China produz e consome centenas de milhões de porcos ao ano. Não pode dispor da carne bovina do Canadá, Estados Unidos, Brasil, Argentina e a Austrália, que dispõem de quatro vezes mais território com menos de metade da população chinesa, ou talvez mais, porque muito do território chinês a norte e a leste do país é desértico o montanhoso.
Nossos institutos, especialistas e cientistas devem conhecer a fundo todas as doenças que afetem animais e plantas.
A gente não esquece o atentado ao navio La Coubre, quando nós compramos armas, lá na Bélgica, para não dar pretextos políticos do que fizeram contra Cuba. O navio vai, carrega e depois faz escala em um porto francês, ali introduziram os explosivos. Duas explosões se produziram. Depois que explodiu a primeira carga, quando as caixas estavam sendo descarregadas, e quando inúmeras vítimas estavam sendo atendidas ou lutavam contra o fogo, se produziu uma segunda explosão. Mais de cem trabalhadores morreram e centenas de pessoas foram feridas.
O problema que temos com a inseminação artificial em massa é que a média de gestação atinge apenas 50%. Nesse tema é preciso buscar uma solução. Muitas vezes quando o touro reprodutor descobre a fêmea no cio, o inseminador está descansando ou fazendo outra cosa indispensável, se perdem muitos cios e se gastam mais recursos.
É preciso utilizar métodos que promovam mais gestações e menos custos, reservando a técnica mais sofisticada para os rebanhos melhor atendidos e a reprodução natural onde não existam as condições adequadas.
Outro problema está relacionado com os vitelos, muitas vezes submetidos a um regime absurdo de alimentação insuficiente e de baixa qualidade antes de serem levados ao curral, onde devem buscar a pastagem de baixa qualidade, onde ainda 30 em cada centena morre, e demoram o dobro do tempo para iniciar a produção.
Torna-se imprescindível semear pastagens de qualidade conhecida, tanto gramíneas como outras de elevado teor de aminoácidos e proteínas, as quais têm sido desenvolvidas por especialistas. Entre as inúmeras medidas, estas são as mais urgentes.
Não falaria disso se não tivesse a mais profunda convicção de que está totalmente nas mãos dos nossos trabalhadores desse setor resolvê-las com urgência, o qual desejam, devido à importância de uma alimentação sadia e protéica, durar o que durar a vida em nosso planeta. Tais princípios são, em geral, aplicáveis a toda a produção agrícola.
Eu espero ver vocês. Podem perguntar-me tudo o que quiserem. Busquem livros e façam as perguntas que desejem, quando eu não saiba algo, digo-o com toda franqueza.
 Jornalista Gladys Rubio.— E o problema da água.
 Fidel Castro.— Bem, agora tenho muita esperança, e esse é outro prêmio de ter tido a sorte de vir. Vocês são os porta-vozes da Revolução.
 Jornalista Ana T. Badia.— Por último, Comandante, a Rádio Rebelde está prestes a completar seu 55º aniversário, no próximo dia 24, que mensagem tem?
 Fidel Castro.— Ah!, é a velha Rádio Rebelde.
 Jornalista.— Fundada, como você lembrará, na serra Maestra, por vocês.
 Fidel Castro.— E como a procuravam os aviões! Mas deixem-me dizer-lhes que hoje não se poderia ter, porque basta um rádio ligado e disparam um míssil direitinho, e tudo acabou. Seria preciso inventar a forma de contestar essa técnica. Nossa guerrilha, antes de dispor da Rádio Rebelde, travou inúmeros combates vitoriosos. Nossa pequena emissora informando rigorosamente a verdade potencializou nossa força e acelerou a vitória.
Bem, uma felicitação calorosa para eles e a alegria de pensar que souberam cumprir seu dever durante tantos anos.
 Jornalista Amaury del Valle.— Comandante, uma mensagem para os jovens através do jornal Juventud Rebelde.
 Fidel Castro.— Que sinto muita inveja deles (Risos).
 Jornalista.— E para o povo todo, comandante, diga algo agora neste dia de votação grande, para seu povo que tanto o quer.
 Fidel Castro.— Bem, de verdade devo dizer que para mim o povo é tudo. Sem o povo não somos nada, sem o povo não haveria Revolução, com o povo forjaremos o caminho digno da Pátria, defenderemos o país e, se for preciso morrer, morreremos.
 Jornalista.— Obrigado, comandante!
 Comandante, muito obrigado por vocês ter vindo.
 Jornalista Ana T. Badia.— Faltam cinco meses para o congresso dos jornalistas.
 Fidel Castro.— Já não faz fazem nenhuma reunião?
 Jornalista Ana T. Badia.— As que temos efetuado na base, mas vamos esperar o senhor de braços abertos.
 Fidel Castro.— Quem vai ao Congresso do país todo, quantos vão reunir-se?
 Jornalista Ana T. Badia.— Não muitos desta vez, certo?
 Ivia Pérez Reyes.— Duzentos e cinquenta, chefe, vão reunir-se do país todo, não muitos. Mas se o senhor quer reunir-se antes com um grupinho, pode-se reunir, nos convida, e aí estamos.
 Fidel Castro.— E vocês são os que escolhem?
 Ivia Pérez Reyes.— Bem, os podemos escolher.
 Jornalista Gladys Rubio.— O senhor lembra o que fizemos num dia 26 de julho? Exato. E falamos de ciência e falamos de meio ambiente, de agricultura, do mundo e do que o senhor quiser.
 Fidel Castro.— E em todo o caso isso não impediria...
 Ivia Pérez Reyes.— Que o senhor possa participar depois do Congresso.
 Jornalista Ana T. Badia.— Para nós é uma honra estar com o senhor no Congresso.
 Jornalista.— Depois o senhor vai ao Congresso, e fazemos dois.
 Fidel Castro.— E quem arcará com a responsabilidade? Vamos falar com a companheira, que trabalhou muito, a que eu lhes disse, e ela se compromete a convidá-los a vocês e a alguns mais do setor que estejam interessados, e já vocês não têm a responsabilidade, e então...
 Ivia Pérez Reyes.— Nós podemos falar com Alfonso Borges, que é quem atende a toda a imprensa, Alfonso Borges, que você conhece perfeitamente.
 Fidel Castro.— Sim, pois é. Hoje me mandou uns quantos papéis. E o Arcángel — ele tem um grupo — nessa reunião que eu tive com os camponeses estava ele. Ficou muito boa.
 Ivia Pérez Reyes.— Bem comandante, descanse.
 Fidel Castro.— Tenho trabalho, mas o fato de liberar vocês me obriga a...
 Jornalista Gladys Rubio.— Para nós tem sido um momento muito especial.
 Jornalista Ana T. Badia.— Estamos muito felizes.
 Jornalista Gladys Rubio.— Obrigado por ter vindo. Muito obrigado.
 Fidel Castro.— De que jornal é ele?
 Jornalista Amaury del Valle.— Esse é meu gravador, comandante.
 Jornalista Evelio Telleria.— Do jornal Trabajadores.
 Fidel Castro.— Ah, uma vez na semana. Ontem o vi.
 Jornalista Evelio Telleria.— Saimos nas segundas-feiras.
 Jornalista Amaury del Valle.— Hoje sai o Juventud Rebelde, comandante.
 Fidel Castro.— Quantos exemplares vocês imprimem?
 Jornalista Amaury del Valle.— Nós, 250 000 exemplares, comandante.
 Fidel Castro.— O Granma quantos?
 Jornalista.— O Granma mais ou menos esse número, um pouquinho mais.
 Ivia Pérez Reyes.— Não, o Granma, 510 mil, porque 10 mil são entregues ao turismo, e 500 mil para a população, entidades, etecétera. Juventud Rebelde os domingos 250 mil e diariamente 200 mil.
 Fidel Castro.— Menos aos domingos? Não me diga isso.
 Ivia Pérez Reyes.—Sim, diariamente e aos domingos 250 mil.
 Jornalista Amaury del Valle.— Acontece que aos domingos são 16 páginas em vez de oito, com alguns trabalhos mais de leitura, pesquisa, se publicam os trabalhos sobre a agricultura, esses de que o senhor falou; os desafios que tem pela frente a agricultura nos últimos tempos e, sobretudo, mais focalizado para os jovens.
 Fidel Castro.— Pois agradeço imenso o que tenho aprendido hoje e a esperança de falar amplamente com vocês.
Até logo. Um abraço.
 (Dão vivas ao comandante-em-chefe).
 (Fidel pergunta acerca das crianças que custodiam as urnas)
 Fidel Castro.— Escute, você não me disse que haviam retirado a escada.
 Niurka Prada.— Eu o informei mesmo. Assim que eu soube que o senhor não podia subir escadas eu preparei condições.
 Fidel Castro.— É que ninguém me disse nada. Diga-me para não votar pelo culpado nas próximas eleições.
 Niurka Prada.— Bem, pois nada, nas próximas eleições tenho uma poltrona aqui, porque estava nervosa, por causa do senhor, parado tanto tempo...
 Fidel Castro.—... Ninguém também não me disse que você estava por aqui...
 Niurka Prada.— Não faz mal, não faz mal, eu sempre estou aqui para quando você precisar de mim.
 Fidel Castro.— Que está fazendo?
 Niurka Prada.— O mesmo que o senhor me deixou fazendo, ainda não tenho cumprido.
 Fidel Castro.— ...
 Niurka Prada.— Eu estou na equipe sua. Portanto, tem que me proteger, que estou com o senhor.
 Fidel Castro.—... Niña Bonita.
 Niurka Prada.—Ah, sim, eu atendo diretamente à Niña Bonita, o Siboney e todas essas coisas todas.
 Fidel Castro.— ...e tenho coisas novas.
 Niurka Prada.— Conto-lhe uma história? Passei dois anos pedindo para arrumarem o... da Niña Bonita. O senhor passou numa carrinha pela porta e no outro dia, quando eu cheguei, já tinha sido arrumado, portanto deveria passar por lá de vez em quando.
 Fidel Castro.— A gente se vê em breve.
 Niurka Prada. — Ok.
 É uma grande alegria vê-lo, comandante.
 (Exclamações de: "Fidel, Fidel, Fidel!")

fonte: granma.cu

PAIGC quer fazer parte do Governo de Transição.

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...





África Ocidental: futuro político da Guiné-Bissau

O partido da independência abdicou da presidência da ANP, a “única instituição” que fez progredir o período de transição e que não foi ouvida quanto a grandes decisões do governo de transição.
O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), maior partido da Guiné-Bissau, quer fazer parte de um governo de transição no país e defende que as eleições devem ser ainda este ano. “Deve haver um esforço no sentido de não se ultrapassar 2013 para as eleições”, disse esta quinta-feira em conferência de imprensa o porta-voz do partido, Óscar Barbosa, que apelou à celeridade do processo.
O partido quer também, na sequência da assinatura do Pacto de Transição (instrumento de regulação do período de transição que se seguiu ao golpe de Estado de 12 de Abril de 2012), participar mais activamente nos destinos do país. “Consideramos que a adesão do PAIGC (ao Pacto) tem de ter repercussões num governo de base alargada e de consenso”, frisou.
No entanto, o PAIGC não concorda com a criação de uma Comissão Partidária Social de Transição, como foi proposto na quarta-feira por diversos partidos e organizações da sociedade civil, por considerar que tal entidade iria assumir poderes que outros órgãos de soberania já têm, nomeadamente a Assembleia Nacional Popular (ANP).
O PAIGC quer antes “a promoção de um diálogo inclusivo, capaz de levantar consensos, reforçando o papel das instituições da República”, participar activamente “nos debates de uma agenda política nacional” sobre a transição, que haja harmonização de posições da comunidade internacional quanto à Guiné-Bissau e diálogo entre as autoridades guineenses e a comunidade internacional, disse Óscar Barbosa. “Neste âmbito, o PAIGC está disposto a partilhar os esforços nacionais no sentido de fazermos o país sair desta situação paralisante”, acrescentou.
Enumerando exaustivamente todas as acções do maior partido desde o golpe de Estado, no sentido de “facilitar iniciativas de diálogo” e “contribuir para a normalidade constitucional”, Óscar Barbosa salientou que “o PAIGC recuou sempre”, não por medo ou por outros interesses que não fosse o “da defesa dos superiores interesses do povo guineense”.
O PAIGC, afirmou, abdicou da presidência da ANP, a “única instituição” que fez progredir o período de transição e que não foi ouvida quanto a grandes decisões do governo de transição.
“Nenhum programa de governo nem o orçamento geral do Estado rectificativo foram submetidos para aprovação do parlamento”, salientou, acrescentando que o governo de transição também não conseguiu cumprir os principais objectivos traçados pela CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), a agenda eleitoral e a reforma do sistema político em geral, e do sector de segurança e defesa, em particular.
Apesar do apoio financeiro da CEDEAO, disse o porta-voz, nem o recenseamento eleitoral sequer começou e também a Comissão Nacional de Eleições continua sem presidente. Por outro lado, acentuou-se a pobreza e a degradação das condições de vida das populações, afirmou. “O actual governo não funciona” e “não presta contas a ninguém”, disse o responsável do PAIGC, que responsabiliza as autoridades de transição pelo não cumprimento da sua principal meta, as eleições no mês de Abril.

fonte: opais.co.mz



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