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NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!... O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou “libertar” os territ...
domingo, 27 de julho de 2025
Jornalista da RTP agredido em Bissau.
NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...
Waldir Araújo, da RTP na Guiné-Bissau, foi agredido e assaltado no centro de Bissau. Segundo ele, ataque tem motivações políticas. Caso foi denunciado à polícia.
O jornalista e delegado da Radiotelevisão Portuguesa (RTP) na Guiné-Bissau, Waldir Araújo, foi hoje agredido e assaltado, no centro de Bissau, por desconhecidos, noticiaram vários órgãos de comunicação social locais.
De acordo com Araújo, citado pelos 'media' guineenses, o assalto e a agressão teriam motivações políticas, conforme declarações proferidas pelos agressores, que terão acusado a RTP "de denegrir a imagem da Guiné-Bissau no exterior".
O jornalista, delegado da RTP em Bissau desde 2019, preferiu falar com mais detalhes sobre o sucedido, depois de apresentar queixa à Polícia Judiciária e de receber tratamento médico em casa.
Nas imagens publicadas pelo blogue "Ditadura Sem Consenso", que denunciou a agressão e o assalto, Waldir Araújo aparece com parte do rosto coberto de sangue.
ditadurasemconsenso.blogspot.com
WALDIR ARAÚJO Delegado da RTP-África na Guiné-Bissau, violentamente.
RTP repudia agressão
Este domingo (27.06), o conselho de Redação da RTP manifestou "total solidariedade" com o delegado da estação na Guiné-Bissau, agredido na capital, e pediu uma investigação ao caso, repudiando a violência contra jornalistas.
Num comunicado, o Conselho de Redação da RTP "manifesta a sua total solidariedade para com o jornalista", desejou "votos de rápida recuperação" e reafirmou "o compromisso com a defesa da integridade e segurança de todos os profissionais da comunicação social".
Na mesma nota, o Conselho de Redação da estação pública repudiou "com veemência qualquer forma de violência contra jornalistas, especialmente se motivada pelo exercício livre e responsável da profissão", sublinhando que a liberdade de imprensa "é um pilar essencial da democracia e deve ser protegida em todos os contextos".
"Apelamos ainda às autoridades competentes para uma célere e efetiva investigação judiciária dos factos, de modo a garantir que os responsáveis sejam identificados e responsabilizados", acrescentou.
Contactada pela Lusa, fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros adiantou estar "a acompanhar de perto o caso".
www.dw.com/pt-002
MOÇAMBIQUE: Chapo compara destruição pós-eleitoral à guerra com RENAMO.
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Daniel Chapo diz que destruição na Zambézia durante protestos pós-eleitorais foi superior aos anos da guerra civil. Em Joanesburgo, hoje, pediu união contra extrema-direita que quer "governos fantoches", disse.
"Os danos são piores do que aqueles que a 'Guerra dos 16 anos' causou nestas vilas que estou a fazer referência aqui na província da Zambézia. E é só visto, dito ninguém acredita", afirmou o Presidente de Moçambique,Daniel Chapo, após a visita de três dias que realizou àquela região do centro do país, que terminou ontem.
"São bens públicos e privados, o prejuízo é enorme. Estas vilas que eu estou a falar aqui, Morrumbala, Mocubela e o distrito da Macurra, mesmo durante a 'Guerra dos 16 anos' não houve este nível de destruição que aconteceu durante as manifestações. Durante a 'Guerra dos 16 anos', a RENAMO chegou à vila, invadiu, mas vivia nestas casas", apontou Chapo, assumindo que estas vilas ficaram "totalmente destruídas" nos protestos, incluindo hospitais ou mercearias, apelando à reconciliação nacional.
As autoridades da Zambézia estimaram anteriormente necessitar de 1.500 milhões de meticais (20 milhões de euros) para reabilitar as infraestruturas destruídas nestes protestos pós-eleitorais.
Guerra civil
A guerra civil de Moçambique, também conhecida como a 'Guerra dos 16 anos', opôs as forças do Governo moçambicano, da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), de 1977 a 1992, terminando então com o Acordo Geral de Paz, após estimativas de um milhão de mortos e elevada destruição.
Na Zambézia, o chefe de Estado fez um paralelo com as manifestações pós eleições gerais de 09 de outubro até março último e as consequências destas em várias zonas daquela província.
"[a RENAMO, durante a guerra] viviam nesta casa de administrador, viviam nesta secretaria, viviam nesta escola, viviam nesse hospital, viviam até incluindo neste posto policial ou comando policial. Portanto a vila foi ocupada, mas não destruíram, viviam lá. Por isso, quando houve o Acordo Geral de Paz, algumas infraestruturas de algumas vilas sede como estas que estou a fazer referência estavam em condições. Mas estou a dizer uma vila inteira que desapareceu", apontou.
Protestos pós-eleitorais
Moçambique viveu desde as eleições de 09 de outubro de 2024 um clima de agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais que deram vitória a Daniel Chapo, apoiado pela FRELIMO, partido no poder, como quinto Presidente.
Segundo organizações não-governamentais, cerca de 400 pessoas morreram em resultado de confrontos com a polícia, além de destruição de património público e privado, saques e violência, conflitos que cessaram após encontros entre Mondlane e Chapo em 23 de março e em 20 de maio, com vista à pacificação.
O Ministério Público (MP) moçambicano acusou Mondlane de ter apelado a uma "revolução" nos protestos pós-eleitorais, provocando "pânico" e "terror" na população, responsabilizando-o pelas mortes e por mergulhar o país no "caos".
No despacho de acusação, entregue na terça-feira na Procuradoria-Geral da República (PGR), em Maputo, ao ex-candidato presidencial, o MP recorre, como grande parte da prova, aos apelos à contestação, greves, paralisações e de mobilização para protestos feitos nos diretos de Venâncio Mondlane nas redes sociais, ao longo das várias fases da contestação ao processo eleitoral de 2024 em Moçambique.
"Os factos praticados pelo arguido colocaram em causa, de forma grave, bens jurídicos fundamentais, tais como a vida, a integridade física e psíquica das pessoas, a liberdade de circulação, a ordem, segurança e tranquilidade públicas, bem assim o normal funcionamento das instituições públicas e privadas", lê-se.
O MP imputa a Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados eleitorais, a "autoria material e moral, em concurso real de infrações", os crimes de apologia pública ao crime, de incitamento à desobediência coletiva, de instigação pública a um crime, de instigação ao terrorismo e de incitamento ao terrorismo.
Joanesburgo
Este domingo (27.06), já em Joanesburgo, após visita à Zambézia, que terminou ontem, o líder da FRELIMO e chefe de Estado moçambicano pediu hoje a união dos "partidos libertadores" da África austral contra a extrema-direita que quer levar ao poder "governos fantoches".
"Vamos unirmos mais como um único bloco para enfrentarmos a ameaça que paira sobre os nossos partidos libertadores", afirmou Chapo, ao intervir na Cimeira dos Movimentos de Libertação, promovido pelo Congresso Nacional Africano (ANC), da África do Sul.
"De forma crescente, assistimos à intensificação do apoio a grupos chauvinistas da extrema-direita que recorrem às redes sociais, à Inteligência Artificial, entre outras plataformas, para difundir a desinformação através de discursos populistas de ódio e desqualificação das realizações dos nossos governos e das conquistas dos nossos povos", alertou Chapo, neste encontro, que junta dirigentes e quadros dos partidos históricos da África austral, incluindo do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder desde 1975).
fonte: www.dw.com/pt-002
CONGO BBRAZAVILLE: Banco Mundial investe US$ 100 milhões no projeto PASEL.
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O representante do Banco Mundial no Congo, Clarence Tsimpo Nkengné, indicou em 15 de julho em Brazzaville que o Projeto de Melhoria dos Serviços de Eletricidade (PASEL) é um projeto fundamental para a ambiciosa transformação do setor elétrico no Congo. Financiado com cem milhões de dólares americanos, este projeto sozinho representa aproximadamente 11% do portfólio ativo do Banco Mundial na República do Congo.
“Temos orgulho de apoiar o PASEL, pois ele faz parte dos projetos transformacionais e estruturantes da carteira do Banco Mundial no Congo. Ele foi desenvolvido em menos de doze meses, em colaboração com a AFC e o setor privado. Este projeto desempenha um papel fundamental no desenvolvimento socioeconômico do combate à pobreza, em conformidade com o roteiro do Banco Mundial, que enfatiza a eficiência e a promoção do desenvolvimento sustentável”, observou Clarence Tsimpo Nkengné durante o lançamento oficial do projeto de melhoria dos serviços de eletricidade.
O Ministro responsável pela Energia e Hidráulica, Émile Ouosso, por sua vez, destacou que o setor elétrico no Congo enfrenta inúmeros desafios. Infraestrutura obsoleta e mal conservada, resultando em acesso ainda muito limitado e desigual à energia para os cidadãos e prejuízos significativos ao setor econômico e comercial.
“É para corrigir essas fragilidades que o PASEL foi concebido como uma resposta concreta, estruturada e direcionada. Portanto, visa reabilitar e reforçar a linha de alta tensão Pointe-Noire-Brazzaville, que, devido aos seus defeitos, impede que 200 MW cheguem a Brazzaville em excesso. O PASEL também visa fortalecer a governança do setor e garantir um melhor fornecimento de eletricidade aos clientes, em especial por meio da renovação de toda a rede elétrica em Brazzaville e Pointe-Noire”, acrescentou.
O Projeto de Melhoria dos Serviços de Eletricidade (PASEL) é o resultado de um acordo assinado entre o governo congolês e o Banco Mundial em 4 de julho do ano passado, com conclusão prevista para 30 de junho de 2028.
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Congo: Denis Sassou-N'Guesso aguarda relatório exclusivo sobre os estádios construídos durante as municipalizações aceleradas antes de pegar seu chicote.
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O presidente congolês Denis Sassou-N'Guesso solicitou, durante o Conselho de Ministros de 16 de julho de 2025, notícias sobre os estádios construídos durante as municipalizações aceleradas. Ele está esperando uma reportagem exclusiva.
"A natureza abomina o vácuo", como diz o ditado. Essas obras, que custaram bilhões de francos CFA aos contribuintes congoleses, agora não têm mais utilidade. Elas se tornaram marcos para fumantes de cânhamo. Durante o dia, esses estádios são verdadeiras salas de fumo de tabaco indiano. O pior acontece à noite, quando todos estão envolvidos no comércio sexual.
Muitos congoleses que frequentam esses lugares não vão para assistir a uma partida de futebol, mas na realidade vão para comprar bolas de cânhamo ou para pegar uma prostituta ao anoitecer.
Moradores locais contam mais preservativos usados do que vestígios de chuteiras de jogadores de futebol. O que implica que esses estádios foram transformados em quartos de hotel.
O estádio Concorde em Kintélé, perto de Brazzaville, construído em 2013, custou mais de 380 bilhões de francos CFA, incluindo estradas de acesso e desenvolvimento. Este trabalho simbólico é inútil. Não é aprovado de acordo com as regras da FIFA. Nenhuma partida está sendo jogada lá.
Além disso, os militares responsáveis por garantir a segurança do estádio saquearam completamente o prédio, desde os aparelhos elétricos/eletrônicos até os bidês dos banheiros. Tudo foi tirado!
Outros pequenos estádios construídos nas capitais departamentais são usados mais para perseguir ouriços do que para atividades esportivas.
Em outubro de 2017, mais de um mês após assumir o cargo, o Ministro dos Esportes congolês, Hugues Ngouélondélé, realizou uma visita de campo aos estádios Mangandzi e Denis Sassou-N’Guesso, na cidade de Dolisie (sul), como parte do reinício das obras de renovação e operacionalização da infraestrutura esportiva, para que os jovens congoleses possam expressar seu talento em boas condições.
Em seu discurso, o Ministro dos Esportes congolês enfatizou que um dos projetos mais cruciais que podem ser decisivos para o sucesso das ações de seu roteiro é tornar a infraestrutura esportiva operacional e disponível para as crianças congolesas.
Mas desde então, nada foi feito.
Enquanto isso, o trânsito de fumantes de maconha continua dia e noite, e todos podem se envolver em trabalho sexual sem serem incomodados.
Jean-Jacques Jarele SIKA / Os Ecos do Congo-Brazzaville
Foto: DR
Mishttps://lesechos-congobrazza.com
ENTENDEMO-NOS (+OU-) EM PORTUGUÊS.
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O Presidente angolano declarou hoje, em Lisboa, que a CPLP é mais do que a língua portuguesa, é cultura e trocas comerciais entre os Estados-membros e que África tem potencial para servir o mundo, com o devido investimento.
OPresidente da República de Angola, João Lourenço, esteve na manhã de hoje no 8.º Fórum EurAfrican, promovido pelo Conselho da Diáspora Portuguesa na Universidade Nova School of Business and Economics (Nova SBE), em Carcavelos (Lisboa), onde foi o orador convidado para a ‘Conversa com os Presidentes’, que encerrou o evento, num diálogo com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, moderado pela directora editorial do Sapo, Joana Petiz.
Para o chefe de Estado angolano e também actual detentor da presidência rotativa da União Africana (UA), a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) “é mais do que a língua portuguesa, é cultura, trocas comerciais entre os Estados-membros” e a própria diversidade da língua portuguesa, em termos de sotaques pelo globo, são um “enriquecer da mesma”.
O chefe de Estado português considera a CPLP um projecto que tem influência nos diversos continentes e que pode ser uma ponte entre instituições como a União Africana e a União Europeia, que tem como presidente do seu conselho o ex-primeiro-ministro português António Costa.
“Sabem quem é que desencadeou as cimeiras da União Europeia com África? Portugal. Primeiro em 2000, depois em 2007 e agora a próxima vai ser em Angola”, na capital, entre 24 e 25 de Novembro, indicou Marcelo Rebelo de Sousa.
Para o presidente da UA, o potencial de Angola e do continente africano, de uma forma geral, não se restringe ao seu potencial humano, ao ter uma população jovem que simboliza o futuro.
“Em relação a África, penso que não nos deveríamos limitar a falar do potencial demográfico. É um facto que África é um continente essencialmente jovem (…) está em vantagem em termos de força de trabalho que pode servir o continente e o mundo”, frisou João Lourenço.
“Portanto, a Europa devia olhar para ele [potencial demográfico] com outros olhos, investir em África, até para evitar que os jovens africanos atravessem o [mar] Mediterrâneo e cheguem à Europa nas condições que conhecemos. Se o investimento for feito em África, não só eles vão servir o continente, como vão servir o resto do mundo, servir a Europa, em melhores condições, mais qualificados, portanto, para ocuparem, digamos, o mercado de trabalho”, reiterou.
Sobre o investimento chinês no continente, o Presidente angolano argumentou que a Europa está em África há cinco séculos e que a China chegou há poucas décadas, por isso, o ‘velho continente’ deveria tirar maior partido dessa vantagem de “ter chegado primeiro”.
“A Europa poderia tirar um melhor proveito, no sentido de serem retiradas vantagens mútuas, do facto de conhecer melhor o continente africano, porque sempre esteve em África”, declarou o chefe de Estado africano.
João Lourenço frisou que África precisa de investimento em infra-estruturas e que, dessa forma, pode solucionar dois problemas mundiais: a fome e a crise climática.
Por um lado, o continente possui as maiores reservas de minerais raros, essenciais para a energia verde e, por outro, “pode ser o celeiro do mundo”.
No entanto, o chefe de Estado reiterou que a falta de investimento faz com que o continente não esteja a evoluir da forma como ambiciona, o que justifica o facto de ainda não se ter conseguido implementar uma zona de comércio livre em África.
“Ainda não conseguimos cumprir com uma das decisões, das mais importantes, da União Africana: da criação da zona de livre comércio continental. Mas só haverá comércio entre os nossos países se existir a possibilidade de locomoção, de mobilidade de pessoas e de bens, o que infelizmente não acontece actualmente”, lamentou.
Na sua opinião, África só se vai desenvolver se investir “fortemente em energia, na sua produção e distribuição”, em meios de transportes e na industrialização.
Por fim, o chefe de Estado angolano frisou que para se atrair investimento é preciso “criar bom ambiente de negócios” e convencer os investidores “que só têm a ganhar se o fizerem”.
Enquanto isso, o Presidente da República portuguesa considerou hoje que às vezes a União Europeia está “concentrada demais” em si e “perde a visão do mundo”, pedindo que se “vire para fora” e tenha “um novo empenho” em África.
Marcelo Rebelo de Sousa fez estes pedidos durante uma sessão no Eurafrican Forum, em Carcavelos (Cascais), que consistiu num diálogo com o Presidente de Angola.
João Lourenço considerou que a Europa pode fazer “fazer mais e melhor” em África, frisando que “o potencial é grande e existem oportunidades” de investimento em sectores como a energia ou as infra-estruturas que trariam benefícios mútuos aos dois continentes.
Depois de ouvir estas palavras, Marcelo Rebelo de Sousa concordou que há um conjunto de sectores nos quais a cooperação entre os dois continentes “é inevitável”, como digital, “alta tecnologia” ou transição energética, e apelou para um “novo empenho europeu na compreensão de África”.
“Porque é que a Europa demora tanto tempo a perceber coisas que são óbvias? Porque a Europa tem-se formado aos bocadinhos e com uma atenção muito grande à geopolítica interna”, considerou.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, a UE “às vezes, está muito concentrada, concentrada demais em si mesma, no seu umbigo”, em questões como os alargamentos a outros Estados-membros, o funcionamento institucional, as crises internas e, “agora, recentemente, a guerra na Europa e o investimento em Defesa”.
“De cada vez que a Europa é chamada a concentrar-se em si, perde a visão do mundo, até para explicar porque é que certas questões que aparentemente são europeias, são questões mundiais. E perde a visão, desde logo, das relações com África, e isso tem acontecido muitas vezes”, avisou.
É por esse foco particular nas questões internas, prosseguiu o Presidente da República, que “a Europa é comercialmente, no somatório das suas realidades, muito forte, mas não aparece tantas vezes quanto necessário como potência internacional mundial, nomeadamente no plano económico e financeiro”.
Neste ponto, Marcelo Rebelo de Sousa abordou a 25.ª cimeira UE–China, que se realizou esta quarta-feira, em Pequim, para salientar que viu “com apreço” essa reunião e frisar que não há “razão nenhuma para a Europa não estar atenta à cooperação económica e financeira com a China”.
Marcelo salientou que isso conheceu “anos de paragens”, mas manifestou esperança de que a Europa esteja a começar a perceber que “virar-se para fora é ser maior do que virar-se para dentro”.
“E, ao virar-se para fora, esse fora (…) é um fora dentro, porque é uma realidade que existe fora e dentro da Europa, que se chama África. Parece uma evidência”, disse.
Marcelo Rebelo de Sousa abordou ainda o facto de Angola deter actualmente a presidência rotativa da União Africana (UA), para elogiar João Lourenço por ter assumido “três linhas estratégicas”: a defesa da paz, “uma visão continental com eixos estratégicos de mobilidade a todos os níveis” e uma “mudança de financiamento”.
“Estas três grandes linhas são linhas que só podem ser, e têm de ser compreendidas pela Europa e pela UE, desde já na cimeira entre a UE e a UA”, em Novembro, em Luanda, disse.
Para Marcelo, numa altura em que a “moda parece ser não o multilateralismo” mas “o fechamento”, essa cimeira pode ser fundamental para a Europa perceber melhor a importância da parceria com África e a importância que tem “na balança de poderes mundiais, neste momento e no futuro”.
“A importância que tem na construção de um sistema internacional com regras, com valores e com princípios fiáveis para a economia internacional poder funcionar. Tudo isso está a ser construído”, defendeu.
No final da conversa, instado a deixar uma mensagem, enquanto líder europeu, a África e à UA, Marcelo Rebelo de Sousa disse estar “muito confiante no empenhamento europeu, no que é um salto qualitativo na União Europeia” e numa “nova fase” nas relações entre os dois continentes após a cimeira de Novembro.
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O Comando Militar dos Estados Unidos em África (AFRICOM) quer reforçar a cooperação militar com Angola em vários domínios e vai continuar a sua missão no continente para garantir “segurança e prosperidade” aos africanos, disse o seu subcomandante. Por Domingos António Silva (texto) e Ampe Rogério (foto), da agência Lusa
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Em entrevista à Lusa, em Luanda, o tenente-general John W. Brennan, subcomandante do AFRICOM, afirmou que a organização vai prosseguir as suas actividades no continente africano, porque a administração do Presidente norte-americano já manifestou interesse em continuar a travar as “redes terroristas” em África.
De visita a Luanda, onde se deslocou no âmbito do reforço da cooperação com Angola no domínio militar, o oficial superior das forças armadas norte-americanas referiu que o ministro da Defesa do Governo dos EUA manifestou um claro interesse em manter a actividade do AFRICOM.
“Estamos a trabalhar para ter mais parcerias no continente e poder gerir em união estas futuras crises que possam acontecer. Além disso, na nova administração há mais um discurso sobre o desenvolvimento económico do país, porque, na verdade, o que a nova administração quer é uma África segura e próspera e isso faz parte da missão do AFRICOM”, disse John W. Brennan.
“Neste momento, não há qualquer dúvida da continuidade do AFRICOM”, sublinhou, assegurando que o comando, que conta actualmente com cerca de 5.000 militares em toda África, vai continuar a garantir a segurança nacional a nível dos Estados africanos.
Responsáveis do AFRICOM trabalham em Luanda visando o reforço da cooperação militar e formação de tropas especiais, sinalizou o tenente-general norte-americano, perspectivando explorar novas áreas de cooperação no domínio da segurança com o Governo de Angola.
“O primeiro objectivo desta visita é conseguirmos explorar mais formas de cooperação militar entre os Estados Unidos e Angola, tem havido uma crescente cooperação entre os dois países nos últimos anos e estamos ansiosos para encontrar outras formas de expandir esta relação”, disse.
De acordo com John W. Brennan, forças especiais norte-americanas e angolanas realizaram na quarta-feira, na região de Cabo Ledo, em Luanda, o quinto exercício militar conjunto, desde 2022, uma acção que potencia a parceria entre ambos os países.
Para o oficial superior dos EUA, a segurança constitui o principal ganho para Angola, no âmbito das acções conjuntas com o AFRICOM, observando que, “investindo na segurança, [se está] a investir no desenvolvimento económico de Angola”.
“E, por sua, vez assegurar também os investimentos dos EUA em Angola (…). Oferecendo a Angola exercícios de complexidade superior faz com que Angola também melhore as suas capacidades em termos de segurança, então todos estes exercícios que nós fazemos em África são liderados pelos [dois] Estados”, notou.
Sobre uma possível base militar dos EUA em Angola, o subcomandante do AFRICOM disse que não consta dos planos da organização, salientando que a base do comando continua ativa na Alemanha, sobretudo devido a logística operacional a nível da Europa.
Em relação aos atuais desafios do AFRICOM no continente, o responsável apontou a garantia da segurança dos Estados africanos: “E uma dessas componentes é conseguir evitar os grupos terroristas que podem ameaçar a segurança dos EUA”.
Questionado se a presença da Rússia e da China em África fragilizam as acções do AFRICOM, John W. Brennan salientou que a única base militar externa do território chinês em África está no Djibuti.
Em relação à Rússia, disse que esta “faz operações militares através de empresas privadas em África”.
Brennan acusou ambos os países de recorrerem a “informação falaciosa” e a “propaganda” para “manchar” a imagem dos EUA no continente africano.
Reafirmou que as relações entre os EUA e Angola estão melhores, salientando que o país africano lusófono constitui um espaço para investimentos contínuos e assegurando acções para que angolanos e africanos tenham oportunidades para resolverem os seus problemas internos.
Por sua vez, o embaixador Robert Scott, comandante adjunto para o Envolvimento Cívico-Militar do AFRICOM, enalteceu as relações bilaterais entre Angola e os EUA, potenciadas com investimentos norte-americanos no Corredor do Lobito, tendo referido que a segurança garante prosperidade.
Empresas norte-americanas, observou o diplomata, estão agora mais interessadas em investir em Angola “porque é mais estável e os militares estão a trabalhar para manter a região e garantir estabilidade (…) e isso cria um ambiente propício para investidores”, concluiu.
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Condenação de ex-rebeldes centro-africanos pelo TPI: é apenas justiça!
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O julgamento de dois ex-rebeldes centro-africanos, iniciado em 16 de fevereiro de 2021 perante a Câmara de Julgamento V do Tribunal Penal Internacional (TPI), foi concluído em 24 de julho. Após vários anos de debates contraditórios em um cenário de audiências de testemunhas de acusação e defesa, os juízes proferiram suas […]
fonte: lepays.bf
A conferência de imprensa, em Lisboa (onde volta a estar), do Presidente João Lourenço, foi interrompida no dia 24 de Novembro de 2018 por uma órfã dos massacres, ou genocídio, do 27 de Maio de 1977, que tentava recitar um poema em memória do pai, vítima da repressão ordenada por Agostinho Neto, presidente do MPLA. Recordam-se? Nós recordamos. Por Orlando Castro.
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O Presidente angolano, João Lourenço, permitiu a intervenção, mas não autorizou que declamasse o poema, considerando, pouco depois, questionado pelos jornalistas, que o caso de 27 de Maio de 1977 era “um dossiê delicado” que ainda apresentava “feridas profundas” na sociedade. A segurança encarregou-se da retirar a jovem.
“Peço desculpa, eu sou órfã do 27 de Maio, desculpe comandante”, começou por dizer Ulika dos Santos, dirigindo-se ao Presidente angolano, aproveitando uma pergunta de uma jornalista portuguesa sobre os acontecimentos daquela data.
“Sozinha [Ulika, em língua nacional umbundo], há 41 anos nós temos vindo a atravessar este silêncio ensurdecedor por parte do Governo angolano”, disse Ulika dos Santos, filha de Adelino António dos Santos, então dirigente da juventude do MPLA (partido no poder desde 1975).
“Posso ler o poema pela memória do meu pai? Tive de fugir do meu país devido ao risco de morte do meu pai”, insistiu.
O Presidente João Lourenço ainda deu instruções à segurança para que a deixassem acabar a intervenção, mas não autorizou que declamasse o poema, por se tratar de uma conferência de imprensa, com dezenas de jornalistas portugueses e angolanos.
No final da conferência de imprensa, Ulika foi levada pelos serviços de segurança, enquanto repetia, em lágrimas: “Não estou armada, só vim para ler um poema ao meu Presidente”.
Respondendo à pergunta dos jornalistas, João Lourenço assumiu que o 27 de Maio de 1977 “é um dossiê delicado”, porque “naquela ocasião Angola perdeu alguns dos seus melhores filhos”.
“O Estado angolano já reconheceu em diversas ocasiões, a última das quais muito recentemente, há dias atrás, na voz do ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, (…) ter havido excessos por parte do Governo naquela altura e estamos abertos ao diálogo para vermos de que forma, não obstante terem passado décadas deste triste acontecimento, como podemos reparar as feridas profundas que ficaram nos corações de muitas famílias”, concluiu o chefe de Estado.
Estávamos a 17 de Setembro de 2016. O então ministro da Defesa de Angola e vice-presidente do MPLA, João Lourenço, denunciou tentativas de “denegrir” a imagem de Agostinho Neto, primeiro Presidente angolano.
João Lourenço discursava em Mbanza Congo, província do Zaire, ao presidir ao acto solene das comemorações do dia do Herói Nacional, feriado alusivo precisamente ao nascimento do primeiro Presidente angolano.
“A grandeza e a dimensão da figura de Agostinho Neto é de tal ordem gigante que, ao longo dos anos, todas as tentativas de denegrir a sua pessoa, a sua personalidade e obra realizada como líder político, poeta, estadista e humanista, falharam pura e simplesmente porque os factos estão aí para confirmar quão grande ele foi”, afirmou.
João Lourenço nunca se referiu ao caso na sua intervenção, mas o bureau político do MPLA criticou em Julho de 2016, duramente, o lançamento em Portugal de um livro sobre o MPLA e o primeiro Presidente angolano, Agostinho Neto, queixando-se então de uma nova “campanha de desinformação”.
Em causa estava (continua a estar, estará sempre) o livro “Agostinho Neto – O Perfil de um Ditador – A História do MPLA em Carne Viva”, do historiador luso-angolano Carlos Pacheco, lançado em Lisboa a 5 de Julho de 2016, visado no comunicado daquele órgão do Comité Central do partido no poder em Angola desde 1975.
Carlos Pacheco disse na altura que a obra resulta de uma década de investigação histórica e que “desmistifica” a “glória” atribuída ao homem que conduziu os destinos do movimento que lutou pela libertação do jugo colonial português em Angola (1961/74). Contudo o livro tem sido fortemente criticado em Luanda, por parte de dirigentes e elementos afectos ao MPLA e da fundação com o seu nome.
“A República de Angola está a ser vítima, mais uma vez, de uma campanha de desinformação, na qual são visadas, de forma repugnante, figuras muito importantes da Luta de Libertação Nacional, particularmente o saudoso camarada Presidente Agostinho Neto”, lê-se no comunicado do bureau político.
Na intervenção em Mbanza Congo, João Lourenço, que falava em representação do chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, sublinhou que Agostinho Neto “será sempre recordado como lutador pela liberdade dos povos” e um “humanista profundo”.
“Como atestam as populações mais carenciadas de Cabo Verde, a quem Agostinho Neto tratou gratuitamente, mesmo estando ele nas condições de preso politico. É assim como será sempre lembrado, por muitas que sejam as tentativas de denegrir”, afirmou o então ministro da Defesa e hoje Presidente (não eleito) da República.
“Em contrapartida”, disse ainda João Lourenço, os “seus detractores não terão nunca uma única linha escrita na História, porque mergulhados nos seus recalcamentos e frustrações, não deixarão obra feita digna de respeito e admiração”.
“Não terão por isso honras de seus povos e muito menos de outros povos e nações. A História encarregar-se-á de simplesmente ignorá-los, concentremos por isso nossas energias na edificação do nosso belo país”, disse João Lourenço.
Sabendo o que dizia mas não dizendo o que sabe, João Lourenço alinhava (e alinha) na lavagem da imagem de Agostinho Neto numa altura em que, como sabe o regime, os angolanos começam cada vez mais a pensar com a cabeça e não tanto com a barriga… vazia.
Terá João Lourenço alguma coisa a dizer aos angolanos sobre os acontecimentos ocorridos no dia 27 de Maio de 1977 e nos anos que se seguiram, quando dezenas de milhar de angolanos foram assassinados por ordem de Agostinho Neto?
Agostinho Neto, então Presidente da República, deu o tiro de partida na corrida do terror, ao dispensar o poder judicial, em claro desrespeito pela Constituição que jurara e garantia aos arguidos o direito à defesa. Fê-lo ao declarar, perante as câmaras da televisão, que não iriam perder tempo com julgamentos. Tal procedimento nem era uma novidade, pois, na história do MPLA tornara-se usual mandar matar os que se apontavam como “fraccionistas”.
O que terá a dizer sobre isto o agora Presidente da República, general João Lourenço?
Agostinho Neto deixou a Angola (mesmo que João Lourenço utilize toda a lixívia do mundo) o legado da máxima centralização de um poder incapaz de dialogar e de construir consensos, assim como de uma corrupção endémica. E os portugueses que nasceram e viveram em Angola, ainda hoje recordam o papel que teve na sua expulsão do país. Antes da independência declarava que os brancos que viviam em Angola há três gerações eram os “inimigos mais perigosos”.
Em 1974, duvidava que os portugueses pudessem continuar em Angola. Em vésperas da independência convidava-os a sair do país. E já depois da independência, por altura da morte a tiro do embaixador de um país de Leste, cuja viatura não parara quando se procedia ao hastear da bandeira de Angola, dirigiu-se, pela televisão, aos camaradas, para lhes dizer que era preciso cuidado, pois nem todos os brancos eram portugueses.
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COSTA DO MARFIM: AHOUA DON MELLO, CANDIDATO À PRESIDÊNCIA... Ato de indisciplina ou estratégia de guerra do PPA-CI?
NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...
A decisão agora é oficial. Ahoua Don Mello, vice-presidente do Partido dos Povos Africanos – Costa do Marfim (PPA-CI), responsável pela promoção do pan-africanismo, confirmou a sua candidatura às eleições presidenciais de outubro próximo, a 23 de julho de 2025. Esta decisão surge num contexto marcado por incertezas em torno da participação de Laurent Gbagbo, […]
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fonte: lepays.bf
O CARDEAL PHILIPPE OUEDRAOGO A SEUL, SOBRE A CRISE DE SEGURANÇA NO SAHEL: “As gerações futuras perguntarão: o que vocês estavam fazendo quando a África estava queimando?”
NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...
Não é a religião que mata. Essas são as ideologias do ódio. E nossa responsabilidade é desmascará-las. Foi o que observou o Arcebispo Emérito de Ouagadougou, Cardeal Philippe Ouédraogo, ao falar sobre a situação de segurança em Burkina Faso durante a reunião da fundação pontifícia da qual participou nos dias 10 e 11 de julho de 2025 em Seul, Coreia do Sul. O Arcebispo, deste pódio, apelou a toda a humanidade para que apoie urgentemente o seu país na luta contra o terrorismo.
Em primeiro lugar, gostaria de dirigir à nossa augusta assembleia uma cordial saudação da África, de Burkina Faso, em particular da Igreja da Família de Deus de Ouagadougou, da qual sou Arcebispo Emérito desde 16 de dezembro de 2023. Permitam-me saudar particularmente Sua Eminência Andrew Cardeal YEOM SOO-JUNG, Arcebispo Emérito de Seul. Criados cardeais juntos em 22 de fevereiro de 2014 pelo Papa Francisco, continuamos amigos. Com ele, damos graças a Deus pela frutífera cooperação missionária entre a arquidiocese de Seul e a de Ouagadougou.
Ao Reverendo Padre John PAK e a todos os organizadores, expresso minha sincera gratidão pelo gentil convite para participar do décimo aniversário da organização da Igreja que Sofre na Coreia.
"A Igreja em Burkina Faso, uma testemunha de Esperança diante da perseguição do extremismo islâmico violento" é o tema proposto para minha apresentação. Sinceros agradecimentos pelo seu interesse no sofrimento da nossa humanidade, da nossa casa comum. Estou entre vocês para testemunhar como filho e pastor de uma terra devastada pelo terrorismo violento em Burkina Faso, no Sahel da África Ocidental. Vim para levar a voz de um povo sem voz, que sofre, mas luta para permanecer de pé com dignidade e paz verdadeira.
Nossa apresentação-testemunho evoluirá em diversas perspectivas, incluindo:
– A tragédia da violência terrorista no Burkina Faso
– A missão e o testemunho da Igreja Católica
– O desafio da consciência mundial.
EU . A tragédia da violência terrorista no Burkina Faso
Por quase uma década, Burkina Faso se tornou, apesar de tudo, palco de uma violência multifacetada, persistente, assassina e metódica. Uma violência que se enraizou e se espalha cegamente entre a população. O país caiu gradualmente em um ciclo de instabilidade marcado por ataques mortais, sequestros, destruição de infraestrutura estatal e privada, deslocamento em massa de populações, sem mencionar sucessivos golpes militares... Várias regiões do país foram afetadas.
Os números são impressionantes. De acordo com dados do ACNUR, OCHA e relatórios cruzados de ONGs nacionais e internacionais em 2024:
–Mais de 8.000 pessoas foram mortas em ataques direcionados, confrontos armados ou assassinatos de civis inocentes. E isso sem contar os desaparecidos, os feridos, os mutilados física e psicologicamente.
– Mais de 2,2 milhões de pessoas deslocadas internamente foram registradas até o momento, a maioria das quais são mulheres, crianças e idosos. Famílias inteiras vivem em condições precárias, em acampamentos improvisados, sem acesso estável a água, comida, educação ou assistência médica básica.
– Há mais de 35.000 refugiados burkinabes que fugiram para países vizinhos (Togo, Gana, Benim, Costa do Marfim), em situações de insegurança alimentar aguda.
– Quase 6.000 escolas foram fechadas, privando mais de um milhão de crianças do direito básico à educação. Uma geração inteira está sendo sacrificada.
– Centenas de centros de saúde estão destruídos ou fechados. A cobertura de saúde está entrando em colapso. A desnutrição infantil está aumentando exponencialmente. O acesso a cuidados psicológicos é quase inexistente.
– Centenas de milhares de hectares de terras agrícolas estão abandonados. O tecido econômico local está desintegrado. Mercados, celeiros e estradas são controlados ou minerados.
Esta tragédia vai além das fronteiras de Burkina Faso. Faz parte de uma dinâmica saheliana, até mesmo regional e global. Ela desafia a África, ela desafia a humanidade. Por exemplo, Mali, Níger e Burkina Faso, diante da tragédia do terrorismo, formaram a Confederação dos Estados do Sahel. O que esses países estão vivenciando hoje é a consequência da desordem global, um acúmulo de fraquezas ignoradas, silêncios cúmplices e, às vezes, uma geopolítica cínica. Esta não é mais uma crise pontual. Esta é uma crise existencial. Uma crise de civilização. E exige uma resposta humana, espiritual, institucional e moral à altura do drama vivido pela população.
Nesta perspectiva, o Papa Francisco, na sua Encíclica Fratelli Tutti, desafia-nos claramente:
“O sofrimento de um povo não é algo distante. É um chamado para redescobrir a consciência de que somos uma comunidade global.” (Fratelli Tutti, §25).
II. Violência sem fronteiras religiosas
Diante dessa trágica realidade, muitas pessoas, de longe, procuram dar uma explicação simplista: a de um conflito religioso entre cristãos e muçulmanos. No entanto, quando olhamos mais de perto, quando ouvimos as populações envolvidas, quando examinamos as histórias de sobreviventes, autoridades consuetudinárias, pastores e imãs, surge outro quadro muito mais complexo.
É verdade que houve ataques a igrejas. É verdade que padres, catequistas e fiéis cristãos foram mortos durante celebrações litúrgicas ou por causa de sua fé. É verdade que comunidades cristãs inteiras foram forçadas a fugir, e que templos e igrejas foram queimados, profanados ou fechados.
Mas é igualmente verdade que:
– mesquitas foram atacadas, algumas durante as orações de sexta-feira.
– imãs foram executados porque pregavam uma versão moderada e pacífica do Islão
– Escolas corânicas foram fechadas ou destruídas.
– Aldeias de maioria muçulmana foram atacadas indiscriminadamente.
Na realidade, todas as comunidades são afetadas. Todas as religiões estão de luto. A religião está sendo usada para poder, controle e terror.
É preciso dizer claramente: grupos armados violentos não têm religião. Eles têm uma ideologia. E essa ideologia não tem outro objetivo senão semear a divisão, opor comunidades, quebrar a solidariedade tradicional que une os burkinabes além das afiliações religiosas. Eles se baseiam na ignorância, em feridas mal cicatrizadas, em frustrações acumuladas, para colocar as pessoas umas contra as outras.
No entanto, Burkina Faso tem uma longa tradição de coexistência religiosa pacífica. Esse tecido social é hoje visado justamente por ser um baluarte contra o extremismo. Ao destruir locais de culto, estigmatizar grupos e semear o medo, grupos extremistas buscam destruir não apenas vidas humanas, mas também um modelo social, uma herança comum de fraternidade.
Portanto, não caiamos na armadilha: rejeitemos o medo, a confusão e o discurso divisivo.
O conflito atual não é religioso. É política, econômica, identitária, geoestratégica. Ela se disfarça de religião para se legitimar, mas na realidade a trai. E nesta tempestade, a Igreja de Burkina Faso continua a proclamar alto e bom som: “Somos chamados à unidade, à paz e ao amor mútuo. »
É por isso que devemos ser lúcidos, corajosos e profundamente enraizados na nossa fé para não cairmos na armadilha da divisão. Porque uma comunidade dividida é uma comunidade enfraquecida:
“Se uma casa estiver dividida contra si mesma, tal casa não poderá subsistir. » (Marcos 3:25)
Neste espírito, o Santo Padre recordou na Declaração de Abu Dhabi (2019):
“O terrorismo não é causado pela religião ou crenças religiosas, mas pela má interpretação de textos sagrados e políticas injustas. »
Não é a religião que mata. Essas são as ideologias do ódio. E nossa responsabilidade é desmascará-los.
fonte: lepays.bf
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