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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Combate à malária tem bons resultados.

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...

Hoje, dia 25 de Abril, é um marco importante na luta contra a malária. Na África Austral é um compromisso de Angola e de todos os estados da região, com o apoio da Organização Mundial da Saúde. O director nacional do Programa de Combate à Malária, Filomeno Fortes, considera que em África há ainda índices de desenvolvimento humano muito fracos e taxas de pobreza muito elevadas: "a malária é uma doença associada à pobreza".

Apesar dos esforços do Executivo a malária continua a ser a principal causa de morte em Angola. As autoridades perderam a batalha contra a doença?

Penso que estamos a começar agora a grande batalha. Do ponto de vista científico, a primeira luta é evitar que a malária continue a matar. E foi o que fizemos numa fase inicial, combater o avanço da doença. À semelhança do HIV/Sida, neste momento o nosso desafio não é eliminar a doença, mas travar a sua expansão. O Executivo ganhou a primeira batalha da luta contra a malária, evitando o seu aumento. Além disso conseguimos também uma segunda vitória, que foi reduzir drasticamente a mortalidade.

Angola assumiu algum compromisso mundial para o combate à malária?

Angola assumiu no ano 2000 a Declaração de Abuja, que consiste na redução em 50 por cento o fardo da malária até 2010. Em relação à mortalidade, já conseguimos reduzir quase 60 por cento. Estamos no bom caminho, o que não significa que estamos satisfeitos. Temos que acelerar as acções para que a partir de 2015 Angola comece a pensar na eliminação da malária, o mais tardar até 2025. Até 2030, temos de erradicar a malária do mundo.

Acha essa meta possível?

Acho muito improvável que até ao ano de 2030 o mundo esteja livre da malária, a menos que consigamos ter uma vacina eficaz, como a vacina que utilizamos para a febre-amarela. Aí sim, podemos pensar na erradicação da malária a nível mundial.

Que controlo tem dos casos de malária?

Felizmente a malária do ponto de vista da mortalidade tem sofrido um decréscimo. Nos últimos cinco anos, iniciámos uma mudança no tratamento da malária, numa altura em que tínhamos muitos óbitos. Em 2010, em Angola foram notificados apenas oito mil óbitos por malária, isso significa que tivemos uma redução de mais de 50 por cento dos óbitos. Em relação ao número de casos, Angola em 2005 teve mais de quatro milhões de casos. Mas em 2010 tivemos uma notificação de apenas 3,6 milhões de casos suspeitos. Penso que devemos ter à volta de 2,6 milhões de casos confirmados.

O que foi feito para reduzir os casos? 


Com base na Declaração de Abuja, em 2000, foram implantados dois planos estratégicos. Esses planos implicavam o diagnóstico e o tratamento adequado dos casos de malária, medidas preventivas, como a utilização das redes mosquiteiras e também medidas preventivas nas mulheres grávidas. A mulher grávida passou a tomar um medicamento que ajudou a reduzir a mortalidade materna por malária no país, de 20 por cento para apenas sete por cento.

Luanda é a província que mais casos de malária regista?

Sim, Luanda é a que mais casos regista, mas não é a província com mais mortalidade. A província que tem a taxa mais alta de mortalidade por malária é a de Benguela. As províncias com maior índice de transmissão de malária além de Luanda são as do Huambo, Kwanza-Sul e Benguela. A Huíla, embora não tenha muitos casos de malária, tem uma taxa de mortalidade preocupante. A Lunda-Norte e a Lunda-Sul apresentam taxas de transmissão de malária preocupantes. E em algumas províncias começamos já com a luta anti vectorial principalmente com a utilização da tifa e acções de pulverização dentro das casas com insecticida.

Quais são as causas da doença?

A situação geográfica pode elevar a taxa de transmissão porque o clima, as chuvas e os riachos facilitam o desenvolvimento do vector. Noutras províncias como Luanda, sabemos que as questões de saneamento do meio são fundamentais para transmissão de doenças. Luanda é a província com maiores dificuldades de saneamento, tendo em conta a densidade de população e as condições dos bairros periféricos, onde existem muitos criadores de mosquitos, facilitando a transmissão da doença.

A malária é considerada uma doença oportunista que ataca as pessoas infectadas com VIH. Existe algum plano de acção para essa área?

As pessoas com VIH, principalmente as grávidas, fazem uma profilaxia com o medicamento "falcidar" a partir do quarto mês de gestação e devem fazer três doses até ao momento do parto. Isso previne a malária em pessoas seropositivas.

O Coartem era considerado até ao momento como o medicamento mais eficaz para o combate à malária, mas há indicações de existe resistência ao medicamento. A que se deve a essa situação?

A adopção por parte dos governos africanos do medicamento "Coartem" para combater doenças tropicais, tem reduzido o número de mortes por malária. Felizmente tem surtido efeito principalmente em zonas sazonais. A resistência ao medicamento muitas vezes deve-se ao seu mau uso.

A vacina contra a malária continua a ser um sonho?

Sim, ainda é um sonho. Há alguns produtos que estão a ser testados e apresentam resultados promissores, mas não acreditamos que nos próximos cinco anos haja efectivamente uma vacina eficaz na luta contra a malária. Enquanto não tivermos a vacina o problema essencial está relacionado com o desenvolvimento sócio económico dos países. Sabemos que em África para além das condições climáticas e geo morfológicas temos ainda índices de desenvolvimento humano muito fracos e taxas de pobreza muito elevadas. A malária é uma doença associada à pobreza. Ou a humanidade combate a pobreza ou é preciso arranjar uma vacina que permita proteger os pobres da doença.

Há mais casos de malária nos grandes centros urbanos do que nas zonas rurais. A que se deve a esta situação?

A malária devia ser uma doença rural e não urbana. Sendo ela associada ao saneamento do meio e a região urbana por definição é uma zona urbanizada com saneamento e água potável, não devíamos ter a transmissão nas grandes cidades. Infelizmente, devido à situação que o país viveu durante 30 anos, assistimos a um fenómeno a que chamamos de pseudo urbanização.

O que significa isso?

Quer dizer que aparentemente houve um aumento da urbanização das grandes cidades, mas a população acabou por concentrar-se nas periferias, sobrecarregou as infra-estruturas de saneamento e fornecimento de água potável nas cidades e as condições do saneamento do meio deterioraram-se. Isso permitiu que os mosquitos se instalassem e proliferem nas grandes cidades.

Para além do uso do mosquiteiro e do saneamento que outras medidas de prevenção devem ser tomadas?

Se os governos provinciais e as administrações municipais assumirem a luta anti vectorial com a utilização de insecticidas nas paredes das casas, a protecção é de quatro a seis meses. Isso reduz rapidamente a transmissão da malária. No nosso plano estratégico que temos estado a desenvolver há quatro anos, com financiamento dos EUA, temos realizado também acções de pulverização domiciliar em províncias que são consideradas de risco.

Quais são as províncias consideradas de risco?

A Huíla, Cunene e Huambo. Numa primeira fase também tínhamos incluído a província do Namibe. Em média protegemos 80 mil casas. Se multiplicarmos por cinco pessoas em média por casa, conseguimos proteger quase 500 mil pessoas por ano, com a pulverização domiciliar. Mas esta é uma gota de água em relação ao país e ainda não tem tido o impacto necessário, precisamos de estender a campanha. Com a cooperação cubana temos uma campanha contra o vector e estamos a utilizar um produto que deve ser utilizado nos criadores de mosquitos, charcos e águas estagnadas. Esse produto permite matar as larvas dos mosquitos em volta das casas. Temos 20 por centos dos municípios de Angola com brigadas a fazerem a luta contra o vector.

Há alguma doença que se assemelhe à malária?

Sim. A Lectospirose. Nesta luta contra o vector da malária aproveitamos associar uma outra, que é a luta contra os ratos que provocam febres provocadas pela sua urina e que os seus sintomas são semelhantes aos da malária. Os ratos passam por cima das crianças enquanto dormem e podem deixar a sua urina em cima delas, provocando-lhes a doença. Por isso temos também em alguns centros a luta contra os ratos, que consiste na utilização de um produto de origem cubana que também pode ser utilizado dentro de casa para outros fins de limpeza.

Dos vectores do paludismo qual é o mais resistente?

Na região central de África existe um mosquito chamado de Anosfeles Gambie que é o responsável pela transmissão da malária a nível mundial. Mas são conhecidas mais de 200 espécies de mosquitos Anosfeles. As espécies mais perigosas são os Anosfeles Gambie e o Nexes. Infelizmente em Angola temos essas duas espécies que proliferam em todas as províncias. 


Fonte: Jornal de Angola

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Samuel

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