NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...
Quando era chanceler na ONU, Oswaldo Aranha sempre que cumprimentado respondia "o Brasil vai bem, obrigado". Já escrevi isso não sei quantas vezes, e vou continuar escrevendo, sou discípulo de Nelson Rodrigues desde o ginásio, e o nosso teatrólogo maior adorava uma repetição.
Vou fugindo do assunto propositadamente. Escrever falando o que sente da pátria no momento dói. Mas estou velho no assunto, tenho que enfrentar. Explico: a coisa vai mal. O povo deseducado, os políticos cada vez mais omissos, ou até mesmo maldosos demais.
Estamos a poucos dias do início da Copa Mundial de Futebol. Normamente, o brasileiro fica numa euforia gostosa de se ver. Coloca enfeites nas ruas, pinta a bandeira no asfalto, as prefeituras dão prêmios aos lugares mais bem decorados, é tudo uma alegria só. Aqui, como se não bastassem os estádios superfaturados que não servirão para nada quando os jogos terminarem, o aeroporto de Brasília ficou inundado com uma chuva comum. Ainda não está totalmente construído, mas o telhado deixou passar muita água.
Ora, construir um telhado é fácil. A gente fica com medo da estrutura do prédio. Se o telhado não vai bem, e o resto? Faz pouco tempo, coisa de dias, que um cidadão morreu de enfarte por falta de atendimento. Em frente ao Instituto Nacional de Cardiologia!
A presidente diz que tudo vai bem. Que nada vai cair. Esperamos que sim. Enquanto isso, ela baixa um decreto criando 'comissões populares' para votarem leis. Não se entende. Quem legisla é o Congresso, eleito pelo povo, e não comissários nomeados, ganhando sabe-se lá quanto. Um deputado não custa menos do que cinquenta mil reais por mês, fazendo as contas por baixo. O salário mínimo gira em torno de pouco menos do que mil reais, ou seja, o parlamentar ganha cinquenta vezes mais do que um operário sem qualificação profissional. Não vai fazer mais nada, as 'comissões populares' vão assumir esta responsabilidade? Diante da lei, esta criação é um absurdo dos maiores, a Constituição veda tal procedimento, que é uma afronta ao Legislativo.
Inflação crescente, educação cada vez mais precária, alunos agredindo professores, a guerra do tráfico matando uma média de vinte pessoas por dia, entre bandidos e policiais, o número já supera muito a Guerra do Vietnã - diabos, onde o Brasil vai parar? O mais interessante é que mais de setenta por cento da população quer reformas, mas a presidente continua liderando as pesquisas eleitorais. Dizem os entendidos que o seu governo foi o pior que o país já teve, desde as Capitanias Hereditárias.
Jorge Cortás Sader Filho é escritor
# pravda.ru
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Samuel