Dois dos comícios de encerramento da campanha eleitoral levaram ao fim da tarde milhares de pessoas ao centro de Bissau num ambiente caótico e ensurdecedor, mas sem incidentes.

Separados por escassos metros, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e a candidatura independente de Nuno Nabian fecharam a campanha para as eleições gerais de domingo no coração da capital.
O PAIGC, partido histórico e mais votado do país, ocupou e encheu a Praça dos Combatentes de Liberdade da Pátria, com o palco montado em frente à sede nacional, ao lado do palácio da Presidência da República.
Já passava das 19:30 (mais uma hora em Portugal), quando José Mário Vaz pediu votos suficientes para ser eleito Presidente da República logo na primeira volta e pediu também a vitória do PAIGC nas legislativas para governar ao lado de Domingos Simões Pereira como primeiro-ministro.
Num país massacrado por golpes de estado, Mário Vaz prometeu zelar pela estabilidade e tornar os militares guineenses respeitados no país e no exterior.
Em tempo de paz, espera contar com as forças armadas para "ajudar a construir" as infraestruturas básicas do país.
Com voz rouca, Domingos Simões Pereira discursou a seguir, com dificuldade, para reafirmar a promessa de colocar um computador com Internet nas mãos de cada criança guineense.
"Não é um luxo", referiu, no momento mais aplaudido do comício.
Já antes tinha apontado como prioridade a "reconciliação plena" dos guineenses, com "diálogo inclusivo", para evitar novos episódios de instabilidade.
Na avenida Amílcar Cabral, mesmo ao lado e em direção ao porto de Bissau (Pindjiquiti), já se fazia a festa do candidato independente à presidência Nuno Nabian, que era apoiado por Kumba Ialá - ex-presidente guineense e fundador do Partido da Renovação Social (PRS), falecido há uma semana.
Apesar de não ter o apoio do maior partido da oposição, as bandeiras do PRS estavam por todo o lado e Nabian fez questão de guardar um minuto de silêncio por Kumba Ialá, para além de o recordar e elogiar durante vários minutos de discurso: "Não está aqui em corpo, mas está em alma."
Paz, estabilidade e unidade nacional são as prioridades do candidato, que aponta a juventude da Guiné-Bissau como "a razão de concorrer à presidência".
"Eu também sou um jovem em busca de soluções para o país", referiu, antes de responder a uma das questões que têm sido colocadas aos candidatos ao longo da campanha: como fazer a reforma das forças armadas?
Para Nabian, não basta mexer nos militares, "tem que se reformar o Estado de uma forma geral".
As eleições gerais (presidenciais e legislativas) na Guiné-Bissau estão marcadas para domingo com 13 candidatos presidenciais e 15 partidos a concorrer à Assembleia Nacional Popular.
São as primeiras eleições depois do golpe de estado de 12 de abril de 2012.
Um total de 775.508 cidadãos constam dos cadernos eleitorais da Guiné-Bissau e têm direito a votar, de acordo com o recenseamento realizado entre dezembro de 2013 e fevereiro deste ano.
LFO // HB
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Samuel