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quinta-feira, 20 de agosto de 2020

NEPOTISMO É… FAVORECER PARENTES OU AMIGOS POR PESSOA BEM COLOCADA

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...

A Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) disse hoje que a nomeação para administradora executiva de Cristina Lourenço, filha do Presidente da República, Titular do Poder Executivo e Presidente do MPLA, João Lourenço, se trata de “um regresso a casa” daquela antiga colaboradora da instituição. E assim sendo, é preciso apenas parecer ser sério. De resto, o MPLA é Angola há 45 anos e Angola é do MPLA há… 45 anos.

Numa nota de imprensa distribuída hoje, a BODIVA realça que a nomeação em Março passado de Cristina Lourenço, surgiu da necessidade de completar a composição do Conselho de Administração, na sequência da resignação de um dos seus administradores.

O documento sublinha que “o percurso e empenho enquanto colaboradora da BODIVA, entre 2014 e 2016, e a capacidade de gestão demonstrada no processo de criação e implementação de uma unidade de estrutura do Ministério das Finanças, estiveram na base da decisão desta comissão de convidar um antigo quadro para assumir a função”.

“Um regresso à casa”, destaca a nota, lembrando que, à excepção do seu presidente, a comissão executiva em funções desde Novembro de 2019 é composta exclusivamente por quadros da BODIVA, “de competência académica e sobretudo profissional comprovada, que desde a sua constituição dedicaram e dedicam o seu saber, aptidão e zelo em prol da consolidação do mercado de capitais angolano”.

“Relativamente aos procedimentos legais, importa referir que, enquanto sociedade anónima de domínio público, que se rege pelas normas aplicáveis às sociedades anónimas, os membros dos órgãos sociais, no qual se inclui o Conselho de Administração, são eleitos por deliberação unânime em sede da mesa da Assembleia-Geral”, salienta a BODIVA.

Esta nota surge depois de recentes notícias sobre o poder político em Angola, publicadas pelo Jornal de Negócios, que tem merecido críticas em vários círculos sociais do país por aquilo que é classificado como um “alegado acto de nepotismo”.

Nepotismo significa “favoritismo excessivo dado a parentes ou amigos por pessoa bem colocada”. Não é obviamente o caso. A cidadã em causa não é parente (é filha) de pessoa bem colocada, pois o pai apenas é Presidente da República, Presidente do MPLA e Titular do Poder Executivo.

Muitos associam a questão aos actos praticados anteriormente pelo ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, que nomeou filhos, como Isabel dos Santos e José Filomeno “Zenu” dos Santos, para cargos públicos. A diferença está que o anterior presidente foi ele próprio a nomear e, agora, o presidente mandou (mesmo que de forma implícita) um seu auxiliar (a ministra das Finanças) nomear.

No despacho n.º 2260/20, de 5 de Maio, o Ministério das Finanças confirma a dispensa de Cristina Giovana Dias Lourenço, onde era técnica superior de 2.ª classe, para dirigir os departamentos de Finanças e Património e de Comunicação e Intercâmbio da Bolsa angolana.

Ser, ou parecer, sério

João Lourenço admite que “fez parte do sistema” que sustentou o seu antecessor, mas salienta que só os que conhecem o regime por dentro estão preparados para fazer grandes mudanças. Foi descoberta a pólvora. Ponto.

Assim, porque as ideias de João Lourenço vão fazer escola, os próximos dirigentes da Polícia serão recrutados entre os mais violentos criminosos, pois só os que conhecem o assunto por dentro estão preparados para fazer grandes mudanças.

Igualmente os próximos dignitários (do MPLA) para combater a corrupção serão recrutados entre os maiores corruptos, pois só os que conhecem o assunto por dentro estão preparados para fazer grandes mudanças.

Em entrevista à DW, João Lourenço, que foi ministro da Defesa do ex-presidente José Eduardo dos Santos, secretário-geral e vice-presidente do MPLA, partido do poder em Angola há 45 anos, sublinhou que “ninguém pode dizer que não fazia parte do sistema”, mas é também por conhecer o sistema por dentro que tem condições para “corrigir o que está mal”.

Esquece o Presidente de todos os angolanos (do MPLA), que existe uma substancial diferença entre fazer parte do sistema e ser dirigente (por exemplo ministro da Defesa) desse mesmo sistema; entre aplaudir quando o sistema colocou na cadeia alimentar dos jacarés muitos angolanos; entre defender o sistema quando muitos angolanos foram detidos por se manifestarem a favor daquilo que João Lourenço diz agora defender.

Desde que tomou posse, há quase três anos, João Lourenço tem dado (mais em termos mediáticos e de propaganda) prioridade ao combate contra a corrupção e pelo regresso dos capitais ao país, projectos que – para além de levaram a justiça a mover um processo contra a filha do seu antecessor, Isabel dos Santos, e uma ordem de arresto de bens no valor de mil milhões de euros – são dignos de um Nobel da manipulação por esconderem a catástrofe económica e social do país.

“Quem fez as grandes mudanças não são pessoas de fora, são as que conhecem o sistema”, afirmou o chefe de Estado, acrescentando: “Somos nós, do partido que sempre governou o país, que estamos a fazer as reformas que eram absolutamente necessárias que fossem feitas”.

Assim, pela voz do próprio Presidente, todos ficamos a saber (é caso para dizer: Obrigado Presidente) que o MPLA é “o partido que sempre governou o país”. Ficam ainda dúvidas por esclarecer. Se é como João Lourenço diz, na altura dos massacres de 27 de Maio de 1977 quem estava no Governo?

Na entrevista, João Lourenço falou também sobre a investigação do “Luanda Leaks”, que expôs (de forma juridicamente inválida) os esquemas financeiros por detrás do império de Isabel dos Santos, realçando que não estavam a decorrer quaisquer negociações com a empresária e filha do antigo presidente angolano, actualmente arguida num processo-crime em Angola.

“Não se vai negociar, na medida em que houve tempo, houve oportunidade de o fazer. Portanto, as pessoas envolvidas neste tipo de actos de corrupção tiveram seis meses de período de graça para devolverem os recursos que indevidamente retiraram do país. Quem não aproveitou esta oportunidade, todas as consequências que puderem advir daí são apenas da sua inteira responsabilidade”, declarou João Lourenço, pondo as mãos no fogo (as mãos dos outros, é claro) pela independência do sistema judicial do reino.

Questionado sobre outras investigações judiciais, em particular sobre o Presidente Emérito do MPLA, José Eduardo dos Santos, explicou que os antigos presidentes gozam de imunidade durante pelo menos cinco anos e que compete à justiça tomar essas decisões, rejeitando que existam processos políticos.

“Quem abre os processos-crime na Justiça não são os políticos. É a própria Justiça quem vai atrás de possíveis crimes. Portanto, todos aqueles que estão a contas com a Justiça que não pensem que é o poder político quem os empurrou para a Justiça”, adiantou. Traduzindo: quem manda é poder político, mas quem empurra são os… sipaios do poder político. Quem manda é o pai, mas quem nomeia a filha é a ministra.

João Lourenço garantiu que a “justiça tem as mãos livres para actuar” e que ninguém pode dizer “’eu não posso ser ouvido’” ou “constituído arguido”. José Eduardo dos Santos dizia o mesmo. Agostinho Neto também, embora na prática não gostasse de “perder tempo com julgamentos”.

Quanto ao caso do ex-vice-presidente Manuel Vicente, acusado de pagar quase um milhão de euros de suborno a um procurador português, lembrou que este goza também de imunidade e que o facto de ter sido pedido que o processo fosse transferido para Angola, “não significa absolvição”. Claro que não. Será certamente julgado quando for feita justiça sobre os mandantes dos massacres de 27 de Maio de 1977.

João Lourenço disse também que Manuel Vicente não é seu conselheiro, uma “invenção” que atribui “aqueles que não queriam que o processo fosse transferido de Portugal para Angola”. Aliás tudo leva a crer que João Lourenço nem sequer conhece Manuel Vicente.

O também chefe do executivo frisou que o facto de ter assistido ao longo dos anos à corrupção no país e “por não concordar que a situação continuasse”, decidiu travar este combate. Só assistiu? Não foi conivente, activo ou passivo, com esse crime? Não beneficiou dele? A corrupção não financiou a sua campanha eleitoral? Se calhar João Lourenço deveria ser (no mínimo) investigado. É que não basta ser sério.

“Hoje temos a oportunidade de mudar esse estado das coisas, pensamos que é o momento de fazê-lo. Sabemos que é preciso muita coragem. Encontramos alguma resistência. Preferimos lutar contra ela do que nos acomodarmos e deixar que as coisas continuem como antes”, reforçou.

fonte: folha8


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Samuel

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