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domingo, 28 de setembro de 2025

Ricardo Mohrez Muvdi: Qual o segredo por trás da avalanche de reconhecimentos do Estado da Palestina?

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Amyra El Khalili, especial para o Pravda.Ru, entrevista Ricardo Mohrez Muvdi, presidente da União Palestina da América Latina (UPAL). Ricardo Mohrez Muvdi é palestino, nascido em Beir-Jala, Palestina (1952). Refugiado na Colômbia, é administrador de empresas e presidente da União Palestina da América Latina (UPAL), criada em 2019, na cidade de San Salvador, em El Salvador, América Central. A UPAL é uma organização regional fundada por associações e entidades latino-americanas para fortalecer a unidade das comunidades palestinas na América Latina e apoiar a causa palestina em todos os seus aspectos. A entidade promove a solidariedade entre os povos, fomenta atividades culturais, políticas e humanitárias e trabalha na defesa dos direitos do povo palestino. Com presença ativa em diversos países, sua missão é consolidar uma voz latino-americana forte e unida na luta por justiça, paz e liberdade para a Palestina. No último mês, entretanto, uma onda de países – Espanha, Noruega, Irlanda, Eslovênia, entre outros – anunciou com grande alarde o reconhecimento do Estado da Palestina. Para alguns, trata-se de um marco histórico; para outros, de uma vitória moral após décadas de ocupação e sofrimento. Mas, por trás desses gestos diplomáticos, esconde-se uma estratégia muito mais complexa. Para compreender melhor quais são esses interesses inconfessáveis, conversamos com Ricardo Mohrez Muvdi nesta entrevista exclusiva ao Pravda.Ru. PRAVDA.RU – A pergunta é inevitável: quais os reais interesses por trás dessa repentina avalanche de reconhecimentos? Um Estado palestino… ou uma saída para o Ocidente? Ricardo Mohrez Muvdi – Em primeiro lugar, devemos entender que esses reconhecimentos não surgem do nada. Eles ocorrem em meio a uma guerra genocida contra Gaza, na qual Israel fracassou em sua tentativa de eliminar a resistência palestina, particularmente o Hamas. Nem com bombas, nem com fome, nem com deslocamentos forçados conseguiu subjugar um povo que resiste com dignidade. Diante desse fracasso, o Ocidente – e especialmente os Estados Unidos e a Europa – busca um "Plano B". Já não consegue sustentar a narrativa de que Israel está “se defendendo”. Precisa oferecer uma alternativa que mantenha o controle político, neutralize a resistência e acalme a pressão social interna. É aí que entra o reconhecimento do “Estado palestino”. Mas há um porém: o Estado reconhecido não tem fronteiras, nem exército, nem soberania sobre seu território. Não controla seu espaço aéreo nem seus mares. Não pode garantir a segurança de seus cidadãos nem possui unidade política. É, em essência, um fantasma administrativo sob ocupação. E isso não é um Estado verdadeiro. PRAVDA.RU – Seria uma repaginada para a Europa? Esses reconhecimentos também servem para limpar a consciência europeia? Ricardo Mohrez Muvdi – Após meses de cumplicidade no genocídio, seja por meio do silêncio, do apoio militar ou de sanções direcionadas contra a resistência, eles agora tentam equilibrar a balança com um gesto simbólico. Falam em “dois Estados” como se ainda fosse uma opção viável, quando, na realidade, Israel fragmentou e colonizou tanto o território que tal fórmula se tornou impraticável. Um “Estado palestino” é reconhecido, mas não sanciona Israel, não interrompe a venda de armas nem freia a expansão dos assentamentos. Em outras palavras, legitima-se uma solução diplomática sem alterar as condições materiais da ocupação. PRAVDA.RU – E se o verdadeiro objetivo for substituir a resistência? Ricardo Mohrez Muvdi – Outro elemento preocupante é quem está sendo reconhecido. A maioria desses países continua a considerar a Autoridade Palestina como o “governo legítimo” do povo palestino, apesar de sua falta de representatividade, da corrupção interna e da colaboração com a ocupação. Estamos testemunhando uma tentativa de reorganizar a liderança palestina a partir de fora, excluindo movimentos de resistência como o Hamas ou a Jihad Islâmica. PRAVDA.RU – O objetivo seria criar um Estado artificial e obediente, que administre a ocupação sem questionamentos? Ricardo Mohrez Muvdi – Se for assim, a avalanche de reconhecimentos seria menos uma demonstração de solidariedade e mais uma manobra geopolítica para neutralizar a luta do povo palestino. PRAVDA.RU – Seria essa a armadilha do Estado fictício? Ricardo Mohrez Muvdi – Há um enorme risco de que o mundo comece a falar da Palestina como um “Estado reconhecido”, quando, na prática, ela continua sendo uma nação ocupada, colonizada e bloqueada. Essa ficção jurídica pode ser usada para congelar o conflito, neutralizar as queixas internacionais e culpar as próprias vítimas por sua situação. Nesse cenário, a causa palestina deixaria de ser uma luta anticolonial legítima para ser reduzida a uma disputa burocrática entre “dois governos”. A história é apagada, o apartheid é invisibilizado e as vozes dos mártires são silenciadas. PRAVDA.RU – Quais seriam as consequências dessas ações meramente diplomáticas? Ricardo Mohrez Muvdi – A avalanche de reconhecimentos não é gratuita, nem desinteressada, nem revolucionária. Faz parte de um reajuste político global diante da erosão moral do Ocidente e da ascensão da resistência palestina. Pode ser diplomaticamente útil, sim, mas não devemos nos deixar enganar: a verdadeira libertação não virá dos ministérios das Relações Exteriores, mas da determinação do povo palestino, em Gaza, na Cisjordânia, no exílio e na diáspora. PRAVDA.RU – E qual é a sua conclusão? Ricardo Mohrez Muvdi – Enquanto o regime de ocupação sionista não for desmantelado, nenhum reconhecimento será completo. E enquanto o sangue continuar a correr em Gaza, nenhum gesto simbólico será suficiente. Edição de Texto: Alexandre Rocha Amyra El Khalili é professora economista palestino-brasileira e editora das redes Movimento Mulheres pela Paz na Palestina e Aliança RECOs – Aliança de Redes de Cooperação Comunitária desde o Sul Global. fonte: port.pravda.ru

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Samuel

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