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domingo, 26 de outubro de 2025
O Congo deve transformar a riqueza do solo na riqueza do povo, garante o economista e observador de políticas públicas Charles Abel Kombo (Entrevista).
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Rico em petróleo, florestas e minerais, o Congo tem toda a alavancagem necessária para se tornar uma das economias mais dinâmicas do continente. No entanto, a prosperidade permanece distribuída de forma desigual. Em seu artigo intitulado "Congo na Encruzilhada da Riqueza: Transformando Petróleo em Prosperidade Sustentável", Charles Abel Kombo defende uma mudança no modelo econômico nacional: não se trata mais apenas de produzir e exportar, mas de transformar, diversificar e investir no futuro. Encontramos um economista experiente que defende a consolidação das conquistas e o fortalecimento da resiliência do desenvolvimento congolês.
Les Echos du Congo-Brazzaville (LECB): O senhor escreve que o Congo está "na encruzilhada da riqueza". O que significa essa expressão?
Charles Abel Kombo (CAK): Eu queria transmitir uma ideia simples: o Congo não é um país pobre, é um país com grande potencial. Temos recursos naturais consideráveis — petróleo, florestas, minerais — mas ainda não os transformamos totalmente em um motor de desenvolvimento sustentável. Estar "na encruzilhada da riqueza" significa estar em um momento de escolha: continuar a depender das receitas do petróleo ou iniciar uma transformação produtiva e humana. Este é um momento crucial na preparação do lugar do Congo na África emergente do amanhã.
L.E.C.B: Os últimos indicadores econômicos mostram uma recuperação: crescimento de 2,6% em 2024 e recuperação no setor não petrolífero. Podemos falar de resiliência?
C.A.K: Sim, este é um sinal encorajador. Esta recuperação, impulsionada pela agricultura, serviços e investimento público, ilustra a capacidade de adaptação do país. Mas este crescimento deve agora tornar-se mais estrutural e inclusivo, capaz de criar empregos, aumentar a renda e reduzir a pobreza. O desafio é consolidar os alicerces desta recuperação para que beneficie de forma sustentável toda a população.
L.E.C.B: O senhor escreve que a dependência do petróleo é tanto "psicológica" quanto econômica. Como devemos entender isso?
C.A.K: É uma forma de dizer que a dependência do petróleo não é apenas uma questão de finanças públicas, mas também de uma certa cultura econômica. O petróleo há muito é visto como a principal fonte de prosperidade nacional. Mas hoje, trata-se de aprender a diversificar os motores de crescimento, incentivando a produção e a inovação locais. É uma mudança de perspectiva, não uma ruptura: fazer do petróleo uma alavanca entre outras, a serviço de uma economia mais equilibrada.
L.E.C.B: O Banco Mundial fala da necessidade de repensar a governança do "capital global". O que esse conceito abrange?
C.A.K: "Capital global" refere-se a todos os recursos de um país: capital produzido (infraestrutura, indústrias), capital humano (educação, saúde, habilidades) e capital natural (florestas, minerais, biodiversidade). O desafio é coordenar melhor essas três dimensões: investir nas pessoas, valorizar a natureza e rentabilizar a infraestrutura. É isso que chamo de reconciliação de capital. A gestão integrada, prudente e equilibrada desses recursos é a chave para um desenvolvimento harmonioso.
L.E.C.B: Quais são, na sua opinião, as alavancas prioritárias para fortalecer essa dinâmica?
C.A.K: Três alavancas me parecem essenciais. Primeiro, a criação de um fundo soberano de estabilização para suavizar as receitas do petróleo e apoiar investimentos produtivos. Em seguida, o investimento em educação, treinamento e saúde, porque o capital humano é o maior patrimônio de uma nação. Por fim, o desenvolvimento do capital natural, por meio da diplomacia verde e do financiamento climático, que oferecem novas oportunidades para o país. Esses três pilares — estabilidade, conhecimento e sustentabilidade — podem ancorar firmemente a prosperidade congolesa.
L.E.C.B: Você também enfatiza a transparência e a participação cidadã. Por que elas são cruciais?
C.A.K: A boa governança é a base da confiança e da credibilidade. A transparência orçamentária, a responsabilização e o envolvimento de atores da sociedade civil não se opõem à ação pública; eles a fortalecem. Quando um Estado age com clareza, atrai mais parcerias e investimentos. A governança, em suma, é a base da transformação sustentável.
L.E.C.B: Quando um Estado age com clareza, atrai mais parceiros e investimentos. O Congo-Brazzaville poderia ser um caso exemplar na sub-região da África Central?
C.A.K: Sim, o Congo pode enfrentar o desafio da transparência e da boa governança. O país já demonstrou sua capacidade de empreender reformas importantes e dialogar com seus parceiros internacionais. O desafio hoje é estabelecer a transparência a longo prazo, como uma cultura compartilhada de gestão pública em todos os níveis. A transparência é, acima de tudo, um fator de confiança. Ela fortalece a credibilidade das instituições, atrai investidores e apoia a estabilidade econômica. Ao continuar nesse caminho, o Congo pode consolidar sua imagem como um país em processo de reformas e se tornar uma referência regional em governança responsável.
L.E.C.B: O Congo-Brazzaville possui hoje os ativos necessários para garantir seu verdadeiro desenvolvimento econômico: uma localização geográfica estratégica, recursos naturais, uma economia de mineração promissora e pessoal qualificado. Essa estagnação, criticada aqui e ali, pode estar ligada à má governança? Em caso afirmativo, o que pode ser feito para garantir que o amanhã seja melhor do que o hoje?
C.A.K: A governança é uma alavanca essencial para superar as dificuldades, mas deve basear-se na coerência das políticas públicas e na confiança entre o Estado e os seus cidadãos. A boa governança é, acima de tudo, uma visão partilhada e a implementação rigorosa das reformas empreendidas. O Congo dispõe dos recursos humanos e naturais necessários para ter sucesso. O que é necessário é continuidade, consistência e ação exemplar. Transparência e responsabilização não são apenas valores; são ferramentas para o desempenho público. É com este espírito que o país conseguirá transformar o seu potencial em resultados sustentáveis e visíveis para todos.
L.E.C.B: Sua frase "transformar a riqueza do solo em riqueza do povo" tornou-se emblemática. O que significa em termos concretos?
C.A.K: Ela resume o espírito de todo desenvolvimento. Extrair petróleo ou madeira é um passo; mas convertê-los em infraestrutura, negócios e empregos qualificados — isso é progresso. A riqueza assume todo o seu significado quando cria valor agregado para a sociedade. Isso significa incentivar o processamento local, apoiar as PMEs e modernizar as instituições para estimular as cadeias de valor nacionais. Em suma, fazer circular a riqueza do solo para a sociedade.
L.E.C.B: Você conclui apelando para uma "transformação sustentável ousada". Este é um desafio técnico ou político?
C.A.K: Ambos, mas acima de tudo, político. Qualquer reforma econômica requer visão, consistência e continuidade. O Congo possui os ativos necessários: recursos, talento e uma localização geográfica estratégica. O desafio agora é dar continuidade aos esforços já em andamento, expandir a diversificação e ancorar as reformas no longo prazo. Este é um desafio coletivo, moral e histórico. Como John Maynard Keynes nos lembrou em "As Perspectivas para Nossos Netos", precisamos ser capazes de pensar no futuro hoje.
Entrevista por Jean-Jacques Jarele Sika / Les Echos du Congo-Brazzaville
Fotos: DR https://lesechos-congobrazza.com
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Samuel