Dois cafés arrefeciam sobre a mesa. "Vocês sofrem comodamente", observa Carlos F., um alto funcionário europeu em Bissau. Depois, a moeda cai na ranhura. "Está bem, nós [a Europa] ajudamos". Eu permanecia calado.
"Isto [o golpe] foi disparatado e irreflectido, ou não?". Eu, nada. Queria, mais do que falar, ouvi-lo. "Ai, a guerra. Ah, isso já passa", foi o que Carlos respondeu à mulher, em Lisboa, quando esta lhe implorou que saísse da Guiné-Bissau. Nos seus três anos em Bissau, ganhou arcaboiço suficiente para perceber que não está em risco. "Matam-se entre eles e passados uns dias tudo está bem, a vida segue o seu curso normal". Inconformada, a mulher desliga. "E agora?", pergunta, enquanto grita para o empregado: "São mais dois cafés".
Carlos, as guerras nunca acabarão - arrisquei. A guerra existe para ser contínua.
fonte: Correio da Manhã
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Samuel