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domingo, 4 de maio de 2014

Brasil aposta na Guiné-Bissau como nova vitrine internacional.

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Guineense deposita seu voto na urna na eleição presidencial de 2012 na Guiné-Bissau
À medida que o Brasil reduz gradualmente sua presença no Haiti, o governo brasileiro aposta na Guiné-Bissau como nova vitrine internacional do país.

Ex-colônia portuguesa de apenas 1,6 milhão de habitantes, a Guiné-Bissau sofreu cinco golpes desde sua independência, em 1974, e é um dos principais entrepostos da cocaína que sai da América do Sul rumo à Europa.

Em 40 anos, o país nunca teve uma transferência de poder legítima, de presidente eleito para presidente eleito.

O último golpe de Estado foi em 2012. Agora, os guineenses se preparam para voltar à democracia: votaram para presidente em abril, e o segundo turno ocorre em 18 de maio. Isso se os militares deixarem. As Forças Armadas periodicamente interrompem a ordem democrática.

É esse país difícil que o Brasil abraça como seu projeto de reconstrução de nações fracassadas, pós-Haiti.

À frente da empreitada está o ex-chanceler Antonio Patriota, representante do Brasil na ONU, que preside a Comissão de Construção de Paz do organismo. "Após as eleições, temos uma agenda de modernização do setor de segurança que inclui desde cuidar da aposentadoria dos militares até modernizar as Forças Armadas", disse à Folha.

Outro plano é trabalhar com a diversificação da produção no país –mais de 50% das pessoas dependem da castanha de caju. "Os recursos necessários são modestos, por isso a Guiné-Bissau tem tudo para ser um exemplo bem-sucedido de reconstrução pós-conflito", diz.

"Trata-se de um país que pode entrar no rumo com recursos reduzidos, e o Brasil pode cumprir essa função", ecoa Pedro Cardoso, chefe da divisão de África 2 do Itamaraty. "É uma vitrine para nosso trabalho de cooperação internacional."

Mas trata-se de uma aposta arriscada. "Muitos outros já tentaram transformar a Guiné-Bissau e não conseguiram", pondera Adriana Abdenur, professora de relações internacionais da PUC do Rio, que estuda a atuação brasileira na África.

Depois do golpe de 2012, a situação ficou ainda pior. Toda a ajuda externa (que chega a 40% do Orçamento do país) foi suspensa.

No ano do golpe, o PIB do país encolheu 1,5%; em 2013, cresceu só 0,3%. Isso em um país que tem renda per capita de US$ 524 e está em 176º no Índice de Desenvolvimento Humano (entre 186 países).

Os ministérios mal conseguem pagar os salários dos funcionários. A agência de combate às drogas não tem dinheiro para pôr gasolina nos poucos veículos que tem.

"Até agora, os programas do Brasil tiveram pouco impacto para melhorar as instituições do país, e não é culpa do Brasil –trata-se de uma missão impossível", diz uma fonte que acompanha de perto a situação.

A ação do Brasil vai da formação de diplomatas até combate ao HIV, processamento de caju e diversificação de culturas. Mas as ações sofrem com a instabilidade.

No final de 2011, o Brasil abriu um centro para formar forças de segurança. Em caráter experimental, treinou três grupos de policiais. Mas logo veio o golpe de 2012, e o centro foi desativado. Neste ano, foi cedido à ONU.

O país investiu na Guiné-Bissau US$ 7 milhões pela Agência Brasileira de Cooperação desde 2002 e ao menos mais US$ 10 milhões em outros tipos de cooperação. E o Ministério de Defesa deve assumir papel maior na modernização das forças do país.

A própria Comissão de Construção de Paz das Nações Unidas é vista pelo Brasil como projeto importante.

Ela foi criada em 2005, fruto da pressão de países emergentes por reformas na ONU.

Patriota compara: "O Conselho de Segurança é como se fosse a UTI –é acionado para remediar uma emergência", diz. Já a comissão seria um centro de reabilitação para os países que saem da UTI.

Para Issac Murargy, secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a fase pós-eleitoral na Guiné-Bissau será determinante.

"Eles precisam de uma grande injeção de recursos internacionais", disse à Folha.

Isso depende, em parte, da capacidade de mobilização da comissão de paz. "Além disso, o narcotráfico continua muito presente."

O ex-comandante da Marinha do país José Américo Bubo Na Tchuto foi preso em alto-mar por agentes dos EUA em abril de 2013, por tráfico de drogas.

O comandante das Forças Armadas, general Antonio Injai, patrocinador do golpe de 2012, é acusado de tráfico de drogas e armas.

O Brasil se prepara para retomar os programas de ajuda assim que houver um governo formado. No primeiro turno, José Mário Vaz, do principal partido, o PAIGC, ganhou com 41% dos votos e disputa o segundo turno com Nuno Nabiam, que teve 25%.

O medo é a história se repetir: Nabiam é o candidato apoiado pelos militares. 



# folha.com.br





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