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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Carnaval 2017: BAIRRO DE “CHÃO DE PAPEL VARELA” VENCE DESFILE DO SETOR AUTÓNOMO DE BISSAU.

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O grupo do bairro ‘Chão de Papel Varela’ foi o vencedor do desfile de Carnaval do Setor Autónomo de Bissau com 25,4 pontos e o Bairro de ‘Tchada’ ficou na segunda posição com 16,98 pontos. O desfile decorreu ontem, 25 de fevereiro 2017, sob o lema “Cultura como Fator de Inserção Social e Económico” e contou apenas com a participação destes dois bairros, que segundo a Comissão garantiram a classificação direta para o desfile nacional.

O Bairro ‘Chão de Papel Varela’ venceu igualmente na categoria da Rainha, com 30 pontos. O Bairro de ‘Tchada’ não se apresentou nesta categoria.
Os dois únicos participantes do desfile do setor autónomo de Bissau, nas suas apresentações, na Avenida Osvaldo Vieira, exibiram diferentes estilos de danças tradicionais de vários grupos étnicos do país, com demostrações que fascinaram o público presente.
 
O resultado do desfile foi anunciado na voz da diretora-geral dos desportos e igualmente membro da Comissão Organizadora, Conceição Évora, que no entanto, não revelou o valor monetário que o grupo vencedor do desfile vai receber e nem do segundo classificado.
o Jornal O Democrata soube junto de uma fonte da Comissão que o valor disponibilizado para premiar os vencedores do desfile de carnaval do setor autónomo é muito inferior comparativamente aos anos transatos, pelo que os cálculos feitos a nível da Comissão, o vencedor poderá levar uma soma de 300 mil francos CFA e o segundo lugar receberia uma soma de 150 mil francos CFA.
“Como participaram apenas dois grupos, talvez o valor de premiação poderá aumentar. Essa é a realidade, se fizermos as contas com o dinheiro que temos no momento!”, contou o nosso informante.
De referir que o desfile nacional, desta maior manifestação cultural da Guiné-Bissau, terá lugar na segunda-feira, 27 de fevereiro na Avenida Osvaldo Vieira, em Bissau, no qual concorrem dois grupos de Bissau hoje apurados mais 9 grupos vencedores de desfiles regionais do país.
 
 
 
 
Por: Assana Sambú
Fotos: Marcelo Ncanha Na Ritche

Alemanha ajuda vítimas do Boko-Haram com 120 milhões de euros.

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Numa conferência, esta sexta-feira (24.02), em Oslo, 14 países prometeram 633 milhões de euros para ajudar a Nigéria e os países da região do Lago Chad. Alemanha contribui com 120 milhões nos próximos três anos.
Decorreu esta sexta-feira (24.02) em Oslo, Noruega, a conferência de doadores para ajudar as cerca de 10,7 milhões de pessoas vítimas dos conflitos, em grande parte causados pelo grupo Boko Haram, na Nigéria e na região do Lago Chad.  No encontro, organizado pela Alemanha, Noruega e Nigéria, e que reuniu 14 países, a maioria da Europa Ocidental, mas também outros como o Japão e a Coreia do Sul, ficaram prometidos 633 milhões de euros, num prazo de três anos.

Alemanha participa com 120 milhões de euros
Außenminister Sigmar Gabriel in Oslo (Reuters/H. M. Larsen) Sigmar Gabriel, ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanhya

Na presença do seu ministro dos negócios estrangeiros, Sigmar Gabriel, a Alemanha comprometeu-se a ajudar as vítimas desta região com 120 milhões de euros nos próximos três anos.
No âmbito da realização desta conferência, Melanie Müller, especialista em assuntos da África Ocidental no Instituto Alemão de Assuntos Internacionais e de Segurança, reforçou o papel da Alemanha nas causas referentes ao continente africano.
"Não é surpreendente que a Alemanha se comprometa com a região e seja um dos países coorganizadores da conferência. No ano passado, e especialmente nos últimos meses, a Alemanha tem anunciado novas parcerias com o continente africano e tem repetido a sua intenção em lutar contra as causas da migração”, afirmou a responsável, acrescentando que, na sua opinião, "o objetivo é alcançar a estabilidade na região, resolvendo os problemas que levam as pessoas a sair”.
No ano passado, a chanceler alemã, Angela Merkel, fez uma viagem ao Níger, prometendo ajudas no valor de 17 milhões de euros.

633 milhões de euros em três anos
Norwegen Oslo-Konferenz (Reuters/H. M. Larsen) Conferência reuniu ajudas de 14 países

As estimativas da ONU apontam para que, em 2017, a região do lago Chade, rodeado pela Nigéria, Níger, Camarões e Chade tenha necessidades avaliadas em cerca de 1,4 mil milhões de euros, o que faz com que estes 633 milhões agora angariados fiquem um pouco aquém do objetivo. No entanto, o Subsecretário-Geral da ONU, Stephen O'Brien, mostrou-se confiante em alcançar a meta anual. "Numa manhã conseguimos um terço" do objetivo, lembrou.
Ausência dos EUA
Uma das maiores ausências na conferência foi a dos Estados Unidos da América. O país, cujo novo presidente, Donald Trump, anunciou a intenção de reduzir a ajuda internacional, não apresentou esta sexta-feira qualquer promessa.
"Os Estados Unidos disseram que comunicariam posteriormente a sua contribuição, portanto ela não foi contabilizada" explicou à imprensa Borge Brende,  ministro norueguês dos Negócios Estrangeiros.
O ministro do Exterior da Nigéria, Geoffrey Onyeama, agradeceu a solidariedade internacional. "Debaixo dos nosso olhos está-se a desenrolar uma grande tragédia”,afirmou o nigeriano,relembrando que a comunidade internacional deve estar consciente da dimensão do problema e da importância que a educação das crianças tem para que, no futuro, se possam tornar mais fortes perante as ideologias extremistas.
Sabe-se que o conflito nesta região tirou já a vida a cerca de 20 mil pessoas. Mais de 2,6 milhões já tiveram que se mudar, uma realidade que piora a situação humanitária nesta região que já por si é díficil.  "O terrorismo do Boko Haram provocou uma crise de deslocados que se converteu numa grave crise de alimentação e nutrição”, concluiu Borge Brende.

#dw.de

A Primavera Árabe e a “cultura das manifestações” em Angola - uma história.

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Foi há seis anos que começaram, em Angola, as manifestações a favor da queda de José Eduardo dos Santos. A criação do “Movimento Revolucionário” e o fomento da “cultura das manifestações” marcaram estes tempos.

A 7 de março de 2011 começava em Angola uma onda de manifestações inspiradas na Primavera Árabe – os protestos e revoltas populares iniciados no Médio Oriente e no norte de África em 2010. Os angolanos saíram às ruas para pedir a destituição do Presidente Eduardo dos Santos e do seu regime. Os protestos foram violentamente reprimidos pela polícia. Vários ativistas, apelidados pela imprensa de "Movimento Revolucionário", foram detidos e sujeitos a maus-tratos nas cadeias de Luanda. Mais tarde, em 2015, 17 ativistas acusados de estarem a preparar um golpe de Estado foram presos e condenados, num processo que ficou conhecido por 15 + 2. Os ativistas foram libertados no ano seguinte.

Symbolbild Arabischer Frühling Tunesien (picture-alliance/AP Photo/Salah Habibi) Protesto na Tunísia em baixo de uma imagem de Mohamed Bouazizi (janeiro de 2011)
Primavera Árabe teve início na Tunísia
Tudo começou em dezembro de 2010, quando o jovem tunisino Mohamed Bouazizi ateou fogo ao seu próprio corpo depois da polícia o ter proibido de vender frutas e legumes nas ruas da Tunísia. A situação provocou uma onda de protestos que derrubou o Governo de Ben Ali e outros no norte de África como o regime de Hosni Mubarak no Egito.
À DW, Coque Mukuta, jornalista e co-autor do livro "Os Meandros das Manifestações em Angola", confirma que foram os acontecimentos no mundo árabe que estiveram na base dos protestos em Angola. "Foi essencialmente por causa dos ventos da Primavera Árabe e pela influência das redes sociais no país. Estas duas questões levaram os jovens a poderem exprimir algumas preocupações que a juventude tinha. Eu falo, por exemplo, das questões ligadas ao trabalho e condições de vida e decidiram então protestar", afirma.

Ägypten nach Mubaraks Rede (picture-alliance/dpa) Protesto contra o Presidente do Egito, Hosni Mubarak, na Praça Tahrir no Cairo (fevereiro de 2011)
Primeira manifestação em Angola é convocada em fevereiro de 2011
A 23 de fevereiro de 2011, um cidadão anónimo convocou, através do Facebook, uma manifestação contra o Governo de Luanda para a madrugada de 7 de março desse ano. Segundo Coque Mukuta, essa pretensão tornou-se pública com o apelo feito pelo rapper e ativista Luaty Beirão num espetáculo em Luanda.

Angola - Casimiro Carbono (DW) O rapper angolano Casimiro Carbono esteve na origem dos protestos

"Nas nossas investigações percebemos que eram duas figuras: uma na Alemanha que entendia de tecnologia, que é Mongove, que fez uma convocatória online e colocou aqui um jovem que recebia as chamadas para dar credibilidade à convocação da manifestação. Mas ela foi mais divulgada no espetáculo onde Luaty Beirão esteve e fez um apelo público", acrescenta.
A manifestação convocada para o Largo 1º de Maio, no centro da capital angolana, não se chegou a realizar. No entanto, a polícia deteve vários ativistas, como Casimiro "Carbono” e Luaty Beirão. E também jornalistas, entre os quais Ana Margoso, Afonso Francisco, Pedro Cardoso e Idálio Kandé.
Como explica Coque Mukuta no seu livro, todos eles foram levados para a Direção Provincial de Investigação Criminal (DIPC), no Comando Provincial de Luanda.
O dia 7 de março de 2011 acabava de entrar para a história de Angola como o início das manifestações inspiradas na Primavera Árabe, dá conta o ativista M'banza Hamza. "Às 14 horas tinha ido ao largo para ver se poderia vir alguém já que os demais já tinham sido presos e soltos às 11 horas. Ia informar que já tinha acontecido alguma coisa de manhã e aí nasce, então, quase tudo”, lembra. A sigla "7311" – por 7 de março de 2011 – ficou como símbolo do movimento das manifestações.

Demonstration in Benguela Angola (DW) "32 anos é muito" - manifestação em Benguela (março de 2012)

Manifestações alargaram-se a todo o país
Depois de Luanda, realizaram-se protestos em Benguela, Huila, Malanje, Cabinda e outras regiões do país. Nasce, então, a cultura de protestos e de reivindicações contra as políticas públicas e a queda do Presidente Eduardo dos Santos e do seu Governo. "O mote da nossa luta tem sempre sido o fim da ditadura, o fim de Eduardo dos Santos, o fim do MPLA. Novo Governo, nova Constituição, nova forma de fazer política, libertação das instituições públicas e garantia das liberdades fundamentais”, frisa o ativista M'banza Hamza.

Dando conta que, inicialmente, a polícia angolana não reprimia as manifestações, M'banza Hamza lembra os protestos de 2 de abril de 2011, realizados sob o lema "Liberdade de expressão em Angola”, nos quais políticos e membros de organizações não-governamentais, como AJPD, SOS Habitat e OMUNGA, gritaram palavras de ordem contra a má governação angolana. "Não houve repressão e a polícia nem sequer importunou. Estiveram lá para cumprir o seu dever de proteger. Deixaram as coisas acontecer”, afirma o ativista, lembrando que, nesse mesmo dia se gritaram palavras de ordem como "Zé Du fora, 32 é muito, ditador”.
"Todas estas coisas pareciam não ser ofensivas nesse dia. Acho que isso terá despertado a necessidade de começarem depois a parar as manifestações (futuras). Acho que a situação os preocupou”, acrescenta o ativista.

Demonstration in Benguela Angola (DW) Políci angolana reprime protesto em Benguela (março de 2012)
Manifestações tornaram-se mais violentas
Menos pacífica foi a manifestação de 3 de setembro de 2011. Os manifestantes que exigiam nas ruas a renúncia do Presidente José Eduardo dos Santos foram violentamente reprimidos pela polícia. Foram detidos, julgados e condenados a penas entre os 40 e os 90 dias de prisão. Elementos não identificados também raptaram ativistas e intimidaram jornalistas, incluindo profissionais da Televisão Pública de Angola (TPA). M'banza Hamza lembra que a repressão foi condenada por organizações internacionais como a Human Rights Watch.
"No dia 3 de dezembro, na manifestação que fizemos no tanque do Cazenga, depois de termos saído da prisão, houve mesmo brutalidade séria, já deu em feridos, feridos graves. Em 2012, o regime entrou mesmo a bater. As tentativas de manifestações em Cacuaco, em abril, deram em ferimentos e choros. Já não nos deixavam reunir. Contrataram os 'caenches', a nova política era essa”, conta.

Aumentam também as detenções
Nito Alves Aktivist in Angola (Privat)  
Nito Alves protesta contra o Presidente José Eduardo dos Santos e chama o mesmo "ditador"

A partir de 3 de setembro de 2011, tornam-se frequentes as detenções de manifestantes. E também a intimidação. As casas dos contestatários foram invadidas muitas vezes. E materiais como computadores foram apreendidos por homens desconhecidos.
"Invadiram a casa dos meus pais. Bateram à minha mãe, ao meu pai e à minha irmã, quando eram duas horas da manhã. Eles foram para me executar. A sorte é que eu não estava em casa”, conta à DW o jovem ativista Nito Alves. Ele ficou conhecido por ter sido preso por ter vestido uma t-shirt com um slogan contra o Presidente angolano.
Nos movimentos reivindicativos, nem os jornalistas, nacionais e internacionais, são poupados. Coque Mukuta, por exemplo, diz que, desde o início dos protestos em Angola até 2016, já foi detido mais de dez vezes em cobertura de manifestações. "Cerca de 14 vezes ou mais. Desde 2011, acho que só neste ano de 2017 é que não fui detido”, afirma.

Detenção de jovens ativistas sob suspeita de estarem a preparar golpe de Estado
Gene Sharp Autor Alternativer Nobelpreis 2012 (AP) Gene Sharp, o autor do livro que levou a detenção dos "15+2"

Em 2015, os "revús” trocaram os protestos de rua por uma sala onde discutiam temas sobre mudanças políticas em Angola. Em palestras, interpretava-se o livro "Ferramentas para Destruir um Ditador e Evitar uma Nova Ditadura”, escrito pelo jornalista e docente universitário Domingos da Cruz. Uma obra que é o resultado da adaptação do livro "Da Ditadura à Democracia", do norte-americano Gene Sharp.
Segundo o ativista Nito Alves, a iniciativa da discussão do livro foi do próprio autor, Domingos da Cruz. No entanto, este encontro acabaria por custar-lhes caro. Foram detidos, em junho deste mesmo ano, sem mandado de captura. Foram julgados e condenados, a 28 de março de 2016, a penas entre dois e oito anos de prisão. Seriam postos em liberdade, por amnistia, em julho do mesmo ano.
Como surgem as denominações "Revús” e "Movimento Revolucionário”?
Quando surgiu, o grupo de contestatários das políticas públicas do Governo angolano não tinha nome nem líder. O jornalista Coque Mukuta não se lembra do ano em que surgiu a designação dada aos manifestantes, mas sabe que foi a imprensa que apelidou os jovens ativistas de "Movimento Revolucionário” ou "Revús”. "Depois houve uma certa instrumentalização por parte de alguns partidos políticos que queriam que tivesse um nome e um líder. Os média continuaram a chamar-lhe "Movimento Revolucionário”, afirma.
O denominado "Movimento Revolucionário” sempre usou expressões como "32 é muito” para se referir à longevidade de Eduardo dos Santos no poder e "Ti Zé fora”, entre outras.
Mas Nito Alves, na altura com apenas 17 anos, foi mais longe usando palavras que lhe custaram um processo por difamação e calúnia contra o chefe de Estado angolano, em 2013. Por causa desse caso, o jovem "revú” passou a ser chamado pela imprensa angolana de "preso do Presidente”. "Fui detido pelos mesmos que invadiram a minha casa em 2011”, afirma.

Angola - Demonstration in Benguela (DW/N. Sul d´Angola) Protesto em Benguela (foto de 2013)

Manifestações abrandaram nos últimos tempos
Nos últimos tempos, não têm sido convocadas muitas manifestações em Angola. Questionado sobre se o processo dos 17 intimidou os ativistas, M'banza Hamza responde: "Intimidaram-nos? Quando saímos da cadeia, marchámos até à União dos Escritores Angolanos para deixar a mensagem de que não nos pararam. Os protestos vão continuar”, assevera.
Uma coisa é certa: a Primavera Árabe e os "Revús” trouxeram a cultura das manifestações para Angola. Coque Mukuta não tem dúvidas: "Há uma cultura. Há uma capacidade agora de perceber os direitos dos cidadãos que poderão ser reivindicados.”

PRESIDENTE DO ZIMBÁBUE IGNORA CRÍTICAS E FESTA 93 ANOS COM FESTA DE LUXO.

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Matobo, Zimbábue - O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, o governante em exercício mais idoso do mundo, convidou neste sábado milhares de partidários para celebrar seu aniversário de 93 anos em uma festa luxuosa, o que provocou indignação em um país à beira da ruína.

Como a cada ano, o banquete inclui uma semana de extravagâncias em homenagem ao chefe de Estado, que comanda com mão de ferro o país africano desde que a nação obteve a independência do Reino Unido em 1980.

Com um custo avaliado em um milhão de dólares, a celebração provoca a revolta da população que, em sua maioria, está desempregada e sofre com a falta de alimentos.

No ano passado, na festa de 92 anos, Mugabe serviu aos convidados carne de elefante, de búfalo e de antílope, assim como um bolo gigantesco de 92 anos.

Desta vez, os festejos também contam com uma polémica de carácter histórico.

A festa acontece no parque nacional de Matobo, sul do país, perto do local onde foram sepultadas as vítimas de uma das repressões mais violentas ordenadas por Mugabe.

Em fevereiro de 1982, sua tristemente famosa 5ª brigada, treinada na Coreia do Norte, massacrou nesta região de Matabelelandia quase 20.000 pessoas, incluindo muitos simpatizantes de Joshua Nkomo, ex-vice-presidente e depois rival de Mugabe.

"Isto não deveria ser um local de celebração", afirmou à AFP Mbuso Fuzwayo, porta-voz do grupo Ibhetshu Likazulu.

"Toda a região é cenário de um crime, onde os ossos das vítimas dos massacres de Gukurahundi estão enterrados", completou.

Ignorando as críticas, Mugabe aproveitou o aniversário para tentar acabar com os boatos sobre seu estado de saúde e demonstrar a determinação de conservar o poder.

"A maioria da população pensa que não há ninguém para me substituir, nenhum sucessor possível que pareça aceitável, tão aceitável como eu", disse em uma entrevista.

"Certamente, se eu sentir que não sou mais capaz de fazê-lo, direi a meu partido para que me substitua. Mas, no momento, penso que não é o caso", completou Mugabe, que no entanto não conseguiu esconder o cansaço.

Desde terça-feira, data do aniversário, a imprensa estatal não poupa elogios ao líder absoluto do país.

Além disso, o partido de Mugabe, o Zanu-PF, pediu a seu líder histórico que dispute um novo mandato nas eleições de 2018.

Até hoje, Robert Mugabe não citou um possível sucessor, mas sua segunda esposa, Grace, 51 anos, cada vez mais activa dentro do partido, se perfila como a favorita.

Muito respeitado por seus colegas no continente, Mugabe mantém a sua autoridade no conjunto do país, graças em boa parte pela forte presença da força policial.

Todas as escolas ao redor de Bulawayo ficaram fechadas na quinta-feira e sexta-feira para celebrar o aniversário.

"Afirmamos às crianças que as salas de aula viraram locais de alojamento", criticou o poeta e opositor Desire Moyo.

"E elas terão que participar na festa à força", completou.

Conosaba/angop




«REPORTAGEM-TVI 24» O QUE É FEITO DA GUINÉ~BISSAU?

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Repórter Victor Bandarra ao lado de uma feiticeira no arquipélago dos Bijagós


Um paraíso (quase) perdido

Reportagem de Victor Bandarra | Imagem de Bruno Vinhas | Edição de imagem de João Ferreira

A Guiné-Bissau podia ser o paraíso na Terra. Mas não é! A Natureza é pródiga, a paisagem enche os olhos, os rios espreguiçam-se por recantos lindos de morrer. Com apenas 1,8 milhões de habitantes, o país tem tudo para ser rico. Mas não é! Apenas com o turismo no arquipélagos dos Bijagós (mais de 80 ilhas e ilhotas), além das pescas e respectivas licenças, mais o caju e os produtivos campos de arroz, a Guiné-Bissau podia ser rica. Mas não é! Há petróleo nas suas águas, há minerais nobres no interior, mas a Guiné-Bissau é o 5º país mais pobre do Mundo. E o Povo? Os povos, mais de 30 etnias, são orgulhosos, resistentes e pacíficos. E são solidários, porém pobres, muito pobres, como sempre foram. E ninguém passa fome, apenas e só graças à Natureza e à tradicional solidariedade bantu.

Na Europa ou nas Américas, e também em Portugal, fala-se, vê-se, escreve-se e sabe-se muito mais da Síria ou de Angola, Moçambique ou Afeganistão, Iraque ou Cabo Verde, por exemplo, do que da Guiné-Bissau. Afinal, o que é feito da Guiné-Bissau? É um país meio esquecido por todos, até por muitos guineenses da diáspora. E quando é falado nos Media portugueses, surge desfocado e muito ao de leve - apenas quando se fala em golpes de Estado ou narco-tráfico. A culpa é de quem? Provavelmente de todos, sobretudo das elites locais, mas também de mandantes exteriores. Desde a Independência, declarada em 1973 e reconhecida em 1974, o país de Amílcar Cabral sofreu 9 golpes de Estado e, nos últimos 5 anos, tomaram posse 7 governos. Ninguém se entende, ou antes, as elites políticas não se entendem.


A Guiné-Bissau não tem uma cultura de exportação


Muito dependente da ajuda internacional (incluindo da cooperação portuguesa) e das fracas exportações de caju, a Guiné-Bissau sofre de crónica falta de escolas, hospitais, infraestruturas, formação técnica. "Entalada" entre vários países francófonos (a começar pelo Senegal e Guiné-Conacri), a própria Língua portuguesa vai sofrendo a erosão do Francês. Só as elites e os mais velhos (que cresceram no tempo colonial) ainda falam, ou apenas entendem, o Português. Por motivos lógicos e simples: a primeira língua que as crianças aprendem é a materna (o fula, o mandinga, o balanta, o papel, o bijagó...) E para que todos se entendam e comuniquem, aprendem também o crioulo. O Português, quando não é ultrapassado pelo Francês, é apenas a terceira língua dos guineenses.


Médicos portugueses em férias na Guiné-Bissau


Um choque cultural e linguístico para três jovens médicos lusitanos, recém-licenciados, que os repórteres da TVI foram encontrar, de mochila às costas, em Nhacra, a caminho de Bafatá, no interior. Ao contrário de muitos compatriotas, em vez de escolherem o Algarve, Cabo Verde ou o Brasil, os três aventureiros decidiram fazer férias... na Guiné-Bissau. E descobriram que, por aqui, o Português é uma língua meio exótica, ainda que seja a Língua oficial do Estado guineense. Uma experiência única para estes três médicos (Luís, Carlos e Diogo). Os três deambulam pelo mercado de Nhacra, enchendo os sentidos do que vêem e cheiram, e até bebendo o sumo de uma fruta local, o "bajiqui". Sumo muito doce, ecológico, vendido em pequenos sacos de plástico, receita certa para uma diarreia das antigas...

Este é apenas um dos retratos da Guiné-Bissau de hoje. Para milhares de portugueses que cumpriram serviço militar na então província ultramarina, restam as memórias dos momentos tensos e dramáticos da guerra, mas também as boas recordações do país verde, até bucólico, que podia ser o Paraíso na terra. Que não era, e que não é! Valham as esperança no futuro e o juízo de quem manda e decide.

Mulheres dos Bijagós em ritual de dança

Rituais na tabanca

A batucada escuta-se ao longe. Ladeando a estrada esburacada, as crianças pulam de alegria e frenesim. Entrar na tabanca (aldeia) de Bruce, no interior da ilha de Bubaque, arquipélago dos Bijagós, é como entrar num outro mundo, um mundo muito antigo. O povo bijagó, preservado por séculos de isolamento, manteve quase intactos os rituais e os mitos dos seus ancestrais. Foi preciso negociar a ida à tabanca, como sempre assim foi durante a ocupação colonial. Por muito que sejamos recebidos por um grupo de rapazes trajados com modernos equipamentos de equipa de futebol (oferecidos sabe-se lá por quem), rapidamente se passa ao transe da festa e do ritual - jinga de corpos, gritos de alegria e estranhas invocações. O animismo é ainda a grande força local. Nestas ilhas sagradas, invocam-se os poderes do Além.

A sociedade bijagó é matriarcal. As mulheres são o centro da organização social e doméstica. Há a rainha, a feiticeira, a aristocracia feminina. As mulheres e os "homens grandes" (os chefes) recebem as reverências e os cumprimentos do seu povo e dos forasteiros. Os batuques e os cânticos sobem de intensidade. Alguns homens preparam o "chabéu" (o prato típico, feito com óleo de palma). No crioulo local, as ilhas do arquipélago são designadas por "bemba di vida", quer dizer, "celeiro da vida". Na verdade, as suas 88 ilhas são reservatórios de grande biodiversidade, e em muitas se planta o arroz, base da alimentação do povo. Sente-se uma grande comunhão com a Natureza, por muito que o tradicional equilíbrio comece a ser perturbado por pressões do exterior. Apenas 21 ilhas são habitadas em permanência. Muitas das outras, como Rubane, mesmo ao lado de Bubaque, são sagradas. Em Rubane, não se pode derramar sangue ou enterrar corpos, nem sequer de animais. Também não é permitido fazer construções definitivas. Em várias outras ilhas, é proibido ter relações sexuais.

Quando o Bruno Vinhas levanta a câmara, algumas mulheres desviam o olhar e escondem a cara. Mas as velhas mulheres, as detentoras do poder e da sabedoria, olham em frente com toda a segurança. Só elas sabem que segredos guardam. E a jovem dançarina besuntada de óleos,(espécie de feiticeira) executa uma estranha dança circular, até que se deixa fotografar, orgulhosa e séria, ao lado do repórter.


À noite, enchendo a alma com o suave marulhar das águas de Bubaque, dá que pensar que o turismo, sendo importante para a Guiné-Bissau e para a sobrevivência das suas gentes, pode inquinar ou destruir uma das últimas jóias de África.

Os sonhos de Dakosta

Adelino da Costa, olhinhos brilhantes, aponta para um enorme pilão (ou pilon) junto a uma das praias da ilha de Bubaque. O pilão é uma árvore sagrada para muitos dos povos da Guiné-Bissau. Adelino, que todos conhecem como Dakosta, gesticula e aspira os ares. "Em cada pilon há sempre um deus a viver! Quando tocas na árvore consegues comunicar através da energia!" Quem diria que este homem musculado, 39 anos, nascido numa pequena ilha dos Bijagós, cresceu no célebre bairro das Marianas, em Carcavelos, mais conhecido pela degradação das habitações e pelo tráfico de droga. "É um bairro muito especial! Uma grande escola!" E aprendeu muito? "Muito, muito, muito..." E um dia, há 18 anos, Dakosta pegou na trouxa e abalou para os Estados Unidos. Fez pela vida, tornou-se campeão de boxe e artes marciais, abriu ginásios (um deles na célebre 5ª Avenida, em Nova Iorque) e conquistou o passaporte americano. Hoje, é um americano-guineense endinheirado e sonhador. Quer fazer um grande "resort" turístico, onde a natureza se misture com a arte, onde as músicas sejam originais e os sumos naturais. Dakosta é um lutador místico. No seu "resort" turístico de Bubaque, prestes a inaugurar, Dakosta recebe o embaixador norte-americano no Senegal, o seu compatriota James Zumwalt, que viajou directamente de Dakar, num pequeno avião, acompanhado pela mulher, um assessor e um guarda-costas. Provam uns sumos, comem uma verdadeira galinha bijagó. Dakosta fala em inglês novaiorquino, ele que nem sequer conseguiu um passaporte português, apesar dos longos anos em Portugal. Hoje, Dakosta insiste em falar de Arte. Aponta as dezenas de máscaras com muitas gerações que decoram o espaço junto à praia e explica a história das artes africanas. "A arte africana, com base na madeira, dura uns 100 anos e perde-se... E a História, às vezes, conta-se através da Arte. Os europeus julgam que a África não tem História porque a madeira desaparece..."

Na praia, o"resort" turístico de Bubaque


Orgulhoso da sua obra nos Bijagós, Dakosta só espera a chegada, em breve, dos seus dois filhos nascidos nos EUA. E se alguém julga que é Dakosta quem manda em tudo, está muito enganado. Logo ali ao lado, a velha mãe zela pelo bom funcionamento do "resort" e, com punho de ferro e voz serena, dá instruções aos empregados, à boa maneira bijagó. E ai de quem lhe faltar ao respeito! A ela, senhora mandinga, que olha altaneira para a mulher do embaixador americano, que vai debicando, mindinho levantado, uma perninha de frango.

Conosaba com TV24

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