Carlos Gomes Júnior
Carlos Gomes Júnior tem todo o direito a candidatar-se a umas próximas eleições e ser presidente ou primeiro-ministro da Guiné-Bissau, "desde que não traga tropa estrangeira", disse o Comando Militar que tomou o poder no país.
Em entrevista à Agência Lusa, o porta-voz do Comando Militar, Daba Na Walna, disse que não são os militares que irão impedir que o primeiro-ministro, que se encontra detido, venha a candidatar-se a um cargo político no futuro e adianta que os militares "não têm nada contra Carlos Gomes Júnior enquanto homem" e que só fizeram o golpe para "antecipar a sua aventura belicista".
"Caberá ao PAIGC dizer se quer que ele se mantenha como presidente ou não, se se candidatar e ganhar as eleições, se o povo o quiser, quem pode dizer ao contrário? Ninguém!", afirmou.
Daba Na Walna garantiu que Carlos Gomes Júnior, detido desde o golpe de Estado em 12 de abril, já recebeu a visita da Cruz Vermelha por três vezes, mas referiu que o presidente interino, Raimundo Pereira, também detido na mesma altura, "ainda não".
"Já foi autorizada (a visita a Raimundo Pereira), só soubemos muito tardiamente que ele era diabético", justificou.
Quanto a Carlos Gomes Júnior, também diabético, Daba Na Walna disse que o Comando Militar permitiu que fosse a família do primeiro-ministro a fazer a sua comida.
Não queremos que nada lhe aconteça, o nosso objetivo não é castigar. Carregaríamos uma pesada cruz de termos sido responsáveis pela sua morte. Não é nossa intenção castigar quem quer que seja, só fomos obrigados a agir assim para evitar o pior", disse.
Dabna Na Walna negou que Carlos Gomes Júnior tenha estado em algum momento em liberdade, depois de ter sido detido e garante que "o dia em que for libertado será de vez", o que vai acontecer quando da criação de um governo e de existir um ministro do Interior.
"Se houver um indivíduo que queira fazer um ajuste de contas vão dizer que foram os militares que o libertaram para o matar em casa", disse o porta-voz dos golpistas, acrescentando que a criação do Governo "é para breve, talvez na próxima semana".
Na longa entrevista à Agência Lusa, o homem que tem sido o rosto do golpe de Estado na Guiné-Bissau falou de tudo mas ficou hesitante em relação a perguntas sobre António Indjai, chefe do Estado Maior General das Forças Armadas.
"Está retido num lugar de forma a não comprometer as operações", disse na Walna, acrescentando que Indjai "não está preso, mas também não está em liberdade para fazer o que gostaria" e que também não foi substituído.
Daba na Walna adiantou que estava à espera da condenação do golpe por parte da comunidade internacional mas acrescentou: "Qualquer um no meu lugar teria feito o mesmo".
Na Guiné-Bissau "há pessoas que são mais iguais, se forem tocadas todo o mundo ouve, outras podem morrer e ser torturadas que ninguém fala", disse.
Daba na Walna referiu que na próxima semana terá novo encontro com representantes da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para afirmar que está a tentar que se cumpra a normalidade constitucional no país.
A nível pessoal afirmou que, a não ser que lhe fechem as portas, gostaria de continuar a dar aulas na Faculdade de Direito.
Quanto à tese é que já não sabe. "Com esta resolução, que foi aprovada, de interditar as pessoas que participaram no golpe de viajar para países lusófonos se calhar não tenho mais entrada em Portugal. Se isso acontecer a minha tese fica para todo o sempre adiada. Mas se me permitirem ir a Portugal gostaria de retomar os contactos com os meus orientadores", professores da Universidade de Lisboa.
O rosto do golpe é tenente coronel das Forças Armadas da Guiné, jurista e professor de Direito na Faculdade de Direito de Bissau.
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Samuel