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quarta-feira, 13 de julho de 2022
Legislativo 2022: Macky Sall alerta candidatos contra uso de bandidos.
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No seu discurso tradicional após a realização da oração do Eid al-Adha na grande mesquita de Dakar, o Presidente da República destacou o prazo político para este final do mês. Macky Sall enviou uma mensagem clara aos diversos atores envolvidos: “Vamos iniciar hoje a campanha eleitoral para as eleições legislativas de 31 de julho. Esta é uma oportunidade para lembrar que o período da campanha eleitoral não é um período de ilegalidade.
A celebração de Tabaski neste domingo, 10 de julho, coincide com o início da campanha eleitoral para as eleições legislativas.
O Chefe de Estado convida todos a favorecer a harmonia durante este período: "A violência deve ser banida e o Estado permanecerá vigilante para que este período seja de campanha eleitoral e não de campanha de violência e que todos os cidadãos que o desejem possam ir às urnas e votar. Como sempre fizemos."
O Chefe de Estado apelou assim a evitar a travessia de caravanas, brigas, entre outros: "Foram dadas instruções ao Ministro do Interior, ao Ministro das Forças Armadas, para que seja garantida a segurança em todo o território nacional e que os votação ocorre com calma e serenidade".
Ele acrescentou que o Estado agirá contra as pessoas que desejam contratar os serviços de bandidos do lado da maioria e da oposição: “Os candidatos devem saber que estão competindo. O Senegal deve superar a situação tensa durante o período eleitoral".
"Os candidatos devem fazer a sua campanha sem dificuldade. No dia das eleições, cabe aos cidadãos escolher e o Senegal ainda sai vitorioso no final deste prazo eleitoral", acrescentou Macky Sall.
O Presidente da República lembrou que o Senegal, pela sua diversidade, sempre se caracterizou pela harmonia, esperando que possamos continuar a viver em harmonia, na diversidade e na unidade.
fonte: seneweb.com
O IRREVERSÍVEL DECLÍNIO DO MPLA.
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Com José Eduardo dos Santos, João Lourenço conseguirá dobrar a justiça e o governo espanhol, como fez com Portugal e com o processo de Manuel Vicente?
Por Osvaldo Franque Buela (*)
O Presidente João Lourenço continua a ignorar as vozes da razão e deve reflectir sobre a sua sustentabilidade e a do MPLA, sobretudo após a morte de José Eduardo dos Santos e o desfecho desta batalha jurídica com a sua família.
As coisas não vão bem e nem tudo deve acontecer como está sendo administrado, especialmente para prestar atenção à imagem do país e de todo um povo, para evitar uma crise diplomática desnecessária com a Espanha, sobre isso que é antes de tudo um assunto de família.
João Lourenço se estivesse bem cercado e sobretudo se ouvisse as boas recomendações dos conselheiros e de personalidades independentes e da sociedade civil, teria tido tempo de antecipar a morte do seu antecessor e tomar as decisões acertadas
O país vive um período de saturação do regime, uma forte vontade de mudar de poder, mas observamos que o Presidente continua a multiplicar os erros de comunicação e de tomada de decisão sobre o que certos jornalistas zelosos que vão buscar supostos filhos de Dos santos que ele mesmo havia negado em vida, aparecerem na televisão a receberem condolências públicas.
Isso denota uma real e notória incompetência e intromissão na vida privada de alguém que sempre reconheceu seus filhos actuais.
Se o presidente fosse mesmo um estadista, deveria ter tomado decisões judiciais ou políticas sábias sobre os casos em que Isabel dos Santos e os demais estão envolvidos, em vez de uma justiça selectiva que só provou ao mundo inteiro que o combate à corrupção nunca será liderado pelas mesmas pessoas que administram e se beneficiam do sistema há 32 anos.
O segundo grande erro do Presidente é reforçar a segurança da ex-primeira-dama Ana Paula contra os outros filhos do falecido, de providenciar um advogado para defendê-la, creio que a ex-primeira-dama tem plena consciência e pode afirmar publicamente que ela não fazia mais parte da vida do falecido presidente, e deveria ter a mínima humildade e acompanhado o luto de seus filhos, em vez de passar pelos tribunais que arriscam manchar a imagem de um presidente do país inteiro.
Se João Lourenço teve que dobrar a justiça portuguesa por chantagem política para salvar a pele de Manuel Vicente, não creio que seja o caso da justiça espanhola, reputada muito processual, recuperar facilmente o corpo de José Eduardo dos Santos por chantagem política, sem consenso com a família.
Ainda há tempo para o presidente sair da sua bolha de vingança e prepotência, vestir a roupa de luto e um pouco de humanidade para tomar uma decisão sábia em total acordo com a família e sem interferência, o mais rápido possível.
Tomar decisões tardiamente só servirá para manchar ainda mais a sua imagem já enegrecida e acredito que se o perdão que quer conceder às filhas de JES tivesse sido oferecido quando JES estava vivo, durante a sua última estadia em Angola, o Presidente tornar-se-ia este grande herói que os angolanos esperavam ver, mas fazer uma selecção de pessoas cujas contas bancárias tiveram de ser bloqueadas, julgá-las sumariamente e jogá-las na prisão sem possibilidade de defesa, poupando certos processos em que estão implicados os seus colaboradores mais próximos, só irá gerar graves consequências a longo prazo, para ele e para o MPLA.
O momento da verdade e do declínio político do MPLA está apenas a começar, e eu acredito, com a partida para a eternidade do emblemático presidente Eduardo dos Santos o declínio é irreversível.
(*) Activista e refugiado político na França
Nota. Todos os artigos de opinião responsabilizam apenas e só o seu autor, não vinculando o Folha 8.
Ilustração da responsabilidade do Folha 8
Acusação: Ex-vice-Presidente angolano ganhou com negócios de generais.
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Antigo vice-Presidente Manuel Vicente terá ajudado e também beneficiado dos negócios dos generais angolanos Kopelipa e Dino com empresários chineses, que os levaram a ser alvo de acusação do Ministério Público em Luanda.
Segundo o despacho de acusação a que a Lusa teve acesso, a empresa China International Fund, Limited "apropriou-se dos 24 edifícios do Estado, construídos pela empresa Guangxi na centralidade do Zango O, contratou a empresa Delta Imobiliária, que os vendeu à Sonangol, EP, através da Sonip, Lda, mediante orientação do engenheiro Manuel Domingos Vicente, pelo valor global de USD 475. 347.200,00 (quatrocentos e setenta e cinco milhões trezentos e quarenta e sete mil e duzentos dólares americanos)".
E a empresa Delta Imobiliária, que assegurou a venda daqueles edifícios "é propriedade do engenheiro Manuel Domingos Vicente e dos arguidos Manuel Hélder Vieira Dias Júnior e Leopoldino Fragoso do Nascimento, através do Grupo Aquattro", acrescenta o texto do documento.
Os negócios feitos por Manuel Helder Vieira Dias, conhecido como 'Kopelipa', antigo homem da segurança do falecido Presidente da República José Eduardo dos Santos e por Leopoldino Fragoso do Nascimento, conhecido como 'Dino', empresário e também homem da confiança do antigo Chefe de Estado, com empresários chineses foram alvo de uma acusação do Ministério Público de Angola, porque indiciam a prática pelos arguidos de crimes de associação criminosa, branqueamento de capitais, peculato, falsificação de documentos, entre outros, lesando o Estado angolano em centenas de milhões de euros.
Nesta acusação, Manuel Vicente, antigo vice-presidente de Angola é referenciado por diversas vezes. Desde logo, porque os negócios com empresários chineses começaram, com conversações iniciadas em 2004, sob a égide de Manuel Vicente, como presidente do conselho de administração da petrolífera angolana Sonangol.
No ano anterior, Angola tinha celebrado um acordo de financiamento com a República Popular da China, do qual derivaram, a partir de 2004, várias linhas crédito com o EximBank, CCBB-Banco de Desenvolvimento da China e com a Sinosure-Agência Seguradora de Crédito à Exportação.
Quando celebrado este acordo, na República da China, "o Estado angolano foi representado pelo Ministro das Finanças, Sr. José Pedro de Morais, acompanhado dos Srs. Manuel Domingos Vicente (PCA [presidente do conselho de administração da petrolífera angolana Sonangol e antigo vice-presidente de Angola), enquanto garante do financiamento, e Amadeu Maurício (Governador do BNA [Banco Nacional de Angola])", lê-se no texto da acusação do Ministério Público angolano.
Paralelamente aquele acordo de financiamento, no ano de 2004, havia também uma segunda relação entre Angola e a China, com o intuito de captar investimento estrangeiro para o país africano, em que de um lado estava o Estado angolano, representado por Manuel Domingos Vicente, e, do outro lado, os cidadãos chineses Sam Pa e a senhora Lo Fong Hung, adianta a acusação.
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Luanda: Angolanos pedem a demissão de Edeltrudes Costa
Como começou relação com a China?
Uma relação que começou "quando um grupo empresarial composto por cidadãos chineses, liderados pelo citado Sam Pa, abordou a direção da empresa ESCOM, através do Embaixador de Angola em Moscovo, o General Roberto Leal Monteiro 'Ngongo', que diligenciou o primeiro contacto entre a ESCOM/Grupo Espírito Santo Commerce e o Senhor Sam Pa, que estava interessado no Banco Espírito Santo, em Macau, com o objetivo de supostamente criar uma grande Offshore para África e América Latina", refere o documento.
O comendador Hélder Bataglia, que era então o presidente da Escom, estabeleceu contactos, a partir de Portugal, com o empresário chinês e comunicou, não só a existência destas conversações, como as pretensões e planos estratégicos dos chineses, a Angola, que decidiu enviar uma missão à China, adianta o Ministério Público.
"Chegados à China, o empresário Hélder Bataglia apresentou o Sr. Sam Pa ao engenheiro Manuel Domingos Vicente", refere também o documento, acrescentando, que a comissão manteve então vários encontros em Pequim, Hong Kong e Macau, com chefes de petrolíferas, Primeiro Vice-Primeiro Ministro da China, altos responsáveis da Segurança, Chefe da Autoridade Monetária de Macau e empresários diversos.
E terá sido durante a referida viagem que a delegação angolana teve um encontro de trabalho com Sam Pa, em Hong Kong, onde foi delineada toda a estratégia com a Sonangol, bem como a construção de centralidades e fábricas do Grupo de Sam Pa em Angola, tendo até sido acordado o veículo empresarial com que os chineses investiriam em Angola, criando-se nessa reunião o nome CIF - China International Fund.
Assistir ao vídeo05:54
JES vs JLO: O "Último Banquete" em Angola
A criação do Gabinete de Reconstrução Nacional
Cumprida a missão na República Popular da China, a delegação fez o ponto da situação ao então Presidente da República, que "decidiu criar um ente estatal novo, para tratar da questão relacionada com a cooperação com a China", adianta o texto.
Assim, Manuel Vicente ficou encarregue das relações que envolviam petróleo, enquanto as tarefas ligadas à Reconstrução Nacional (GRN) e outros tipos de investimentos ficaram ao cuidado de Hélder Vieira Dias Júnior, 'Kopelipa'.
No âmbito desta divisão de tarefas, foi ainda criado o Gabinete de Reconstrução Nacional (GRN), na dependência do Presidente da República, na sua qualidade de Chefe do Governo, tendo sido nomeado para seu diretor, por Decreto Presidencial, 'Kopelipa', função que exerceu até 2010, acumulando-a com a de Ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República.
Manuel Vicente e o seu diretor de Gabinete, José Pedro Benge, também faziam parte do Gabinete de Reconstrução Nacional, mas "apenas no âmbito do acompanhamento em função da cooperação com a China, sem responsabilidades na execução de projetos, que eram exclusivos do próprio GRN", lê-se no documento do Ministério Público.
Os chineses investem, assim, nas centralidades que o governo angolano queria desenvolver, contratadas pelo Gabinete de Reconstrução Nacional e pagas pela Sonangol, EP, com fundos próprios.
fonte: DW Africa
Ex-assessor de Trump admite ter planejado 'golpes'
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Convidado a comentar as audiências da comissão parlamentar sobre o ataque ao Capitólio, John Bolton, ex-assessor de segurança nacional do governo Trump, garantiu na terça-feira que ele próprio "participou no planejamento de golpes de estado" fora dos Estados Unidos.
Diante da afirmação do apresentador do canal CNN, de que alguém não precisava "ser brilhante para tentar um golpe", Bolton retrucou em tom natural: "Não concordo. Como alguém que ajudou planejar golpes, não aqui, mas você sabe, em outros lugares, é muito trabalho."
John Bolton sustenta assim que o ataque de 6 de janeiro de 2021 não foi uma tentativa de golpe por parte de Donald Trump, que estava "apenas mudando de uma ideia para outra".
Conhecido por suas posições belicistas na diplomacia, Bolton, que atuou como conselheiro de segurança nacional da Casa Branca em 2018 antes de ser demitido pelo presidente republicano em setembro de 2019, não especificou de quais golpes estava falando.
Mas ele se referiu à tentativa fracassada de derrubar Nicolás Maduro do poder na Venezuela em 2019 pelo líder da oposição Juan Guaidó, que foi apoiado por Washington.
Ao lado dos neoconservadores, John Bolton, muito duro com o Irã, o Afeganistão e a Coreia do Norte, foi notadamente um dos arquitetos da invasão do Iraque em 2003.
Os comentários de Bolton ocorrem no momento em que o chamado comitê "6 de janeiro" da Câmara tenta determinar o papel de Donald Trump e de pessoas próximas a ele na tomada do Capitólio.
fonte: seneweb.com
Senegal: "Força Especial" - as verdades do pai do fugitivo Pape Mamadou Seck.
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Pape Mamadou Seck escapou da ala especial do hospital Le Dantec. Ele é um dos supostos integrantes da “Força Especial” sob mandado de prisão pelo juiz do segundo gabinete. Seu pai, Pape Moussa Seck, diz estar "preocupado" com a situação do filho. "Desde que foi detido pela polícia, não podemos mais vê-lo", relata no iRadio, retomado nesta quarta-feira nas colunas do Bés Bi-Le Jour.
Ele continua: “Não tivemos notícias dele até sabermos na imprensa que ele foi transferido para o pavilhão especial do hospital Aristide Le Dantec. Acho que ele ficou lá três ou quatro dias.”
fonte: seneweb.com
Guerra pelos restos mortais de Eduardo dos Santos: Uma "novela" angolana.
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A seis semanas das eleições em Angola, João Lourenço é acusado de querer aproveitar-se politicamente da morte de JES. A família continua a reivindicar o corpo. Últimos acontecimentos parecem o guião de uma telenovela.
Velório público do ex-Presidente em Luanda: O seu legado é cada vez mais glorificado
Durante 38 anos, de 1979 a 2017, José Eduardo dos Santos governou Angola com mão de ferro. Ao longo de todos estes anos, controlou o partido no poder - o antigo movimento de libertação MPLA - mas também o aparelho estatal, as receitas do negócio do petróleo e os diamantes, os militares e também os seus cidadãos. Recompensou amigos e parentes com dinheiro, poder e cargos. Os seus opositores foram perseguidos e punidos.
Em 2017, retirou-se da política e entregou o poder ao seu antigo ministro da Defesa, João Lourenço, que ele próprio escolheu para lhe suceder no cargo. Na última sexta-feira (08.07), José Eduardo dos Santos morreu aos 79 anos de idade, após uma longa estadia numa clínica privada em Barcelona, Espanha.
Mas agora estalou uma guerra sobre o seu legado político. Enquanto o atual Presidente é acusado de querer explorar a morte do seu antecessor, a seis semanas antes das eleições gerais de 24 de agosto, para os seus próprios fins políticos, os familiares mais próximos de José Eduardo dos Santos estão a fazer sérias acusações contra João Lourenço e o MPLA: dizem que o atual regime não tem direito ao legado político do antigo Presidente. Pelo contrário, afirmam que são parcialmente responsáveis pela morte de José Eduardo dos Santos e tentam impedir por todos os meios o repatriamento do seu corpo para Angola.
Em 2017, José Eduardo dos Santos e João Lourenço ainda estavam unidos
Em 2017, José Eduardo dos Santos e João Lourenço ainda estavam unidos
Funeral de Estado em Luanda?
Logo que a morte de Eduardo dos Santos foi anunciada, João Lourenço apressou-se a declarar uma semana de luto nacional. E não deixou dúvidas de que o seu governo e o seu partido estão no direito de organizar um funeral de Estado, para o qual nomeou uma comissão de doze membros.
Mas o chefe de Estado angolano não contava com a oposição dos filhos do ex-Presidente, especialmente da segunda filha mais velha, Tchizé dos Santos, antiga deputada do MPLA e empresária.
Tchizé dos Santos não quer que o corpo do seu pai seja transferido para Luanda enquanto João Lourenço estiver no poder. "Este era o desejo expresso do meu pai", afirma numa declaração de quase 80 minutos no Instagram. "O nosso pai ficou muito desiludido com o seu sucessor. Ele até me disse que preferia que o líder da oposição Adalberto Costa Júnior, da UNITA, ganhasse as próximas eleições", continua Tchizé.
A ex-deputada diz ter o apoio da sua irmã mais velha e empresária Isabel dos Santos, que tem atualmente residência oficial na Holanda, e por alguns irmãos.
Tchizé dos Santos não quer que o corpo do pai seja transferido para Luanda enquanto João Lourenço estiver no poder
Tchizé dos Santos não quer que o corpo do pai seja transferido para Luanda enquanto João Lourenço estiver no poder
Investigações contra o clã dos Santos
Na realidade, muito mudou para a família dos Santos em Angola desde 2017. Os membros da família que ocupavam cargos públicos em empresas e autoridades estatais perderam os seus postos. Isabel dos Santos teve de renunciar à gestão da empresa petrolífera estatal Sonangol e o filho José Filomeno dos Santos à gestão do fundo petrolífero estatal. Em 2020, um tribunal condenou-o a cinco anos de prisão por desvio de fundos.
As duas filhas mais velhas - Isabel e Tchizé - ainda estão a ser investigadas pelo sistema judicial angolano por corrupção e outros delitos. As suas contas em Angola e Portugal foram congeladas e as ações que tinham em algumas empresas foram confiscadas.
Tchizé classifica os procedimentos e investigações em Angola contra si e membros da sua família como "uma caça às bruxas". Considera que o que o regime de Lourenço está a fazer é "desrespeitoso" para com o seu pai e a sua família, que se "sacrificaram" pela nação angolana durante décadas.
Com a ajuda de um advogado, a filha conseguiu que fosse feita uma autópsia ao corpo do ex-Presidente. Além disso, apresentou uma queixa à polícia espanhola para esclarecer as circunstâncias exactas da morte. Tchizé afirma que a última esposa do pai não foi inocente na deterioração da sua saúde e que José Eduardo dos Santos se separou de Ana Paula dos Santos há mais de quatro anos. Desde então, acusa a empresária, tem feito amizade com o regime de Luanda e tem conspirado repetidamente contra o seu pai. Tchizé dos Santos quer impedir a todo o custo a transferência dos restos mortais para Luanda.
Que papel desempenhou Ana Paula dos Santos, a última esposa do ex-Presidente, nos últimos anos?
Que papel desempenhou Ana Paula dos Santos, a última esposa do ex-Presidente, nos últimos anos?
Quem pode lucrar com esta morte?
Quem é que vai ganhar politicamente com o conflito em torno do corpo do ex-Presidente? O Presidente João Lourenço, do MPLA, ou Adalberto Costa Júnior, da UNITA?
"Se o governo de João Lourenço conseguir realmente transferir o corpo do ex-Presidente para Luanda, então Lourenço poderá sair mais forte deste conflito", diz o analista político angolano Orlando Ferraz, co-fundador do instituto de pesquisa eleitoral AngoBarómetro.
As relações políticas e económicas entre Angola e Espanha são estreitas e Madrid não quer certamente pôr em risco essas relações. "A delegação do governo angolano atualmente em Barcelona não regressará certamente a Angola de mãos vazias. Podemos assumir isso", diz Ferraz em entrevista à DW.
E como se está a comportar a oposição? "A UNITA está a tentar manter uma certa distância de ambos os lados, ou seja, dos familiares, bem como de Lourenço e do governo", diz o analista. "O líder da oposição Adalberto da Costa Júnior está a assistir a todo o espectáculo à distância", para que o seu partido possa obter capital político nas eleições de 24 de agosto, conclui.
fonte: dw africa
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850.000 agricultores senegaleses, 35% dos quais são mulheres afetadas pela crise alimentar na Ucrânia, vão beneficiar de 121 milhões de euros de financiamento do Banco Africano de Desenvolvimento. Este apoio aos pequenos produtores permitirá que os agricultores se beneficiem de várias toneladas de sementes para expandir suas lavouras.
Dependente do trigo russo, o Senegal sofreu as repercussões da guerra na Ucrânia. Apesar das medidas estatais, o impacto desse conflito se reflete nos preços dos produtos de consumo, como o pão, alimento básico das famílias. Para eliminar o risco de fome, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) concedeu ao governo do Senegal 121 milhões de euros para a implementação de um programa agrícola de emergência em benefício de 850 mil pequenos produtores.
“Esta operação do Banco visa mitigar os choques exógenos financeiros, económicos, sociais e climáticos, e manter a tendência ascendente da produção cerealífera observada nos últimos anos, em particular concentrando esforços na disponibilização de insumos chave dos produtores »
Mohamed Chérif, Country Manager do Grupo do Banco Africano de Desenvolvimento
Graças ao programa agrícola emergencial, 7.000 toneladas de sementes de cereais, 3.000 toneladas de sementes de feijão-fradinho e 15.000 toneladas de sementes de batata beneficiarão os produtores. A meta é produzir 38 milhões de toneladas de alimentos adicionais no valor de quase US$ 12 bilhões nos próximos dois anos.
Por isso, pode ser importante primeiro selecionar o material vegetal se você deseja sementes de qualidade adaptadas ao ambiente, capazes de dar altos rendimentos, multiplicando-as massivamente, tornando-as disponíveis e acessíveis a todos os pequenos produtores, com o objetivo não apenas de aumentar as áreas cultivadas, mas também os rendimentos da produção, estando naturalmente reunidas todas as outras condições que permitirão ultrapassar eficazmente a crise alimentar
Jean Bertrand Atangana, Engenheiro Agrônomo
No Senegal, arroz, painço, sorgo e milho constituem o alimento básico das famílias. Além disso, para apoiar a produção local, o governo reduziu os preços dos alimentos, um primeiro passo para acabar com a crise.
fonte: afrique24
Ruanda para conquistar investidores da Francofonia.
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Depois de Libreville no Gabão, a missão econômica e comercial de La Francophonie chega a Kigali em Ruanda. Durante três dias, a missão, acompanhada por vários investidores do mundo francófono, vai visitar a terra das mil colinas para descobrir várias oportunidades de investimento e parceria com empresas ruandesas. O novo Centro Financeiro Internacional de Kigali é um dos grandes projetos atualmente promovidos por Ruanda.
O primeiro dia da missão econômica e comercial de La Francophonie em Ruanda foi lançado na segunda-feira, 11 de julho, com apresentações sobre oportunidades de investimento em Ruanda, seguidas de uma série de perguntas dos empresários participantes e depoimentos de investidores já ativos no país da África Oriental .
“O que destacamos é a facilitação concedida aos investidores que desejam investir em Ruanda; porque não se trata apenas de ter oportunidades de investimento, mas também de facilitar os investidores. Isto é o que fazemos em Ruanda. Depois de atrair investidores, nós os apoiamos em sua jornada de investimento em Ruanda”
Divine NAKANYANGE, Analista de Marketing do Escritório de Desenvolvimento de Ruanda
O novo Centro Financeiro Internacional de Kigali é um dos grandes projetos realizados e promovidos pelo governo ruandês. Foi apresentado aos investidores do mundo francófono como uma oportunidade de investir em todo o continente a partir de Ruanda.
fonte: afrique24
ANGOLA: TANTA HIPOCRISIA, SANTO DEUS!
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O Presidente angolano, João Lourenço, despediu-se hoje do seu antecessor, mentor e – segundo ele próprio – marimbondo que deixou os cofres vazios, José Eduardo dos Santos, que morreu na sexta-feira em Barcelona, vincando o seu legado para a paz e reconciliação nacional. Da mesmo opinião, presume-se, foram também o presidente e candidato do MPLA, João Lourenço, e o Titular do Poder Executivo, João Lourenço.
O velório público iniciou-se hoje, em Luanda, no Memorial Agostinho Neto, local fúnebre onde repousam os restos mortais do primeiro Presidente angolano, numa manhã cinzenta de cacimbo que tornou mais carregados os tons de luto no monumento.
Recorde-se que Agostinho Neto é o único herói nacional reconhecido pelo MPLA (partido no Poder há 46 anos), para além de ser o maior genocida da história de Angola, responsável pela morte de milhares e milhares de angolanos nos massacres de 27 de Maio de 1977.
Entre bandeiras negras a meia haste e cartazes debruados com faixas pretas, descrevendo “Zedu” como “um homem do povo” e “um bom patriota” “com o MPLA no coração”, estendia-se a longa passadeira vermelha que João Lourenço percorreu hoje, pontualmente às 10 horas, até chegar à tenda preparada para as homenagens, onde abriu o livro de condolências.
Na sua mensagem, evocou o “momento de dor e consternação” em que “os angolanos choram o Presidente José Eduardo dos Santos”, destacando a sua entrega na defesa da independência e da soberania nacional “nos momentos mais críticos do país”.
“Vergamo-nos e honramos a sua memória, defendendo e perpetuando a sua maior obra, a paz e a reconciliação nacional”, acrescentou o general chefe do executivo angolano, manifestando os “mais profundos sentimentos de pesar” à família enlutada, parte da qual o acusa de ser responsável moral pela morte de José Eduardo dos Santos.
Na tenda, onde flores e velas acesas rodeiam a foto do antigo chefe de Estado, podia ler-se uma biografia com as datas mais importantes da vida, cenário acompanhado com trecho musical solene a condizer com momento pesaroso.
Por ali passaram hoje grande parte dos membros do executivo e representantes dos órgãos de soberania e dos tribunais superiores (todos sipaios subservientes de José Eduardo dos Santos enquanto este esteve no Poder), bem como alguns históricos pertencentes ao MPLA, partido que governa Angola desde a independência, em 1975, que fizeram fila para escrever a sua mensagem de despedida do ex-Presidente.
No entanto, não estiveram presentes membros da família, a maioria dos quais se encontra em Barcelona, com excepção do filho Filomeno dos Santos “Zenu”, que aguarda em liberdade a decisão sobre o recurso que interpôs após ter sido condenado a cinco anos prisão e que alegadamente não pode sair de Luanda por lhe ter sido retirado o passaporte. Nem sequer teve autorização excepcional para se despedir do pai.
O presidente da Assembleia Nacional, Fernando Dias dos Santos “Nandó”, segundo a assinar o livro de condolências, recordou entre os momentos marcantes com José Eduardo dos Santos a altura em que este o indicou como vice-ministro e comandante da Polícia.
“Teve o cuidado de me dizer: é uma pena indicarmos um jovem para estas importantes missões, mas alguém tem de as cumprir, nós estamos aqui para apoiar e ajudar. E ajudou e fizemos essa caminhada, até que conseguimos alcançar a paz e consolidar a unidade nacional”, salientou.
“Nandó” afirmou que se despede de José Eduardo dos Santos com um sentimento de “gratidão” e sublinhou o dever de honrar a sua memória “continuando a servir o bem deste povo”.
A Presidente do Tribunal Constitucional, Laurinda Cardoso, afirmou que José Eduardo dos Santos lhe deixou muitas recordações, de que deu nota no livro de condolências, lembrando a posição que este assumiu quando foi discutida a Lei da Toponímia, de que só se deveria homenagear o nome das pessoas depois de falecidas, em detrimento dos vivos.
“Foi uma das notas que me fez reflectir”, disse aos jornalistas, visivelmente emocionada, certamente contendo com esforço uma lágrima no canto do olho…
A presidente do Tribunal de Contas, Exalgina Gamboa, que foi secretária de Estado das Relações Exteriores de Eduardo dos Santos, salientou, por seu turno, “com muito orgulho”, que “os heróis não morrem”, descrevendo-o como “um grande estadista”.
“Ele ficará sempre na nossa memória. Choramos o passamento físico do camarada-presidente José Eduardo dos Santos, mas o legado que deixou é um legado glorioso, pelos seus feitos gloriosos, pela África e pelo povo”, elogiou Exalgina Gamboa, figura emblemática da honorabilidade política e da credibilidade profissional que caracteriza o próprio ADN do MPLA.
O monumento está aberto a todos os cidadãos que quiserem prestar homenagem a José Eduardo dos Santos, enquanto em Barcelona, a cidade espanhola onde morreu, decorrem negociações entre a família e o executivo sobre a realização do funeral.
O Governo angolano declarou que pretende fazer um funeral de Estado em Luanda, decisão a que se opõe uma das filhas mais velhas, Tchizé dos Santos, afirmando que essa não era a vontade do pai, e que José Eduardo dos Santos não queria ser sepultado em Angola enquanto João Lourenço estiver no poder.
Angola vai observar luto nacional durante sete dias o que significa que nas instituições públicas as bandeiras estão colocadas a meia haste.
Estão igualmente proibidos eventos políticos, desportivos e culturais, o que obrigou já ao cancelamento dos comícios que os principais partidos angolanos tinham agendado para sábado, bem como adiamento de festivais, espectáculos musicais e encontros que estavam previstos para esta semana.
Se os dirigentes de Angola (todos do MPLA) têm memória curta, não admira que o Povo ainda a tenha mais curta. Aliás, na maioria dos casos, não tem memória mas apenas e só uma vaga ideia. Tão vaga que, hoje, são poucos os que se recordam que João Lourenço foi colocado por José Eduardo dos Santos na “pole position” do Grande Prémio do MPLA em que, como sempre, os opositores, se limitaram a ser figurantes.
Na altura, o presidente do MPLA, chefe de Estado e Titular do Poder Executivo, José Eduardo dos Santos, afirmou na reunião ordinária do Comité Central do MPLA que o objectivo do partido era dar um ar de democracia às eleições gerais de 2017, embora já estivesse definido que o MPLA ganharia (como sempre) com maioria absoluta.
“O nosso objectivo é ganhar as eleições com maioria qualificada ou no mínimo maioria absoluta e o segredo estará na disciplina, na união e coesão de todos em torno dos nossos candidatos, quer no processo da campanha eleitoral quer no momento da votação”, afirmou José Eduardo dos Santos, durante o discurso de abertura da segunda reunião ordinária do Comité Central do MPLA.
Ninguém do MPLA oficializou ou comentou, na altura, qualquer nome da lista aprovada, sabendo-se apenas que, em simultâneo, o Comité Central aprovou uma moção de “incondicional apoio” a José Eduardo dos Santos, “na defesa dos ideais do MPLA e dos destinos do país”.
Parafraseando o próprio João Lourenço, se “haver” necessidade de saber onde andou nos últimos anos o general João Lourenço, relembramos:
1º Secretário do Comité Provincial do MPLA e Governador Provincial do Moxico; Secretário do Comité Provincial do MPLA e Governador Provincial de Benguela; Deputado na Assembleia do Povo; Chefe da Direcção Politica Nacional das FAPLA; Secretário da Informação do MPLA; Presidente do Grupo Parlamentar do MPLA; Secretário-geral do MPLA; Presidente da Comissão Constitucional; Membro da Comissão Permanente; Presidente da Bancada Parlamentar; Vice-presidente da Assembleia Nacional, ministro da Defesa etc. etc..
Folha 8 com Lusa
VELÓRIO SEM CORPO NÃO É VELÓRIO.
NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...
Velório significa “vigília feita a um defunto”. Não havendo defunto, mas apenas uma fotografia dele, não há velório. Existe, apenas, uma cerimónia fúnebre. Foi isso que hoje aconteceu em relação a José Eduardo dos Santos, ex-presidente angolano, que morreu na sexta-feira em Barcelona, e que decorreu em Luanda num ambiente contido, na presença de centenas de militantes do MPLA, fiéis de igrejas e alguns anónimos.
Depois da cerimónia institucional de hoje de manhã, em que o Presidente da República, João Lourenço, prestou homenagem ao seu antecessor, as portas do Memorial ao único herói nacional permitido pelo MPLA, o assassino António Agostinho Neto, local escolhido para a cerimónia pública abriram-se a todos os cidadãos que quisessem despedir-se do antigo chefe de Estado que governou Angola durante 38 anos.
Com as negociações sobre a trasladação do corpo a arrastarem-se ainda em Barcelona, Espanha, e sem a presença física do corpo, a cerimónia decorreu sem grande intensidade emocional, com vários cidadãos a defender a entrega dos restos mortais a Angola.
Acorreram ao local sobretudo pessoas de organizações ligadas ao MPLA, como a Organização da Mulher Angolana (OMA), e grupos religiosos como os Tocoístas, igreja africana fundada por Simão Toco, a quem as autoridades coloniais portuguesas impuseram um exílio forçado nos Açores nos anos de 1960.
As filas junto à parede exterior do complexo monumental onde repousam os restos mortais do primeiro presidente de Angola avançaram de forma ordeira e sem grandes constrangimentos, sendo a todos fornecida uma máscara contra a Covid-19, e com passagem prévia num túnel de desinfecção antes de aceder à tenda da homenagem.
Na ausência do corpo para velar, a memória de José Eduardo dos Santos fez-se presente através de uma enorme fotografia junto à qual iam sendo depositadas flores e perante a qual ajoelharam alguns cidadãos.
Entre os muitos cidadãos anónimos, destacou-se a figura frágil da viúva de Agostinho Neto, Eugénia Neto que, no livro de condolências, desejou paz ao “Camarada José Eduardo dos Santos”, a quem o povo (do MPLA) recordará “para sempre com saudade”.
Eugénia Neto admitiu quem “nem tudo tenha sido bom”, mas sublinhou que neste momento de despedida o povo “deseja-lhe que esteja em paz e será recordado para sempre com gratidão”.
“Todos nós sentimos tristeza, ele foi chefe de Estado estes anos todos, teve um papel difícil ao substituir Agostinho Neto, temos o dever de o recordar com carinho e saudade”, afirmou a esposa do maior genocida da História de Angola que, em Maio de 1977, mandou assassinar muitos milhares de angolanos.
Questionada sobre as divergências entre o regime angolano e alguns dos filhos do ex-presidente quanto ao funeral, considerou que a família “tem o seu papel”, mas defendeu que o governo, em particular o Presidente, tem o dever de ajudar Eduardo dos Santos a regressar à sua pátria, apesar de o ter “apunhalado” pelas costas ao dizer, entre outros epítetos, que era um marimbondo que deixou os cofres do país vazios.
“Vamos ver as negociações, esperemos que tudo corra bem. Não sei quais são as razões das filhas, ou da Tchizé [uma das filhas que acusa João Lourenço de ser autor moral da morte do pai], não sei se é alucinação o que está a dizer, se tem algo que a leve a proceder assim ou se tem algo que a perturbou, mas acho que ele deve repousar em paz aqui, na sua pátria”, defendeu a viúva do primeiro presidente de Angola.
Para o cidadão Carlos Gunza, o ex-chefe de Estado foi “um líder” que soube acabar com as hostilidades e chegar à paz depois de um longo período de guerra civil que durou quase 30 anos, sendo desejável que voltasse para o país.
“Sendo Presidente de uma República, temos de pensar que não é só a família que está a ressentir-se da perda, nós, como angolanos, sentimos que este homem deve ser honrado e que deve ter as exéquias no seu próprio país”, declarou à Lusa.
O cidadão salientou que a “nação vai se sentir triste se as exéquias não passarem por aqui, na terra onde deu todo o seu máximo, desde a guerra até à independência”.
Por isso, deseja que o funeral aconteça em Angola: “Esperemos que os filhos sintam que nós também sentimos a perda do seu pai, sentimos a perda de um pai da nação”.
Apesar das desavenças públicas entre o Governo e as filhas – Isabel, que enfrenta vários processos judiciais, e Tchizé, que perdeu o mandato de deputada do MPLA, dizem-se vítimas de perseguição política e há vários anos que não entram em Angola – considera que as questões devem ser tratadas noutra altura.
“Eles [os filhos] têm de vir. Quando nós temos um problema, tratamos esse problema e o outro problema fica para outra oportunidade. Segundo os nossos ancestrais era assim que se tratava o assunto. Primeiro, vamos tratar daquele assunto mais candente, depois, eu conheço a casa onde moras, eu posso ir lá ter contigo, então depois vamos resolver aquele assunto antigo que já temos. Na minha maneira de pensar, aquilo que aprendemos com os nossos mais velhos é assim”, opinou.
Maria do Rosário Silva, residente em Portugal, aproveitou as férias em Luanda para se despedir do “que será sempre presidente, José Eduardo dos Santos”, que recorda como “um grande estadista”.
“Os feitos que fez pelo país, podem não ter sido todos os melhores, mas que foi um grande estadista, um grande presidente, foi”, vincou.
Olha para as disputas entre o Governo e as filhas mais velhas “com muita pena e muita mágoa”, dizendo que o antigo presidente deveria ser homenageado com o caixão em Luanda, para que “viesse descansar na terra dele, que tanto amou”.
“Espero que ainda seja feito, espero que haja bom senso e que seja feito o funeral aqui em Angola. Para o povo angolano é importante que seja sepultado em Angola, já cá temos o primeiro presidente e é aqui que é a terra dele, o país que governou tantos anos, não faz sentido que seja enterrado noutro país”, considerou Maria do Rosário Silva.
O Governo angolano declarou que pretende fazer um funeral de Estado em Luanda, decisão a que se opõe uma das filhas mais velhas, Tchizé dos Santos, afirmando que essa não era a vontade do pai, e que José Eduardo dos Santos não queria ser sepultado em Angola enquanto João Lourenço estiver no poder.
Angola vai observar luto nacional por sete dias o que significa que nas instituições públicas as bandeiras estão colocadas a meia haste.
Estão igualmente proibidos eventos políticos, desportivos e culturais, o que obrigou já ao cancelamento dos comícios que os principais partidos angolanos tinham agendado para sábado, bem como adiamento de festivais, espectáculos musicais e encontros que estavam previstos para esta semana.
Folha 8 com Lusa
ANGOLA: CÁ SE FAZEM, CÁ SE PAGAM...
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Na entrevista à CNN Portugal, Tchizé dos Santos não tirou o dedo do gatilho e só parava para recarregar a metralhadora. Nem mesmo a correcção da mira alterou o ritmo dos tiros. O alvo principal foi João Lourenço, mas nem mesmo os governantes portugueses escaparam. Esteve igual a si própria. Populista, oportuna, assertiva e – reconheça-se – na maioria das afirmações com razão.
Importa, mais do que analisar a mensageira, atentar na mensagem. É claro que, do ponto de vista de João Lourenço, o mais importante é mesmo “matar” a mensageira, filha daquele que foi – segundo o próprio João Lourenço – o marimbondo chefe que deixou os cofres do país vazios, José Eduardo dos Santos.
Vejamos, então, a mensagem:
«Eu não fiz nenhuma acusação de envenenamento, eu pedi uma investigação de homicídio.
Uma das afirmações que consta nos autos é que o meu pai ficou 16 horas sem comer.
Foi-me negada a possibilidade de pôr um enfermeiro a tempo inteiro na casa do meu pai.
É curioso que os jornalistas tenham acesso a mais informação (autópsia) do que eu, que interpus a acção. É muito curioso que João Lourenço tenha ficado a saber do falecimento do meu pai e tenha anunciado primeiro do que eu.
Eu fiquei a saber pelo senhor Lourenço do falecimento do meu pai. O que me chocou tremendamente.
Nenhum médico conseguiu explicar como é que o meu pai conseguiu chegar de Angola com 30 quilos a menos. Filhos nunca foram informados que o pai estava a perder muito peso.
Eu contei (investigação à morte do pai) com o apoio de alguns irmãos e um deles, inclusive, deu o seu testemunho, mas na hora da assinatura da queixa recomendaram que eu a fizesse sozinha.
Eu não sei mentir, assumo que fiz a queixa formalmente sozinha.
A saúde e a vida do meu pai eram da responsabilidade de qualquer um deles como da minha.
Eu deixei muito claro que não negoceio com criminosos. O governo de Angola é criminoso, liderado por um criminoso. Que viola a separação de poderes e que viola a constituição de Angola.
A Ana Paula dos Santos para mim é uma impostora, não é esposa de ninguém.
(Sobre se teve o apoio dos irmãos na recusa de enviar o corpo do pai para Angola) Eu não lhe vou dizer de que irmãos me dão apoio. Só lhe posso dizer que tenho apoio de alguns irmãos, que não são a minoria.
Eu acho que isto foi tudo premeditado.
João Lourenço “até na morte alheia quer competir o protagonismo com o falecido.
Se o meu pai estivesse feliz e se sentisse seguro em Angola, não passaria a maior parte do tempo na Europa.
Eu acho que o meu pai morreu por não ter apoiado João Lourenço.
(Sobre a realização de um funeral de Estado) O meu pai deixou uma vontade expressa de não mais voltar a ser humilhado por João Lourenço e não mais voltaria a Angola.
O meu pai mostrou-se extremamente arrependido de ir a Angola. (…) O meu pai não queria ser enterrado por João Lourenço.
O presidente de Angola é um ditador corrupto. (…) Eu não vou vender o corpo do meu pai para lado nenhum.
Eu não irei pôr o pé em nenhuma instituição de Angola enquanto o João Lourenço for presidente de Angola. (…) Eu corro perigo de vida em qualquer sítio onde ele tenha controlo.
Sou cidadã portuguesa e não sinto segurança jurídica para estar em Portugal, porque o Governo português já baixou as orelhas ao governo de João Lourenço.
Eu não estou em Barcelona, estou em Espanha, perto da residência. (…) Eu temia por estar nas mãos de pessoas que são subordinados directos de alguém que persegue.
Olhe, eu não sei (ida de Isabel a Luanda para o funeral), de certeza absoluta que não, a menos que cometa o grande erro de chegar a algum tipo de acordo. (…) Se ela for, vai ser vista como uma grande traidora.
O povo angolano está a pedir que os filhos não entreguem o corpo. O povo de Angola está a sentir-se humilhado.
Neste momento, o governo de Angola deve-me uma indemnização brutal. Tudo o que eu fiz em Angola foi proveitoso e beneficiou o Estado.
O Estado português também me deve uma indemnização e vai pagar uma indemnização porque também tem estado a difamar através dos seus tribunais.»
Importa, nesta altura, reconhecer que esta mensagem é subscrita por milhões de angolanos, muitos dos quais próximos de João Lourenço e que, na melhor oportunidade, lhe farão o mesmo que ele fez ao seu mentor, José Eduardo dos Santos: apunhalá-lo pelas costas, cobardemente, “matando” aqueles cujo sofrimento mais dor causa a um pai – os filhos.
fonte; folha8
ANGOLA: MORTE NATURAL, MAS…
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O resultado preliminar da autópsia feita, em Espanha, ao antigo Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, aponta para uma morte por causas naturais, mas defende a necessidade de mais exames, disse uma fonte judicial.
Os resultados preliminares da autópsia feita a José Eduardo dos Santos durante o fim-de-semana mostram uma “insuficiência cardíaca” e uma grande infecção pulmonar, mas no relatório entregue à família salienta-se que é preciso complementar esta primeira informação com mais exames antes de uma conclusão definitiva, explicou a fonte judicial.
O resultado preliminar afasta, pelo menos para já, uma das questões levantadas por Tchizé dos Santos, que tinha sugerido que o pai podia ter sido envenenado, e daí a necessidade de ser feita uma autópsia para averiguar essa possibilidade.
A garantia de que José Eduardo dos Santos não foi envenenado foi dada pelo Procurador-Geral da República, que integra a delegação angolana que em Barcelona trata do processo de transladação do corpo do ex-Presidente da República para Angola, a dois dos órgãos do MPLA, Jornal de Angola e TVZimbo, que, no entanto, não citam qualquer frase do general Hélder Pitta Grós.
Fonte judicial ligada à filha do antigo Presidente de Angola, Tchizé dos Santos, disse que o juiz que analisa o processo foi muito claro na afirmação de que o corpo só será entregue a uma das partes após essa decisão, sendo que é possível que as autoridades judiciais queiram fazer novas audições à família antes de decidirem a quem entregam o corpo.
“O tribunal foi muito claro na afirmação de que quaisquer notícias que apontem para uma decisão sobre a quem será entregue o corpo são precipitadas porque o juiz ainda não tomou a decisão”, disse a mesma fonte.
Também hoje, ficou a saber-se que o Governo angolano contratou um escritório de advogados para apoiar o processo judicial da “viúva” de José Eduardo dos Santos, Ana Paula dos Santos, no pedido em tribunal da guarda do corpo do ex-Presidente de Angola, que morreu na sexta-feira em Barcelona.
O escritório de advogados irá defender os interesses de Ana Paula dos Santos, dos seus filhos e representar o Governo angolano nas questões que envolvem a protecção diplomática e institucional de José Eduardo dos Santos, que não tinha nacionalidade espanhola nem era residente em Espanha, disse uma fonte próxima do processo.
“Era uma condição transitória para efeitos de assistência médica e, por isso, o executivo está agora a tratar das questões institucionais e diplomáticas”, adiantou a mesma fonte.
Este é o mais recente episódio do litígio que envolve o Governo angolano e alguns dos filhos de José Eduardo dos Santos, relativamente à entrega e trasladação dos restos mortais do antigo Presidente para Luanda, à qual se opõe parte da família.
Cabe agora aos tribunais a decisão quanto à entrega e eventual trasladação do corpo de José Eduardo dos Santos, que tem oito filhos, de cinco mulheres, e que está a ser disputada no seio familiar.
De um lado, está Tchizé dos Santos e os irmãos mais velhos, que rejeitam celebrar as exéquias em Angola, onde não vão há vários anos, desde que o sucessor do pai (e por este imposto ao MPLA e ao país), João Lourenço, assumiu o cargo em 2017, iniciando uma luta selectiva contra a corrupção e que atingiu sobretudo a filha mais velha, Isabel dos Santos, e o filho “Zenu”.
Do outro, está a “viúva” e mãe de três dos filhos de José Eduardo dos Santos, Ana Paula dos Santos, que estava separada do marido há alguns anos, ressurgindo a seu lado nos últimos meses, e que foi a interlocutora do Governo angolano quando este se encontrava internado na clínica de Barcelona, onde acabou por falecer, na sexta-feira.
O Governo angolano declarou que pretende fazer um funeral de Estado em Luanda, mas a decisão conta com a veemente oposição da filha Tchizé dos Santos, afirmando que essa não era a vontade do pai, e que José Eduardo dos Santos não queria ser sepultado em Angola enquanto João Lourenço estiver no poder.
A decisão judicial sobre a entrega do corpo do ex-Presidente angolano deverá ser tomada esta semana pela justiça espanhola, depois do resultado da autópsia ter sido já comunicado à família.
José Eduardo dos Santos morreu em 8 de Julho, aos 79 anos, numa clínica em Barcelona, Espanha, após semanas de internamento e o Governo angolano decretou sete dias de luto nacional.
Eduardo dos Santos sucedeu a Agostinho Neto como Presidente de Angola, em 1979, e deixou o cargo em 2017, cumprindo uma das mais longas presidências no mundo, pontuada por acusações de corrupção e nepotismo e em que contou o apoio incondicional do seu ministro da Defesa, João Lourenço.
No dia 22 de Novembro de 2018, em Lisboa, João Lourenço admitiu que já sentia “as picadelas” dos afectados pelo combate à corrupção, mas garantiu que “isso não nos vai matar” e vincou que “somos milhões e contra milhões ninguém combate”.
“Quando nos propusemos a combater a corrupção em Angola, tínhamos noção de que precisávamos de ter muita coragem, sabíamos que estávamos a mexer no ninho do marimbondo, que é a designação, numa das nossas línguas nacionais, do terminal da vespa”, disse João Lourenço, respondendo a uma pergunta, no Palácio de Belém, em Lisboa, sobre se a questão do repatriamento de capitais – ilicitamente transferidos para o exterior – não se assemelha a `brincar com o fogo`.
“Tínhamos noção de que estávamos a mexer no marimbondo e que podíamos ser picados, já começámos a sentir as picadelas, mas isso não nos vai matar, não é por isso que vamos recuar, é preciso destruir o ninho do marimbondo”, vincou o governante, depois de se ter escusado a comentar as críticas do antigo Presidente e seu mentor político e partidário, José Eduardo dos Santos, e da empresária Isabel dos Santos. Os marimbondos continuam. Só mudaram de lado. Entretanto, João Lourenço conseguiu “matar” o marimbondo-chefe e, agora, até promete “imunidade” temporária às rebeldes e, quiçá, arruaceiras filhas do marimbondo-chefe.
É certo que enquanto vice-presidente do MPLA e, entre muitos outros cargos de relevo, ministro da Defesa, João Lourenço comandava o exército de marimbondos e não deixava que ninguém se aproximasse do chefe. Mas, como tudo na vida, mudam-se os tempos, mudam-se os interesses. Daí a “matar” o seu criador foi um passo. Passo corajoso? Nem por isso. Até porque apunhalar pelas costas – como foi o caso – é a mais completa prova de cobardia.
Na resposta à questão sobre a tentativa de repatriar os capitais ilegalmente retirados de Angola, João Lourenço afirmou: “Quantos marimbondos existem nesse ninho, não são muitos, devo dizer; Angola tem 28 milhões de pessoas, mas não há 28 milhões de corruptos, o número é bastante reduzido e há uma expressão na política angolana que diz que `somos milhões e contra milhões ninguém combate`”.
Tentando mostrar que tinha o povo ao seu lado na luta contra a corrupção, João Lourenço terminou a resposta dizendo: “Ninguém pense que, por muitos recursos que tenha, de todo o tipo, consegue enfrentar os milhões que somos, portanto não temos medo de brincar com o fogo, vamos continuar a brincar com ele, com a noção de que vamos mantê-lo sempre sob controlo”.
A expressão “brincar com o fogo” foi colocada pelo jornalista português que fez a pergunta sobre as consequências do repatriamento de capitais, mas foi largamente aproveitada por João Lourenço, que iniciou a resposta dizendo: “Se estamos a brincar com o fogo, temos noção das consequências desta brincadeira; o fogo queima, importante é mantê-lo sob controlo, não deixar que ele se alastre e acabe por se transformar num grande incêndio”.
Neste contexto, o Presidente convidou na altura os empresários portugueses (certamente também a nível de… bombeiros) a investirem em Angola para aproveitar o “grande potencial” que o país tem noutras áreas que não o petróleo, dizendo “contar sinceramente com o contributo” dos empresários portugueses.
“Angola vive uma nova fase com importantes reformas que vêm sendo feitas em diversos domínios e com interesse em diversificar a sua economia”, acrescentou o chefe de Estado, Presidente do MPLA (partido no poder desde 1975) e Titular do Poder Executivo e – por “inerência” – comandante do batalhão de caçadores aos marimbondos e dos bombeiros.
“Ao falar da diversificação da economia, não podemos de forma nenhuma deixar de contar com a intervenção de Portugal; dos empresários portugueses, gostaríamos de vê-los em força em Angola, investindo nos mais diferentes domínios da nossa economia e não apenas naquela que constitui a principal fonte de receitas de Angola, que mais contribui para o Produto Interno Bruto, que é o petróleo”, disse o chefe de Estado, agora também recandidato do MPLA nas eleições de 24 de Agosto.
Por sua vez o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, amigo de todos os ditadores enquanto eles estiverem no poder, anunciou que Portugal e Angola iriam assinar acordos nas áreas da educação, saúde, cultura, justiça, economia e finanças e disse esperar que “sirvam necessidades concretas dos povos”.
“Os políticos servem os Estados para servirem os povos. Por isso, é bom que os acordos a celebrar na educação, na saúde, na cultura, na justiça, na economia, nas finanças, sirvam necessidades concretas dos povos”, afirmou.
“Por isso, é bom que o empenho na construção de atractivo ambiente empresarial e na diversificação e descentralização económicas reforcem as legítimas expectativas dos povos”, acrescentou o chefe de Estado português.
E se em 2017, mesmo antes de serem conhecidos os resultados oficiais das eleições, Marcelo Rebelo de Sousa felicitou João Lourenço pela vitória, este ano, segundo revelou o próprio candidato do MPLA, o Presidente português já lhe disse para não se cansar muito porque o MPLA já tinha ganho.
Folha 8 com Lusa
ANGOLA: QUANTO VALE O SILÊNCIO DE “KOPELIPA” E “DINO”?
NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...
Os generais angolanos “Kopelipa” e “Dino”, ambos próximos (tal como general João Lourenço) de José Eduardo dos Santos e que se recusaram a “assassinar” pelas costas o anterior Presidente, estão acusados de vários crimes pela justiça do MPLA (facção João Lourenço), entre os quais os de peculato, associação criminosa e branqueamento de capitais.
De acordo com a Acusação, Manuel Hélder Vieira Dias, mais conhecido como General “Kopelipa”, antigo responsável pelos serviços secretos de Angola e da Casa Militar, no tempo em que o antigo Presidente José Eduardo dos Santos, que faleceu na sexta-feira em Barcelona, era Chefe de Estado, foi acusado pelo Ministério Público do MPLA dos crimes de peculato, burla por defraudação, falsificação documento, associação criminosa, tráfico de influências, abuso de poder e branqueamento de capitais, num processo que envolveu várias empresas, entre as quais a petrolífera do MPLA, a Sonangol.
Já Leopoldino Fragoso do Nascimento, conhecido como “Dino”, empresário e um dos homens de confiança do falecido Presidente Eduardo dos Santos, é acusado de burla por defraudação e falsificação de documentos, associação criminosa, tráfico de influência e branqueamento de capitais.
No mesmo processo são ainda arguidas as empresas CIF – China International Fund Angola, Plansmart International Limited e Utter Right Internacional Limited, acusadas de burla por defraudação, falsificação de documentos, tráfico de influência e branqueamento de capitais.
Três empresas, que, de acordo com a acusação, fizeram parte de um esquema montado pelos arguidos, que lesou o Estado angolano em vários milhões de dólares.
De acordo com o texto da acusação, tudo começou pelo acordo de financiamento celebrado em 2003 entre o Estado angolano e a República Popular da China, do qual surgiram, a partir de 2004, várias linhas crédito com o EximBank, CCBB-Banco de Desenvolvimento da China e com a Sinosure – Agência Seguradora de Crédito à Exportação.
O esquema que terá prejudicado o Estado angolano terá sido montado quando “Kopelipa” foi nomeado pelo então Presidente José Eduardo dos Santos para responsável do Gabinete de Reconstrução Nacional.
De acordo com a acusação, Manuel Hélder Vieira Dias Júnior e Leopoldino Fragoso do Nascimento, juntamente com outros dois arguidos no processo, “concertadamente engendraram um plano para enganar o Estado angolano e, a pretexto de uma reestruturação, apropriaram-se” de imóveis construídos com fundos públicos e “comercializaram-nos como se deles se tratasse”.
“O arguido Manuel Hélder Vieira Dias Júnior sabia que o Gabinete de Reconstrução Nacional, que dirigiu, enquanto director, era um organismo público, cujas receitas a si atribuídas também eram públicas e destinadas à reconstrução do país (…) Mais sabia que o referido Gabinete não estava vocacionado a conceder empréstimos, sobretudo, a empresas estrangeiras, com quem assinou acordo de investimento estrangeiro em nome do Estado angolano”, refere o documento.
Mas “ainda assim, não se coibiu de, no ano de 2008, conceder um empréstimo, no valor de USD150. 000.000,00 (cento e cinquenta milhões de dólares) à empresa China Sonangol International Limited”.
Além disso, “Kopelipa” “produziu um documento, cujo teor sempre soube não ser verdadeiro”, que “convenceu o Presidente da República” a permitir a entrada de mercadoria com pagamento dos impostos ‘a posteriori’ no país “o que só foi possível devido à posição que ocupava e da qual se fez valer”.
Em resumo, conclui o Ministério Público que os arguidos naquele processo utilizaram as “empresas Cif China International Fund Angola, Plansmart International Limited e Utter Right International Limited como veículos para o cometimento de crimes”.
Os “arguidos agiram sempre de modo voluntário” e “conscientemente sabiam que tais condutas eram proibidas e punidas por lei”, refere o texto da acusação, datado de 4 de Julho.
E “foi por meio de declarações, que os arguidos tinham conhecimento de serem falsas, que convenceram o antigo Presidente da República a autorizar o Director da Unidade Técnica para o Investimento Privado (…) a assinar e alargar o objecto de contrato de investimento”, acrescentam os procuradores.
Os generais “Dino” e “Kopelipa” foram colegas do então ministro da Defesa, general João Lourenço, não podem ser presos preventivamente antes do despacho de pronúncia, na fase de instrução contraditória, pois “gozam de imunidades”.
“Os oficiais generais das Forças Armadas Angolanas e comissários da Polícia Nacional não podem ser presos sem culpa formada, excepto se em flagrante delito, por crime doloso punível com pena de prisão superior a dois anos”.
Em Fevereiro de 2020, o Serviço Nacional de Recuperação de Activos, da PGR, apreendeu os edifícios CIF Luanda One e CIF Two, na posse da empresa de direito angolano China International Fund Angola, sem precisar os motivos.
Os edifícios em causa, os mais altos daquela zona, com 25 andares, estão localizados no distrito urbano da Ingombota, em Luanda, próximo da antiga Assembleia Nacional, e acolhem escritórios de várias empresas privadas.
A apreensão aconteceu na sequência de uma outra de mais de mil imóveis inacabados, edifícios, estaleiros e terrenos na urbanização Vida Pacífica e no Kilamba, arredores de Luanda, que se encontravam na posse das empresas chinesas China International Fund, Limited (CIF Hong Kong) e China International Fund, Limitada (CIF Angola).
Estes imóveis terão sido pagos com fundos públicos, mas não estavam na esfera patrimonial do Estado. Recorde-se que, segundo a declaração de bens e património de João Lourenço, o Presidente do MPLA nunca beneficiou de fundos públicos para constituir o seu humilde e pobre património.
Em Abril de 2019, a PGR (João Lourenço) já tinha anunciado a recuperação de 262 milhões de euros ao consórcio CIF Angola, na qualidade de entidade gestora do projecto de construção do novo Aeroporto Internacional de Luanda.
A CIF Limited é uma empresa privada chinesa com sede em Hong Kong e um escritório em Pequim, fundada em 2003 para financiar projectos de reconstrução nacional e desenvolvimento de infra-estruturas nos países em desenvolvimento, principalmente em África.
Em Angola, participou na construção de vários empreendimentos sociais e detém vários empreendimentos, incluindo uma fábrica de cimento, na localidade de Bom Jesus, em Luanda.
Segundo um relatório do centro de estudos britânico Chatham House, publicado em 2009, a CIF teria ligações à China Angola Oil Stock Holding Ltd, que negociaria com o petróleo angolano através da China Sonangol International Holding.
Entre os directores da China Sonangol International Holding estaria Manuel Vicente, ex-presidente da petrolífera estatal angolana e ex-vice-Presidente de Angola.
Recorde-se que o Presidente da República, também presidente do MPLA e Titular do Poder Executivo, desafiou, numa entrevista ao jornal português Expresso, o seu ex-patrono e mentor, José Eduardo dos Santos, a denunciar os corruptos. Para João Lourenço, são esses os traidores da pátria. E esses são apenas os que não estão ainda rendidos aos encantos do novo “querido líder”…
É claro que João Lourenço é, também no contexto angolano mas sobretudo do MPLA, uma figura impoluta, íntegra e honorável que nada tem a ver com traidores ou corruptos. Desde logo porque é um general e um político que chegou a Angola há meia dúzia de dias.
Daí para cá a história deste impoluto, íntegro e honorável general é bem mais conhecida. Importa, contudo, reter a comprovação factual de que João Lourenço nunca ouvira falar de corrupção, mesmo sendo ministro da Defesa de José Eduardo dos Santos desde 2014 e vice-presidente do MPLA.
Está, por isso, acima de qualquer suspeita. Na verdade, como é que alguém que aos 20 anos de idade (1974) entrou para o MPLA e fez toda a sua vida nas fileiras do partido poderia ter notado, constatado, verificado ou comprovado que existia corrupção no seio do MPLA e do Governo? Não podia…
João Lourenço diz esperar que a impunidade “tenha os dias contados” em Angola. Insiste na “moralização” da sociedade angolana. Estará a ser ingénuo, imprudente, suicida, estratega ou traidor? Se calhar, fazendo a simbiose de tudo isto, está apenas a gozar com a nossa chipala e fazer de todos nós… matumbos.
O Presidente diz ser necessária a “moralização” da sociedade, com um “combate sério” a práticas que “lesam o interesse público” para garantir que a impunidade “tenha os dias contados”.
É verdade. Mas é verdade há muitos anos e a responsabilidade é do MPLA, partido no qual João Lourenço “nasceu”, cresceu, foi e é dirigente. Então, durante todos esses anos (46), o que fez João Lourenço para combater as práticas que “lesam o interesse público”?
“No quadro da necessidade de moralização da nossa sociedade, importa que levemos a cabo um combate sério contra certas práticas, levadas a cabo quer por gestores quer por funcionários públicos. Práticas que, em princípio, lesam o interesse público, o interesse do Estado, o interesse dos cidadãos que recorrem aos serviços públicos”, disse João Lourenço.
Sendo uma verdade de La Palice, como tantas outras que constituem o ADN do partido do qual é presidente, é caso para perguntar se só agora é que João Lourenço descobriu a pólvora?
Ou será que só agora é que João Lourenço descobriu que Angola é um dos países mais corruptos do mundo? Que é um dos líderes mundiais da mortalidade infantil? Que tem 20 milhões de pobres?
“Esperamos que a tão falada impunidade nos serviços públicos tenha os dias contados. Não é num dia, naturalmente, que vamos pôr fim a essa mesma impunidade, mas contem com a ajuda de todos e acreditamos que, paulatinamente, vamos, passo a passo, caminhar para a redução e posteriormente a eliminação da chamada impunidade”, diz João Lourenço.
Desde que tomou posse, a 26 de Setembro de 2017, na sequência das “eleições” de 23 de Agosto, João Lourenço exonerou diversas administrações de empresas estatais, dos sectores de diamantes, minerais, petróleos, comunicação social, banca comercial pública e Banco Nacional de Angola, anteriormente nomeadas por José Eduardo dos Santos.
Quando João Lourenço garantiu em Luanda que o MPLA iria lutar contra a corrupção, má gestão do erário público e o tráfico de influências… poucos acreditaram. Hoje há mais gente a acreditar? Há, é verdade. Mas as dúvidas continuam a ser mais do que as certezas.
João Lourenço discursava – recorde-se – no acto de apresentação pública do Programa de Governo 2017-2022 do MPLA e do seu Manifesto Eleitoral, mostrando a convicção de que – mais uma vez – os angolanos iriam votar com a barriga (vazia) e que havendo 20 milhões de pobres… a vitória seria certa. E foi. E continuará a ser.
“Para a efectiva implementação deste programa temos de ter os homens certos nos lugares certos”, referiu João Lourenço, efusivamente aplaudido pelos militantes presentes formatados e pagos para aplaudir seja o que for que o soba João Lourenço diga, tal como acontecia com Eduardo dos Santos.
Ainda de acordo com João Lourenço o MPLA iria “promover e estimular a competência, a honestidade e entrega ao trabalho e desencorajar o ‘amiguismo’ e compadrio no trabalho”.
“Vamos contar com aqueles que estão verdadeiramente dispostos a melhorar o que está bem e a corrigir o que está mal”, disse João Lourenço.
João Lourenço admite que o “MPLA tem consciência de que muito ainda há a fazer e que nem tudo o que foi projectado foi realizado como previsto”. Por outras palavras, se ao fim de 46 anos de poder, 20 de paz total, o MPLA só conseguiu trabalhar para que os poucos que têm milhões passassem a ter mais milhões, esquecendo os muitos milhões que têm pouco… ou nada, talvez seja preciso manter o regime do MPLA mais 54 anos no poder.
“Contudo, o país tem rumo e estamos no caminho certo, no sentido da satisfação progressiva das aspirações e dos anseios mais profundos do povo angolano”, disse João Lourenço.
Segundo João Lourenço, para que todos os angolanos beneficiem cada vez mais das riquezas do país, o MPLA tem como foco no seu programa de governação para os próximos anos dar continuidade ao seu programa de combate à pobreza e à fome, bem como o aumento da qualidade de vida do povo.
Para a juventude, a franja da sociedade a quem o MPLA atribui “importância fundamental nos processos de transformação política e social de Angola”, João Lourenço disse que vai continuar “a contar cada vez mais com os jovens nas imensas tarefas do progresso e do desenvolvimento”.
Sobre a consolidação da democracia angolana, destacou a realização de eleições autárquicas (um dia), a permissão para posicionar o país “num movimento de verdadeira descentralização administrativa”.
“Com a instauração das autarquias, a administração estará mais próxima das populações, o que tornará mais fácil a percepção das suas necessidades e aspirações e também a sua satisfação”, realçou. Terá João Lourenço descoberto a pólvora?
Folha 8 com Lusa
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