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sábado, 4 de junho de 2011

Moçambique - Teatro radiofónico atirado às comunidades.

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 salvação e o bom porto do teatro radiofónico estão na abertura de espaços nas rádios que operam nas cidades capitais
O actor Abdil Juma aponta a interrupção do programa “Cena Aberta”, da Rádio Moçambique, como a principal barreira para a continuidade daquela arte a nível nacional, resumindo-se, assim, a uma cena comunitária. A salvação e o bom porto do teatro radiofónico estão na abertura de espaços nas rádios que operam nas cidades capitais.
Estreou-se no teatro de palco em 1984, mas só no ano seguinte sentiu a necessidade de levar a sério a carreira artística, quando participou com o grupo de teatro da Associação cultural Khensani no festival “O Teatro Dá Sangue à Criança”, realizado na capital moçambicana, naquela altura. Estamos a falar de Abdil Juma, com quem trocámos um dedo de prosa recentemente, cujo denominador comum foi o teatro radiofónico.
Juma nasceu no populoso bairro da Mafalala, onde se destacou, primeiramente, como exímio dançarino de makwaela e, mais tarde, abraçou a arte de representar, escudo com o qual celebrou recentemente 20 anos de carreira.   Nessas celebrações, Abdil Juma foi homenageado com um projecto denominado “20h45” pela Associação Cultural NkaringanArte, pelo excelente trabalho em prol da cultura.
Teatro radiofónico Fora dos microfones da RM
Juma recuou no tempo para nos contar alguns momentos do teatro radiofónico na Rádio Moçambique (RM), através do programa “Cena Aberta”, onde se recorda que, na sua primeira experiência com a arte de representar na rádio, descobriu que era uma das melhores formas de comunicar, pois “no teatro radiofónico reside a importância do veículo de transmissão de informação e existe um público fiel”.
“Na verdade, o teatro radiofónico tinha um impacto muito forte na altura da ‘Cena aberta’, pois, através da RM, havia uma maior abrangência por parte dos ouvintes. Havia peças de carácter clássico, trágico-comédia, com intervenção social muito forte. Por outro lado, eram adaptadas peças de autores nacionais, onde desfilavam nomes de Luís Bernardo Homwana, Raul Homwana, Mia Couto, Paulina Chiziane, o que resultou na descoberta da outra face do teatro radiofónico no país. Infelizmente, nesses momentos áureos desta arte em que nomes nacionais brilhavam, anunciou-se a interrupção da ‘Cena Aberta’ naquela estação de rádio nacional”, conta este rádio-actor com alguma tristeza lida no seu semblante, para depois acrescentar que “é nessa altura que o teatro radiofónico ganha uma outra frente que, anteriormente, vinha sendo desenvolvida mas com pouca força: o teatro radiofónico nas rádios comunitárias. Nas comunidades, onde o teatro radiofónico tem mais espaço actualmente, as cenas continuam e as peças são mais enquadradas em campanhas de educação cívica, onde se aborda a questão de violência doméstica, HIV/Sida, boa governação, entre outros aspectos com os quais as comunidades se identificam”.
Quando a RM interrompe a transmissão do programa “Cena Aberta”, Abdil Juma diz que assumiu um compromisso consigo mesmo: “o teatro radiofónico não pode morrer” e, dito e feito, encetou contactos com várias rádios no sentido de convencê-los a acolher o projecto. mas como as rádios que iam surgindo um pouco por todo o país na altura não tinham condições desejadas para aquele género de teatro, foi ficando cada vez mais difícil. Juma não desistiu até que foi acolhido pela Rádio Viva, onde durante um ano e seis meses produziu peças transmitidas no programa “Teatro Viva”.
Por outro lado, Abdil Juma contou ao nosso jornal que até 2004 gravou cerca de uma centena e meia de peças de teatro radiofónico, onde fez várias adaptações de textos de autores nacionais e estrangeiros. Explicou ainda que a maior parte das peças escritas por ele foram de intervenção social, pois, o quotidiano lhe inspira, sem, portanto, deixar de lado a viajem que faz pelo imaginário, ficticismo, o melo-drama, lirismo e por aí em diante.
“Comprei-te ao Mar” é a peça que o marcou bastante, uma vez que, para além de ter sido uma das raras oportunidades de contra-cenar com a categorizada actriz Maria Pinto de Sá, teve o privilégio de emprestar a sua voz a um personagem que representava a aristocracia (um doutor), numa altura em que estava habituado a interpretar personagens que retratavam os “dumba-nengues”, o polícia corrupto, o camarário oportunista e por aí em diante.
Há espaço nas cidades
Aos olhos de Juma, ainda há espaço para o teatro radiofónico nas cidades, sobretudo na capital Maputo, daí que acredita que a avaliar pelos amantes do teatro radiofónico, existe um auditório que se vai interessar por ele. “Somos abordados na rua por muita gente sobre o teatro radiofónico. penso que se há gente a perguntar pormz esta arte, auditório para tal não deve faltar, porque a rádio tem esse poder de dividir audiência: há quem liga a rádio só para ouvir música, outros para noticiário, programas educativos, daí que mesmo para o teatro radiofónico existe um público. Mas é preciso que as rádios que operam nas capitais províncias, não apenas a RM, abram espaço para tal, porque existem pessoas para fazer e para ouvir”, apontou.
Formação de actores
Um dos aspectos que nunca falhou na carreira artística de Abdil Juma é a formação de novos rádio-actores, fazendo jus ao seu juramento de não deixar que esta arte morra. Nesta ordem de ideias, é preciso, na concepção de Juma, que haja constante formação de actores de diferentes cantos do país, não só de palco como os de rádio. “É uma forma de deixar o legado como deixaram para mim e para outros ”, explica. É assim que em 1997 formou actores de teatro radiofónico em Xai-Xai, como primeira experiência fora de Maputo. Viajou ainda para Tete, onde ministrou cursos para actores. Por lá, Juma diz que se sentiu como se fosse o alastramento do programa “Cena Aberta”, porque os actores que estiveram no curso abriram uma frente para a produção de uma rádio-novela naquela parcela do país”.

Fonte: opais.co.mz

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Samuel

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