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Fally Ipupa, este cantor comprometido com a causa humanitária na RDC neste domingo na Rádio Congo através do Les News de Paris.

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!... Na RDC, a lista é tão longa que citamos aqui apenas alguns nomes de ...

segunda-feira, 8 de julho de 2024

Bolívia: o golpe não fracassou; ele ainda está sendo preparado.

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O que houve nesse dia 26 de junho na Bolívia ainda não foi um golpe de Estado. Foi um putsch fracassado dado pelo comandante das Forças Armadas, Juan José Zuñiga, de maneira improvisada, acreditando que seria apoiado pelos outros oficiais golpistas. Mas Zuñiga se precipitou. Ele havia declarado, dois dias antes, em uma entrevista, que não aceitaria uma nova candidatura de Evo Morales à presidência da República. Como a declaração causou uma enorme polêmica, o presidente Luis Arce anunciou que Zuñiga seria exonerado. Então, o militar se antecipou, organizou um grupo do Regimento Especial de Challapata “Mendez Arcos” e tentou invadir o Palácio do Governo. Nenhum quartel se levantou Mas ninguém mais o acompanhou. Nenhum quartel se levantou, em nenhum lugar do país. Contudo, ao contrário do que pode se pensar, a polícia não desempenhou um papel preponderante na contenção do putsch. Embora ela também não tenha aderido à aventura de Zuñiga, ela é ainda mais reacionária que o exército e esteve na vanguarda do golpe de 2019. Evo e o próprio Arce chamaram o povo a se mobilizar contra a tentativa golpista. Centenas de pessoas expulsaram os militares de Zuñiga da Praça Murillo, demonstrando combatividade como haviam feito aos milhares em 2019. Mas foi menos a mobilização popular e mais a falta de iniciativa dos militares que levou ao fracasso do putsch de Zuñiga. Crise política A Bolívia vive uma forte crise política, tanto entre a direita como entre o MAS. Aqueles que poderiam ser considerados os principais líderes da direita – a ex-presidenta golpista Jeanine Añez, que assumiu após o golpe de 2019, e um dos principais autores daquele golpe, o extremista Luis Fernando Camacho – estão na cadeia. Um dos objetivos anunciados por Zuñiga era soltar Añez e Camacho, talvez justamente para que unificassem a direita golpista. O mais preocupante é que, na falta de líderes políticos, os próprios militares busquem encabeçar o golpe – como Zuñiga tentou fazer. Ao contrário do que foi feito por Hugo Chávez na Venezuela, o MAS não conseguiu expurgar os oficiais golpistas das forças armadas. Não houve um expurgo em nenhum momento, nem durante os governos de Evo nem com Arce. Assim, as forças armadas bolivianas são altamente reacionárias e vinculadas com o imperialismo americano. Os agentes da CIA estão profundamente infiltrados entre os militares da Bolívia. Se, por um lado, os outros oficiais não acompanharam Zuñiga, e a OEA – que havia patrocinado o golpe de 2019 – desta vez condenou o putsch, é reveladora a postura do governo dos Estados Unidos. Enquanto todo o mundo rechaçou o golpismo, o governo americano afirmou apenas que acompanhava a situação e pediu calma e moderação. Essa é uma clara sinalização de que os EUA estão envolvidos com as articulações de um golpe na Bolívia. Parece que os oficiais bolivianos deixaram Zuñiga se queimar para testar as possibilidades de um golpe de verdade ser bem-sucedido. Como comandante das forças armadas, Zuñiga sabia que outros oficiais têm sérias inclinações golpistas e por isso ele fez a tentativa, caso contrário não teria sido tão ousado. A crise da esquerda é ainda maior que a da direita. O MAS e os movimentos populares estão profundamente divididos entre as alas de Evo e de Arce. Morales apresentou nos últimos anos sinais de capitulação ao entregar Cesare Battisti a Bolsonaro e ao governo italiano, a participar da posse do próprio Bolsonaro como presidente e a aceitar que Arce fosse o candidato do MAS nas eleições ocorridas devido à pressão popular, que reverteram o golpe e retiraram Añez do poder. Porém, Arce é um burocrata moderado que, principalmente na política interna, tem se comportado como uma espécie de Lenin Moreno boliviano, embora não tão direitista. Ele não tem poupado esforços para afastar Morales e seus aliados da liderança do MAS e assim tomar o partido para si. Tanto Morales como Arce pretendem se candidatar às próximas eleições presidenciais, e apenas um deles poderá representar o MAS. A luta interna, que já é extremamente conturbada, tende a se acirrar. Não há como resolver a crise do MAS e reunificar o partido. A única solução favorável ao povo boliviano é o rompimento das bases e da ala esquerda com a ala direita e a formação de um novo partido, operário, socialista e independente, que atue ombro a ombro com a Central Operária Boliviana para impedir o verdadeiro golpe que está sendo preparado, expurgar as forças armadas dos seus elementos golpistas e pró-imperialistas e garantir o poder para os trabalhadores e camponeses bolivianos, que em sua maioria apoiam Evo Morales contra Arce. A derrota dos impulsos golpistas na Bolívia é fundamental para se impedir os planos de golpe continental feitos pelo imperialismo americano, que já deram certo na Argentina e no Equador e que têm o Brasil como alvo principal, porque os EUA não podem tolerar o Brasil com um governo como este de Lula por muito tempo. Certamente os militares e a direita boliviana mantêm ligações com a extrema-direita de Milei e também com a extrema-direita brasileira. Milei impôs uma ditadura com o uso e o abuso da polícia e do exército na Argentina. Noboa imitou o argentino e fez o mesmo no Equador logo em seguida. Os generais continuam impunes no Brasil um ano e meio após o 8 de janeiro e o bolsonarismo segue com força. A América Latina, infelizmente, é ainda hoje o “quintal” dos EUA. Diante da complicada situação internacional, especialmente na Ucrânia, no leste asiático e no Oriente Médio, com derrotas sucessivas, o imperialismo americano precisa assegurar o controle do continente. Esse é um dos poucos pontos em que Joe Biden e Donald Trump estão de acordo. Portanto, independentemente do que ocorra nas eleições americanas, a América Latina estará no olho do furacão daqui adiante. port-pravda.ru

Só um golpe de Estado vai impedir a vitória eleitoral de Trump.

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O primeiro debate eleitoral evidenciou a milhões de cidadãos americanos que eles são governados por uma esponja. Talvez a antecipação dos debates (nas eleições anteriores o primeiro debate ocorreu somente no final de setembro) tenha ocorrido precisamente com o objetivo de testar o recebimento da (falta de) capacidade cognitiva de Joe Biden pelo grande público para que houvesse tempo de substituí-lo por outro candidato, caso necessário. Como em 2020, Biden deu um golpe interno no Partido Democrata, impedindo a concorrência e os debates para não expor sua completa incapacidade de governar. Mas todas as vozes da grande burguesia imperialista americana agora estão clamando desesperadamente pela sua substituição. Mais influente porta-voz do establishment, o New York Times pediu em um editorial: “para servir a seu país, o presidente Biden deve deixar a disputa”, rasgando elogios ao “presidente admirável”, sob cuja liderança “a nação prosperou e começou a abordar uma série de desafios antigos”. Porque Biden está concorrendo contra o demônio personificado. “Donald Trump se provou um perigo significativo para a democracia – uma figura errática e egoísta que não merece a confiança do público”, opinou o jornal. Entretanto, os democratas e a grande burguesia americana não têm ninguém com a mesma popularidade de Donald Trump. A maioria das pesquisas de opinião aponta o republicano como favorito e vem crescendo o número de adeptos às ideias e políticas defendidas por ele, como o combate à imigração, ao envio de armas à Ucrânia e à “cultura woke”. Pesquisa publicada no início de janeiro pelo Washington Post e a Universidade de Maryland indicou que 36% dos americanos acham que a eleição de Biden em 2020 não foi legítima. Trump conseguiu arrecadar 53 milhões de dólares para sua campanha em 24 horas após ser condenado em maio pela justiça de Nova York e conquistou 3 milhões de seguidores quase imediatamente após abrir uma conta no Tik Tok. É um fenômeno ainda mais arrasador do que em 2016. Sabendo, no entanto, que não é a vontade do povo, mas sim as maquinações dos poderosos interesses dentro das instituições do Estado que realmente decidem o próximo presidente dos Estados Unidos, é preciso analisar as estruturas da burguesia americana e de seus tentáculos e medir a força de seus setores que neste momento estão em clara contradição. É a correlação de forças dentro do sistema político e econômico dos EUA que irá decidir qual camada das classes dominantes, a superior ou a inferior, terá o seu representante na Casa Branca em 2025. O poder dos republicanos nos estados Levando em conta o maior ou menor controle da máquina política estatal (executivo, legislativo e histórico nas últimas três eleições presidenciais), os republicanos deverão vencer em todos os “red states” e em outros 17 estados, incluindo o “swing state” da Geórgia. Terão garantidos, assim, 255 delegados para o colégio eleitoral, na soma dos delegados que cada um desses estados têm direito. Já os democratas tendem a vencer em todos os “blue states” e em mais 10 estados, incluindo os “swing states” de Nevada e Michigan e os estados de Minnesota e Maine, onde, ao contrário de todos os outros, o partido que obtêm a maioria dos votos populares no estado não elege automaticamente todos os delegados, mas têm regras próprias – nossa conta leva em consideração que os democratas controlam a máquina política nesses dois estados, portanto têm condições de manejar o resultado das eleições. Os democratas obterão, assim, 243 delegados para o colégio eleitoral. Para que seu candidato seja o vencedor das eleições presidenciais, um partido deve ter ao menos 270 delegados no colégio eleitoral. Daí a importância essencial dos “swing states” onde o controle político não é definido (Pensilvânia, Wisconsin e Arizona). Conquistando aqueles 255 delegados, para se eleger bastará para Trump vencer em apenas um deles (a Pensilvânia), ou, se perder na Pensilvânia, se vencer nos outros dois. Já o candidato democrata será obrigado a vencer na Pensilvânia e em mais um dos outros dois “swing states” chave, se obtiver apenas 243 delegados. Considerando, assim, o controle da máquina política nos estados, somado à tendência de maior preferência dos eleitores nas pesquisas de intenção de voto, Donald Trump tem maiores chances de se eleger presidente do que o candidato democrata. O Deep State contra Trump “Com uma maioria favorável ao MAGA [o movimento trumpista “Make America Great Again”] na Suprema Corte, dezenas de aliados nos tribunais federais inferiores, bem como no Congresso, nas legislaturas estaduais e nas mansões dos governadores, e uma base considerável, extremamente leal e fortemente armada de apoiadores políticos, Trump terá considerável margem de manobra e muitos apoiadores”, diz um artigo da Foreign Affairs publicado em 10 de junho, assinado por Jon D. Michaels. O autor teme que o trumpismo esteja construindo um Deep State próprio, o que poderia ser consolidado com a volta de Trump ao governo. Os analistas tradicionais da intelectualidade ocidental costumam caracterizar os países que não pertencem à América do Norte e à Europa Ocidental como regimes extremamente burocráticos, corruptos e antidemocráticos, onde reinam as conspirações internas como forma de luta pelo poder. Pois na verdade essa caracterização cabe perfeitamente aos Estados Unidos das últimas décadas. Os EUA têm uma das maiores e certamente a mais poderosa burocracia estatal do mundo. Esqueçam as supostas preocupações com os LGBT ou os negros. Quem domina o poder nos EUA não liga para os direitos ou a falta de direitos dessas pessoas. Eles se importam com coisas mais fundamentais, como manter o estrito controle do regime político. E Trump é uma perigosa ameaça a esse controle. Ele tende a concentrar os poderes na presidência, com um poder maior de intervenção e controle sobre as agências de inteligência e os órgãos de defesa nacional. Aprendeu com os erros de seu primeiro mandato e agora irá colocar apenas pessoas de total confiança nos postos-chave – e a tendência é que ele troque a maior parte das cabeças das principais áreas do governo. Um outro artigo da Foreign Affairs, publicado por Risa Brooks em 20 de março, mostra preocupação sobre a crescente politização das forças armadas americanas, alimentada tanto pela propaganda trumpista quanto pelos vetos de legisladores republicanos à promoção de oficiais supostamente liberais nas forças armadas. Então os chefes do Pentágono também detestam a ideia da volta de Trump ao governo. E os oficiais do Pentágono sempre são selecionados entre os quadros das empresas armamentistas, que estão de cabelos em pé com a possibilidade de que os Estados Unidos retirem suas bases militares e suas tropas da Ásia e da Europa, pois seu lucro vem justamente da venda de material ao governo dos EUA e de seus países-clientes. Os outros órgãos do Deep State, como a CIA e o Conselho de Segurança Nacional, também são alimentados com quadros da indústria militar, assim como do Vale do Silício e de Wall Street, que reúnem os grandes monopólios tecnológicos e financeiros dos Estados Unidos e do mundo. Trump já declarou também que poderia abrir os arquivos secretos sobre o assassinato de John Kennedy, o que revelaria mais um pouco sobre a podridão da CIA e do Deep State, prováveis responsáveis por aquele magnicídio. Trump pode fazer uma reconfiguração inédita no Deep State, o verdadeiro governo dos EUA. Está mexendo com os piores instintos do imperialismo americano. Quem são os homens de Trump? O âmago do conflito entre Trump e o aparato que comanda os EUA são as contradições de classe. Neste caso, as contradições dos setores marginalizados da burguesia, da classe média e do proletariado, com a alta burguesia imperialista. Jeffrey Sonnenfeld, um proeminente acadêmico da alta sociedade americana que trabalha diariamente com os maiores capitalistas dos EUA, tem enfatizado essa contradição em artigos para a imprensa. No New York Times, ele destacou que, até agora, nenhum dos 100 maiores bilionários na lista da Fortune doou um mísero centavo para a campanha presidencial de Trump – assim como nenhum CEO doou em 2016 e apenas dois dos top 100 o fizeram em 2020. Além disso, muitos empresários que financiaram Trump em 2016 abandonaram o barco ao longo de seu governo. Alguns poucos financistas têm apoiado o líder republicano, mas, “na realidade, esses financistas representam um pequeno segmento da comunidade de negócios”, ressaltou Sonnenfeld na Time. Está claro por essas informações e pela campanha nos principais meios de comunicação que a alta burguesia americana não apoia Trump. Mas quem o apoia? Basta dar uma olhada para as posições políticas de Trump. Ele é protecionista, isolacionista e anti-imigrantes. Ataca a globalização e promete cuidar da situação interna dos Estados Unidos e diminuir a intervenção nos assuntos de outros países, o que significaria um duro golpe sobre o regime imperialista global, ainda mais em uma época de insurreições contra esse regime no mundo todo. Obstaculizar a entrada dos imigrantes elevaria a taxa salarial dos trabalhadores americanos, pois os imigrantes que entram nos EUA aceitam receber salários baixíssimos, reduzindo a média salarial dos trabalhadores americanos. Por isso os grandes empresários atacam a pauta migratória de Trump, a fim de manter os baixos salários com a competição dos imigrantes. Muitos trabalhadores apoiam Trump porque querem, naturalmente, salários melhores. Há mesmo uma ala esquerdista dentro do trumpismo, como existia no fascismo italiano e no nazismo alemão. Isso se dá justamente pela influência de trabalhadores desorganizados e com pouca consciência política que têm sofrido intensamente com décadas de neoliberalismo, desindustrialização e governos democratas e republicanos tradicionais. Em ambos os artigos, para o NYT e para a Time, Sonnenfeld opina que a política econômica de Trump é muito mais parecida com a da esquerda socialista do que com as posições tradicionais do Partido Republicano, “e são frequentemente mais progressistas que as da Administração Biden”. As corporações são muito impopulares entre toda a população americana e mesmo entre membros dos dois partidos, por isso até Biden tem de criticá-las a adotar medidas que as desagradam. Mesmo setores poderosos dentro dos EUA foram afetados pelo domínio dos monopólios sobre a economia, pois estes suprimiram a concorrência de empresários que ficaram à margem do poder. De fato, se uma minoria tão reduzida governa, inclusive setores ricos da sociedade terminam prejudicados. E eles não gostaram de ter sua vida e seus negócios espionados pela NSA ou de perder seus clientes e quase falir devido à concorrência de produtores estrangeiros, principalmente chineses. Nos últimos anos os EUA se tornaram dependentes da China em diversas áreas, como eletrônicos, vídeo games, maquinário, têxteis, produtos químicos, metais etc. Isto é, principalmente com relação aos produtos manufaturados. As empresas de Elon Musk, um notório apoiador de Trump, são competidoras das companhias chinesas de fornecimento de internet e carros elétricos. Todo esse vasto ramo empresarial, que abarca multidões de empresas e empresários, concorda quando Trump diz que os EUA precisam se proteger da competição chinesa e de outros países. Tanto é assim que exerceram grande pressão para que a administração Biden seja a mais anti-China da história ao impor altas tarifas e sanções, controle e banimento de investimentos e estar a ponto de proibir o Tik Tok. Na esfera geopolítica, a administração Biden talvez seja a mais agressiva contra China, ameaçada de uma guerra contra os EUA por Taiwan. Muitos entendem que o principal inimigo geopolítico dos EUA não é o terrorismo, o Irã ou a Rússia, mas sim a China. Sua penetração no mercado interno dos EUA gera acusações de espionagem tanto industrial e tecnológica quanto política e o fortalecimento econômico de uma potência desafiadora da hegemonia americana. O protecionismo e o isolacionismo de Trump foram vistos em seu primeiro mandato, quando ele retirou os EUA da Parceria Trans-Pacífico, dos Acordos Climáticos de Paris, da OMS e do acordo nuclear com o Irã, todos criados graças ao establishment imperialista americano. Trump é representante dos setores da burguesia que eram dominantes antes de os EUA se tornarem uma potência imperialista hegemônica, quando a maioria dos negócios da burguesia se resumia ao próprio território estadunidense e ao continente americano. Quando o desenvolvimento capitalista levou ao surgimento e ao monopólio da indústria e dos bancos por poucos conglomerados, aqueles setores perderam espaço na economia e na política. O capital financeiro americano se disseminou pelo mundo e exigiu a entrada dos EUA na I e na II Guerra Mundiais exatamente para que o governo protegesse os seus negócios. A ala dos políticos que representava esses interesses se autointitulou “internacionalista”, um eufemismo hipócrita para imperialista. A burguesia marginalizada pelo capital financeiro cuja área de atuação era muito mais limitada não estava interessada em entrar em guerras tão devastadoras para defender esses monopólios que a subjugavam. Por isso criou o movimento “America First”, símbolo do isolacionismo apregoado pelos políticos que representavam esse setor marginalizado da burguesia. Durante muito tempo, até a era neoliberal, tanto o Partido Democrata quanto o Partido Republicano tinham membros ligados a esse setor. Mas isso não significa que Trump tenha apenas retomado uma política tradicional dos isolacionistas. Esta é uma nova era, influenciada pela experiência neoliberal que devastou ainda mais os negócios da burguesia marginalizada e também a qualidade de vida das classes média e trabalhadora. Ao mesmo tempo, levou a uma crise sem precedentes da própria alta burguesia imperialista. Esse fenômeno é o que os intelectuais do regime americano chamam de “crise da democracia”. E não é Trump que está fazendo essa democracia erodir. Essa “democracia” nada mais é do que a ditadura estável dos monopólios imperialistas, cuja estabilidade já não existe mais por sua própria natureza. A contribuição de Trump para isso é liderar um movimento de insurreição da grande burguesia marginalizada, da pequena burguesia urbana e rural empobrecida e do proletariado desorganizado. Qualquer semelhança com a Alemanha e a Itália da década de 1920 não é mera coincidência. Durante mais de 100 anos a política norte-americana permaneceu uma ditadura bipartidária em que os dois partidos eram gêmeos siameses e sua política quase idêntica garantiu a estabilidade do regime. Donald Trump chegou para abalar essa estabilidade, subverter o Partido Republicano, polarizar o país e estremecer as estruturas do regime político. Por isso é tão odiado pelas elites política e econômica. Trump também tem o apoio de setores poderosos da burguesia europeia que sofrem com a competição desleal dos monopólios americanos que colonizaram a Europa a partir do Plano Marshall. A exigência de Trump para que a Europa pague uma cota maior de financiamento da OTAN favorece a redução da dependência desses países diante dos EUA, o que significa a diminuição da submissão política. Certamente vários setores da burguesia europeia veem essa possibilidade como uma pequena libertação do jugo americano. Por outro lado, a alta burguesia imperialista americana ataca sistematicamente a possibilidade de redução da participação americana na OTAN e em outros órgãos internacionais, porque sabe que a participação americana não é igual a dos outros países, mas sim uma participação dominante, cuja força econômica compra os funcionários e os chefes dessas organizações para que atendam aos interesses dos Estados Unidos. O governo Netanyahu também é um claro patrocinador de Trump, com seus tentáculos no poderoso lobby sionista americano. Outros governos de direita de tipo nacionalista burguês, em várias partes do mundo, mesmo que não tenham condições de influenciar de maneira decisiva o resultado das eleições americanas, dão um suporte maior ou menor à candidatura do republicano, porque veem nela uma possibilidade de contenção do domínio dos monopólios imperialistas sobre a sua economia e o favorecimento da burguesia local, asfixiada pelas companhias americanas. Uma verdadeira revolução política no regime americano? Em seu primeiro mandato, Trump não conseguiu levar sua política até as últimas consequências. Foi sabotado dentro do próprio partido e governo. Agora, ele tomou conta do Partido Republicano e tende a integrar apenas pessoas de alta confiança no núcleo duro do governo. Pessoas que atendam aos mesmos interesses que ele. Trump pode reestruturar por completo a burocracia estatal dos Estados Unidos. Isso seria como uma revolução política no regime, ou seja, substituir os dirigentes e o sistema político sem mexer drasticamente nas bases da economia capitalista-monopolista. A principal semelhança de Trump com o fascismo não é a sua xenofobia, seu machismo, ou seu racismo, mas sim a sua base social. A eleição de Trump poderia ser a tomada do poder pelas classes médias e pela baixa e média burguesia, a base social tradicional do fascismo em sua fase embrionária, isto é, antes da sua chegada ao poder. As experiências fascistas do século passado, como os regimes de Hitler e Mussolini, foram domesticadas e controladas pela alta burguesia imperialista quando era inevitável que tomassem o poder. Ou seja, os grandes monopólios abraçaram o fascismo naquela época. Eles não se incomodariam em fazer isso novamente por algum princípio ideológico ou ético, como o fazem em vários lugares do mundo, mas nada indica que estejam dispostos a se aliar a Donald Trump. O mais provável é que, se tudo correr como se anuncia, os EUA se afoguem em um caos jamais visto nos últimos 150 anos e cheguem à beira da guerra civil. Seria um regime absolutamente instável e insustentável, o que poderia acelerar exponencialmente o declínio do império americano. A grande burguesia financeira e imperialista dos Estados Unidos não pode permitir uma vitória de Trump de modo algum. Pelo contrário, ela precisa retomar o controle dos EUA sobre o mundo todo, o que vai de encontro aos interesses econômicos do MAGA. Mas vai também de encontro à própria realidade objetiva: a crise desse controle e do regime imperialista liderado pelos Estados Unidos é irreversível. Para impedir uma vitória de Trump, levando em conta todo o seu apoio popular, o controle da burocracia estatal pelos republicanos em muitos estados e o respaldo que tem Trump entre setores econômicos poderosos, embora marginalizados, a grande burguesia imperialista terá de executar um golpe de Estado eleitoral. Mas ela não parece ter muita margem de manobra. Por isso não descarto, por exemplo, uma tentativa de assassinato. Se não houver um golpe, Trump será eleito. E se Trump for eleito, é melhor se pensar em outro golpe de Estado. Caso contrário, se Trump conseguir aparelhar totalmente o Estado como seus opositores temem, os grandes capitalistas terão de fazer como fizeram com Hitler e Mussolini: domesticar a fera, comprando membros do trumpismo, extirpando sua ala mais radical e inserindo homens de confiança do imperialismo para fazer um pacto e estabilizar minimamente a situação. Mas não será nada fácil executar esse plano. É bem provável que o caos se instale. O apodrecimento violento e destruidor não é nada mais senão a tendência natural de um regime imperialista em decadência como o americano. fonte> port.pravda.ru

25 soldados congoleses condenados à morte por fugirem dos combates contra o M23.

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Na quarta-feira, 3 de julho, 25 soldados congoleses foram condenados à pena de morte pelo tribunal militar da guarnição de… Na quarta-feira, 3 de julho, 25 soldados congoleses foram condenados à pena de morte pelo tribunal militar da guarnição do Kivu do Norte, durante um julgamento flagrante em Alimbongo, território de Lubero (Kivu do Norte). Foram considerados culpados de fugir do inimigo, dissipar munições de guerra, saquear e violar instruções durante os combates contra os rebeldes do M23. Um capitão foi condenado a 10 anos de servidão penal por roubo, enquanto quatro esposas de militares foram absolvidas por falta de provas. O exército, confrontado com deserções frequentes, espera que estas convicções dissuadam outros soldados de fugir. “Desde ontem nenhum soldado saiu da linha de frente sem ordens. Acreditamos que esta decisão contribuirá para o sucesso das operações”, disse o segundo-tenente Mbuyi Kalonji, porta-voz militar da Frente Norte. Os advogados dos arguidos anunciaram a sua intenção de recorrer, acreditando que certos arguidos mereciam circunstâncias atenuantes ou a absolvição. Desde 28 de junho, o exército congolês luta contra o avanço do M23, que ocupou várias localidades no sul de Lubero, obrigando os soldados a retirarem-se para evitar combates em zonas povoadas. Os rebeldes, que pretendem chegar a Butembo, estão actualmente retidos pelo exército 40 quilómetros a norte de Kanyabayonga, na localidade de Kaseghe, onde os confrontos continuam. fonte: https://www.journaldekinshasa.com/

CIMEIRAS DA CEDEAO E AES CONTRA UM ANTECEDENTES DE RUPTURA: Que todos assumam a sua responsabilidade.

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Com um atraso de algumas horas, as duas organizações que não se queixam uma da outra na África Ocidental realizaram cada uma a sua cimeira. Na verdade, enquanto os chefes de estado da Aliança dos Estados do Sahel (AES) se reuniram em Niamey no dia 6 de Julho, os da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) reuniram-se no dia 7 de Julho em Abuja. Estas duas cimeiras quase simultâneas ilustram claramente o colapso político sem precedentes na sub-região da África Ocidental. A CEDEAO, que ainda esperava o regresso, como o do filho pródigo dos Evangelhos, do trio de Estados liderados por homens fardados, pode dizer adeus ao seu sonho e admitir que aqueles que partiram se comprometeram resolutamente num caminho de não regressar, como nos têm continuado a lembrar desde que bateram a porta da casa comunitária em Janeiro passado. Agora, cada uma destas duas entidades deve assumir a responsabilidade enquanto aguarda o julgamento da História. E foi claramente isso que os chefes de estado da AES tentaram fazer neste último fim de semana, tomando ações fortes, caminhando no sentido da consolidação da sua organização comum. Na verdade, Assimi Goita, Ibrahim Traoré e Abdourahamane Tchani trouxeram para a pia batismal a Confederação dos Estados do Sahel e comprometeram-se a “dotar esta confederação com instrumentos adequados para financiar a sua política económica e social” e a “criar mecanismos destinados a facilitar a livre circulação de mercadorias, pessoas e serviços na área da AES. Com isto em mente, decidiram criar um banco de investimento e criar um fundo de estabilização. Todo o mal que podemos desejar a esta nova organização que surge no panorama das organizações da África Ocidental é que os seus frutos cumpram a promessa das flores dos seus pais fundadores e isso, em benefício das populações. Esta é, em qualquer caso, a única forma de não dar razão aos cépticos que vêem, através deste agrupamento, apenas uma vasta diversão orquestrada por soldados que tomaram o poder político e que tentam garantir o seu saque através de uma forma de solidariedade. Sua sobrevivência política. Em qualquer caso, os chefes de estado da AES não terão desculpas se se afastarem das reais aspirações das suas populações. Porque este é o argumento que apresentam para fechar a porta à CEDEAO. Mas para ter sucesso no desafio do desenvolvimento económico e social, temos ainda de conseguir trazer de volta a segurança à atormentada zona da AES! Para cumprir este imperativo, os três líderes decidiram estabelecer uma força AES unificada e um plano trilateral permanente para ações militares. Quanto à CEDEAO, esta ruptura consumada deve ser uma oportunidade para se olhar no espelho. Se hoje é desmembrado, é sobretudo devido à sua política de duplicidade de critérios. A CEDEAO deve passar pela sua transformação Porque, acompanhando os golpes constitucionais que perpetuam certos poderes, optou por flexionar os músculos contra os autores dos golpes militares. Ao fazê-lo, afastou-se do ideal dos fundadores da organização que queriam fazer dela um espaço de solidariedade e desenvolvimento económico. Dito isto, a CEDEAO deve mudar. Mas poderá fazê-lo quando sabemos que contém maçãs podres? Em qualquer caso, a sua sobrevivência está em jogo se não tiver sucesso nesta transformação enquanto, mais do que nunca, ainda tem o seu lugar na África Ocidental, mesmo que apenas no que diz respeito aos grandes projectos de desenvolvimento económico que carrega. Além disso, a questão que se pode colocar é a seguinte: quais serão as consequências da ruptura entre a CEDEAO e a AES para as populações das duas organizações fortemente integradas? É difícil, neste momento, responder a esta questão. Mas é importante garantir que estas populações não paguem por decisões com consequências graves, poderes em treliças. E é por isso que temos o direito de esperar que, muito rapidamente, espaços de diálogo sejam organizados institucionalmente entre a CEDEAO e a AES, não só para preservar as conquistas da sua longa jornada, mas também para alcançar a felicidade das suas populações que vivem em um ambiente globalizado que não deixa espaço para qualquer forma de autarquia. É este desafio que hoje enfrentam as duas organizações que não devem olhar-se como cães na sub-região onde cada uma delas tem o seu lugar, face às ambições que demonstram e face à imensidão dos desafios de desenvolvimento do espaço comunitário. fonte: " O país "

França: Macron toma uma decisão sobre o seu primeiro-ministro após as eleições legislativas.

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O cenário político francês está em convulsão após as recentes eleições legislativas. A votação revelou uma fragmentação inesperada da Assembleia Nacional, pondo em causa o equilíbrio de poderes e a governação do país. Perante esta situação sem precedentes, o Presidente Emmanuel Macron é forçado a reconsiderar a sua estratégia política e a tomar decisões cruciais relativas à formação do próximo governo. O resultado da votação mostrou uma Assembleia dividida em três blocos principais. A Nova Frente Popular (NFP) emergiu na liderança com 182 assentos, seguida de perto pelo Ensemble, o campo presidencial, que obteve 168 deputados. O Comício Nacional, contrariamente às previsões, só conseguiu conquistar 143 cadeiras, enquanto os republicanos mantiveram presença com 45 deputados. Esta configuração complexa obriga as diferentes forças políticas a iniciar negociações para tentar formar uma coligação governamental viável. fonte: https://lanouvelletribune.info/2024/07

Benim – Níger: uma comissão tripartida para quê?

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Quando a imprensa recebeu a notícia da criação de uma comissão tripartida para tentar resolver a crise que abala o Benim e o seu vizinho Níger, muitas pessoas soltaram um grande suspiro de alívio. Outros estão mais expectantes porque o caminho para chegar ao fim do túnel está repleto de armadilhas. Isto é bem conhecido em África, especialmente em países onde a transparência na gestão dos assuntos de Estado não é o aspecto mais amplamente partilhado. Países para onde enviar um arquivo por tempo indeterminado, é criada uma comissão. Com efeito, comissões conjuntas interestatais, conjuntas, tripartidas, multipartidárias, tão demoradas, dispendiosas quanto ineficazes, para resolver esta ou aquela crise entre este ou aquele país da África Ocidental, podemos multiplicá-las em abundância. Por exemplo, houve a comissão conjunta permanente criada desde 1975 entre o Benim e a Nigéria, responsável por discutir periodicamente os assuntos entre os dois países. A existência desta comissão não impediu o antigo presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, de fechar as fronteiras com o Benim durante mais de um ano. Entre o Benim e o Níger, agora em conflito, já existia uma comissão conjunta para a resolução de crises. Trata-se da Grande Comissão de Cooperação Benino-Nigeriana, cuja última reunião teve lugar nos dias 22 e 23 de novembro de 2021 em Cotonou. Ela não foi capaz de conter os egos exagerados dos chefes de estado do Benin Patrice Talon e do general nigerino Abdourahmane Tiani num impasse inútil e estéril que não só fez com que os dois países perdessem muito dinheiro, mas também agravaram a situação e a miséria. pobreza das suas populações. Além disso, os membros destas comissões compostas pelos chamados funcionários de “alto nível” ou “especialistas” reúnem-se em sessão ordinária uma vez por ano e, por vezes, várias vezes em caso de crise ou emergência. Mas na realidade são reuniões repetidas que se arrastam para sempre onde os participantes por vezes têm a sensação de não saberem o real propósito da sua reunião. Há quem não deixe de apontar o custo exorbitante destas reuniões organizadas à custa do contribuinte. E a conta é, sem dúvida, elevada, dado o que implica em termos de custos trazer tantos homens em termos de alojamento, alimentação e custos de missão. Além disso, longe de atingirem os objectivos traçados, estas reuniões acabam por ser como dinheiro atirado pela janela com anúncios aliciantes sem seguimento. O suficiente para questionar a relevância destas massas. Este é, infelizmente, o mesmo caminho que se arrisca a tomar a comissão que se propõe criar após a mediação dos antigos chefes de Estado beninenses Nicéphore Soglo e Thomas Boni Yayi. fonte: https://lanouvelletribune.info/2024/07

Níger: a saída dos soldados americanos da base de Niamey está completa.

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A saída dos soldados norte-americanos da base de Niamey, no Níger, foi concluída e será seguida, até 15 de setembro, pela das forças baseadas em Agadez (norte), de acordo com as exigências do regime militar no poder, anunciaram domingo à noite os dois países. . “O Ministério da Defesa Nacional da República do Níger e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América anunciam que a retirada das forças e equipamentos americanos da Base Aérea 101 de Niamey está agora concluída”, indicaram, numa imprensa conjunta. liberar. “Graças à cooperação e comunicação eficazes entre as forças armadas nigerianas e americanas, esta operação foi concluída antes do previsto e sem quaisquer complicações”, especificam. Um último voo com soldados da base de Niamey estava programado para decolar às 23h locais (22h GMT). Até o momento, um total de 766 soldados americanos deixaram o Níger, apurou a AFP durante uma cerimônia na base militar de Niamey, na presença do coronel Maman Sani Kiaou, chefe do Estado-Maior do exército do Níger, e do general Kenneth Ekman, do Departamento de Defesa dos EUA. Defesa. As forças americanas no Níger foram estimadas em 950 elementos no total. Seis aeronaves – dois helicópteros Raptor e quatro drones – bem como 1.593 toneladas de equipamento também decolaram do Níger desde maio. “As forças americanas concentrar-se-ão agora na retirada da Base Aérea 201 de Agadez. As autoridades nigerinas e americanas estão empenhadas em garantir uma retirada segura, ordenada e responsável até 15 de setembro de 2024”, detalham os dois países no seu comunicado de imprensa. Os Estados Unidos estiveram empenhados no Níger para lutar contra os jihadistas que atacam regularmente o país em ataques sangrentos. Em Agadez, eles tinham uma grande base de drones. Em Março, as autoridades de Niamey denunciaram o acordo de cooperação militar que as ligava aos Estados Unidos, e o processo começou dois meses depois. Desde o golpe de Estado que derrubou o Presidente Mohamed Bazoum em 26 de julho de 2023, o regime militar nigeriano reviu fundamentalmente a sua política externa, insistindo que a sua soberania fosse uma prioridade. Os soldados franceses envolvidos na luta antijihadista foram expulsos primeiro, a partir do final de 2023. Ao mesmo tempo, Niamey aproximou-se, em particular, da Rússia, que enviou instrutores e equipamento militar em Abril e Maio. Também se aproximaram dos seus vizinhos, Burkina Faso e Mali, também governados por regimes militares com os quais formaram uma confederação. fonte: seneweb.com

Senegal: Crise da mídia: - o chefe dos chefes de imprensa escreve para o Presidente Diomaye Faye.

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Recebendo a Convenção de Jovens Repórteres do Senegal, o Presidente da República convidou os dirigentes da comunicação social a enviarem-lhe correspondência com vista a soluções para tirar o sector da crise em que se encontra mergulhado. Dito e feito. O texto traz a assinatura do presidente do Conselho de Emissoras e Editores de Imprensa do Senegal (CDEPS), Mamadou Ibra Kane. Nós oferecemos a você na íntegra. “Excelência, Senhor Presidente da República, A direcção da imprensa senegalesa gostaria de aproveitar a oportunidade que oferece para lhe oferecer soluções para a crise que os meios de comunicação social enfrentam. Agradecemos os seus comentários sobre este assunto após a audiência que concedeu, sexta-feira, 5 de julho de 2024, à Convenção de Jovens Repórteres do Senegal (CJRS). Neste sentido, os empregadores da imprensa apresentaram, nos dias 1 de maio de 2024 e 6 de junho de 2024, dois pedidos de audiência, para depois remeter à sua Alta Autoridade, a fim de propor soluções para a crise estrutural que atravessamos os meios de comunicação senegaleses. . Após o advento das alternâncias políticas, para as quais muito contribuiu, a imprensa senegalesa vive há mais de uma década uma crise económica estrutural, agravada nos últimos anos pela pandemia de Covid-19 e pela guerra na Ucrânia. As empresas de imprensa, outrora prósperas, encontram-se hoje numa situação de quase falência, ao ponto de já não serem capazes de honrar os seus compromissos para com os seus trabalhadores, instituições sociais e médicas, fornecedores nacionais e estrangeiros. Esta crise económica e social, que continua, corre o risco de pôr em causa o imperativo de uma imprensa republicana, livre e independente, economicamente viável. Esta precariedade económica e social do sector da comunicação social é uma ameaça à democracia, à liberdade de imprensa, a qualquer política de soberania, ao desenvolvimento económico e social, à estabilidade política, à voz do Senegal em África e no mundo. Por que a imprensa é um setor sensível É deste ponto de vista que a imprensa é estratégica e estressante para o Senegal, da mesma forma que para todos os outros sectores em que o nosso país não pode exercer uma política de soberania. A agricultura é um setor estratégico e sensível, porque o nosso país importa tudo o que consome. A educação é um sector estratégico e sensível, porque temos uma população que é mais de 50% analfabeta e, além disso, jovem, que não pode desempenhar validamente o seu papel no nosso desenvolvimento económico, social e cultural. Outras áreas se estabelecem como setores estratégicos e sensíveis em relação ao nosso nível de desenvolvimento e aos nossos objetivos de soberania. Todos estes sectores estratégicos e sensíveis beneficiam de uma política específica do Estado, em termos de fiscalidade, financiamento e outros. É por esta razão que, no Senegal, o financiamento é melhorado para o sector agrícola e pecuário e para a habitação social. São concedidas isenções de impostos e outros benefícios, inclusive a empresas estrangeiras dos setores agrícola e industrial, que operam nestes setores estratégicos e sensíveis. Até o turismo, pelos empregos criados e pela sua contribuição em moeda estrangeira, tem uma tributação específica. Estes sectores estratégicos e sensíveis merecem o apoio do Estado para, em última instância, garantir a soberania nacional nestas áreas. Contribuição da imprensa para o Senegal Quantos trilhões podemos estimar o papel da imprensa? A imprensa senegalesa é um bem intangível inestimável, que permitiu mudanças políticas, que nos salva das guerras civis, que garante a estabilidade política e social, promove a convivência, a preservação dos desastres sanitários... A imprensa tem uma missão de serviço público. Como tal, é a imprensa que informa o cidadão, populariza as políticas públicas, estimula a consciência cidadã, promove a transparência na gestão pública, garante a pluralidade política, participa no combate às pandemias, divulga conhecimentos técnicos e científicos, fortalece o sentimento nacional… Muitos países vizinhos, economicamente mais poderosos, têm uma imprensa equivocada, ao serviço de partidos, grupos étnicos e lobbies. O declínio da imprensa senegalesa poderá criar a instabilidade política e social que vivem os nossos vizinhos, numa situação latente de guerra civil permanente. Excelência, Senhor Presidente da República, a política de soberania que defende tem como condição primeira a consolidação ou o ressurgimento de uma imprensa republicana, livre e independente, economicamente viável. É uma questão de soberania nacional e internacional. Como parte do seu desejo de mudança sistémica, a nossa imprensa pode moldar o homo senegalensis e vender o sonho senegalês. Esperamos que esta vontade política crie as condições para esta imprensa livre e independente. Por favor, Senhor Presidente da República, receba a expressão da nossa consideração republicana.” Mamadou Ibra KANE, presidente da Conselho de Emissoras e Editores de Imprensa do Senegal (CDEPS). Dacar, 7 de julho de 2024. fonte: seneweb.com

Senegal: Louga - Sonko ao regressar da sua visita a Saint-Louis,, entra no ônibus que capotou e…

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Ao regressar da sua visita a Saint-Louis, sábado, 6 de julho, o primeiro-ministro, Ousmane Sonko, deparou-se com um acidente de viação em Kelle Guèye. Um autocarro proveniente de Louga derrapou antes de capotar, informa Les Échos, que descreve a cena na sua edição desta segunda-feira, 8 de julho. “Ousmane Sonko saiu do seu veículo para receber algumas notícias”, noticia o jornal. Ele entrou no ônibus para ver os danos por si mesmo antes de falar com o motorista.” O acidente deixou dez feridos, dois dos quais em estado grave. “Os feridos foram transportados pelos bombeiros para o hospital Sakhir Diéguène, em Louga”, indica Les Échos. fonte: seneweb.com

SENEGAL: RDC: “3.000 a 4.000 soldados ruandeses” estão a lutar ao lado dos rebeldes M23 (especialistas da ONU).

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Especialistas da ONU afirmam num novo relatório consultado segunda-feira pela AFP que “3.000 a 4.000 soldados ruandeses” estão a lutar ao lado dos rebeldes M23 (Movimento 23 de Março) contra o exército congolês no leste da República Democrática do Congo. Estes investigadores, mandatados pelo Conselho de Segurança da ONU, acreditam que o exército ruandês "de facto" assumiu "o controlo e a direção das operações do M23" e que a sua intervenção militar "foi decisiva para a espetacular expansão territorial levada a cabo entre janeiro e março de 2024". Desde o final de 2021, o M23 e as tropas do exército ruandês avançaram na província de Kivu do Norte, onde derrotaram o exército congolês e os seus aliados e instalaram uma administração paralela nas áreas sob o seu controlo. Até ao final de 2023, as autoridades ruandesas negaram publicamente ter destacado o seu exército ao lado dos rebeldes M23, algo que Kigali não contestava desde o início do ano. O presidente ruandês, Paul Kagame, declarou em 20 de junho no canal de televisão France 24 que estava "pronto para lutar" contra a RDC, se necessário, evitando ao mesmo tempo a questão da atual presença do exército ruandês na RDC. Há vários meses que os Estados Unidos, a França, a Bélgica e a União Europeia pedem ao Ruanda que retire os seus soldados e os seus mísseis terra-ar do solo congolês e que cesse o seu apoio ao M23 - pedidos que até agora permaneceram sem efeito. Especialistas detalham as “incursões sistemáticas” de soldados ruandeses em solo congolês, mil dos quais se acredita terem chegado à RDC apenas durante o mês de Janeiro de 2024. Eles estimam que no momento da redação do seu relatório (Abril de 2024), as tropas ruandesas “igualavam ou mesmo superavam os combatentes M23”. Este novo relatório apresenta numerosas fotografias aéreas tiradas em áreas sob o controlo do M23 e do exército ruandês. Eles mostram colunas de homens armados e uniformizados - alguns portando ou operando peças de artilharia -, veículos blindados com radar e mísseis antiaéreos, picapes e caminhões de transporte de tropas. fonte: seneweb.com

ANGOLA: VIVER SEM COMER, MORRER SEM IR AO HOSPITAL.

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Alguns pacientes e familiares relataram à Lusa situações dramáticas no acesso aos “serviços” de saúde pública em Angola e afirmaram que negligência, mau atendimento, falta de medicamentos e de recursos humanos são responsáveis pelo “acelerar” das mortes hospitalares. Nada que o general João Lourenço não conheça bem, desde logo porque quando tem – por exemplo – uma bitacaia, recorre aos serviços de saúde de… Portugal, Espanha ou Dubai. Muitos pacientes que acorrem aos hospitais públicos angolanos morrem, não pela doença, mas por falta de cuidados e da devida atenção dos técnicos de saúde, afirmaram alguns familiares de doentes, que pernoitam à entrada dos hospitais de Luanda. A falta de medicamentos e meios médicos (luvas, algodão, fraldas, seringas e outros), de laboratórios para exames especializados e até de refeições para os pacientes obrigam dezenas de familiares a acamparem junto dos hospitais para garantirem “socorro e solidariedade” aos seus. Maria Lopes, 41 anos, contou à Lusa que já perdeu mais de uma dezena de familiares directos nos últimos 16 anos em hospitais públicos do país, não devido a doenças, “mas por conta do mau atendimento dos técnicos de saúde”. “Hoje não temos essa segurança [nos hospitais], eu pelo menos não tenho”, disse a gestora que chegou ao Hospital do Prenda às primeiras horas do dia para visitar um irmão ali internado e até perto das 10:30 não tinha qualquer informação sobre o seu estado de saúde. Sentada sobre cartões espalhados na calçada principal que dá acesso à unidade hospital, ladeada de dezenas de mulheres que ali passam a noite, expostas ao frio e outros riscos, Maria disse que a “falta de amor”, de comunicação e dedicação dos profissionais da saúde obriga os familiares a ficarem à porta dos hospitais durante largos dias. “É mais fácil estar aqui, mais perto do meu irmão, dá-me tempo, por exemplo, se precisarem de alguma coisa, porque normalmente nos hospitais é assim, porque às vezes não tem dipirona [medicamento], às vezes não tem luvas e outras coisas”, disse, enquanto ao lado outras pessoas acenavam a cabeça em jeito de concordância. Porque “nem sempre eles (médicos e/ou enfermeiros) dizem (que há carência de material), mas às vezes eles deixam de atender porque não querem pedir e a pessoa acaba morrendo. Para isso não acontecer nós ficamos aqui de prevenção, só por isso”, enfatizou. Após contar o drama do sobrinho que morreu no ano passado numa unidade hospitalar pública em Viana, por não ter sido medicado durante três dias, e de outros que morreram em circunstâncias similares, Maria deplorou o acesso à saúde em Angola. “É das piores, porque cada dia quando olho para as unidades hospitalares, hoje temos das melhores a serem inauguradas, com equipamentos de ponta, mas o que nos falta são recursos humanos (…). Vimos perdendo muitas vidas porque não há amor, não há amor à profissão e às pessoas”, lamentou. Maria Inácio, de 52 anos, também se queixa, ela que tem a tia internada no Hospital do Prenda, há quase uma semana, período em que tem pernoitado nas imediações para atender a qualquer chamada dos familiares. Contou que por vezes permitem que aceda à sala de internamento, momentos que usa para trocar fraldas da paciente, para lhe dar de comer e mesmo para comprar alguns dos medicamentos receitados. “Temos que ficar mesmo aqui, mesmo no frio, estamos a dormir aqui desde domingo passado”, frisou. Também agastado com o atendimento no Hospital do Prenda está Mahula Armindo, 39 anos, que, em finais de Abril passado, partiu o braço direito. Em busca de assistência dirigiu-se a este hospital às 22:00, mas apenas foi atendido às 02:00, sem que lhe fosse administrado qualquer analgésico para atenuar as intensas dores que sentia. Mahula, funcionário de uma empresa de comunicação, aguarda há dois meses por uma nova consulta e continua com o braço engessado, lamentando a falta de informações que contribui para o agravar do estado de saúde de muitos pacientes. “Vai ainda a questão da demora, só para marcar a primeira consulta eu já fiquei lá durante quatro horas à espera e no dia a consulta podes chegar lá as 07:00 e apenas saíres do hospital as 17:00 (…). Acho que temos hospitais bons, mas o pessoal é que não é bom”, atirou o paciente, que, como recurso, começou o tratamento numa clínica privada, onde diz ser atendido com humanidade. À entrada principal da sede do Ministério da Saúde, na Avenida Amílcar Cabral, centro de Luanda, dezenas de cidadãos transformaram os passeios em dormitórios, o espaço que encontraram para se acomodar enquanto esperam por notícias dos seus familiares, internados no Hospital Josina Machel. Esta unidade hospitalar, uma das maiores e mais antigas do país, recebe doentes de várias províncias, cujos familiares também relatam dificuldades para aceder à unidade hospitalar. “Isso surge porque as pessoas lá dentro [do hospital] não têm uma melhor atenção para com os pacientes, porque pelo menos um doente estaria lá acompanhado de um familiar, mas isso não acontece e temos que estar fora e isso é mau”, disse à Lusa Sara Mariano. A reformada, de 64 anos, sentada num dos passeios do conhecido prédio inacabado da Maianga, apontou para a necessidade de se melhorar o acesso à assistência médica e medicamentosa dos cidadãos angolanos. “Falta muita coisa para melhorar, porque, por exemplo, a pessoa vai fazer a consulta e não tem medicamentos, tem de procurar fora do hospital e, nesse caso, muitos, estamos sem condições para comprar medicamentos, é complicado”, desabafou. Até perto do meio-dia, mais de uma dezena de pessoas, entre homens e mulheres, preocupadas com a saúde dos seus entes, ainda repousavam em sono profundo por cima de papelões. Luzia António Manuel, 32 anos, teve de acorrer à Maternidade Augusto Ngangula, distrito urbano da Ingombota, para acudir à irmã mais nova, grávida, que precisava fazer uma ecografia extra-hospitalar. “Ficámos aqui porque os técnicos chamaram para fazer uma ecografia (…) e, então, tivemos de ir aqui no Bairro Operário, num consultório privado para poder fazer a ecografia”, explicou, referindo que tal movimentação pode colocar em perigo a vida da gestante e do respectivo bebé. A Lusa tentou ainda contactar um funcionário, que se escusou a falar por falta de autorização, e a equipa médica em serviço no Ngangula, mas os efectivos da segurança não permitiram o acesso à maternidade. No dia 23 de Setembro de 2023, sob o título “Parabéns João Lourenço, parabéns Sílvia Lutucuta”, o Folha 8 publicou o texto que transcrevemos na íntegra: «Sem dinheiro para pagar hotéis ou transportes, dezenas de pessoas (seres menores, escravos, segundo o governo do MPLA que está no Poder há 48 anos) optam por pernoitar em improvisadas “camas” de cartão junto dos hospitais de Luanda, para estarem próximas dos seus familiares e prestar assistência, enquanto aguardam pela hora da visita. Pelas 06:00 da manhã, na maternidade Lucrécia Paim, a maior de Luanda, a fila das visitas vai engrossando, enquanto nas ruas adjacentes, mães, avós e tias esperam por notícias de grávidas e parturientes. Como Luzia Manuel, que está acompanhada de mais duas familiares e aguarda que a filha tenha alta para conhecer também a sua nova neta. “Viemos ontem e já fomos atendidos graças a Deus, a menina já teve (bebé), corre tudo na graça do Senhor”, disse à Lusa. Moradora em Catete, a cerca de uma hora e meia de distância, assume que as dificuldades financeiras não lhe deixam outra alternativa que não a de improvisar um sítio para dormir em frente à maternidade enquanto espera a filha e a neta, para minimizar o custo dos transportes. “Dormimos nas lonas [cartões]”, disse, adiantando que cada um custou 250 kwanzas (cerca de 30 cêntimos). Consigo trouxe apenas uma mochila com alguma roupa e água, lamentando não ter “valores” para comprar alimentos. “Não temos o que comer, não temos nada, até o bebé não tem roupa para vestir porque não contávamos que ela ia ter bebé porque eram só sete meses”, contou à Lusa, explicando que a filha teve de ser transferida de ambulância a partir de um outro hospital e espera que a restante família a venha apoiar. Paula Evaristo encontra-se naquele local desde segunda-feira, vinda do “30”, bairro a uma hora de distância de Luanda, esperando pela filha que está internada depois de um parto de gémeos que sofreu complicações. “Estamos aqui mesmo na rua a dormir, não sabemos em que dia vai sair”, afirmou, queixando-se que foi “enxotada” da porta do hospital pela polícia e acabou por pagar 200 kwanzas ao dono de um quintal para ali poder estender o seu cartão e passar a noite. Paula queixa-se do frio de quem dorme ao relento e da falta de dinheiro para comprar comida, dizendo que só lhe resta “mesmo é amarrar o pano na barriga”. A espera das famílias gera também oportunidades de negócio. Há quem cobre por disponibilizar o seu quintal e quem aproveite para vender sandes, bolachas, águas, fraldas e toalhitas para os bebés, tendo clientela quase garantida. É o caso de Lídia Chova, que só lamenta não ter mais clientes, por que a polícia “lhes dá corrida”. “Por exemplo, ontem à noite não consegui fazer nada, só fizemos 1500 (kwanzas, ou seja, 1,7 euros). Como vou pagar a renda e a escola das crianças?”, desabafa. O cenário é semelhante nas proximidades do Hospital Américo Boavida (HAB), onde esta semana um jovem de 25 anos, que se encontrava na parte exterior, morreu após lhe ter sido alegadamente negada assistência pela equipa médica de serviço. Também ali há cartões ou “luandos” (esteiras) estendidos para a pernoita, vendedores ambulantes e familiares que circulam enquanto aguardam informações sobre pacientes. José Armando veio acompanhar o sobrinho de 12 anos, que sofreu um acidente há dois dias, quando brincava junto a um muro, e sublinhou que este “foi bem atendido”. “Subiu no bloco (operatório) e já tivemos a informação que foi operado”, destacou, dizendo que ficou por ali para acompanhar a família e estar junto ao doente “porque pode acontecer alguma coisa de noite”. Diz que é a segunda vez que um parente seu é assistido no HAB, e que gostou do atendimento, “apesar de ter havido alguma morosidade”. Já “Avô” André Mavinge, que tem uma sobrinha internada há um mês e meio, mostra-se descontente com a demora no tratamento e queixa-se que “para tratar o paciente é preciso encher a mão” (dar dinheiro). Aponta também as limitações impostas às visitas e adiantou que para ver a sobrinha fora do horário estipulado (das 15:00 às 16:00) tem de dar 100 kwanzas (11 cêntimos) para entrar. “Se não paga 100 kwanzas não vai entrar”, critica, elogiando, no entanto, o trabalho dos médicos “que estão a atender bem”, apesar de não terem mãos a medir. “Nós também estamos doentes, nós, que viemos tomar conta da paciente. Há frio em cima de nós, há sol em cima de nós, não temos direito a entrar onde há sombra. Nós todos temos doenças, Angola não tem pessoas que estão boas”, afirma. A direcção do HAB anunciou a suspensão da equipa médica, na sequência da morte do jovem esta semana, e participou a ocorrência, por suposta negligência da equipa médica em serviço, junto do Serviço de Investigação Criminal. Imagens que circulam nas redes sociais mostram o cadáver de um jovem no chão na parte exterior do HAB, localizado no Distrito Urbano do Rangel. Entretanto, a família do jovem exige uma indemnização para os órfãos e viúva, responsabilizando a instituição por “negligência” e as autoridades angolanas pela alegada agressão que o terá vitimado. João Fernando Soma, 25 anos, morreu na terça-feira, à porta do HAB, onde lhe foi alegadamente negada assistência médica, e foi hoje sepultado no Cemitério do 14, perante a comoção da família, que pede justiça e lamenta a forma como foram “expulsos” da unidade hospitalar. “Paizinho”, como também era conhecido no bairro da Boavista, Distrito Urbano do Sambizanga, em Luanda, deixou dois órfãos e viúva grávida, levando os familiares a pedir uma indemnização, uma residência, emprego e assistência para as crianças. Na casa precária onde se realizou velório, localizada num bairro construído nas conhecidas “barrocas da Boavista”, Madalena Domingas, mãe da vítima, lamentou o infortúnio do filho, atribuindo a morte às agressões de que terá sido alvo por parte de um agente do Serviço de Investigação Criminal (SIC) e à postura do médico que lhe terá negado assistência do HAB. Madalena Domingas, 55 anos, debilitada e com voz dolente, afirmou que o filho terá sido agredido por um agente do SIC e por elementos da “Turma do Apito” (uma milícia privada de jovens afecta ao MPLA e que faz ronda naquele bairro), no Mercado de Paulo, onde fazia biscates transportando cargas num carrinho de mão. João Fernando Soma terá embatido numa viatura, na passada semana, enquanto transportava mercadorias, facto que gerou um desentendimento com o motorista, que lhe exigia o pagamento de 3.000 kwanzas (três euros) para o arranjo, que o jovem não possuía. Segundo Madalena Domingos, a falta de dinheiro do filho constituiu razão para que este fosse agredido, inicialmente pelo agente do SIC, que trabalha no Mercado de São Paulo, e depois por elementos da “Turma do Apito”. As agressões de que foi alvo agravaram o seu estado de saúde à medida que os dias foram passado, o que levou a mãe a carregar o filho às costas até ao HAB, no Distrito Urbano do Rangel, em busca de assistência. Madalena contou que, chegados ao banco de urgência da unidade hospitalar, o médico de serviço informou que não estavam a receber feridos e que deveriam dirigir-se ao Hospital Josina Machel. “Eu disse que pelo menos fizesse os primeiros socorros e depois efectuasse a transferência, mas o senhor me deu as costas e entrou na sala”, lamentou Madalena, acrescentando que saiu do banco de urgência até ao portão com auxílio de um maqueiro. “Mas na paragem (zona adjacente ao HAB) ele foi posto ao chão e (foi) aí onde, naquela demora toda de procurar táxi, o miúdo acabou por morrer no passeio”, explicou. Após a morte do filho, revelou, uma equipa médica do HAB acorreu até ao local, mas ela impediu nessa altura qualquer aproximação à vítima: “Disse para não mexerem no meu filho”. Com seis meses de gestação e mais dois filhos a cargo, a viúva Linda Mateus, 21 anos, está desempregada e pede ajuda para sustentar os filhos, exigindo que os responsáveis pela morte do marido sejam levados à justiça. Indemnização à família, com registo aos órfãos, uma residência e emprego para a viúva, foram também solicitados pelo tio da vítima, Domingos Castro, que lamentou o “mau atendimento nos hospitais públicos”. Vários sectores políticos e da sociedade civil angolana repudiaram o alegado caso de “negligência médica”, a que se juntam outros relatados por utentes de hospitais públicos, pedindo responsabilização aos culpados.» Folha 8 com Lusa

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