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sábado, 10 de dezembro de 2011

Ngonda apanhado em falso.

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...

A assinatura da carta, reconhece a própria FNLA, é de Lucas Ngonda. Fala-se aqui de uma carta que o presidente da FNLA teria enviado ao secretáriogeral do MPLA, Dino Matross, onde Ngonda dá a entender (se a carta for verdadeira) que está a trabalhar para o partido no poder.
“Excelência secretário geral, como podeis acompanhar, tudo fizemos para que as filhas do malogrado líder histórico se fizessem presentes na reunião do comité central o que ocorreu, faltando desta forma vossa excelência cumprir com a outra parte, para que tenhamos estas militantes nos próximos eventos, dando desta forma um equilíbrio na luta pelos objectivos que prosseguimos, pois elas representam o maior trunfo alcançado desde o início do nosso combate político”. Esta passagem, em que, aparentemente, o presidente da FNLA vem apresentar uma factura de cobrança ao MPLA, por ter levado as filhas de Holden Roberto a fazerem-se presentes numa reunião do comité central, acaba por revelar que Ngonda está na presidência do partido a cumprir uma agenda ditada pelo MPLA. E com recompensa de alguma espécie. Mas também se pode entender que as próprias filhas de Holden Roberto poderão ter-se aliado a Ngonda em troca de uma “remuneração” que determinaria a sua presença em eventos seguintes.
Fosse a carta verdadeira (o que é negado tanto por Ngonda como pelo MPLA) e ficaria provado que Lucas Ngonda é um homem vendido. Ngola Kabangu, seu rival na FNLA, que dirige uma bancada parlamentar que não se revê na liderança reconhecida pelo Tribunal Constitucional, ganharia um novo alento, recuperaria a lealdade de praticamente toda a massa militante que se sentiria traída e teria legitimidade para propor, até entre as hostes de Ngonda, uma reunião que levaria à destituição do presidente. É que Kabango não foi expulso do partido, podendo assim aproveitar-se do descrédito em que cairia o seu adversário interno para fazer estragos internamente.
Nada de mal, pode dizer Ngonda Um acordo entre dois partidos políticos não teria mal algum. Ngonda pode até reclamar legitimidade nos seus actos. Tem toda a liberdade de negociar com quem bem entender, desde que o partido aprove. Lucas Ngonda e a sua FNLA tanto podem coligar-se com partidos na oposição como se podem coligar com o partido no poder. O problema não está aí, o problema está no facto de, se tal acordo fosse verdadeiro, ter o manto do segredo, guardado até dos seus seguidores. Não é a primeira vez que Ngonda é acusado de estar a trabalhar para o MPLA, mas desta vez a acusação veio sob a forma de uma carta com a sua assinatura. Dizem também os “catalisadores” que existe um acordo firmado no Hotel Trópico, no dia 22 de Setembro, e que tal acordo cabe num documento com 25 páginas.
Falso, falso e falso!
Rui Falcão Pinto de Andrade, portavoz do MPLA, garantiu a O PAÍS que a carta é falsa e que poderia até ter consequências jurídicas para os seus autores. “Não existe nenhuma senhora com o nome de Paula Rosa de Carvalho no gabinete do secretário geral do MPLA”, disse Pinto de Andrade. Acrescentou também que como membro do Bureau Político saberia se houvesse algum acordo com outro partido. Garantiu ainda, num segundo contacto, ter falado com Jú Martins, com Dino Matross e com Artur da Silva Júlio e que nenhum deles confirmava ter assinado algum acordo com Lucas NGonda no Hotel Trópico, como garantem os catalisadores da FNLA.
Do lado de Lucas Ngonda, também Miguel Pinto, o seu porta-voz, diz que a carta é falsa. Miguel Pinto, apesar de reconhecer a veracidade da assinatura do seu presidente, diz que tudo não passa de uma montagem e que a resposta será pesada, com tribunais pelo meio e tudo.
Terá Ngonda caído como um pato?
Num exercício de mera especulação poder-se-á admitir que a carta é verdadeira. Aí, a primeira questão a ser levantada seria como teria ela ido parar às mãos de homens ligados à FNLA? Com que propósito? E porque para homens suspensos ou expulsos e que não se revêem nem na direcção do partido, nem na do grupo parlamentar? Porque teria a carta vindo a público depois da reunião do comité central e poucos dias depois da publicação de uma entrevista de Ngonda a O PAÍS em que o líder partidário não foi capaz de assumir diferenças ao MPLA nem de se afirmar na oposição ao governo? Uma leitura neste prisma poderia chegar a conclusões muito fáceis: tratar-se-ia de uma jogada de mestre do MPLA. Depois de quase extinto o PDPANA, a FNLA era ainda o partido capaz de dar luta na batalha pelos votos nas províncias do Norte de Angola. Tendo o Tribunal Constitucional resolvido a querela interna da FNLA favorecendo a posição de Ngonda, Kabangu ficou completamente fora de combate, está proibido de agir legalmente como presidente do partido. Atrair Ngonda com a proposta de uma coligação seria o melhor caminho.
Dados os passos mais importantes, tendo comprometido o líder dos irmãos, o passo seguinte seria mostrarlhe que não tem mais serventia. E a melhor forma é a de lhe tirar qualquer espaço para reclamações ou tentativas de mais negociações. Fazer sair a carta e desacreditar Ngonda seria assim uma jogada definitiva. Com o tempo que resta para as eleições de 2012. A FNLA não tem mais espaço para se reerguer e Ngonda está politicamente arrumado.
A política tem destas jogadas, Ngonda, se a carta fosse verdadeira como o é a sua assinatura nela aposta, teria sido apanhado no mais infantil retrato de ingenuidade política. Seja como for, num caso destes negar não basta, ou seja, não limpa tudo, a suspeita mantém-se.
No fim, a conclusão é simples: quer se trate de uma cabala, quer se trate de uma magnífica jogada do MPLA, a FNLA está a pagar pelo erro de ter tornado a convivência interna num inferno. A extinção, pelo andar das coisas, é o caminho mais certo, porque os eleitores não quererão desperdiçar o seu voto num partido onde ninguém se entende e que continua totalmente virado para o seu interior, alheado dos problemas da sociedade.
Ngonda in O PAÍS na edição 160
  Quais são os principais pontos em que não se encontra com o MPLA, em que é que acha que o MPLA está bem e o que é que acha que está mal?
O MPLA tem o seu programe e a FNLA também tem o seu programa. Ontem, do ponto de vistas ideológico, eles eram comunistas, nós nunca fomos, somos liberais e democratas. Hoje nos encontramos todos na democracia… para dizer que, finalmente, a FNLA, do ponto de vista histórico, ideologicamente, nós vencemos. Porque pregamos que a democracia era o melhor sistema de governação dos países. Hoje, o MPLA alinhou-se também no domínio da democracia, nós não mudamos ainda de ideais… agora, se o MPLA mudou nós não sabemos…

Isso quer dizer que agora pensam da mesma forma?
Não. Não podemos pensar da mesma forma, ou não haveria MPLA e FNLA, haveria ou o MPLA ou a FNLA.

E quais são, para si, os principais erros da governação do MPLA?
Eu não falaria de erros, um homem políticos não diz que isto é erro, aquilo é erro. Podemos fazer é uma apreciação daquilo que o MPLA está a fazer como governante do país. É o que podemos fazer, mas não podemos dizer que aquilo aí é erro, um homem político não se exprime assim. Podemos fazer uma apreciação, do nosso ponto de vista, o que está bem, o que está mal… os projectos que o governo está a implementar, quais são as consequências… isto cabe na nossa reflexão.
 
José Kaliengue
 
 fonte: opais.net

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Samuel

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