Encontrámos o jovem, que prefere ser identificado apenas como Fidel, numa clínica privada, onde tem sido acompanhado por especialistas, que tentam ajudá-lo a recuperar do problema da disfunção eréctil, amplamente conhecida como impotência sexual. Ele aceitou partilhar a sua história connosco, começando por explicar que iniciou a sua vida sexual activa aos 14 anos e que as suas parceiras sempre o elogiaram por ter um desempenho sexual “excelente”.
Tal como muitos amigos da época, Fidel começou a frequentar maratonas e discotecas onde, como lembra, consumia muitas bebidas alcoólicas. “No bairro, muitas vezes, fazíamos concursos, para ver quem bebia mais. Ganhava quase sempre, quando estava bem, chegava a beber uma grade de cerveja”, lembrou. Aliado a este hábito, o jovem revelou-nos que mantinha relações sexuais com várias parceiras. “Não via qualquer problema, porque sentia-me bem e muitos dos meus amigos faziam o mesmo”, explicou.
Aos 28 anos Fidel conheceu uma jovem que diz ter mudado a sua vida e com quem decidiu viver. “No início estava tudo bem, conseguia satisfazer a minha mulher sem problemas. Ela até me elogiava e nunca pensei que algum dia teria problemas neste campo”, acrescentou.
Entretanto, dois anos depois o rumo da história mudou drasticamente.
“Tudo começou quando comecei a ter dificuldades para manter relações sexuais. Era tudo muito rápido e ejaculava logo, na altura, pensei que fosse apenas algo passageiro, mas a situação foi piorando e a minha mulher começou a reclamar. Mais tarde deixei de conseguir ter erecções. Estava impotente e sentia-me inútil como homem”, relatou-nos.
Com vergonha de que outras pessoas se apercebessem do problema que tinha, Fidel optou por não contar a ninguém nem procurar um médico. “Convenci-me que era uma situação passageira, porque sempre me considerei muito bom como homem”, lembrou o jovem.
Contudo, a situação só piorou, até ao ponto em que, como explicou, apesar de ter erecções ao acordar, não consegue manter relações sexuais com a mulher. “Estou desesperado, sou muito jovem e tenho receio de nunca mais voltar a ser normal. É muito triste e humilhante”, realçou.
Com o agravar da situação vieram também os problemas no lar. A mulher passou a reclamar da virilidade de Fidel e exigia que ele cumprisse com o seu papel enquanto homem.
“Eu ficava muito nervoso com o que ela dizia e, quando ela não estava comigo, imaginava sempre que estava com outro homem, porque eu não conseguia dar-lhe prazer”.
A relação foi-se deteriorando e o casamento não sobreviveu.
Após a separação, Fidel diz que ficou deprimido e decidiu partilhar o seu problema com um amigo, que o levou à clínica, onde está a fazer o tratamento. “Receitaram-me uma Cada vez mais jovens são afectados pela impotência sexual.
medicação, que estou a cumprir, e tenho consultas regulares”, explicou, acrescentando, entretanto, que, apesar de não estar curado, tem confiança de voltar a ter uma vida sexual saudável.
O drama da impotência sexual é difícil de enfrentar tanto para o homem que vive nesta situação, como para a sua parceira. Uma senhora de 46 anos (que preferiu não ser identificada para proteger a imagem da sua família) enfrenta esta situação e, antes de tudo, alerta que “é preciso ter muita paciência”.
Ela contou-nos que o seu esposo, de 58 anos, tem disfunção eréctil há cinco, o que mudou drasticamente a vida do casal.
“No início ele dizia que a culpa era minha porque eu já não o excitava e até chegou a arranjar uma outra mulher muito mais nova que eu. O problema não passou e só depois de uns anos é que ele decidiu procurar um médico. Está a fazer tratamento mas ainda não está bom”, explicounos a senhora, que, entretanto, diz que a convivência entre o casal é cada vez mais difícil porque o marido está sempre nervoso e até violento.
“Estamos a ser aconselhados por um psicólogo porque para mim é muito sofrimento, para além da situação dele, também sinto que ainda sou jovem e gostaria de ter um marido saudável”, acrescentou.
‘É preciso paciência e compreensão’
Habituado a atender casais que enfrentam o problema da impotência sexual, o psicólogo clínico Félix Mizé alerta que nos casos em que o parceiro tem a doença é preciso que haja “muita paciência e compreensão” entre o casal.
“Em muitos casos, a mulher tende a cobrar muito do homem, para que a satisfaça sexualmente, por outro lado, o homem acaba por ser muito ciumento e violento, o que chamamos de mecanismos de defesa. Este tipo de comportamento só agrava o problema”, acrescentou o especialista.
O psicólogo, que atende mensalmente uma média de 30 casos de homens com impotência sexual, revelou que, em muitos casos, quem procura ajuda primeiro é a mulher. “Também temos registado um aumento dos casos de jovens com este problema”, disse.
O nosso interlocutor lamenta que muitos dos homens que enfrentam este problema tenham vergonha de procurar um especialista, mas faz questão de realçar que a cura passa por um tratamento multidisciplinar, com o suporte de médicos e psicólogos.
No que toca ao seu trabalho, Félix Mizé explicou-nos que passa por submeter a pessoa com disfunção eréctil a uma terapia, que, mais tarde, pode envolver também a sua parceira. “Nos casos em que o problema tem origem psicológica, um dos passos mais importantes é descobrir a causa do problema, para que o indivíduo possa ultrapassar o trauma que o levou à situação de bloqueio”, explicou.
Para os casos em que após tratamento médico e psicológico não haja solução, o especialista chama a atenção para o facto de ser necessário que o indivíduo aprenda a viver com o problema e aprenda “buscar prazer sem penetração”.
fonte: OPAIS
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Samuel