Em entrevista à DW África, Vicente Pinto de Andrade, candidato a deputado pelo MPLA, admite que eleições em Angola "estão a ser mais disputadas". Aumentam dúvidas sobre se o partido no poder conseguirá maioria absoluta.
fonte: DW ÁFRICA
MPLA parte como favorito na corrida, mas dúvidas sobre maioria absoluta aumentam
A nove dias das eleições gerais de 23 de agosto em Angola, muitos analistas e até dirigentes do partido no poder manifestam dúvidas quanto a uma eventual vitória do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) que lhe permita governar sem o apoio parlamentar de um dos partidos da oposição.
A estas dúvidas junta-se uma recente sondagem que, segundo o portal Maka Angola, foi encomendada pela Presidência angolana a uma empresa brasileira e na qual o MPLA surge com 38% dos votos, face a 32% da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).
Entre as vozes que se manifestam abertamente as suas reticências quanto a uma vitória folgada do MPLA, partido que está no poder desde 1975, está o economista Vicente Pinto de Andrade.
"É óbvio que o combate político é mais difícil, porque nos últimos anos houve uma degradação da situação económica do país", admite o candidato a deputado pela lista do MPLA, que tem João Lourenço como cabeça-de-lista. "Há pessoas que perderam o emprego, empresas que fecharam e isso representa sempre um prejuízo para o partido que estiver a governar", lembra ainda.
Vicente Pinto de Andrade também reconchee que "estas eleições estão a ser mais disputadas e serão cada vez mais disputadas no futuro". Em qualquer parte do mundo, sublinha o economista, "é sempre bom que as eleições sejam competitivas" .
"O poder corrompe"
Por essa razão, o histórico militante do MPLA entende que, se vencer as eleições, o seu partido terá muito trabalho pela frente. Entre os desafios apontados por Vicente Pinto de Andrade está o combate à corrupção, a reestruturação da economia através da produção industrial e agrícola e menos intervenção do Estado no setor privado.
"Enquanto houver apoderamento do Estado em todos os setores, vamos ter sempre situações ligadas à corrupção", sublinha o candidato, lembrando ainda que "o poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente".
Se o poder estiver concentrado num grupo de pessoas, e não houver a participação de todos os cidadãos, explica Vicente Pinto de Andrade, "naturalmente a corrupção será muito difícil de ser combatida".
Debate com todos os candidatos
Antes da ida às urnas a 23 de agosto, Vicente Pinto de Andrade considera que deve haver um debate entre os seis cabeças-de-listas que concorrem à Presidência da República: João Lourenço (MPLA), Isaías Samakuva (UNITA), Abel Chivukuvuku (CASA-CE), Lucas Ngonda (FNLA), Benedito Daniel (PRS) e Quintino Moreira (APN).
"É um facto normal em todos países democráticos, já com uma certa tradição. Penso que seria bom que, antes de encerrar a campanha, se pudesse fazer um debate entre os candidatos", defende o economista.
A campanha eleitoral levada a cabo pelos partidos MPLA, UNITA, PRS, FNLA , APN e CASA-CE termina no próximo dia 21.
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Samuel