Em entrevista exclusiva à DW, a poucos dias das eleições de 24 de setembro, a chanceler alemã declara que a Alemanha pode ser mediadora na crise norte-coreana. Merkel falou ainda sobre refugiados e a política no país.
fonte: DW ÁFRICA
Angela Merkel, do partido da União Democrata Cristã (CDU), é a chanceler da Alemanha há doze anos. Assumiu pela primeira vez em novembro de 2005, quando se tornou a primeira mulher e a primeira alemã da antiga parte oriental do país a ocupar o cargo. E Merkel quer o quarto mandato, o que a deixaria no poder por mais quatro anos.
Na entrevista com a DW, ao reagir ao discurso do Presidente americano Donald Trump nas Nações Unidas, feito na última terça-feira (19.09), quando ameaçou a Coreia do Norte com "total destruição", Merkel afirmou ser contra ameaças desse tipo. "Ao falar por mim e pelo Governo, devo dizer que consideramos qualquer tipo de solução militar como totalmente inapropriada e contamos com esforços diplomáticos", disse a chanceler. A candidata pelo CDU afirma que sanções e a aplicação delas são a resposta correta e deixou claro que discorda do Presidente norte-americano.
Mediadora
A chanceler, porém, expressou prontidão para ajudar na busca por uma solução do conflito – ao alegar que, mesmo longe da Alemanha, ele afeta os alemães. "Por isso estou preparada, assim como o ministro dos Negócios Estrangeiros, a assumir responsabilidade. Ajudamos a negociar o acordo com o Irão, que julgo ser positivo – é melhor do que não ter acordo qualquer", declarou.
Merkel lembra que chegar ao acordo foi um processo longo, mas que valeu a pena, pois limitou as possibilidades do Irão de desenvolver armamento nuclear. "E creio que devemos ir pelo mesmo caminho, ou similar, com a Rússia, China, juntos com os Estados Unidos, no caso da Coreia do Norte", completou. Segundo Merkel, a cooperação global pode "mover montanhas".
Política interna
O tema "refugiados" tem sido discutido durante a campanha eleitoral. E a política de portas abertas de Merkel, em 2015, virou alvo de críticas de partidos concorrentes, como o de extrema-direita AfD, "Alternativa para a Alemanha", na tradução livre. O partido pode se tornar a terceira mais forte no Parlamento nas eleições do dia 24, segundo pesquisas, e vem ganhando espaço no país com um discurso anti-imigração. Combater esse discurso, de acordo com a chanceler, é através da solução dos problemas das pessoas: "As preocupações que elas têm, emprego, assim como escolas decentes e médicos, realmente cuidar dessas questões, e, por outro lado, estabelecer um sinal claro contra o ódio e a violência". E foi direta: "Jamais trabalharei com o AfD."
Merkel ainda apresentou o plano de como vai continuar a lidar com os refugiados que estão na Alemanha e garantiu o respeito a eles baseado em convenções internacionais. Ao ser questionada sobre a frustração de vários deles, que enfrentam problemas de integração, a chanceler pediu paciência e lembrou que permanecer no país e se integrar ao mercado de trabalho fazem parte de um processo que demanda o aprendizado da língua, em primeiro lugar, e tempo.
A política da CDU afirmou que dá prioridade aos refugiados mais jovens para que recebam formação o quanto antes. Mas avisou que a Alemanha, hoje em dia, não pode permitir a entrada no mercado de trabalho tão rapidamente como os refugiados gostariam. "Não podemos permitir competição destrutiva", defende Merkel, que fala em um equilíbrio a ser achado nessa questão.
África
Sobre o continente africano, Angela Merkel falou sobre o Egito, ao ser questionada sobre acordos entre Berlim e o Cairo. Vale lembrar que o Governo egípcio oprime a oposição e limita a liberdade de imprensa – a censurar até mesmo a própria DW. "Deixamos claro ao Presidente Sissi que criticamos o que achamos errado. Mas evitar o diálogo ou dizer "nem tudo é como queremos não vamos negociar com o Egito de qualquer maneira" é errado na minha opinião. O Egito precisa do nosso apoio. Através de diálogo aberto, podemos, quem sabe, melhorar a situação", alegou.
Alemanha e Turquia
A candidata pelo CDU falou também sobre as consequências dos conflitos internos da Turquia em território alemão, que tem uma grande comunidade turca. "O que nos preocupa é o fato de que há grupos diferentes da Turquia que estejam, talvez, se espiando e se vigiando. Não queremos isso. Não queremos importar conflitos da Turquia para a Alemanha", comentou Merkel, que prometeu: "Garantiremos que todos os grupos possam viver aqui em paz e ilesos."
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Samuel