O Presidente da República de Angola pediu “trabalho” aos 32 ministros (29 + 3 de Estado) que hoje empossou em funções, condição que, disse João Lourenço, ditará a avaliação da qualidade das escolhas feitas para este Governo, ou, talvez, da simbiose entre as suas escolhas, as do seu antecessor e as recusas que foi ouvindo.
“Nós confiamos na vossa capacidade. É evidente que é cedo para concluir se acertamos na composição deste executivo (…) Será pelo nosso trabalho, pelos nossos resultados, que a sociedade nos vai julgar e concluir, daqui a algum tempo, se, efectivamente, este foi ou não o melhor executivo escolhido”, afirmou João Lourenço, no final da cerimónia de posse do novo Governo.
Mau seria se, na posse, o Presidente da República e Titular do Poder Executivo não confiasse na capacidade dos que escolheu. Admite-se que tenha, contudo, algumas dúvidas. Desde logo porque este não é o governo que ele queria. É, tão só, o executivo possível.
“É importante que quem quer que venha a exercer funções no Executivo se preocupe com esta missão, que deve comungar-nos a todos, para além da cor política ou das opções ideológicas de cada um. O interesse nacional tem de estar acima dos interesses particulares ou de grupo, para que prevaleça a defesa do bem comum”, disse João Lourenço na sua tomada de posse.
O Governo nomeado por João Lourenço foi empossado esta manhã, em cerimónia que decorreu no Palácio Presidencial, em Luanda, e passa a contar com 32 ministros (mais um do que o anterior), três dos quais de Estado, com Manuel Nunes Júnior a acumular com o Desenvolvimento Económico e Social, Pedro Sebastião com as funções de chefe da Casa de Segurança do Presidente da República e Frederico Manuel dos Santos e Silva Cardoso como chefe da Casa Civil.
Será que os 32 ministros correspondem ao que João Lourenço disse na (sua) tomada de posse? Ou seja: “A estrutura do Executivo será reduzida, de modo a garantir a sua funcionalidade, sem dispersão de meios e evitando o esbanjamento e o desperdício de recursos, que são cada vez mais escassos.” Hum!
“Sabemos que temos os olhos, não só dos angolanos mas também do mundo, postos em nós, a julgar pelas grandes expectativas criadas à volta do que este executivo fará nos próximos anos. Temos um desafio muito grande a enfrentar e a vencer, que é, entre outros, o desafio da diversificação da nossa economia, o desafio do combate às assimetrias regionais, o desafio de garantir maior oferta de bens e de serviços para as nossas populações, o desafio de garantir maior emprego para as cidadãos angolanos, em particular para os nosso jovens”, exortou João Lourenço.
Teria sido mais simples a João Lourenço dizer que o governo tem de fazer tudo aquilo que o governo anterior (e alguns ministros são os mesmo) não fez.
“Enfim, numa palavra, temos o desafio de melhorar o que está bem e corrigir o que está mal [lema da campanha do MPLA nas eleições gerais de Agosto]. Essa palavra é nossa e nós temos que ser optimistas ao ponto de pensar que somos capazes, sim”, enfatizou o chefe de Estado.
No Governo hoje empossado, mantêm as mesmas pastas (do executivo anterior, nomeado por José Eduardo dos Santos) Ângelo de Barros da Veiga Tavares (ministro do Interior), Augusto Archer Mangueira (Finanças), Marcos Alexandre Nhunga (Agricultura e Florestas), Bernarda Martins (Indústria), João Baptista Borges (Energia e Águas), Augusto da Silva Tomás (Transportes), Victória de Barros Neto (Pescas e do Mar), José Carvalho da Rocha (Telecomunicações e Tecnologias de Informação) e Carolina Cerqueira (Cultura).
Dos 32 ministros, oito foram promovidos de secretários de Estado à posição de ministro e 11 são mulheres.
“Procurámos também, para além da competência dos quadros, e com bastante atenção, garantir um certo equilíbrio do género. Com certeza que não atingimos as metas que seriam de desejar, mas fizemos o melhor possível no sentido de garantir essa grande representatividade do género neste primeiro executivo”, observou o chefe de Estado.
Apelando ao “contributo de toda a sociedade” e dos “angolanos de boa-fé” para o trabalho do novo Governo, o chefe de Estado exortou os ministros agora empossados a funcionarem em “equipa”, para assim “cumprirem com o programa de Governo”, no sentido de “melhor servir o povo angolano”.
O Ministério da Defesa Nacional, que no Governo anterior era liderado por João Lourenço, passa a ser tutelado por Salviano de Jesus Sequeira, enquanto Manuel Domingos Augusto é promovido de secretário de Estado a ministro das Relações Exteriores, o mesmo acontecendo com Adão de Almeida, que sobe a ministro do Território e Reforma do Estado.
No novo executivo, destaque para Diamantino Pedro Azevedo, que assume o cargo de ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, duas pastas que no Governo anterior estavam separadas. Antes precisamente na pasta da Geologia e Minas, Francisco Queiroz mantém no Governo, agora como ministro da Justiça e dos Direitos Humanos.
A cerimónia de hoje envolveu ainda a posse dos 18 governadores de província nomeados por João Lourenço, com 13 a serem reconduzidos no cargo.
Folha 8 com Lusa
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Samuel