O Presidente zimbabueano Robert Mugabe, 93 anos, demitiu-se hoje das suas funções, ao fim de cerca de uma semana de pressões neste sentido, virando-se deste modo uma página de 37 anos da História daquele país que não tinha conhecido outro Presidente desde a sua independência em 1980.
Hoje durante a sessão parlamentar em que se devia encetar o processo em destituição do Presidente Mugabe que até esta Terça-feira não dava sinais de aceitar demitir-se da sua própria iniciativa, o Presidente do Parlamento, Jacob Mudenda anunciou a demissão do Chefe de Estado com "efeito imediato". O parlamentar leu a carta de demissão em que o Presidente afirma ter "escolhido voluntariamente demitir-se, esta decisão sendo motivada pelo desejo de assegurar uma transição de poder sem problemas, pacífica e sem violência".
Este anúncio foi imediatamente saudado por ruidosas manifestações de alegria dentro e fora do Parlamento, com as ruas de Harare a encherem-se de habitantes a celebrarem esta decisão, uma decisão cujo anúncio interveio no preciso momento em que os parlamentares zimbabueanos se preparavam a debater em congresso extraordinário uma moção de destituição contra Robert Mugabe.
Uma semana depois do exército ter tomado o controlo do país na noite do 14 para o 15 de Novembro, a pressão foi aumentando gradualmente sobre o Presidente. Os militares garantiram que não pretendiam conservar o poder, apenas eliminar "os criminosos em volta de Robert Mugabe". No fim-de-semana contudo, o ZANU-PF, o movimento de Robert Mugabe, destituiu-o das suas funções na chefia do partido, e embora a União Africana e outras entidades a nível internacional exigissem a reposição do respeito pela Constituição, aumentaram também os apelos para uma transição pacífica.
Entre as primeiras reacções que foram surgindo a nível internacional, a chefe do governo da Grã Bretanha, antiga potência colonial, Theresa May saudou esta decisão, considerando que "esta demissão oferece ao país uma oportunidade para enveredar para uma nova via livre da opressão que caracterizou o seu poder". No mesmo sentido, o chefe da diplomacia britânica, Boris Johnson, considerou que "a prioridade imediata é permitir que o Zimbabué se dote de um governo legítimo resultante de eleições livres e equitativas, conforme estipula a Constituição".
Ao considerar, por seu turno, que o Presidente Robert Mugabe já não tinha condições para continuar no poder, o analista e antigo professor de Direito na Universidade de Pretoria, André Thomas Hausen, refere que os dirigentes africanos vão aceitar esta mudança e mostra-se confiante quanto ao futuro.
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Samuel