Cinco décadas depois do assassinato do líder da resistência negra norte-americana Martin Luther King, que lutava pelos direitos civis, os afrodescendentes ainda enfrentam muitas desvantagens sociais nos Estados Unidos.
fonte: DW África
No dia 4 de abril de 1968, Martin Luther King Jr. foi assassinado nos Estados Unidos, aos 39 anos de idade. Líder de um movimento de resistência pacífica. Luther King nunca veria o resultado da sua luta pela igualdade na América. Apesar do aumento da mobilização social entre os afro-americanos desde a sua morte, muitos negros continuam a viver desigualdades em todos os níveis da sociedade norte-americana.
Desigualdade económica, detenções em massa e violência policial são algumas das questões que mais afetam a comunidade negra norte-americana. E depois das últimas eleições, com um Presidente acusado de racismo, muitos temem que esta tendência política esteja a minar as lutas dos antecessores.
A diretora do Centro de Políticas Públicas e Liderança Ronald Walters, na Universidade de Howard, uma histórica instituição de afrodescendentes em Washington, está preocupada com a atual situação nos Estados Unidos. Elsie Scott critica o desequilíbrio racial no sistema prisional norte-americano dizendo que "o encarceramento é uma nova forma de escravatura".
"Quando verificamos que os negros estão na prisão de forma desproporcional e que este país detém mais pessoas do que qualquer outro país desenvolvido, então não resta muita esperança", afirma.
Disparidades raciais
Embora o nível de educação superior e o acesso às classes média e alta para os negros norte-americanos tenham aumentado desde a década de 60, a situação no geral ainda está longe da igualdade. Os níveis atuais de pobreza são aproximadamente três vezes mais altos para os negros do que para os brancos, de acordo com o censo dos Estados Unidos de 2017.
E mesmo que as taxas de desemprego tenham caído desde 1983, quando chegaram a quase 20% entre os afro-americanos e 10% entre os brancos, continua a existir uma lacuna significativa entre os dois grupos.
De acordo com Ibram Kendi, diretor do Centro Anti-racista e de Políticas da American University, em Washington, 50 anos depois do assassinato de Martin Luther King, ainda se vive situações muitos semelhantes às que o líder viveu nos últimos anos da sua vida.
"Quando Martin Luther King estava vivo, os negros tinham duas vezes mais possibilidades de estar desempregados do que os americanos brancos. E eles continuam com as mesmas chances, de modo que a disparidade racial persistiu ao longo do tempo", constata.
"O sonho transformou-se em pesadelo"
Em 1967, alguns anos depois de seu icónico discurso "Eu tenho um sonho" (I have a Dream, em inglês), Martin Luther King disse numa entrevista que o seu sonho para os Estados Unidos da América "em muitos aspetos transformou-se num pesadelo".
O diretor do Centro Anti-racista e de Políticas da American University vê paralelos entre a dicotomia pesadelo-sonho de Luther King e os Estados Unidos em 2018. E diz que muitos afro-americanos veem as presidências de Barack Obama e Donald Trump como exemplos desta dicotomia.
"Há um historial de progresso para a luta racial e para o racismo - o racismo que Luther King enfrentava nos últimos meses da sua vida. E estamos a viver isto hoje em dia", considera Ibram Kendi.
Para a diretora do Centro de Políticas Públicas e Liderança Ronald Walters, Elsie Scott, os negros norte-americanos devem continuar a luta pelos direitos civis conquistados por Martin Luther King. "Luther King dizia: ‘Se os meus netos tiverem de lutar a mesma luta que eu, porque eu fiz tudo o que eu fiz? A minha vida terá sido em vão?' Isto significa muito para mim".
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Samuel