Patrice Trovoada, candidato à reeleição pela ADI, acusa o principal partido da oposição de "querer enganar o povo" com promessas eleitorais. Também recusou qualquer possibilidade de coligação com o MLSTP-PSD.
fonte: DW África
Trovoada durante ato de campanha
A uma semana das eleições, o cabeça de lista da Ação Democrática Independente (ADI) às legislativas em São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, acusou este sábado (29.09) o principal partido da oposição são-tomense, o Movimento de Libertação de São Tomé – Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), de "querer enganar o povo" quando promete baixar impostos e o custo de vida.
Em declarações na cidade de Trindade, a cerca de 10 quilómetros da capital, pouco antes de falar a apoiantes num comício, o candidato a primeiro-ministro também recusou a possibilidade de se coligar com o partido da posição, que diz não ter uma "atitude responsável".
Há cerca de um ano, Patrice Trovoada, líder do Governo são-tomense, afirmou-se disponível para "negociar" com "um novo MLSTP, com caras novas, atitudes novas" e fazer uma coligação para governar o país caso perdesse a maioria absoluta conquistada em 2014 - uma possibilidade rejeitada, logo na altura, por aquele partido.
Entretanto, o cabeça de lista do partido no poder considerou, em entrevista à agência Lusa, que o principal partido da oposição "continua a fragilizar-se".
"Eu declarei isso há pouco mais de um ano porque eu acreditava que o MLSTP fosse capaz de encontrar uma nova liderança e surgir como um possível parceiro. A verdade é que o MSLTP continua a fragilizar-se e, hoje, quando oiço as propostas do MLSTP, essas propostas de reduzir os impostos, não me parece que esteja a ponto de assumir a governação, sozinho ou em parceria conosco", afirmou Patrice Trovoada.
"Enganar o povo"
Para o primeiro-ministro cessante e candidato à reeleição, "não vale a pena andar a dizer às pessoas que tudo vai baixar: medicamento, escola, transporte, impostos. Isso é querer enganar o povo".
Falando perante uma praça cheia de apoiantes, com t-shirts e bonés azuis e amarelos (cores da ADI), Trovoada continuou as críticas ao MLSTP-PSD. "Fico surpreendido quando vejo um partido que governou São Tomé e Príncipe tanto tempo e que não tem ideias. Só está a falar de demónio. Estão a gozar com o povo", criticou, avisando: "Não vale a pena voltar atrás".
Numa ação de campanha que contou com a atuação de vários artistas, como o nigeriano Davido ou o são-tomense Hailton Dias, e com vários efeitos audiovisuais, Patrice Trovoada defendeu que "o mais importante é entregar a gestão do país a pessoas que são capazes de tratar dos interesses" da população.
"O país está no bom caminho. Pedimos aos jovens um pouco mais de paciência, as coisas estão a acontecer. Governar não é fácil, estamos a pagar dívidas de governos anteriores. Somos um Governo responsável", disse.
Escassez de arroz
No seu discurso, o líder da ADI referiu-se à falta de arroz, um dos principais alimentos do país. "O arroz do Japão, encomendado pelo Governo, só vem em novembro. O resto, têm de ser os comerciantes a importar. Isso não pode manchar o trabalho de quatro anos", sustentou, prometendo "medidas" em relação aos vendedores que "estiverem a esconder arroz".
Mas Patrice Trovoada procurou desdramatizar o problema: "Eu sei que gostamos de guisado com arroz, mas podemos fazer guisado com esparguete ou não? Essa coisa do arroz, está a doer, mas passa".
No seu discurso, o candidato defendeu: "O Governo trabalhou quatro anos com muitas dificuldades, mas tem obra feita". "Fechámos o dinheiro? Não! Só fechámos o dinheiro para os malandros. Ainda há alguns malandros. Não acabámos com todos. Estou um bocadinho de malandrice, vamos mais além para limpar tudo", afirmou.
O primeiro-ministro cessante sublinhou que "governar e desenvolver São Tomé e Príncipe "é um assunto difícil e muito sério". "Esperamos de todos, mesmo da oposição, uma atitude responsável e propostas. E parece não ser esse o caso do MLSTP", declarou.
Mais de 90 mil eleitores de São Tomé e Príncipe são chamados às urnas no próximo domingo, 7 de outubro, para votar para a Assembleia Nacional, para as autarquias e, no Príncipe, para escolher o novo Governo regional.
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Samuel