A extrema-direita europeia congratulou-se, em 2016, com a vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos da América. O MPLA ficou contente. Ele era o “amigo americano” a quem o MPLA pagou a organização de um concurso de Miss Universo. Recordemos o que o Folha 8 escreveu no dia 9 de Novembro de 2016 com o título “E a trampa venceu”:
«Líderes de partidos de extrema-direita de França, Reino Unido, Rússia, Holanda, Itália, Alemanha e Áustria e os neonazis da Grécia já manifestaram o seu agrado com a derrota da democrata Hillary Clinton e a vitória do magnata conservador de Nova Iorque.
A presidente da Frente Nacional francesa, Marine Le Pen, felicitou Trump, mesmo antes de a sua vitória ser oficialmente declarada: “Felicitações ao novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ao povo americano livre”, disse através da rede social Twitter.
O vice-presidente do mesmo partido, Steeve Briois, afirmou que, tendo em conta o ocorrido nos EUA, uma vitória de Marine Le Pen em França nas presidenciais do próximo ano é também possível.
“A eleição de Donald Trump é uma bofetada aos jornalistas e aos ‘especialistas’ do pensamento único. Uma grande esperança!”, disse Briois, no Twitter.
No Reino Unido, o líder interino do eurocéptico Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), Nigel Farage, brincou com a possibilidade de ser representante de Trump em Bruxelas.
“Vai oferecer-me um trabalho? Espero que o faça. Ele vai precisar de um embaixador eurocéptico adequado em Bruxelas para a União Europeia. Eu preferiria esse trabalho”, afirmou o político britânico em declarações à rádio de Londres LBC.
Durante a campanha eleitoral norte-americana, Trump fez várias referências a favor do ‘Brexit’ no referendo britânico de 23 de Junho, que aprovou a saída do Reino Unido da União Europeia. Por seu lado, Farage manifestou abertamente o seu apoio a Trump.
O líder do ultranacionalista Partido Liberal Democrático da Rússia (PLDR), Vladimir Yirinovski, convidou os jornalistas para um copo de champanhe para celebrar a vitória de Trump.
“Constatamos com prazer que nos Estados Unidos venceu o melhor dos dois candidatos que se submeteram ao veredicto dos eleitores norte-americanos”, disse Yirinovski, citado pela agência Interfax.
O líder do PLDR, uma das quatro formações políticas representadas no parlamento russo, disse que com a chegada de Trump à Casa Branca serão levantadas as sanções contra a Rússia devido à sua participação na crise ucraniana.
Na Holanda, o líder do partido de extrema-direita PVV, Geert Wilders, felicitou Trump por uma vitória que considerou “histórica”.
“Parabéns Donald Trump. A tua vitória é histórica e para todos nós”, disse Wilders numa mensagem no Twitter.
O líder holandês referiu-se à vitória de Trump como uma “revolução”.
Em Itália, o líder do partido de extrema-direita Liga Norte, Matteo Salvini, afirmou que a vitória de Trump significa “a vingança do povo” contra os banqueiros, os especuladores, as sondagens e os jornalistas.
“O povo ganha aos poderes fortes por 3-0”, disse, numa entrevista à emissora oficial da Liga Norte, Radio Padania.
O político italiano assegurou que depois desta vitória dos conservadores dos EUA e do ‘Brexit’ “é o momento para ser ousado”.
A direita radical da Alternativa para a Alemanha (AfD) felicitou Trump e afirmou que a mudança chegará também ao seu país.
O êxito de Trump “é um sinal de aviso a todo o ‘establishment’”, afirmou a AfD, através da sua conta de Facebook, expressando o desejo de ver, em breve, um primeiro encontro entre Trump e a chanceler Angela Merkel.
Na Áustria, Heinz-Christian Strache, líder do partido da direita populista FPÖ, felicitou Trump e considerou que uma vez mais “a elite esquerdista” foi castigada em eleições.
Já o partido neonazi grego Aurora Dourada celebrou a eleição de Trump para a Casa Branca, que considerou uma vitória contra a “imigração ilegal”, a favor das nações “etnicamente limpas” e dos “estados nacionais contra a globalização”, numa mensagem em vídeo difundida na internet.
Socialistas europeus lamentam
Os Socialistas Europeus consideram que hoje é “um dia triste para todo o mundo” com a eleição do candidato presidencial norte-americano Donald Trump, que classificam como “a expressão de um vírus” que infectou as sociedades, nos Estados Unidos e na Europa.
De acordo com o líder dos Socialistas Europeus no Parlamento Europeu, Gianni Pittella, “o resultado da eleição de hoje terá um impacto significativo no futuro de todo o mundo” e “este terramoto muda tudo”.
“Agora a questão que enfrentamos é: será a Europa levada a reformar-se e a tornar-se finalmente um anticorpo capaz de equilibrar e lutar contra este vírus”, questiona Pittella, num comunicado divulgado em Bruxelas após conhecida a vitória de Donald Trump, que, reforçou, é “assustadora”.
O mesmo responsável acrescenta que, apesar das declarações do candidato republicano durante a campanha eleitoral, os Socialistas Europeus acreditam que “os EUA permanecerão comprometidos com as relações transatlânticas” e têm esperança que “respeitem o legado de (Barack) Obama em questões como as alterações climáticas, objectivos de desenvolvimento sustentável e outros desafios comuns”.
“Temos de responder ao extremismo de Trump com reformas extremas”, acrescentou o líder da segunda maior família política na assembleia europeia.
Por seu turno, o líder do Partido Popular Europeu (PPE), a maior família política no PE, considerou que o resultado das eleições presidenciais norte-americanas deve “despertar a Europa”, até porque agora não se sabe o que esperar do outro lado do Atlântico.
“A mensagem é clara: agora cabe à Europa agir. Devemos ter mais autoconfiança e assumir mais responsabilidades. Não sabemos o que esperar dos Estados Unidos (…) Devemos atender às preocupações e receios das pessoas de forma mais séria e dar respostas concretas e realistas. Não podemos deixar o terreno aberto para radicais”, declarou Manfred Weber.
No discurso de vitória, Donald Trump garantiu que será o Presidente de todos os americanos e que é hora de os norte-americanos curarem as feridas da divisão e se juntarem “como um povo unido”
E por cá o MPLA sorri
O regime de José Eduardo dos Santos pode agora livremente mostrar que estava do lado de Donald Trump. Ele é o “amigo americano” a quem o MPLA pagou a organização de um concurso de Miss Universo, por coincidência vencido por uma angolana, em Luanda, capital de um país que é líder mundial em mortalidade infantil e em muitas epidemias provocadas pela negligência, nepotismo e incompetência de um governo corrupto.
A empresa Miss Universo de Donald Trump não veio a Angola matar a fome dos pobres, veio alimentar o ego dos novos ricos e lucrar com a negociata das meninas.
Todos sabemos que Barack Obama, de quem Hillary Clinton seria uma seguidora, é pessoa não grata do regime angolano, apesar de o actual presidente norte-americano ser muito admirado e respeitado pela grande maioria dos angolanos.
Todos nos recordamos do discurso de Barack Obama na União Africana, criticando directamente os presidentes africanos déspotas e corruptos, como são os casos de Dos Santos, Obiang ou Mugabe. Como é que os “altos dirigentes” do MPLA reagiram a esse discurso? Metendo o rabo entre as pernas. Que cobertura foi dada nos órgãos oficiais do MPLA (JA, TPA, RNA)? Nenhuma, porque a verdade incomoda e pode desmascarar a demagogia que silencia, manipula e reprime a opinião pública de muitos angolanos.
Na verdade, Dos Santos prefere a demagogia de Trump, seu sósia, em vez da defesa dos direitos humanos e da dignidade dos cidadãos, no que se tem destacado Barack Obama e Hilary Clinton, para a melhoria dos mais desfavorecidos, desde os primeiros anos como advogada nos Estados do Arkansas e Massachusetts.
A vitória de Trump terá pouca ou nenhuma influência em Angola, no curto e médio prazo, porque todos sabemos a situação em que se encontra o nosso país. O governo de Angola está altamente endividado e vendido à ditadura de Vladimir Putin e preso nos tentáculos dos empréstimos do polvo financeiro da China que, no que se refere a “parcerias estratégicas”, está-se borrifando para os valores democráticos para poder tirar o máximo benefício de “parcerias de interesse exclusivamente unilateral”.
Um exemplo disso são as “parcerias bilaterais” em que a China empresta o kumbu, ficando Angola obrigada a aceitar a mão-de-obra chinesa para efectuar os serviços, importando matéria prima, com mais valias incorporadas, do país financiador em troca de recursos naturais de Angola, sem mais valias, não transformados.
É por tudo isto que acreditamos que a eleição de Donald Trump terá pouca ou nenhuma influência na melhoria da qualidade de vida de povo angolano e no desenvolvimento construtivo sustentado do nosso país.
…and now?
Não vai haver empregos suficientes nos campos de golf do Donald Trump para todos os americanos. Vai ser patriótico aumentar e elogiar os lucros das empresas que o Donald Trump tem no estrangeiro.
Os norte-americanos vão todos aplaudir os concursos de misses do Donald Trump. Vão repudiar e humilhar as vítimas de assédio sexual do Donald Trump. Vão pedir a Putin para continuar a praticar espionagem com o objectivo de proteger e publicitar a imagem do Trump.
Vão aplaudir a anexação da Ucrânia, Geórgia, países bálticos… pelo exército do Putin e pedir ao Donald Trump para afirmar que a nova União Soviética é pacifista. Vão defender o aumento do número de países com bombas nucleares. Vão todos acreditar que as mudanças climáticas são uma invenção, um sofisma inventado pelos inimigos do Donald Trump com o objectivo de prejudicarem o seu sucesso.
Vão ter a certeza de que a China, a India, o Japão vão encerrar todas as fábricas e as empresas de investigação científica e vão reabri-las no Mississipi, no Ohio, na Pensilvânia, no Michigan… Vão construir muros para não permitir que invadam o país os habitantes de outros países, outros Estados, outros distritos, outras cidades, vilas e aldeias, outros bairros e um muro muito alto que os separe dos vizinhos. »
folha8
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Samuel