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terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

CONCESSÃO DO PRÊMIO HOUPHOUET BOIGNY PELA BUSCA DA PAZ EM RCI: Os marfinenses poderão finalmente se olhar no espelho?

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...
Realiza-se esta quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023, em Yamoussoukro, capital política da Costa do Marfim, a cerimónia de entrega do Prémio Félix Houphouët Boigny-UNESCO pela busca da paz. Prêmio instituído pela UNESCO em 1989 e destinado a "homenagear pessoas vivas, instituições ou órgãos públicos ou privados em atividade que tenham dado uma contribuição significativa para a promoção, pesquisa, salvaguarda ou manutenção da paz, de acordo com a Carta das Nações Unidas e a Constituição da UNESCO”. Inclui um cheque de 122.000 euros, uma medalha de ouro mais um diploma e leva o nome de Félix Houphouët Boigny, primeiro presidente e pai da independência da Costa do Marfim, que, antes de renunciar em 1993, trabalhou para lhe deixar a memória de um homem de paz. Vale dizer todo o prestígio e credibilidade deste prémio que já teve para destacar os esforços pela paz de cerca de trinta personalidades não menos icónicas como os ex-presidentes sul-africanos Nelson Mandela e Frederick De Klerk distinguidos em 1991, o ex-primeiro-ministro israelita , Yitzahk Rabin e seu então ministro das Relações Exteriores, Shimon Peres, concomitantemente distinguidos com a musa da luta do povo palestino, Yasser Arafat em 1993, o rei Juan Carlos da Espanha e o ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter homenageados em 1994, ex-presidente senegalês Abdoulaye Wade em 2005, o ex-novo presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva em 2008, para citar apenas alguns. O eco deste prémio não podia soar melhor Este ano, o prêmio é concedido à ex-chanceler alemã, Angela Merkel. A sua “decisão corajosa” de acolher, em 2015, mais de um milhão de refugiados sírios, iraquianos, afegãos e eritreus que se passavam por párias que nenhum país europeu quis acolher no seu solo, não escapou ao júri internacional presidido pelo Dr. Denis Mukwege, ele próprio vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2018. O júri quis colocar o ex-chanceler em destaque, graças à edição de 2022 deste prêmio. Uma distinção honorífica sem dúvida bem merecida para o antigo inquilino da Willy-Brandt-Straße, que soa como um apelo à tolerância, mais generosidade e altruísmo num mundo egoísta e fortemente agitado. Um apelo que faz tanto mais sentido quanto o mundo de hoje vive uma das mais difíceis crises multidimensionais da sua história, tendo a linguagem das armas que parece ter-se imposto, de Este a Oeste e de Norte a Sul, como principal modo de comunicação entre os homens. Quer dizer, se o eco deste prémio não poderia ressoar melhor, numa altura em que todo o planeta está claramente em busca da paz. Uma paz que precisa ser traduzida mais em ações do que em palavras porque, como dizia o próprio Félix Houphouët Boigny, “a paz não é uma palavra vazia, é um comportamento”. Há um gosto de inacabado E não poderíamos fazer melhor no simbolismo, como que para dar mais peso às palavras da ilustre personalidade que leva o nome do prémio, ao escolher Yamoussoukro, a sua cidade natal onde também jazem os seus restos mortais, para acolher esta cerimónia de entrega de prémios, que pretende ser o primeiro em Eburnie. Cerimónia cujo prestígio deverá ser reforçado pela presença, ao lado do Presidente Alassane Dramane Ouattara (ADO), de personalidades da Costa do Marfim e não só, como os ex-presidentes marfinenses Henri Konan Bédié e Laurent Gbagbo, membros do governo marfinense, o corpo diplomático, os membros do júri internacional do Prémio, o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, os presidentes do Gana, Nana Akuffo-Addo e da Libéria, Georges Weah, o actual presidente da CEDEAO, Guiné-Bissau Umaro Cissoko Embalo, o actual presidente da União Africana, o senegalês Macky Sall, todos convidados para esta cerimónia. Basta dizer que para a atribuição deste prémio, do qual a cerimónia de entrega de prémios em Yamoussoukro é um forte símbolo, o Presidente ADO tentou lançar uma ampla rede. Tanto fora quanto dentro do país. Mas vemos que quando a cerimônia é realizada na terra natal de Houphouët Boigny, seus herdeiros não estão longe de se separarem. Prova disso é essa recente onda de demissões dentro do PDCI-RDA. Os demitidos foram engrossar as fileiras do RHDP, criando um vácuo em torno da Esfinge de Daoukro. Entretanto, é o ex-presidente Laurent Gbagbo, mesmo que não seja ou não pretenda ser o herdeiro do Pai da Nação, que põe em dúvida a sua presença numa cerimónia que deveria reunir as pessoas. É por isso que nos perguntamos se, como herdeiros do apóstolo da paz que foi Houphouët Boigny, os marfinenses poderão finalmente se olhar no espelho, para uma verdadeira reconciliação. De qualquer forma, além da Costa do Marfim, a entrega do prêmio Houphouët Boigny em solo marfinense é um apelo para que os líderes africanos sejam não apenas apóstolos, mas também atores da paz. Porque fica um gostinho de negócio inacabado quando vemos que este prémio é atribuído numa sub-região da África Ocidental em plena convulsão, sem que nenhum dos dirigentes desta parte de África o possa reclamar. " O país "

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Samuel

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