Mulheres e homens guineenses que fizeram frente ao colonialismo Português, enfrentando o seu poderio militar e outras ferramentas políticas durante a luta armada no território da Guiné-Bissau, são eles hoje os nossos heróis nacionais.
Mantiveram firmeza, muita coragem, bravura e amor à causa nacional, lutando de peito aberto sem recear pela própria vida, assistindo e passando por tudo de mau sem perderem um objectivo sagrado em mente, o de derrubar o colonialista e vencer a guerra colonial. Deixaram para trás os companheiros que tombaram ficando pelo caminho, mortes de camaradas no teatro das operações, sem nunca recusarem uma missão nas frentes de combate.
Passo a passo foram reconquistando ao colonialismo português tudo que era do povo guineense, repondo a dignidade nacional e territorial de pé e, perante o mundo inteiro, até a proclamação da Independência da República da Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Este povo fez a luta armada cientes de que a guerra era contra o exército colonial e nunca contra o povo português.
Guineenses, homens e mulheres do campo, gente do povo que parou os seus trabalhos de agricultura de subsistência e outras actividades ligadas ao campo, para se defenderem do invasor, terminados os mais de dez anos de luta armada, regressaram as suas vidas fazendo o que melhor sabiam, parte deles continuaram nas forças armadas do povo.
Este mérito é das FARP (Forças Armadas Revolucionárias do Povo), os Combatentes da Liberdade da Pátria, e dos seus dirigentes revolucionários encabeçados pelo génio estratega, político, militar e intelectual revolucionário, Amílcar Cabral. Líder de renome internacional, desde sempre pelas suas contribuições políticas e ideais anti-colonialista defendidos em vários fóruns, congressos e publicações literárias na época, como académico e pós-universitário.
Digamos que é justa a homenagem eterna aos filhos do povo da Guine e Cabo Verde, todos os que lutaram até a independência, alguns tendo encontrado a sua morte no teatro das operações, mas todos venceram com os olhos postos no futuro dos seus filhos e dos dois países.
Sem a luta armada de libertação nacional, que conquistou a nossa nacionalidade e afirmação como país independente, significa o mesmo que dizer SEM OS COMBATENTES DA LIBERDADE DA PÁTRIA, NADA DISTO TERIA SIDO POSSÍVEL, no entanto hoje a história parece por vezes menos relevante no que concerne a esta realidade importante, porque tem pouca expressão afirmativa nos meios pedagógicos e de formação e ensino institucional.
Parece que caminhamos para um branqueamento inconsciente da qualidade real e humana deste ideal cultural e nacionalista, vivido na época por um grupo de pessoas lúcidas no território nacional, que disseram não e fizeram finca-pé à cultura colonial. Pois este carácter revolucionário devemos enaltecer e ensinar aos netos, para que saibam quem foram os avós que deram a vida pela nacionalidade que gozamos hoje.
Fazer constar na literatura oral e escrita a nossa real história sem tirar nem pôr, porque a história não se apaga, não se descrimina, não se deturpa, é por uma questão deontológica exigida que a sua transcrição deve permanecer tal e qual uma “fotografia” tirada na época.
Aos nossos ilustres historiadores, contamos com o vosso aconselhamento pedagógico útil neste aspecto, no sentido de não se perderem memórias e valores materiais físico e intelectuais da história, que vão desaparecendo com o tempo e perante atitudes de ausência das entidades pedagógicas institucionais com responsabilidade na matéria, que fazer?
Porque uma histórica não substitui outra, mas perante este caminhar negligente, e de acordo com o emergir de alguns fenómenos na nossa sociedade guineense ao longo de década, não me admira que a atracção do passado perca muito do seu brilho natural. Dou como exemplo a história de vida das FARP. como a primeira Instituição militar do povo com todo o mérito conquistado no terreno. Hoje só ouvimos falar desta força militar associados a adjectivos com interpretação negativa.
No entanto é bom reparar que hoje assistimos ao fenómeno de corrupção na sociedade guineense, com figuras do Estado como suspeitos, desenha-se um quadro péssimo para exibir no futuro, ninguém sabe como terminará este óleo sobre tela. Ao mesmo tempo que se culpabilizam uns e outros ficamos sem perceber de que lado está este jogo entre políticos e militares sem culpa formulada.
Com esta profundidade nos acontecimentos acumulando em relação aos factos menos bons imputado aos militares como parte da verdade das coisas que acontecem, muito desta realidade no meio social guineense é ou vai sendo deturpada, escamoteada, injustiçada, divulgada apenas nos aspectos negativos ou pejorativos, centralizados nos últimos acontecimentos militares verificados no país. Desde algum tempo pós-independência criou a ideia de culpa imputada a esta organização, o que não parece no mínimo equilibrado como conclusão definitiva….
É preciso tomarmos atenção a isto, separar as águas porque não deve faltar pouco para que se complete o estigma e rótulos de impotência, atrasos, e outras interpretações falaciosas acerca da classe militar, responsabilizando-os pelo atraso no processo de desenvolvimento ou como bode expiatório. Quando mais de noventa por cento dos senhores dirigentes do país são e foram civis e não militares. A importância actual deste facto prende-se a um outro facto crucial que não é menos verdadeira, pois nunca se fez uma análise sociológica e política dos factos e acontecimentos que têm vindo a provocar avanços e recuos deste processo de desenvolvimento que se encontra no ponto em que sabemos.
Assistimos a reacção de sacudir água do capote entre os responsáveis, como se tratasse de uma dúvida centrada entre um grupo de santos e outro de pecadores.
Se não for feito nada, não sei se não será tarde demais numa outra altura qualquer. É bom que esta Instituição Militar tome bem conta da sua imagem, prevenindo na sua conduta Institucional, as regras de disciplina, coerência, e de obediência militar dentro de um Estado de Direito.
Pelos vistos estamos a falar de uma Instituição humana e militar gloriosa, desde o seu princípio, deu mostras da sua disciplina efectiva, da capacidade de organização, força e coerência na defesa do Estado. Porque só assim podemos acreditar nas vitórias conseguidas ou alcançadas perante uma organização militar de Escola como o exército colonial durante a luta de libertação.
Perguntamos o que se passa com esta organização militar, gente que já deu mostras e capacidades de protecção e defesa do Estado da Guiné-Bissau. Porque observamos uma inquietude cíclica no seio da sua organização há já vários anos, e como podemos reequacionar todos estes sinais de quebra de unidade interna na Instituição.
As circunstâncias e conflitos desta natureza merecem um estudo a partir de um modelo multidisciplinar, com especialistas reformadores e com experiência no campo militar, sociólogos da área do comportamento desviante e psicólogos saciais.
Não seria justo branquearmos esta história de conflitos na Guiné-Bissau, culpando sem análise profunda e acabando por deixar todos sem esclarecimento suficientes para analisarmos comportamentos de civis colados ao poder do estado, que influenciaram acções reflexas conotadas com situações de violência reconhecidas no terreno, como sucessivas tentativas de golpe de estado no país.
Afinal o que há a mais de desconhecido para sabermos se quando o resultante das suspeições traz sempre um “custo” zero, quer dizer que ninguém “compra” a história porque há nada efectivamente para vender.
Pergunto será que houve alguma vez o fundamental para se concluir motivo de investigação de possível tentativa de golpe de estado (nesta matéria), deixo no ar esta pergunta..
Em jeito de conclusão faço um alerta provocatório, estas mulheres e homens, lutaram pela independência do território da Guiné-Bissau, deram as suas vidas a custo zero, não é para todos esta coragem, hoje são poucos com vida para testemunhar tudo o que passaram no mato. Hoje aguentam a vida juntamente com os irmãos, com parcos recursos par suportarem a vida e sobreviver no dia a dia com as suas famílias.
QUÉM SE ESQUEÇEU DESTES HOMENS, ONTEM E HOJE AINDA?
Os valores mudaram meus amigos, hoje vemos os políticos actuais retirarem partido destas vitórias dos antigos combatentes, conseguidas pelo povo e para o povo, mas que são muitas vezes usadas em proveito próprio, para fins pessoais e sem olhar a meios para atingirem os objectivos a que se propõem. Ao mesmo tempo fazem-se de vítimas porque os “outros não nos deixam trabalhar” é o que dizem alguns em campanha eleitoral a partir dos discursos proferidos.
Estes Históricos da luta de Libertação Nacional que ainda estão entre nós, assistem à distribuição de “prendas” em plena campanha eleitoral para a Presidência da República da Guiné-Bissau. Imagino que não gostam de constatar o que vêm, quem diria um dia que isto seria possível num país com fracos recursos materiais e económicos para abarcar com as responsabilidades materiais do país.
Tudo tem sido feito para influenciar o sentido do voto útil, assistimos a uma autentica feira politica do quem dá mais, onde se oferecem caros, ciclomotores, dinheiros, tudo num segredo medonho que só Deus sabe, mas tudo parece ganhar um preço numa sociedade com dificuldades de sobrevivência para a sua esmagadora maioria das populações.
A dignidade de outrora acabou de morrer na praia, mas devo acrescentar que há sobreviventes resistentes a tudo isto, com os olhos postos num reequilíbrio mais justo a ser implementado, ainda nem tudo tem um preço na Guiné-Bissau, acredito!
O que diriam os antigos combatentes: Amílcar Cabral; Tetina Sila; Domingos Ramos; Francisco Mendes; Canhe Nantgue; e muitos outros que subiram um degrau por cima de nós todos. A única paga que esperaram foi ver o seu País honrado com toda a dignidade merecida, partilhada com a imagem dos combatentes e patriotas de então.
Nada disso parece adivinhar-se entre nós que assistimos a este passerelle de políticos sem memória da nossa história.
Estamos perante a importação de um modelo negativo de campanha eleitoral típica de certos países desenvolvidos e ricos no mundo.
O de comprar votos com ofertas, a diferença é que nós não temos dinheiro para os bens essenciais para as populações e para os nossos projectos ao nível nacional, mas vamos tendo para pagar uma campanha eleitoral que se vê.
Sem debate político, sem apresentação de projecto, com apenas umas ideias no ar ou opiniões pessoais, sem a política de informação clara acerca da situação e o estado do País, sem informação credível e com argumentos para ajudar a perceber ao eleitorado os objectivos da sua candidatura.
Como se vê parece que este processo vai chegar ao fim sem mudar muito do rumo na campanha eleitoral.
Quem não está disposto a fazer uma pequena maratona atrás dos carros não houve o seu candidato, e não chega a saber do que se passa ou foi prometido fazer durante o mandato.
Mas o eleitor só tem esperança de não perder o charme do seu candidato da memória visual, não vá o diabo confundir a sua escolha no boletim de voto.
Parece não ser importante para alguns a sua presença do debate, ainda ninguém reclamou durante a campanha eleitoral. Num momento em que os olhos do mundo estão postos na Guiné-Bissau, altura ideal para a demonstração de um debate democrático, em que as ideias de cada um é exposto com argumentos convincentes de cada um, mas há nada por enquanto. Vamos aguardar.
Assistimos ao silêncio das ideias, perante a opção narcísica de rejeição do debate, tornando ainda mais pobre o cenário político subjacente.
NÃO É FÁCIL CONJUGAR UM COMPORTAMENTO REVOLUCIONÁRIO DOS ANTIGOS MILITANTES DA PRIMEIRA HORA, COM O CUSTO MATERIAL SUPORTADO POR UM VOTO ÚTIL “COMPRADO” hoje…
Enfim, são coisas nossas como dizia o outro…
Mais uma vez fico por aqui desejando boa sorte aos Srs. Candidatos e a todos os eleitores do território nacional.
Djarama.
Filomeno Pina.
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Samuel