Postagem em destaque

Congo-Vie des Parties: Homenagem da UPADS ao seu Presidente Fundador, Professor Pascal Lissouba, que completaria 93 anos, neste 15 de novembro de 2024.

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!... A União Pan-Africana para a Social Democracia (U.PA.D.S) celebrou, n...

quinta-feira, 25 de julho de 2013

OPINIÃO: O HOMEM NO SEU LIMITE, A MORTE.

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...



Nunca ninguém se habitua a ouvir pronunciar esta palavra: morte. É sempre triste e nada indiferente, seja na morte de alguém querido ou daquele que seja odiado, a morte é, antes mesmo de pensarmos sequer, nada mais, do que alguém que já não está, este vazio que faz todo o sentido, aos vivos e vazios, ainda que, vazios de oco… É igual.

Quem, diante de um ente querido morto vê alguém indiferente? Fora dele a morte enfrenta uma rejeição, ninguém deixa morrer o amigo no seu imaginário, quando se morre, nem mesmo a própria morte se prolonga para além do corpo, nos vivos ela está ausente nas nossas mentes, talvez se não existíssemos, nunca morto, era diferente…, afinal na morte, a única ”coisa” que há em nós, e que permanece eternamente viva, juntos na prova que se apalpa sem se ver, é a Alma.

Corrida à velocidade da luz, passos fugidios, para lá das luzes perder a única possibilidade de “morrer” ainda que só, sem a morte vir atrás, enganados como vivos que somos, marcando presença na despedida do amigo.

Atentos ao recado, silenciosamente, sem que o vento possa escutar, o que disse baixinho – “hoje vens Tu” – vá, tens de partir sozinho, e um degrau acima … ascendes ao Céu e chegarás sozinho, acreditamos....

Afinal, a alma não morre, descola e deixa o corpo cair por terra, ser novamente pó, levando-o o vento, junto ao Pai do Céu…,

vai e não olhes para trás Aliu Bary, agora ninguém te merece, é mentira isto tudo, aqui não estás, já és, um anjo de verdade,

agora sei, meu amigo, que afinal é tão difícil morrer, que não páras de te mexer no meu peito…  

Palpita-me que vais ouvir cantar, tocar, rir e sonhar, neste coração antigo, que conservo intacto para guardar a nossa amizade dos tempos passados, Mano velho, meu Camarada, meu amigo, Djydyu Garandy dy Povo, mestre e maestro, cantor de intervenção política, poeta popular, político culto e inteligente, revolucionário de sempre, amigo de facto, conselheiro de resposta pronta na ponta da língua, és igual camarada, sempre…

Meu irmão, serás sempre o Grande! Em tudo que sei, a tua antevisão foi marcante, na postura como Homem político, cultural, fizeste uso memorável da canção como arma, todas estas palavras melódicas, cuspidas boca fora em defesa do teu Povo, não cairão no chão, não se perderão, havemos de continuar esta caminhada, contigo no coração e sempre, como pássaro que voa alto demais, perdendo-se de vista, mas sabemos que está longe só da vista, mas dentro do amor, com o coração aberto, connosco poderes continuar a estar, sempre vivo…

Ainda me lembro do conselho de Aliu Bari em 1980, quando o Conjunto Académico Capa Negra fora extinto por vontade do grupo, dadas as ausências da maioria, saídos para seguir os estudos superiores e outros destinos, fora do País. Faltavam meia dúzia de meses para eu partir para Portugal e seguir os estudos universitários, o meu mais velho Aliu Bari, abordou-me com uma proposta bonita e muito bem pensada (como sempre), para que deixasse alguns temas musicais inéditos com o grande público antes de partir para os estudos, isto numa bela tarde de conversa no antigo lar masculino, junto do Ministério da Educação em Bissau, onde na altura faziam os ensaios, a Orquestra Nacional Cobiana Jazz, em 1980, quando Aliu Bari ainda era Director da Orquestra e das Artes e Cena na Guiné-Bissau.
Fiquei muito contente e aceitei logo a proposta, foi para mim uma honra, merecer ser gravado como cantor a solo, por uma Orquestra Nacional e Pioneira da Música Moderna Guineense, então mãos à obra, gravamos seis ou sete temas meus (Tita; Djuana; Amiga, Pomba de Picasso, etc.) como autor, compositor e intérprete, sobre a Direcção do Maestro Aliu Bari, foi assim que me despedi do grande público e de Bissau em dois concertos, no antigo Salão do Congresso… e, pisei Portugal em Fevereiro de 1981.

Lembro-me ainda hoje, que trazia vestido à saída do avião, uma gabardine bonita (estilo KGB) do Aliu Bari, ainda a usei uns quinze anos mais, foi a prenda dele, quando me despedi do Homem que hoje vai a enterrar, que, de certeza absoluta, que não vai!, apenas já aqui não está, mas porque fica nos nossos corações e espalhado pelo mundo inteiro, conseguimos deste modo  quebrar os “limites” impostos pela morte, que desta vez não vai conseguir levar mais do que um corpo calado, de olhos fechados, frio, a enterrar … Apenas mais um “ESTIM”, agora são duas Glórias da Música Moderna Guineense, que se juntaram ao Pai do Céu, Aliu Bari e Zé Carlos, mas vivos nos nossos corações, continuam!

Que Deus lhes dê eterno descanso e Glória, Paz às suas almas…
Até amanhã, Camaradas.

Djarama. Filomeno Pina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é sempre bem vindo desde que contribua para melhorar este trabalho que é de todos nós.

Um abraço!

Samuel

Total de visualizações de página