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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Cuba: 55 anos de política exterior revolucionaria.

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Cuba receberá a próxima Cúpula da Celac com um histórico de mais de 50 anos defendendo princípios de justiça e soberania na arena internacional

SERGIO ALEJANDRO GÓMEZ

 CUBA é um país pequeno e pobre em recursos econômicos, mas durante os últimos 55 anos tem mantido uma política exterior com alcance e influência global, baseada em princípios e valores revolucionários.
Esta opinião é compartilhada inclusive por seus poucos — embora poderosos — adversários, que não têm podido evitar que se espalhem e diversifiquem os laços forjados com povos e governos do mundo inteiro.
Na própria essência da nação, em sua insularidade e composição multiétnica, estão algumas das claves para compreender a ativa relação que Cuba tem mantido com o exterior ao longo de sua história.
Situada no mar Caribe, região que o dominicano Juan Bosh qualificou de fronteira imperial, nosso país sempre tem estado submetido às tentativas de dominação das grandes potências, desde Espanha e Grã-Bretanha, até os Estados Unidos.
Nestas circunstâncias, o principal interesse nacional, além de qualquer conjuntura, tem sido e é garantir nossa soberania, independência e autodeterminação.
O triunfo da Revolução em 1º de janeiro de 1959 foi o acontecimento histórico que materializou esses objetivos, pospostos por uma república neocolonial dependente dos EUA. A eleição do caminho da construção do socialismo a 90 milhas da principal potência capitalista, fez da consolidação de uma eficiente política exterior um assunto de vida ou morte.

ANTI-IMPERIALISMO, INTERNACIONALISMO, ANTICOLONIALISMO

Os Estados Unidos não podiam permitir o exemplo que Cuba representava para a América Latina e o Caribe, bem como para os países do Terceiro Mundo. Sua política de agressão encaminhou-se a tentar derrubar o novo governo por todas as vias possíveis.
Em Punta del Este, Uruguai, os Estados Unidos reuniram em 1962 os países da Organização de Estados Americanos (OEA) para impor-lhe sua política de isolamento contra a Revolução cubana. Ali, a maioria dos governos das oligarquias locais aderiram aos interesses norte-americanos.

“A OEA ficou desmascarada como o que realmente é: um ministério de colônias ianques”, disse Fidel ao povo, reunido na Praça da Revolução em 4 de fevereiro de 1962, para escutar a Segunda Declaração de Havana.
“Vamos ter a solidariedade de todos os povos libertados do mundo, e vamos ter conosco a solidariedade de todos os homens e mulheres dignos do mundo”, afirmou nesse então o líder cubano.

Cuba teve que olhar a milhares de quilômetros rumo ao leste para encontrar aliados na construção de um novo tipo de sociedade, mais justa e solidária, sobre a base de uma economia subdesenvolvida e mono-produtora.
Por razoes políticas, econômicas e de segurança, as relações com o campo socialista, nomeadamente com a União Soviética, começaram a ocupar um papel predominante na política exterior.

Contudo, jamais se fecharam as portas para melhorar as relações com as nações da América Latina e o Caribe, e inclusive, com os Estados Unidos. De fato, na medida em que nas décadas seguintes as ditaduras militares e os governos de direita aderidos aos interesses dos EUA foram dando passo a forças menos retrógradas, a Revolução criou importantes espaços de intercâmbio com seu espaço geográfico natural.
Além disso, Cuba apoiou a causa dos países do Terceiro Mundo e foi membro fundador, de vez que ator de peso, no Movimento de Países Não-Alinhados, que presidiu por primeira vez entre 1979 e 1983, em pleno auge da guerra fria.

Os combatentes e cooperantes cubanos ofereceram sua ajuda desinteressada a várias nações que lutavam por sua independência, principalmente na África e na América Latina, como prova dos princípios anti-imperialistas e anticolonialistas da Revolução. Além disso, dezenas de milhares de médicos, professores e assessores civis de diversos tipos colaboraram com o desenvolvimento social e econômico dos países do Sul.
A independência de Angola e Namíbia, o começo do fim do apartheid, a formação de milhares de profissionais que educavam, salvavam vidas ou construíam seus novos países, são só alguns dos sucessos que se podem contar nesta etapa.

A política exterior, como a Revolução mesma, tinha seus ideais. Essa realidade, embora tardiamente, foi reconhecida inclusive nas fileiras inimigas. “Castro era talvez o líder revolucionário no poder mais genuíno daqueles momentos”, escreveu em suas memórias o político estadunidense Henry Kissinger.

ROMPER O CERCO

No início de 1990, a desintegração da União Soviética e o colapso do campo socialista representou um duro golpe para Cuba, que de repente perdeu seus principais mercados e fontes de fornecimentos essenciais.
Os setores mais extremistas e anticubanos nos Estados Unidos, ante a impossibilidade de dar a estocada final, acirraram o bloqueio com a aprovação da Lei Torricelli, em 1992, e a Helms-Burton, em 1996, entre outras medidas. Ao mesmo tempo, destinaram centenas de milhões de dólares extras à subversão e criação de uma suposta dissidência interna.
Contra todos os prognósticos daqueles que contavam os dias finais da Revolução, Cuba não só conseguiu resistir, senão que ficou fortalecida em diversas frentes.

As relações com os países do Sul ganharam auge, especialmente com a América Latina e o Caribe, Ásia e África. Com isto, deu-se continuidade aos nossos princípios e propósitos nos organismos internacionais, foi privilegiada a busca da paz, a decisão da integração e da colaboração.

As políticas agressivas, ilegais e extraterritoriais de Washington foram tão arrogantes, que suscitaram um quase unânime repúdio internacional e levaram a níveis maiores a solidariedade com Cuba, inclusive em países tradicionalmente aliados dos norte-americanos.
Exemplo disto são as votações da Assembleia Geral das Nações Unidas que desde o início de 90 condenam anualmente o bloqueio estadunidense: se em 1992, 59 países votaram a favor, três contra e a imensa maioria, 71, abstiveram-se; em 1997 (um ano depois da aprovação da Hels-Burton), 143 países votaram a favor, três contra e 17 abstenções.

Apesar das vicissitudes econômicas, a solidariedade cubana multiplicou-se. Inclusive durante os anos mais difíceis do período especial, Cuba não hesitou em pôr a disposição dos povos do mundo seu capital humano, e até seus poucos recursos econômicos. Esse foi o caso da ajuda médica gratuita oferecida a vários países da América Central que foram devastados pelos furacões George e Mitch, em 1998.

As escolas continuaram abertas não só para os cubanos, mas para milhares de estudantes estrangeiros que compartilharam necessidades para formar-se como engenheiros, professores e outras profissões.

SUCESSOS E AMEAÇAS DE UM NOVO SÉCULO

A primeira década do século 21 iniciava com um fato que abalou os alicerces da nação: a luta pelo retorno do garoto Elián González, retido ilegalmente nos Estados Unidos. Nesta ocasião, o povo saiu para as ruas em massa, em manifestações que não cessaram até que seu pai, Juan Miguel González, tocou solo cubano com seu filho nos braços.

A década também trouxe novas ameaças. Durante oito anos, o povo teve que suportar o governo do republicano George W. Bush, talvez o pior presidente que os Estados Unidos tenha tido, e que iniciou uma das etapas mais negras da política exterior norte-americana.
Guerras preventivas, danos colaterais, cárceres secretos, torturas a prisioneiros, tornaram-se termos comuns em seu mandato.O atentado contra o World Trade Center de Nova York foi utilizado para desatar uma guerra paranóica contra um novo e escorregadiço inimigo: o terrorismo.

A política hostil levada a cabo pelos Estados Unidos constituiu uma ameaça direta, pois a Ilha “passou a fazer parte do grupo de 60 ou mais cantos escuros do mundo” acusados de patrocinar o terrorismo, e portanto sujeitos a uma “guerra preventiva”.
Os argumentos eram ridículos. Mais de meio século de agressões dos EUA contra a Revolução, eram mais que suficientes para provar que esse país pratica com sistematicidade o terrorismo de Estado para conseguir seus objetivos.

Além disso, em território norte-americano se hospedaram e protegeram organizações terroristas e criminosos que causaram morte e destruição em Cuba, como Luis Posada Carriles e Orlando Bosh, e muitos outros.

Em lugar de detê-los e julgá-los por seus crimes, as autoridades estadunidenses se dedicaram a perseguir e deter um grupo de jovens cubanos cuja missão era obter informação sobre essas mesmas estruturas terroristas que punham em perigo a segurança dos cidadãos.
A partir desse momento, Cuba leva a cabo uma batalha pela libertação dos Cinco cubanos, declarados Heróis no país, batalha que virou centro do conflito histórico com os Estados Unidos e um dos pontos mais importantes de sua política exterior.
A campanha internacional pela liberdade destes antiterroristas, que leva já mais de 15 anos, tem reunido mostras de solidariedade no mundo todo, inclusive dentro de importantes setores da sociedade civil norte-americana.

Por outro lado, e como ratificação de seu protagonismo nas causas do Terceiro Mundo, Cuba assumiu em 2006 novamente a presidência do Movimento de Países Não-Alinhados.
Ao longo da primeira década do século, a Ilha teve importantes sucessos na esfera multilateral como as condenações em massa contra o bloqueio estadunidense na Assembleia 
Geral das Nações Unidas.

Após a eliminação da antiga Comissão de Direitos Humanos, foi eleita como membro pleno do novo Conselho de Direitos Humanos, onde os EUA não tinham cadeira, o que deitou por terra a justificação que esgrimiam para manter sua política de agressões e subversão, evidenciando seus verdadeiros interesses e objetivos.

FIM DA LONGA NOITE NEOLIBERAL

Durante os primeiros dez anos do século 21, a América Latina e o Caribe sofreram uma transformação radical que mudou a correlação de forças, até então dominada pela direita e o neoliberalismo.
Nesse período de tempo, como tem dito o presidente equatoriano Rafael Correa, acabou “a longa noite neoliberal” que tinha colocado na miséria as grandes maiorias, enquanto enriquecia uns poucos privilegiados.

A chegada de Hugo Chávez à presidência venezuelana em 1999, e o triunfo posterior de movimentos progressistas e de esquerda na Argentina, Uruguai, Brasil, Equador, Bolívia, Paraguai e Nicarágua, e outros, criaram um novo ambiente de cooperação e intercâmbio entre os países da região. No início de novembro do ano 2005, na cidade argentina de Mar del Plata, teve lugar um ponto de inflexão que evidenciou os novos ares que corriam. Ali foi desterrada a ALCA que o EUA propunham para criar um espaço de livre comércio em todo o continente.

Meses antes, tinha tido lugar outro acontecimento em prol da união dos povos latino-americanos. Em dezembro de 2004 o presidente da República Bolivariana da Venezuela, Hugo Chávez, e o líder histórico da Revolução cubana, Fidel Castro, assinaram a Declaração Conjunta para a criação da Alternativa Bolivariana para os Povos da América (ALBA), realizando-se em Havana a primeira cúpula deste organismo.

Nos anos posteriores aderiram a esta iniciativa a Bolívia, Nicarágua, Dominica, Equador, São Vicente e as Granadinas, Antígua e Barbuda e Honduras. Este último país abandonou o organismo em 2009, após o golpe de Estado que tirou do poder o presidente constitucional Manuel Zelaya.

“Afirmamos que o princípio cardinal que deve guiar a ALBA é a solidariedade mais ampla entre os povos da América Latina e o Caribe, com base no pensamento de Bolívar, Martí, Sucre, O’Higgins, San Martín, Hidalgo, Petión, Morazán, Sandino e muitos outros próceres, sem nacionalismos egoístas que neguem o objetivo de construir uma Pátria Grande na América Latina, segundo o sonharam os heróis das nossas lutas emancipadoras”, expressa seu documento constitutivo.

SOLIDARIEDADE: PRINCÍPIO E FIM

Neste novo cenário e depois de deixar atrás as mais graves vicissitudes econômicas, o alcance da cooperação internacionalista cubana virou exemplo do que um país pode conseguir quando atua por princípios de justiça.

Surgiu o Programa Integral de Saúde que buscava estender os serviços médicos a uma centena de países, fundamentalmente África e América Latina. Isto também incluía a formação e capacitação de recursos humanos nas áreas onde trabalham os médicos cubanos como na Ilha. A Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM), que no ano letivo 1999-2000 contava com mais de 3 mil estudantes de 23 nações, multiplicou as matrículas para converter jovens pobres em médicos para suas próprias comunidades.

Em 2005, as graves inundações provocadas pelo furacão Katrina nos Estados Unidos, motivaram que Cuba organizara a Brigada Médica Henry Reeve, batizada assim por Fidel em honra a um médico nova-iorquino que lutou pela independência de Cuba.

Essa brigada, rejeitada pelos norte-americanos, começaria a trabalhar pouco tempo depois no Paquistão, afetado por um forte terremoto, considerado a pior catástrofe natural desse país, com um saldo aproximado de 80 mil mortos e mais de 3 milhões de desabrigados.
A brigada Henry Reeve assumiu a partir desse momento mais de uma centena de missões ante a ocorrência de terremotos, cheias e outras situações de catástrofes na Guatemala, Paquistão, Bolívia, Indonésia, Belize, Peru, México, Equador, China, Haiti, El Salvador e Chile.
Se bem o setor da saúde tem sido o navio insigne da cooperação internacional, noutras áreas como a educação a contribuição também tem sido importante. Mediante o programa cubano Sim, eu Posso, desenvolvido por especialistas da Ilha no início da década, foram alfabetizados milhões de pessoas adultas no mundo todo.

Além disso, como parte da ALBA, Cuba e Venezuela têm levado a cabo missões internacionais de maneira conjunta, como é o caso da Operação Milagre, que tinha como objetivo operar 6 milhões de pessoas de diferentes padecimentos oftalmológicos em dez anos. O plano começou na Venezuela e abrangeu uma trintena de países da América Latina, Caribe, Ásia e África.
Os profissionais também cumpriram em território venezuelano Missões sociais que têm mudado a fisionomia desse país. Como é o caso do programa Bairro Adentro, que significou o acesso à saúde de milhões de cidadãos pobres dessa rica região.

A cooperação internacional cubana, por seu alcance e importância, virou elemento principal nas relações de Cuba com o Terceiro Mundo.
Sem abandonar os princípios solidários que sempre a tem guiado, tem-se transformado num sistema de cooperação sul-sul, com benefício para ambas as partes.

UMA CÚPULA HISTÓRICA

A 2ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) que terá lugar em Havana, nos finais deste mês de janeiro, constitui um acontecimento histórico. Com ela terminará a presidência Pro Tempore anual do nosso país à frente do primeiro organismo que agrupa as 33 nações independentes da América Latina e o Caribe, sem depender de nenhum fator externo.

Em 2008, em resposta a um chamado do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, os países que hoje integram a Celac reuniram-se na Costa do Sauípe, Brasil.
Ali foi decidida a incorporação de Cuba ao Grupo do Rio e acordou-se formar uma união da América Latina e o Caribe sem a presença dos Estados Unidos.
Cuba participou ativamente da discussão para a criação do que hoje conhecemos como a Celac, que teve sua primeira cúpula em Caracas, dezembro de 2011.

Sua constituição, qualificada por Fidel castro como o fato institucional mais importante do último século, demonstrou a madurez da região para conseguir um novo paradigma  de integração com inclusão social, não só baseado em seus interesses mercantis. O fato de que Cuba tenha sido o segundo país selecionado para assumir a presidência não é casual, mas sim o reconhecimento da validez e permanência dos princípios, valores e objetivos da política exterior cubana ao longo de mais de meio século.

Também constitui uma mensagem direta de unidade da região contra as agressões que Cuba sofre por parte dos Estados Unidos. Um país que tem ficado totalmente isolado em sua política de bloqueio e subversão.

# granma.cu

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Samuel

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