Cinco nações do Oeste africano querem combater juntas o terrorismo. Alemanha e França prometem ajuda financeira, mas dinheiro ainda não chegou aos países do G5 Sahel. Tropas estão despreparadas para atuar no terreno.
fonte: Dw África
Desde a última quinta-feira (19.10), uma delegação do Conselho de Segurança das Nações Unidas está na região do Sahel. Os diplomatas querem analisar a situação da segurança nos países do G5, nomeadamente, Mauritânia, Mali, Burkina Faso, Níger e Chade. A situação do Mali é particularmente preocupante. No norte do país, o combate entre grupos armados voltou a ganhar força e, na região central, aumentam os ataques provocados por milícias islâmicas.
No início da semana, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou para a crescente deterioração das condições de segurança na região do Sahel. A menos que sejam feitos progressos rápidos na implementação do acordo de paz no Mali, as conquistas alcançadas pela Missão Multidimensional Integrada para Estabilização das Nações Unidas do Mali (MINUSMA) podem ser facilmente desfeitas, escreve Guterres num relatório enviado ao Conselho de Segurança da ONU.
Missão não cumprida?
Observadores locais consideram que a missão de paz da ONU no Mali é decepcionante. "Os sucessos foram limitados", considera o especialista em terrorismo Isselmou Ould Salihi, da Mauritânia. Desde a implementação em 2013, a missão mal conseguiu cumprir objetivos auto-impostos. "As pessoas que escaparam das áreas de conflito com certeza não retornaram. Noutras localidades a insegurança é ainda maior. Os soldados da MINUSMA estão limitados a defender suas posições", explica o analista. Além disso, a missão é atualmente considerada a mais perigosa no mundo. Entre 2013 e 2017, 116 capacetes azuis morreram no Mali.
A chamada "Operação Barkhane" também teve resultados decepcionantes. Implementada a 1º de agosto de 2014, a operação militar francesa para combater o terrorismo islâmico nos países do G5 custou a vida de muitos soldados franceses. O número de terroristas capturados ou mortos é, até agora, insignificante – apenas 28, de acordo com as últimas estatísticas. A França disponibilizou 3.000 soldados para a missão, incluindo forças especiais.
Isselmou Ould Salihi acredita que os dias da Operação Barkhane estão contados devido à ineficiência e aos altos custos. "É uma operação militar que custa mais de um milhão de euros aos contribuintes franceses. Por dia!", diz. O analista defende o estabelecimento de um grupo de intervenção separado do G5 Sahel, como sugerido pelo presidente francês, Emmanuel Macron, em junho deste ano em Bamako, a capital do Mali.
Emmanuel Macron pediu luta conjunta contra o terrorismo na região. Além de interesses econômicos, a França quer, junto com os parceiros africanos, "destruir terroristas, criminosos e assassinos" na zona do Sahel "de forma inabalável e resoluta", disse o presidente francês na abertura de uma cúpula dos países do G5. No encontro, os países participantes decidiram fundar uma nova força multinacional para combater extremistas islâmicos e o crime organizado na região: a Força de Intervenção G5 Sahel.
Interesses da Europa na região do Sahel
A proposta de Macron foi bem recebida em África e na Europa, especialmente, na Alemanha. O terrorismo islâmico ameaça a Europa diretamente, sublinhou a ministra da Defesa alemã, Ursula von der Leyen, numa viagem à África em agosto de 2017.
Estabilizar a segurança no Sahel é de interesse de países europeus. A área que compreende os países do Sahel é uma das regiões de trânsito mais importantes para os imigrantes ilegais que querem chegar até a Europa, ressaltou Ursula von der Leyen numa conferéncia de doadores em Berlim em meados de setembro.
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, confirmou o compromisso da Alemanha em financiar o G5 Sahel, "através de treinamentos e fornecimento de equipamentos".
Entretanto, Isselmou Ould Salihi diz que as promessas ainda não são concretas. Não houve uma conferência de suporte adequada nem alocação de uma quantidade maior de dinheiro para financiar o grupo G5 Sahel. A intervenção de urgência ainda não está operacional. "O problema é realmente dinheiro", diz o analista. Grandes promessas foram feitas na reunião de doadores em Berlim, mas quase nada chegou à região do Sahel.
Promessas demasiadas por parte da Alemanha?
Questionado pela DW, o Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão anunciou que os equipamentos foram entregues na região. Além disso, foram realizados treinamentos através do Ministério Federal da Defesa. As tropas do G5 Sahel também receberam apoio da União Europeia (UE). Uma nova conferéncia de doadores do G5 Sahel deve ser realizada em Bruxelas em dezembro para que sejam mobilizados mais fundos.
O força G5 Sahel, que abrange 5 mil soldados no terreno, precisa anualmente de cerca de 500 milhões de euros. A UE garantiu que irá ceder 50 milhões de euros para financiar as operações, enquanto a França prometeu doar 8 milhões de euros. Cada país do G5 Sahel contribui com 10 milhões de euros cada. Esses valores representam, no entanto, apenas um quarto das necessidades financeiras do grupo. Apesar de ter aprovado a criação da força em junho deste ano, a ONU recusou-se a financiar o G5 Sahel.
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Samuel