O navio-hospital “Peace Ark”, da Marinha da China, iniciou quinta-feira, no porto de Luanda, a sua primeira passagem por Angola, prevendo prestar, durante uma semana, serviços médicos gratuitos a cerca de 500 angolanos.
Num país pobre como o nosso, que até “obriga” a ex-primeira-dama, Ana Paula dos Santos, a ir a Londres para acompanhar a parte final da gestação da sua filha, Joseana Lemos dos Santos, e o consequentemente parto, toda a ajuda é bem-vinda.
Segundo informação oficial distribuída à imprensa na visita ao navio, a embarcação, com 178 metros de comprimento e uma área total de 4.000 metros quadrados, tem oito salas para cirurgias e 300 camas para internamento, contando com 115 profissionais de saúde a bordo.
Desde 2008 o navio já passou por outros 34 países, em missões de assistência médica e humanitária.
De acordo com Guan Bailin, comandante daquele navio do Exército de Libertação Popular chinês, esta missão visa igualmente reforçar as relações entre a China e Angola.
Depois de deixar Luanda, o “Peace Ark” tem passagem prevista por Moçambique e pela Tanzânia.
A bordo do navio funcionam ainda salas de raios x, uma unidade de cuidados intensivos com 20 camas, salas para exames ginecológicos, serviços dentários e até de medicina tradicional chinesa, além de um helicóptero para evacuação.
Só entre 2010 e 2015, em missões na Ásia, África, Américas e Oceânia, o “Peace Ark” prestou serviços médicos e de apoio humanitário a 120.000 pessoas, em 29 países.
Durante a estadia em Luanda estão ainda previstas acções conjuntas com a Marinha e médicos angolanos, para troca de experiências.
País pobre só para a maioria
Em Maio de 2014 o representante da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) em Angola admitiu, em Luanda, que seria possível erradicar totalmente a fome no nosso país nos próximos dez anos.
A gora são já só sete anos. Mesmo assim, é caso para perguntar: tanto tempo? Claro. Mas para isso é, com certeza, condição sine qua non que o MPLA continue no poder ainda durante mais uns 30 anos. No mínimo, acrescente-se.
Esta perspectiva foi transmitida durante a assinatura de um acordo entre o Ministério da Agricultura e a FAO, sobre a contribuição financeira do país para o Fundo Fiduciário de Solidariedade de África para África, que visa (isto é como quem diz!) erradicar a forme no continente até 2025.
“Estou de antemão seguro de que Angola poderá erradicar totalmente a fome e a insegurança alimentar bem antes de 2025”, afirmou então o representante da FAO em Angola, Mamoudou Diallo.
Suportado pelos países africanos, o Fundo Fiduciário foi lançado em Junho de 2013 tendo recebido donativos da Guiné Equatorial, Angola e de um grupo da sociedade civil da República do Congo, no valor total de 29,3 milhões de euros e tem como objectivo financiar projectos em países africanos para erradicação da fome e redução da má nutrição e da pobreza.
“Estamos a trabalhar, os camponeses estão a produzir, os empresários estão a produzir, tudo está a ser feito para que possamos dar passos significativos no combate à fome e à pobreza”, afirmou, por seu turno, o então ministro da Agricultura, Afonso Pedro Canga.
O acordo então celebrado entre o Ministério da Agricultura e a FAO confirma a doação angolana de cerca de 7,3 milhões de euros para o fundo.
“Ao contrário de muitos outros países africanos, depois de apenas 12 anos de paz, Angola testemunha assim a sua solidariedade efectiva em prol de África e constitui um exemplo que todo o africano deve exaltar”, afirmou Mamoudou Diallo.
E nós no Folha 8, é claro, juntamo-nos à exaltação. Até porque, convenhamos, é bonito dar sapatos novos aos filhos dos vizinhos quando, cá em casa, os nossos andam descalços. É, aliás, um exemplo que constitui, entre muitos outros, um memorial de homenagem à mulher mais rica de África, por sinal filha de um presidente que esteve 38 anos no poder e que, apesar de nunca ter sido nominalmente eleito, é uma referência na história democrática de todo o continente.
A República Centro-Africana, a Etiópia, o Malaui, o Mali, o Níger e o Sudão do Sul (um Estado falhado desde que nasceu) foram os primeiros países a beneficiar deste fundo solidário africano, recebendo 1,4 milhões de euros cada um, conforme acordo celebrado a 28 de Março de 2014, na Tunísia.
“Na sua qualidade de doador, Angola estará directamente associada à identificação e à implementação destes projectos, que poderão valorizar os quadros nacionais angolanos”, sublinhou representante da FAO em Angola.
Segundo o então ministro Afonso Pedro Canga, este acordo entrou imediatamente em vigor e os fundos doados pelo país “já podem ser utilizados para a implementação dos projectos, não em Angola mas noutros países africanos”.
Apesar da nossa enormíssima vocação filantrópica, também é verdade que Angola está entre os dez países mais perigosos para se nascer, liderando o ranking mundial da mortalidade infantil. Mas o que é que isso importa?
Entretanto, consciente de que Angola é um país pobre (com excepção dos donos das riquezas, quase todos umbilicalmente ligados ao regime do MPLA), o Banco Mundial (BM) disponibilizou no início de 2014 ao Governo de Eduardo dos Santos mil milhões de dólares para suposto apoio a projectos de infra-estruturas e agricultura.
O BM está a apoiar o Governo angolano na execução do Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017, que classificou como “bem coerente”. Aliás, nem era preciso dizê-lo. Todos nós sabemos que tudo o que o Governo faz – ou não fosse liderado pelo “escolhido de Deus”- é “bem coerente”.
“Há muitas necessidades e o Governo tem um programa bem coerente e o BM vai apoiar financeiramente, através do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), que é a peça chave do BM”, adiantou o responsável do BM, Gregor Binkert.
Projectos de agricultura, familiar ou comercial, incluem-se no anunciado financiamento, referiu o director de operações para Angola do BM, acrescentando: “Vamos definir quais as prioridades, os mecanismos e como podemos optimizar os recursos do BM”. A verba pode servir de garantia para a implementação de uma “engenharia financeira”.
“Com essa garantia pode-se alavancar mais financiamento do sector privado, ou seja, dos bancos, mas também fundos de pensões que queiram investir, sejam bancos nacionais ou internacionais que querem investir em Angola através destes projectos de infra-estruturas”, exemplificou Gregor Binkert.
O fomento da agricultura em Angola é prioritário, segundo dizia em 2014 Gregor Binkert, e fundamental para combater a pobreza e criar empregos. “É muito importante, porque há muita população que trabalha na agricultura”, apontou numa revelação que espantou a assistência pois, de facto, são poucos – pensa o representante do BM – os que sabem que a esmagadora maioria do nosso Povo tem sobrevivido graças a uma agricultura familiar.
fonte: http://jornalf8.net
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Samuel