Muitas famílias nem sabem que os filhos estão doentes. Falta de insulina e posição do Governo agravam ainda mais a situação. Especialista chama atenção para se "criar rapidamente uma resposta nacional".
fonte: DW África
O alto número de crianças com diabete na Guiné-Bissau é ainda mais grave pelo facto do país não possuir os medicamentos necessários para tratar doentes atingidos com a doença do tipo 1 que só são tratados com a insulina.
"Na Guiné-Bissau não temos insulina, porque, como se sabe, não temos fábricas de medicamentos e a insulina é um químico que precisa ser conservado numa determinada temperatura ambiente", pontuou o médico Mboma Sanca, chefe dos serviços dos cuidados intensivos no Hospital Simão Mendes de Bissau.
"A diabete sempre existiu no mundo, mas não é normal atacar as crianças", disse o médico à Agência Lusa nesta quarta-feira (08.11).
Para "tentar mudar o quadro", o médico está em vias de criar uma associação, para já, com uma assistente social guineense, que mora e trabalha na Suíça, também ela diabética, com a finalidade de ajudar as crianças em Bissau.
Enfermidade sem conhecimento dos pais
Perante o desconhecimento de muitas famílias sobre a doença, Mboma Sanca lamenta, mas tem uma ideia de criar uma Casa de Acolhimento de crianças com diabetes. "Os pais de uma das crianças que temos na nossa guarda nem sabiam que o filho era diabético", sublinhou.
Assim, um assistente social recolheria os apoios, máquinas de medir a glicémia, a insulina e outros medicamentos na Suíça e o médico tratava das crianças em Bissau.
Nesta Casa, as crianças e os pais serão ensinadas a alimentarem-se corretamente e tratarem-se e ainda teriam acesso à escola, tudo sob a responsabilidade da associação, precisou o médico.
Para concretizar a ideia, a associação necessitará de dinheiro, mas por enquanto, duas crianças com diabetes já se encontram em Bissau sob os cuidados dos dois membros da futura associação.
Para concretizar a ideia, a associação necessitará de dinheiro, mas por enquanto, duas crianças com diabetes já se encontram em Bissau sob os cuidados dos dois membros da futura associação.
Má alimentação e sedentarismo
Segundo Sanca, a Guiné-Bissau conta com programas de combate ao HIV/SIDA, tuberculose ou malária, mas não tem nada semelhante para lutar contra a diabetes que disse estar a afetar "cada vez mais" os guineenses.
O especialista chama atenção do Governo para a necessidade de se "dar rapidamente uma resposta nacional".
Autoridades de saúde apontam “a alimentação, o sedentarismo e as dificuldades de vida” da população para o aumento de diabetes e hipertensão no país. É recomendado “um reforço do controlo de qualidade” de arroz e óleo importados, que suspeita estarem entre as causas daqueles problemas de saúde.
Em 2016, a amputação devido a diabetes suplantou o rebentamento de minas como principal causa de colocação de prótese.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é sempre bem vindo desde que contribua para melhorar este trabalho que é de todos nós.
Um abraço!
Samuel