A Sociedade Alemã para os Países Africanos de Língua Portuguesa (DASP) discutiu nesta quinta-feira (29.11.) em Berlim a situação das mulheres nos PALOP. O evento visava também divulgar o melhor desses países na Alemanha.
fonte: DW África
Mulheres a serem alfabetizadas na Guiné-Bissau
A Sociedade Alemã para os Países Africanos de Língua Portuguesa ( DASP), juntou nesta quinta-feira (29.11.) na Embaixada do Brasil, em Berlim, cerca de meia centena de membros e convidados para mostrar uma imagem positiva dos PALOP, Países Africanos de Língua Portuguesa.
E acima de tudo para realçar o contributo das mulheres na transformação da sociedade. De acordo com Helmut Siepmann, presidente da DASP, "a Sociedade Alemã tem como objetivo desenvolver o conhecimento na Alemanha dos acontecimentos africanos. Este ano escolhemos o papel das mulheres nos países africanos de língua portuguesa para discutir e talvez sejam divulgados também os progressos das mulheres desses países."
E há um outro objetivo ainda, conta Helmut Siepmann: "Aqui na Alemanha, durante alguns congressos com africanos só se falava em inglês ou francês, parecia existir na África só esses dois mundos. Esqueceu-se que uma boa parte fala a língua portuguesa, por isso, organizamos esses colóquios para dar o conhecimento desse mundo que é mal conhecido.”
Avanços nos PALOP
Helmut Siepmann vê alguns progressos na consolidação do Estado de direito democrático em alguns países africanos onde se fala o português, nomeadamente em Moçambique, Angola e Cabo Verde. Quanto ao crescimento económico, o presidente da DASP lamenta que não tenha repercussão direta na vida das populações.
Participaram no colóquio professores universitários, investigadores e alguns convidados do Brasil, Portugal, Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Alemanha. Entre eles, Rogers Hansine, docente em Maputo que está a concluir a tese de doutoramento na Alemanha. Para o investigador, o contexto urbano é importante para explicar o comportamento reprodutivo das mulheres na cidade de Maputo.
"A transição demográfica em Maputo mostra que as famílias menores, que têm um ou dois filhos, são percebidas como famílias modernas e famílias com mais de três ou quatro filhos, são caraterizadas de famílias não modernas. Essa perceção da mobilidade social tem influência na forma como famílias moçambicanas encaram o comportamento reprodutivo", avalia o pesquisador.
E Rogers Hansine conclui: "Aí entra a classificação da família pobre, da classe média ou para condições de bem-estar, dependendo de número de filhos. portanto, são fatores determinantes na maneira com as pessoas querem ter filhos.”
A cultura como instrumento de afirmação
A voz feminina de Mia Couto, a afirmação dos grupos de Mandjuandadi (uma espécie de organizações femininas guineenses) ou a história da bravura das mulheres da Guiné-Bissau foram temas em debate em Berlim.
"Utopias e realidades femininas cabo-verdianas: o batuque em Portugal", outro tema em destaque, foi apresentado pelo professor universitário de Aveiro Jorge Castro Ribeiro:
"O batuque é uma prática feita pelas mulheres nos bairros essencialmente constituídos pela comunidade cabo-verdiana em Portugal. Um género musical levado pelos imigrantes e hoje em dia é utilizado como uma forma de potenciar, dar mais capacidades e possibilidades sociais e culturais às mulheres que praticam esta forma musical, o batuque”, considera o professor Ribeiro.
A Sociedade Alemã para os Países Africanos de Língua Portuguesa trabalha há mais de 30 anos na divulgação de informação sobre a evolução das sociedades e no fortalecimento das relações entre Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Alemanha.
O colóquio contou com a presença da secretária-executiva da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Maria do Carmo Silveira.
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Samuel