De 18 a 22 de setembro, a capital angolana é palco de
intercâmbio cultural e debate em torno de temas como a paz e a juventude. É a
primeira edição da Bienal de Luanda - Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz.
Apresentação da Bienal de Luanda, em junho.
São cinco dias, cinco eixos de atuação, cinco espaços de
reflexão diferentes - Aliança de Parceiros, Fórum das Ideias, Fórum da Mulher,
Fórum da Juventude e Festival de Culturas - a combinação perfeita para se
consolidar a paz no continente africano. É, pelo menos, aquilo que se pretende
com a 1ª edição da Bienal de Luanda - Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz,
a decorrer de 18 a 22 de setembro.
O evento, organizado pelo Governo de Angola, a UNESCO e a
União Africana, é inspirado na Carta de Renascimento Cultural Africano, que tem
na cultura o elemento essencial para se enfrentar os desafios atuais do
continente.
"Veio o repto feito pela diretora-geral da UNESCO ao
Presidente da República de Angola, no ano passado, aquando da sua visita a
Paris, ele aceitou e estamos aqui", diz a coordenadora nacional do evento,
Alexandra Aparício.
"A Bienal é uma plataforma para visibilidade de
culturas, de intercâmbio com os países africanos e da diáspora, de troca de
experiências para apresentação de resoluções dos problemas que os países
africanos enfrentam, problemas relacionados com resiliências, conflitos,
utilização de imagens que podem gerar violência", explica.
E que paz é esta que dá o mote à Bienal? "A paz que
começa do espírito e, depois, todas as suas consequências", responde
Alexandra Aparício. "A paz com o calar das armas, a paz com o bem-estar
social, as condições mínimas de habitabilidade, água, uma vida mais tranquila.
A guerra, de facto, acabou, mas nós ainda temos problemas que fazem com que
haja alguns focos de violência. Tudo isto nós temos que falar. Pensar também na
ecologia", acrescenta.
Bienal não resolve, mas ajuda
Há mais de trinta anos a trabalhar em África, Enzo Frasino,
coordenador internacional da Bienal de Luanda, entende que o diálogo é
importante, mas faltam espaços para o efeito.
A Bienal vem precisamente preencher esta lacuna: "A
UNESCO tem já uma experiência concreta, o que se passa é que não existe um lugar
onde esta troca de experiências se possa fazer. Este lugar é a Bienal de
Luanda. A cada dois anos, criar um momento de encontro entre ONG, comunidades
locais, inclusive governos e organizações internacionais".
A Bienal não vai, no entanto, resolver todos os problemas,
ressalva: "Resolver parece-me muito grande como palavra. Não. Vai permitir
esta troca de experiências, vai permitir falar de soluções e não só de
problemas. Muitas vezes nos média fala-se muito de aspectos negativos, da
violência e guerras, e fala-se muito menos de soluções. Não queremos ter a
pretensão de que vamos resolver as coisas, mas queremos criar uma oportunidade
para isso".
Dar voz à juventude
Para o agente cultural João Inglês, a Bienal de Luanda vai
permitir que os jovens angolanos tenham uma participação mais ativa na busca de
soluções para os problemas que enfrentam: "Esperamos que haja êxito. Penso
que vai ser um pontapé de saída, porque precisamos de refletir juntos,
precisamos de dialogar para ultrapassarmos os grandes síndromes ao nível de
África", considera. "Penso que será uma grande oportunidade para
todos conviverem e participarem ativamente".
A África do Sul e a onda de violência xenófoba que atinge
imigrantes de vários países africanos é apenas um exemplo dos desafios atuais
do continente. "Como é que acontecem os conflitos? Uma falta de educação,
uma falta de compreensão do outro, do estrangeiro, do que é diferente, há uma
necessidade de, a partir de criança, já habituar as pessoas a viver juntos. Só
falar não basta", sublinha Enxo Frasino.
"Precisamos também de recursos, daí a necessidade de
parceiros. Poderemos não conseguir logo à primeira, mas a ideia é criar uma
plataforma para mostrar que é conversando que nos entendemos. Pensar-se que nós
temos que alcançar a paz definitiva e derradeira, e temos que nos aceitar uns
aos outros, não importa a cor, raça, o credo religioso, ideologia",
acrescenta.
O evento, a decorrer no Memorial Agostinho Neto, na
Fortaleza de São Miguel (Museu Nacional de História Militar) e no Centro de
Convenções de Talatona, conta com mais de mil participantes nacionais e 800
delegados estrangeiros.
Os temas da Bienal de Luanda vão da paz à juventude,
passando pelo empreendedorismo e pela inovação. Mas não é só de debates que se
faz o festival: há também música, cinema, artes plásticas, teatro, literatura e
artesanato e muitas outras expressões artísticas e culturais de mais de uma
dezena de países.
Entre os convidados confirmados está o médico congolês Denis
Mukwege, Prémio Nobel da Paz.
Angola: O recinto-fantasma da FILDA
Do Cazenga para Viana
Há muito que este espaço no município do Cazenga perdeu o
"brilho" da FILDA. O Grupo Arena, atualmente responsável pela
organização da maior feira de negócios em Angola, tem realizado os eventos fora
do recinto original. Em 2017, a FILDA teve lugar na Baía de Luanda e em 2018 na
Zona Económica, em Viana, o mesmo espaço onde decorre, a partir de 9 de julho,
a edição deste ano.
fonte: DW África
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Samuel