NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO)
considerou, ontem, ilegal o decreto presidencial que demitiu, na
segunda-feira, o Governo da Guiné-Bissau e reitera o apoio da
organização ao Primeiro-Ministro Aristides Gomes.
Presidente José Mário Vaz está sem apoio na decisão de demitir o Governo
de Aristides Gomes uma vez que tem apenas poderes protocolares
Fotografia: DR
“Relativamente ao decreto presidencial nº 12/2019 de 28 de Outubro,
demitindo o Governo actual dirigido pelo Primeiro-Ministro Aristides
Gomes, cujo carácter ilegal é evidente”, a CEDEAO “lembra que este
Governo resulta de decisões da Cimeira” de 29 de Junho de 2019, adianta a
organização, em comunicado.
Na mesma nota, a CEDEAO expressa “grande
preocupação pela evolução recente da situação política na Guiné-Bissau”
e reitera “todo o apoio ao Primeiro-Ministro Aristides Gomes e ao
Governo eleito”.
O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz,
demitiu, na segunda-feira, o Governo liderado pelo Primeiro-Ministro,
Aristides Gomes, após uma reunião do Conselho de Estado, justificando a
decisão com o que considera “uma grave crise política” que põe em causa
“o normal funcionamento das instituições pública do país”.
José Mário
Vaz, que concorre como independente às presidenciais de 24 de Novembro,
responsabiliza o Governo pelo agravar da discórdia e desconfiança no
processo de preparação das eleições, depois da repressão de um protesto
não autorizado pelo Ministério do Interior, em Bissau, ter causado um
morto.
Na página na rede social Facebook, o Primeiro-Ministro
Aristides Gomes adiantou, ontem, que mantém a agenda normal de trabalho
no Palácio do Governo, apesar do decreto presidencial de demissão do
Executivo.
Novo Chefe do Executivo
José Mário Vaz nomeou, ontem, Faustino
Imbali para o cargo de Primeiro-Ministro, depois da demissão do Governo
liderado por Aristides Gomes.
“É o senhor Faustino Fudut Imbali
nomeado Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau”, refere o decreto
presidencial divulgado à imprensa.
Faustino Imbali, sociólogo de
formação, já foi Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau, entre Março e
Dezembro de 2001, e ministro dos Negócios Estrangeiros, entre 2012 e
2013. Faustino Imbali foi fundador do partido Manifesto do Povo, mas
actualmente é militante do Partido de Renovação Social (PRS), que tem
acordo de incidência parlamentar com o Movimento para a Alternância
Democrática (Madem G15), o segundo partido mais votado nas legislativas
de Março e a quem o Presidente pediu para indicar o nome do
Primeiro-Ministro.
José Mário Vaz convocou, na segunda-feira, os
partidos com assento parlamentar e o Conselho de Estado, depois de, no
sábado, ter responsabilizado o Governo por agravar a discórdia e
desconfiança quanto ao processo de preparação das eleições
presidenciais, marcadas para 24 de Novembro,com a repressão de um
protesto não autorizado pelo Ministério do Interior, em Bissau, que
provocou um morto.
“A mortífera violência da repressão policial
contra uma marcha pacífica de cidadãos indefesos, que não constituía uma
ameaça à segurança, nem às instituições ou à propriedade, representa
uma distorção que se afasta vertiginosamente dos valores que temos
promovido, semeando mais crispação e discórdia, agravando as
desconfianças em relação ao processo de preparação da eleição
presidencial”, afirmou José Mário Vaz, numa mensagem ao país. “Um
Governo que não só não garante a segurança dos cidadãos, como violenta e
abusivamente põe em causa a segurança e a integridade física dos nossos
irmãos, não está a servir os interesses da Nação guineense”, salientou o
Presidente guineense.
Em conferência de imprensa no domingo, o
Primeiro-Ministro guineense, Aristides Gomes, afirmou que a pessoa que
morreu não foi vítima de confrontos com as forças de segurança e que
está a decorrer um inquérito para determinar o local da sua morte.
Aristides
Gomes disse também que há "ameaças sérias" para a estabilização do país
e criticou a posição do Presidente, que acusou de condenar sem julgar.
O
chefe do Governo guineense já tinha denunciado, a semana passada, uma
tentativa de golpe de Estado, envolvendo o candidato às presidenciais do
Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15, líder da
oposição).
CPLP em consultas para tomar posição
O chefe da diplomacia de Cabo Verde, Luís Filipe Tavares, anunciou,
ontem, à Lusa, uma consulta político-diplomática entre os
Estados-membros da CPLP sobre a crise política na Guiné-Bissau, face às
“consequências imprevisíveis.”
“Cabo Verde, na qualidade de país que
detém a presidência temporária da CPLP (Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa), acompanha com redobrada atenção e preocupação a grave
situação de mais uma crise política, de consequências imprevisíveis,
agora aberta com a demissão do Governo da Guiné-Bissau”, refere, numa
declaração à Lusa, o ministro dos Negócios Estrangeiros e Comunidades.
Luís
Filipe Tavares, que é também presidente em exercício do Conselho de
Ministros da CPLP, refere ainda consultas internas antes da tomada de
posição da organização. “Estamos a proceder a uma consulta
político-diplomática a nível
dos Estados-membros, com vista a uma tomada de posição clara sobre esta matéria”, acrescenta o governante.
O
Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, demitiu, na segunda-feira,
por decreto, o Primeiro-Ministro Aristides Gomes, que, no entanto,
anunciou que continuava em funções e já antes de ser demitido tinha
considerado que o Conselho de Estado convocado pelo Presidente estava
“caduco” e não tinha legitimidade.
Acusação de golpe de Estado
Na segunda-feira, horas antes do Conselho de Estado, o
Primeiro-Ministro demitido, tinha anunciado a recusa de participar em
reuniões convocadas pelo Presidente e reiterou que estava a ser
preparado um golpe de Estado para impedir a realização das eleições
presidenciais em Novembro.
“Pairam ameaças, já há uma semana, sobre o
Governo, indirectamente sobre as eleições, numa altura em que estamos
prestes a iniciar a campanha para as presidenciais”, observou Aristides
Gomes, antes da reunião do Conselho de Esatdo.
“Não fui convocado até
agora. E mesmo que recebesse um convite não ia, porque eu já disse que o
Conselho de Estado, tal como existe hoje, é caduco”, defendeu Aristides
Gomes, à saída de uma reunião com os representantes da comunidade
internacional sediados em Bissau.
A acontecer um golpe que pare o
processo eleitoral, o Primeiro-Ministro guineense avisou que “os autores
terão que arcar com a responsabilidade” do acto. “Tanto nós, Governo,
como a comunidade internacional, ficamos com a mesma leitura sobre este
ponto: quem interromper o processo eleitoral estará a protagonizar um
golpe de Estado”, observou Aristides Gomes.
Aristides Gomes
considera ainda que o órgão não tem condições de funcionar pelo facto de
os seus membros não terem sido ainda empossados, desde as eleições
legislativas de Março. Face a isso, o Primeiro-Ministro guineense
decidiu manter-se em funções após o decreto de demissão.
O Chefe do
Governo guineense já tinha denunciado, a semana passada, uma tentativa
de golpe de Estado, envolvendo o candidato às presidenciais do Movimento
para a Alternância Democrática (Madem-G15, líder da oposição).
Na
campanha eleitoral, que vai decorrer entre sábado e 22 de Novembro,
participam 12 candidatos aprovados pelo Supremo Tribunal de Justiça.
O
Presidente da Guiné-Bissau terminou o mandato em Junho, mas continua em
funções por decisão dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade
Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que tem mediado a
crise política no país.
Domingos Simões condena procedimento de Mário Vaz
O presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo
Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, disse, ontem, que o decreto de
demissão do Governo guineense foi assinado pelo candidato José Mário Vaz
e não pelo Presidente.
“Não é o Presidente que assina o decreto, é
um candidato. O Presidente continua em funções com base no consenso de
Abuja”, afirmou Domingos Simões Pereira contactado por telefone pela
Lusa.
Domingos Simões Pereira salientou também que, segundo a lista
do Supremo Tribunal de Justiça, José Mário Vaz foi aprovado como
candidato às eleições presidenciais.
“Esta actuação de José Mário Vaz está em linha com o que nos habituou nos últimos cinco anos”, disse o dirigente do PAIGC.
Nas
declarações à Lusa, Domingos Simões Pereira, que também é candidato às
eleições presidenciais, depois de ter visto o seu nome recusado por José
Mário Vaz para liderar o novo Governo, disse que vai encorajar o
Executivo liderado por Aristides Gomes a continuar em funções e a
continuar a organizar as eleições presidenciais.
“Estamos a uma
semana do início da campanha eleitoral e não se deve interromper o
processo”, salientou. Domingos Simões Pereira apelou também às forças de
defesa e segurança para cumprirem a lei e à população para estar calma.
À
comunidade internacional, o antigo Primeiro-Ministro guineense pediu
para actuar e impor sanções a todos os que continuarem a obstruir a
ordem democrática.
Ontem de manhã, Aristides Gomes publicou, na
página oficial da rede social Facebook fotos de reuniões de trabalho e
escreveu que “hoje é mais um dia de serviço à Nação”, horas depois de
ter sido demitido por decreto presidencial de José Mário Vaz.
“No
Palácio do Governo, para mais um dia de serviço à Nação. Viva a
Guiné-Bissau. Viva a Democracia. Viva a ordem constitucional”,
prosseguiu Aristides Gomes na página do Facebook. Contactado pela Lusa, o
constitucionalista português, Jorge Miranda, classificou, ontem, como
“lamentável” a atitude do Presidente da Guiné-Bissau de demitir o
Governo, considerando que os actuais poderes do Chefe de Estado são
apenas protocolares.
“É lamentável a atitude do Presidente da
Guiné-Bissau. É uma verdadeira situação de golpe de Estado, é a
continuação do golpe de Estado. Já terminou o mandato e devia limitar-se
a assumir protocolarmente as funções”, disse Jorge Miranda.
fonte: jornaldeangola
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