Polícia em Sofala (Foto de arquivo)
A Polícia moçambicana anunciou esta segunda-feira (11.10) a morte do líder da autoproclamada Junta Militar da Resistância Nacional Moçambicana (RENAMO), nas matas do distrito de Cheringoma, na província de Sofala, centro de Moçambique. De acordo com as autoridades policiais moçambicanas, Mariano Nhongo foi alvejado mortalmente depois de uma troca de tiros com as forcas governamentais.
A morte de Nhongo seguiu-se a uma série de apelos do Governo moçambicano, do maior partido da oposição e do representante do secretário geral das Nações Unidas em Moçambique para que o líder dos dissidentes abandonasse as matas e se integrasse no processo de Desarmamento, Desmilitarização e Reintegração (DDR) dos ex-combatentes da RENAMO em curso no país.
Findas todas as tentativas de reaproximação, o estadista moçambicano, Filipe Nyusi, deu na semana passada ordens às forcas de defesa para que colocassem fim ao dossiê da Junta Militar que tem contestado a liderança da RENAMO e os termos do DDR decorrentes do acordo de paz de agosto de 2019. "Sobre a Junta Militar da RENAMO,não vou continuar a falar sempre deste assunto, mas concluam esse dossiê", pediu o Presidente.
A RENAMO, através do seu secretário-geral, André Magibire, ouvido pela STV, parceira da DW, lamentou a morte de Mariano Nhongo, mas lembrou que "foram feitos muitos apelos para o persuadir a aderir ao DDR, tanto que cerca de 60 ou mais combatentes" que com ele alinhavam "foram desmobilizados" e outros deverão entrar no processo".
O fim dos ataques no centro de Moçambique?
Que impactos terá a morte de Mariano Nhongo no seio do grupo de dirigia? Será este o fim dos ataques armados na região centro do país? Estas são as grandes questões que continuam por responder.
Hermenegildo Mudlovo, diretor executivo do Instituto para Democracia Multipartidária, está ainda cético quanto ao regresso da tranquilidade à zona centro: "Eu prefiro olhar para isso como um avanço importante para trazer a segurança à região centro do país. É ainda cedo para cantarmos vitórias em relação aos elementos que nos conduzem à violência armada", alertou, num debate transmitido pela STV.
Para o antigo presidente moçambicano, Joaquim Chissano, "os apelos devem continuar" para evitar que outros guerrilheiros sigam o caminho de Mariano Nhongo. "Se soubermos que há alguém que quer tomar as redes de Nhongo e continuar a fazer o que eles faziam, estes apelos devem ser dirigidos a estas pessoas" e "os esforços para evitar [o mesmo problema] devem continuar", afirmou.
O académico Egídio Guambe considera que a questão de violência do país é ainda um problema que deve ser resolvido a partir da base, pelo que a morte de Mariano Nhongo deve servir uma oportunidade para o Estado se reinventar. "Tendo o fim de Nhongo como uma oportunidade para o Estado se reconstruir naquela zona [centro do país], de forma a defender as populações para que não surjam indivíduos que recorram à violência para impor as suas pretensões", explicou, em entrevista à STV.
Para André Magibire, uma das saídas para o fim da violência é a construção da reconciliação nacional: "A nossa expectativa é de que os moçambicanos tenham a capacidade de preservar esta paz e de construir a verdadeira reconciliação nacional".
fonte: DW África
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Samuel