Engarrafamentos e desentendimentos entre automobilistas são o cenário diário do trânsito em Luanda numa altura em que o problema parece não ter solução à vista
Fotografia: Santos Pedro
Carros colados à traseira de outros, buzinas ensurdecedoras, agressões verbais e motoristas apressados a circularem em sentido contrário, com os perigos que daí advém, são o cenário do trânsito em Luanda, onde a situação piora a cada dia. A solução para o problema parece cada vez mais distante, numa altura em que ainda há estradas secundárias e terciárias em mau estado, embora bastantes delas estejam a ser reabilitadas.
Numa cidade com mais de cinco milhões de habitantes, andar de carro deixou de ser um luxo e transformou-se numa fonte de preocupações para quem viu na compra de uma viatura a solução para os problemas de deslocação.
As principais vias de acesso ao centro da cidade registam engarrafamentos que deixam qualquer pessoa com os nervos à flor da pele. Ontem, por exemplo, quem circulou pela Estrada Hoji-Ya-Henda viveu um dia para esquecer.
O engarrafamento começava na rua de Olivença e prolongava-se até ao largo da Mutamba. Face à ausência de um agente regulador do trânsito, o resultado apenas podia ser o que se verificou, com os automobilistas que circulavam no sentido congolenses/Mutamba, principalmente os candongueiros, a criaram quatro faixas paralelas, o que impossibilitou que os carros que vinham em sentido inverso circulassem sem constrangimentos.
No cruzamento entre a avenida Hoji-Ya-Henda e a rua Soba Mandumbe, junto ao local onde se situava o edifício da Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC), o caos era total.
Todos queriam passar ao mesmo tempo. Ninguém dava prioridade a ninguém. “Mas onde anda a Polícia?”, perguntou Miguel da Silva, trabalhador de uma agência bancária na Baixa.
Em resposta, David Bernardo, outro automobilista, respondeu: “Estes agentes de trânsito, quando a situação se complica, fogem à sua responsabilidade”.
Numa cidade com mais de cinco milhões de habitantes, andar de carro deixou de ser um luxo e transformou-se numa fonte de preocupações para quem viu na compra de uma viatura a solução para os problemas de deslocação.
As principais vias de acesso ao centro da cidade registam engarrafamentos que deixam qualquer pessoa com os nervos à flor da pele. Ontem, por exemplo, quem circulou pela Estrada Hoji-Ya-Henda viveu um dia para esquecer.
O engarrafamento começava na rua de Olivença e prolongava-se até ao largo da Mutamba. Face à ausência de um agente regulador do trânsito, o resultado apenas podia ser o que se verificou, com os automobilistas que circulavam no sentido congolenses/Mutamba, principalmente os candongueiros, a criaram quatro faixas paralelas, o que impossibilitou que os carros que vinham em sentido inverso circulassem sem constrangimentos.
No cruzamento entre a avenida Hoji-Ya-Henda e a rua Soba Mandumbe, junto ao local onde se situava o edifício da Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC), o caos era total.
Todos queriam passar ao mesmo tempo. Ninguém dava prioridade a ninguém. “Mas onde anda a Polícia?”, perguntou Miguel da Silva, trabalhador de uma agência bancária na Baixa.
Em resposta, David Bernardo, outro automobilista, respondeu: “Estes agentes de trânsito, quando a situação se complica, fogem à sua responsabilidade”.
Eugenia dos Santos, ao volante da sua viatura, tentava manter a calma: “é extremamente difícil chegar ao local do trabalho a horas com este trânsito infernal”.
Moradora em Viana, Eugénia disse que acompanha com apreensão a evolução do caos no trânsito em Luanda e que não acredita que o Governo Provincial tenha alguma solução mágica para acabar com os engarrafamentos.
“Com este trânsito e o comportamento das pessoas, estamos todos doentes, isto está cada dia pior e o Governo Provincial, parece-me, ainda não tem solução para o problema”, lamentou.
António Macedo, motorista numa empresa de rent car, referiu que, face a actual situação, aprendeu “a conviver com o constrangimento”.
“O problema do trânsito continua o mesmo. Não me resta outra solução senão acostumar-me a estes congestionamentos e adaptar-me à realidade”, declarou, com ar conformado.
Atropelamento
O risco de ser atropelado por um automobilista apressado está sempre à espreita nas ruas de Luanda. Por isso, andar a pé pelas artérias da capital requer muita atenção e espírito de sobrevivência. Quando menos o peão espera, aparece um automobilista ou motociclista desenfreado que o pode colocar entre a vida e a morte.
O Código da Estrada determina que os automobilistas são obrigados a abrandar nas passagens de peões, quer haja ou não pessoas a atravessar. Do mesmo modo, nas mudanças de direcção, à esquerda ou à direita, independentemente da sinalização e mesmo que não exista passadeira, têm de dar prioridade a quem vai a pé e se disponha a atravessar. Apesar disto, uma das principais causas dos atropelamentos em Luanda é a falta de cumprimento destas duas regras.
Nas ruas Revolução de Outubro, Ho Chi Minh, Cónego Manuel das Neves, Avenida 21 de Janeiro, Pedro de Castro Van-Dúnem “Loy”, Deolinda Rodrigues, Estrada da Samba, auto-estrada Benfica-Cacuaco e expresso Cacuaco-Kifangondo, somente para citar estas, é frequente ver automobilistas a circularem a alta velocidade e sem o mínimo respeito pelos peões que, vezes sem conta, também atravessam sem observar as normas de segurança. De qualquer forma, seja de quem for a responsabilidade, o peão é sempre a primeira vítima. Ciente dos cuidados a ter quando ao volante de uma viatura, o automobilista Venceslau Domingos circulava na Avenida 21 de Janeiro, no sentido Rocha Pinto-Aeroporto. Ao aproximar-se de uma passadeira deu prioridade aos peões que, a meio da travessia, foram surpreendidos por um taxista que por pouco não atropelou mortalmente um deles, José Gomes. “Estes taxistas não respeitam as regras de trânsito. E se ele me matasse? Também o matavam”, gritava furioso.
Venceslau Domingos, que da sua viatura assistia impávido a tudo isto, disse que a má condução em Luanda já deve ser considerada um problema de saúde pública, pois as pessoas perderam o respeito pela vida dos outros e da sua.
“A condução em Luanda deve ser alvo de um estudo aprofundado por parte dos investigadores sociais. Os carros não param, nem quando se aproximam das passadeiras com peões a atravessar. As pessoas não dão valor às suas próprias vidas e muito menos às dos outros”, afirmou Venceslau Domingos. Depois de passar a toda velocidade pela passadeira sem dar prioridade aos peões, o taxista parou bruscamente para entrarem outros passageiros.
Nesse instante, a reportagem do Jornal de Angola aproximou-se dele para tentar conversar sobre o comportamento que tivera.
Não se quis identificar e a justificação que deu para o procedimento que tinha tido foi que não podia parar na passadeira devido velocidade que levava e com receio do carro que vinha atrás bater no seu. “Por outro lado, o carro que parou para dar prioridade não fez a devida sinalização e por isso quase ia atropelando os peões, que não sabem esperar, acham que os carros devem parar sempre que eles quiserem passar, mas não é assim”, argumentou, a querer convencer que tinha razão.
José Domingos Mateus e Joana Maria Mateus perderam há dois anos a filha Alexandra Mateus, de 22, vítima de atropelamento.
Alexandra, recorda o pai, atravessava a Avenida Pedro de Castro Van-Dúnem, na passadeira junto às bombas de combustíveis no Golf II, a caminho de casa, quando foi atropelada por um carro que circulava em excesso de velocidade, cujo condutor ia desatento à presença de peões na passadeira. Infelizmente, a minha filha não resistiu às lesões causadas pelo choque e acabou por morrer já a caminho do hospital.
“É difícil andar a pé em Luanda por os motoristas não respeitarem os peões. Infelizmente perdi a minha filha por falta de prudência de um automobilista”, lembrou a Joana Mateus.
Centenas de mortes
Dados da Unidade de Trânsito de Luanda, divulgados recentemente, referem que foram registados, no segundo trimestre deste ano, 1.197 acidentes de viação, que resultaram em 297 mortos e centenas de feridos.
O desconhecimento do Código de Estrada e de outra legislação rodoviária por parte dos automobilistas são mencionados pela Polícia Nacional como os factores que mais concorrem para o aumento do número de acidentes rodoviários.
Moradora em Viana, Eugénia disse que acompanha com apreensão a evolução do caos no trânsito em Luanda e que não acredita que o Governo Provincial tenha alguma solução mágica para acabar com os engarrafamentos.
“Com este trânsito e o comportamento das pessoas, estamos todos doentes, isto está cada dia pior e o Governo Provincial, parece-me, ainda não tem solução para o problema”, lamentou.
António Macedo, motorista numa empresa de rent car, referiu que, face a actual situação, aprendeu “a conviver com o constrangimento”.
“O problema do trânsito continua o mesmo. Não me resta outra solução senão acostumar-me a estes congestionamentos e adaptar-me à realidade”, declarou, com ar conformado.
Atropelamento
O risco de ser atropelado por um automobilista apressado está sempre à espreita nas ruas de Luanda. Por isso, andar a pé pelas artérias da capital requer muita atenção e espírito de sobrevivência. Quando menos o peão espera, aparece um automobilista ou motociclista desenfreado que o pode colocar entre a vida e a morte.
O Código da Estrada determina que os automobilistas são obrigados a abrandar nas passagens de peões, quer haja ou não pessoas a atravessar. Do mesmo modo, nas mudanças de direcção, à esquerda ou à direita, independentemente da sinalização e mesmo que não exista passadeira, têm de dar prioridade a quem vai a pé e se disponha a atravessar. Apesar disto, uma das principais causas dos atropelamentos em Luanda é a falta de cumprimento destas duas regras.
Nas ruas Revolução de Outubro, Ho Chi Minh, Cónego Manuel das Neves, Avenida 21 de Janeiro, Pedro de Castro Van-Dúnem “Loy”, Deolinda Rodrigues, Estrada da Samba, auto-estrada Benfica-Cacuaco e expresso Cacuaco-Kifangondo, somente para citar estas, é frequente ver automobilistas a circularem a alta velocidade e sem o mínimo respeito pelos peões que, vezes sem conta, também atravessam sem observar as normas de segurança. De qualquer forma, seja de quem for a responsabilidade, o peão é sempre a primeira vítima. Ciente dos cuidados a ter quando ao volante de uma viatura, o automobilista Venceslau Domingos circulava na Avenida 21 de Janeiro, no sentido Rocha Pinto-Aeroporto. Ao aproximar-se de uma passadeira deu prioridade aos peões que, a meio da travessia, foram surpreendidos por um taxista que por pouco não atropelou mortalmente um deles, José Gomes. “Estes taxistas não respeitam as regras de trânsito. E se ele me matasse? Também o matavam”, gritava furioso.
Venceslau Domingos, que da sua viatura assistia impávido a tudo isto, disse que a má condução em Luanda já deve ser considerada um problema de saúde pública, pois as pessoas perderam o respeito pela vida dos outros e da sua.
“A condução em Luanda deve ser alvo de um estudo aprofundado por parte dos investigadores sociais. Os carros não param, nem quando se aproximam das passadeiras com peões a atravessar. As pessoas não dão valor às suas próprias vidas e muito menos às dos outros”, afirmou Venceslau Domingos. Depois de passar a toda velocidade pela passadeira sem dar prioridade aos peões, o taxista parou bruscamente para entrarem outros passageiros.
Nesse instante, a reportagem do Jornal de Angola aproximou-se dele para tentar conversar sobre o comportamento que tivera.
Não se quis identificar e a justificação que deu para o procedimento que tinha tido foi que não podia parar na passadeira devido velocidade que levava e com receio do carro que vinha atrás bater no seu. “Por outro lado, o carro que parou para dar prioridade não fez a devida sinalização e por isso quase ia atropelando os peões, que não sabem esperar, acham que os carros devem parar sempre que eles quiserem passar, mas não é assim”, argumentou, a querer convencer que tinha razão.
José Domingos Mateus e Joana Maria Mateus perderam há dois anos a filha Alexandra Mateus, de 22, vítima de atropelamento.
Alexandra, recorda o pai, atravessava a Avenida Pedro de Castro Van-Dúnem, na passadeira junto às bombas de combustíveis no Golf II, a caminho de casa, quando foi atropelada por um carro que circulava em excesso de velocidade, cujo condutor ia desatento à presença de peões na passadeira. Infelizmente, a minha filha não resistiu às lesões causadas pelo choque e acabou por morrer já a caminho do hospital.
“É difícil andar a pé em Luanda por os motoristas não respeitarem os peões. Infelizmente perdi a minha filha por falta de prudência de um automobilista”, lembrou a Joana Mateus.
Centenas de mortes
Dados da Unidade de Trânsito de Luanda, divulgados recentemente, referem que foram registados, no segundo trimestre deste ano, 1.197 acidentes de viação, que resultaram em 297 mortos e centenas de feridos.
O desconhecimento do Código de Estrada e de outra legislação rodoviária por parte dos automobilistas são mencionados pela Polícia Nacional como os factores que mais concorrem para o aumento do número de acidentes rodoviários.
fonte: jornaldeangola
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é sempre bem vindo desde que contribua para melhorar este trabalho que é de todos nós.
Um abraço!
Samuel