Na Casa Branca, o argentino Francisco falou de imigração, mas evitou assuntos como o aborto ou o casamento gay. Num encontro com bispos, aludiu aos abusos sexuais na Igreja.
Chegou num Fiat 500 preto, foi saudado por Barack Obama e percorreu a passadeira vermelha estendida numa Casa Branca enfeitada com bandeiras dos Estados Unidos e do Vaticano. Foi com todas as honras que o Papa Francisco foi recebido pelo presidente americano na sua primeira visita de sempre à América. E foi no relvado sul, diante de uma assistência de 15 mil pessoas, que o chefe da Igreja Católica elogiou os esforços de Obama no que se refere ao ambiente e sublinhou: "As alterações climáticas são um problema que não pode ser deixado para as gerações futuras resolverem."
Num discurso em inglês - apesar das claras dificuldades com a língua -, o argentino Francisco garantiu que se agirmos já "ainda vamos a tempo de curar o planeta para as nossas crianças". Evitando tocar em assuntos que o separam de Obama, como os excessos do capitalismo, o aborto ou o casamento gay, o Papa preferiu centrar-se nos que unem o líder da maior potência mundial e o líder dos 1200 milhões de católicos: como o ambiente ou a luta contra as desigualdades. Aos católicos americanos "e aos restantes cidadãos deste país", Francisco agradeceu os esforços para "construir uma sociedade verdadeiramente tolerante e inclusiva".
Obama, que enfrenta a oposição dos republicanos e do setor da energia para impor o seu plano para reduzir as emissões de gases com efeito estufa, agradeceu o papel do Papa neste âmbito. Com a cimeira de Paris sobre o ambiente marcada para final do ano, Francisco apresentou uma encíclica a exigir mais ações para travar o aquecimento global. "Santo Padre, lembrou-nos que temos a obrigação sagrada de proteger o nosso planeta", afirmou o presidente americano.
Numa cerimónia na qual não faltou a banda dos Marines, Francisco abordou ainda um assunto muito sensível neste momento nos EUA: a imigração. "Como filho de imigrantes, estou feliz por ser um convidado neste país, construído em grande parte por famílias de imigrantes".
Do relvado, Obama e Francisco seguiram para a Sala Oval. Num encontro de 45 minutos, os dois terão abordado vários temas, entre os quais o papel do Papa na normalização das relações entre EUA e Cuba, de onde este viajou na terça-feira para Washington. Houve tempo ainda para a tradicional troca de presentes. Obama ofereceu ao Papa a estátua de uma pomba, símbolo da paz, e uma chave, com 206 anos, da casa de Elizabeth Ann Seton, a primeira santa nativa americana. Francisco deu ao presidente americano uma placa de bronze comemorativa do Encontro Mundial das Famílias, que vai decorrer em Filadélfia. Os dois homens já se tinham reunido pela primeira vez no Vaticano em 2014, na altura Obama levou de presente uma caixa com sementes do jardim da Casa Branca e recebeu dois medalhões e uma cópia de A Alegria do Evangelho.
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Samuel