Filomeno Pina - Nô Djagra
Sendo mulher ou homem
não invente acrescentando ou diminuindo a sua idade, um tempo de vida que
passou pelo corpo é sagrado, não hesite sequer um milímetro entre os dois
algarismos que compõem a sua idade, os números são seus. Se lhe perguntarem há
quantas chuvas ou invernos vive no seu corpo, não pense duas vezes, não olhe
para o espelho antes de responder, pronuncie a sua idade em bom-tom sem
complexos e ponto final. Descobrirá que é interessante ouvirmos a própria voz
chamar o nosso corpo pela sua idade real, este primeiro “nome” associado ao
nome de baptismo, é a nossa data de nascimento (o inicio da idade do corpo).
Cá andamos durante
esta passagem terrena com o peso da nossa idade, cada um querendo ou não dizer
a sua, na verdade o corpo não esconde este tempo precioso, então diga sempre a
sua idade sem auto-crítica, terá ganhos com certeza!
Um pacto de amor entre
o corpo e o tempo de vida é muitas vezes quebrado quando o corpo troca as
voltas à idade real, passando gato por lebre, quando a cara não rima com os
números pronunciados e ouvimos os travões dos complexos da idade a chiar entre
os dentes ou, nas suas respostas devolvem uma outra pergunta: “e quanto me
dás?”, parecendo preferir a idade ideal e não a real, será?
A maturidade emocional
guarda a idade infinita de anos-luz da nossa experiência afectiva, são anos de
infinidade espiritual gravados, que derramou sobre nós a experiência de vida
que contemos, toda a informação dum mundo falante na mesma linguagem - os
afectos partilhados - o mundo que fala connosco, que afinal é o nosso, nestes
anos-luz na memória, juntam dias, meses e anos passados pelo corpo, para
chegarmos ao dia de anos “escolhido” e lembrarmos, para comemorar aquela data
de nascimento que o acaso criou para cada um e, não temos outro! Os restantes
dias são um infinito de emoções, impossível de contabilizar quantos “anos”
temos na maturidade emocional. Na idade real às vezes perdemo-nos nas contas e
não queremos dizer a nossa idade, porquê, talvez por motivos narcisistas ou
fantasias na nossa cabeça, será?
Este fenómeno em
relação a idade tem dado que “enganar” a muitos entre nós, quando acerca da
contagem da idade, vêm à cabeça coisas estúpidas que nos empurram para o ajuste
de contas com a idade, saltam os complexos de vergonha e outros ainda mais
íntimos, no confronto da “culpa” com a idade actual, a boca foge para a
verdade, ressentimentos amarrados no tempo em que não se teve “tempo”, provocam
bloqueios centrados no conceito de beleza que se pretende ainda, mesmo que por
segundos a pronunciar uma idade surreal, acontece que infelizmente temos todos
uma idade real na ponta da língua, que ninguém esquece, mas outros não o dizem.
Experimente – passar a
dizer a sua idade – o Ego reforçado dos mais velhos falará por si nesta noção
de beleza dentro de cada um de nós, acredite num clima de mudança pessoal de
mentalidade dentro de si, evitemos, certos pré-conceitos de beleza e estética,
depressa vão caindo progressivamente com o avançar da idade, importa aqui não
“dar boleia” a complexos dentro de cada um, vale a pena a autoconfiança
persistir, saindo de casa para arejar sua beleza constante e igual a si
própria, antes ou depois dos quarenta, sempre activa, afinal as pétalas
renovam-se com o sol vindo dos olhos daqueles que reparam em nós, acreditem
gente bonita com idade, este "sol" faz bem...
As aparências só
iludem porque a “idade-exterior” da nossa imagem está a pedir fantasias, mas
quem manda é a nossa mentalidade, o que pensamos é, e também muda se quisermos!
Aprendi que o musgo nasce em pedra dura, parece a idade, não escolhe o corpo
para aumentar, por isso se responder, diga logo sem aliviar de boca o seu tempo
completo, sem fingir, sem usar retalhos mais “jovem”, porque a
"antiguidade" não se confunde, onde estiver há beleza natural a
começar pela sua presença sem “verniz”.
A antiguidade resiste às “tintas” que apagam seu brilho natural, seja mais confiante na sua idade, que os mais jovens agradecem.
A antiguidade resiste às “tintas” que apagam seu brilho natural, seja mais confiante na sua idade, que os mais jovens agradecem.
A mudança desta
mentalidade desejada faz perder a vergonha das nossas rugas de afecto de uma
vida inteira, nossos sinais de amor tatuados no rosto e no corpo todo, são
cicatrizes duma história de vida que continua a marcar presença no nosso rosto.
São estas linhas epitelial à flor da pele, a aparência da idade provável duma
vida, todo o tempo que passamos por aqui, contados ou não, são a prova real
acertada do nosso corpo em confronto com a nossa vida, dando a cara e o corpo
todo!
“Real-Idade” sabe ler
este tempo, sabe da existência do estigma, o rótulo de “velho/a” que ainda mete
medo, também sabe, que hoje esta conotação negativa já não é o que parece,
perdeu força, vai caindo há muito sem nos darmos conta, já não atinge quem está
preparado nesta mudança de mentalidade, a viver sem complexos de idade ou
preconceitos de carácter cronológico, narcisista, de alienação cultural, todos
os pensamentos que nos impedem de conviver confortavelmente com a nossa idade,
o nosso corpo, pois podemos evitar tudo isto, começando por dizer a nossa idade
real, o que faz muita diferença, acredite.
Na verdade quem não esconde a idade tem que dizer - é primeiro passo - para entrar na luz com olhos de claridade neste contexto, a responder pela sua idade sem “mentir”, dizendo sempre quantos tem, é ser diferente.
Na verdade quem não esconde a idade tem que dizer - é primeiro passo - para entrar na luz com olhos de claridade neste contexto, a responder pela sua idade sem “mentir”, dizendo sempre quantos tem, é ser diferente.
Com esta mudança
saudável o corpo não engana, assume o belo e natural como presente magnético
que a vida tem, vive sem máscara. Muitas vezes preferimos o contrário, outro
corpo trabalhado, exigimos até capacidade que por vezes o corpo deixou de ter,
não se consegue renovar com mais “actualizações” cosméticas/estéticas
reforçadas na pele, mas fingimos não ver e, infelizmente, por vezes atingimos o
ridículo.
Porque não pararmos
para pensar sobre certa idade, que já não brinca a troco de qualquer risco com
cosmética agressiva, em certas idades preferimos liberdade sem esforço para
agradar uma imagem recriada em “laboratórios” de estética, porque preferimos
usar a consciência serena e profunda sobre nós próprios na beleza mais natural
do que outras …
Contrariando no tempo
as distâncias segundo as ideias acerca da beleza e do charme, estes dois
valores aproximam-se e ao mesmo tempo divergem. Revelam preocupações
sublinhadas a partir dos quarenta anos, na finura desta fase madura,
normalmente a idade assume referência cultural e social pensada na intimidade,
sendo outro patamar, nas idades e suas épocas, as sabedorias de gerações com
idades variadas a partir dos quarenta, seus rostos maduros, todo o belo num
corpo maduro, sua expressividade, fazendo ou não justiça silenciosa à imagem de
contraste na actualidade, para alguns de nós, continuamos sem os complexos
referidos atrás e, a caminho da idade mais avançada, com a dignidade natural
possível, sem alteração da beleza pessoal escolhida para conforto continuado
durante a vida, vamos indo, sabendo, no entanto, que de “belo” ou beleza, cada
um escolhe o que quer!?
Despidos do complexo
da perda de atracção ou da beleza “actualizada”, usamos o charme da
“antiguidade” pessoal de cada um, é melhor do que correr atrás da idade que não
se tem. Esta geração mais velha acordou e não mente mais ao dizer a sua idade,
vive bem na sua própria pele, sendo a sua idade a única roupagem sem marcas
comerciais, que transporta o charme também no rosto, com amor e beleza
progressiva ajustada ao auto-conceito o mais confortável possível, em cada um
de nós.
O desejo de andar para
trás na ilusão de parar o tempo com medo de ver a “beleza” fugir, não faz a
idade real alterar seu ciclo de vida na beleza temporal, estaremos apenas a
cultivar um complexo centrado no corpo que não se tem, a correr riscos físicos
e psicológicos de não nos sentirmos confortáveis na própria pele, infelizmente,
quando podemos viver bem melhor connosco próprios, sem mexer no “nariz” ou no
resto do corpo com as imitações, será?
Pense na sua beleza
interior, que já muda muita coisa em si, não carregue mais os preconceitos de
beleza fabricados para vender bem a partir de nós, à nossa custa, pense nisto!
A beleza interior é
infinita, a mais bonita e intensa, mas, quando estamos em paz com o nosso
sentir de beleza íntima, só.
.
DIGA SEMPRE A SUA
IDADE!
Djarama. Filomeno Pina.
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Samuel