Confrontos entre manifestantes e polícia resultaram em, pelo menos, três mortos e mais de 30 de feridos. A afluência às mesas de voto foi inferior à das eleições de 8 de agosto.
fonte: DW África
Depois de alguma incerteza, as eleições presidenciais realizaram-se esta quinta-feira (26.10) no Quénia. No entanto, e como prometido, a oposição não deu tréguas. Ao longo do dia, registaram-se incidentes em várias cidades do país, principalmente naquelas onde é grande o apoio a Raila Odinga, a maior ameaça à presidência de Uhuru Kenyatta.
Em Baía de Homa, Kisumu, Migori e Siaya, cidades bastião da oposição, as eleições tiveram mesmo que ser adiadas para o próximo sábado, dia 28 de outubro. Segundo a comissão eleitoral, a segurança estava posta em causa.
Esta foi a segunda eleição presidencial depois do ato eleitoral de 8 de agosto, que dava a vitória ao Presidente cessante Uhuru Kenyatta, ter sido invalidado pelo Supremo Tribunal devido a irregularidades. O líder da oposição pediu reformas na Comissão Eleitoral. No entanto, estas foram negadas e Raila Odinga acabou por se afastar das eleiçõese pediu aos seus apoiantes que boicotassem o processo.
Ao longo desta quinta-feira (26.10), foram registados vários confrontos entre os apoiantes de Odinga e a polícia. Ao final do dia, havia já registo de três mortos e mais de 30 de feridos.
Os apoiantes de Odinga ergueram barricadas nas ruas, tentaram bloquear o acesso às assembleias de voto e atiraram pedras à polícia, que lançou gás lacrimogéneo e tiros para dispersar os protestos. Os confrontos decorreram, maioritariamente, nos municípios de Baía de Homa, Kisumu, Migori e Siaya, próximas da oposição.
James Onyango vive em Kisumu e é um dos apoiantes de Raila Odinga. Respondendo ao repto do seu líder, não foi votar. "Estas eleições devem ser um fator unificador, devem unir as pessoas. No entanto, eu penso que as eleições que estão a decorrer não vão unir o Quénia de novo", afirmou.
Intimidações em dia de eleições
De acordo com Mulle Musau, responsável do Grupo de Observação de Eleições (ELOG), houve registo de pessoas que foram intimidadas em alguns pontos do país, o que, considera, "não é uma coisa muito boa em termos de transparência".
"Há grupos que realmente impedem as pessoas de participar no processo. Há relatos de pessoas que estão a ser impedidas de sair de suas casas", acrescenta.
Também Marietje Schaake, responsável dos observadores da União Europeia, descreve as eleições como "um mundo diferente" do encontrado em agosto, onde os "quenianos tinham muito mais esperança". Para esta responsável, o ato eleitoral desta quinta-feira foi "problemático" e envolto em clima de "intimidação, linguagem difícil e tensões crescentes".
Peter Anyang-Nyongo, um professor, mostra-se desapontado. A "eleição não é um dia em que se vêem polícias e militares a obrigar as pessoas a ir votar. Não. Nós acordamos pela manhã, celebramos, vamos almoçar pacientemente e vamos votar livremente", afirma.
"É hora de avançarmos", diz Kenyatta
Caso seja reeleito, Kenyatta, o líder do Partido do Jubileu, promete promover a unidade do país e lutar contra as "políticas tribalistas”no país
Esta manhã, quando foi votar na sua terra natal, Gatundu, Kenyatta, que nas eleições de agosto arrecadou 54% dos votos, garantiu que "90% do país estava calmo". Aos jornalistas, garantiu que a mensagem que estaria a ser passada ao povo é que fossem votar "em grande número", apelou a população a "tomar a sua decisão, escolher o líder para que o nosso país avance". "É hora de avançarmos", afirmou Kenyatta.
Na mesma ocasião, o Presidente afirmou que "a democracia no Quénia" deu provas que "amadureceu". "O Quénia provou que é capaz de passar por uma anulação da eleição presidencial, aceitá-la e dar aos quenianos outra oportunidade de voltar à votação e, mais uma vez, decidir quem deve ser o líder deles", deu conta ainda o Presidente cessante. Para Kenyatta, "este é o caminho que todos no continente africano esperam". "Acreditamos que estamos a dar o exemplo” afirmou.
Caso seja reeleito, o líder do Partido do Jubileu promete promover a unidade do país e lutar contra as "políticas tribalistas". Para Kenyatta, quem é eleito presidente tem a "responsabilidade de lidar com essas divisões, reformar o país e uni-lo". "Se, de facto, os quenianos decidirem que isso vai ser feito por mim, essa é a minha responsabilidade. É o meu dever e pretendo fazê-lo", deu conta, acrescentando que, como líder responsável, faz parte das suas tarefas dialogar com a oposição, nomeadamente com Raila Odinga.
Nos municípios onde o Presidente Uhuru Kenyatta tem apoio, as eleições decorreram normalmente. No entanto, quando comparada com as eleições de agosto, houve uma menor afluência às urnas. Ao longo desta quinta-feira (26.10), e apesar dos episódios de violência em certos municípios, vários quenianos mostraram-se satisfeitos com a organização deste ato eleitoral. Pontual, organizado e rápido foram algumas das qualidades destacadas.
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Samuel