José Mário Vaz - que presidente para o Século XXI ?!
José
Mário Vaz, presidente em funções da Guiné-Bissau, demitiu o Governo
eleito em Março e nomeou outro, a três semanas das eleições
presidenciais, gerando críticas internacionais. O primeiro-ministro
demitido garante que não sai.
A
Guiné-Bissau, país com 1,6 milhões de cidadãos, um presidente cujo
mandato terminou em junho mas mantém-se com funções protocolares até às
presidenciais de 24 de novembro - a que se candidata como independente
depois de incompatibilizado com o Partido Africano da Independência da
Guiné e Cabo Verde (PAIGC), pelo qual foi eleito em 2014 -, entra em
campanha dentro de três dias e tem, desde esta terça-feira, dois
primeiros-ministros. E o futuro mais incerto do que nunca.
José
Mário Vaz, o presidente conhecido como Jomav, demitiu o Governo saído
das legislativas de março de 2018 e cuja formação atrasou um mês. Alega
uma "grave crise política" que põe "em causa o normal funcionamento das
instituições da República". E baseia o entendimento no facto de uma
manifestação não autorizada contra o Governo, no sábado, ter terminado
com repressão policial e um morto.
Aristides
Gomes, o primeiro-ministro demitido, assegura que a morte não ocorreu
no protesto e está a ser investigada e denuncia uma tentativa de golpe
de Estado liderado pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem
G15) com vista à manipulação das presidenciais.
Decreto considerado ilegal
A
demissão foi anunciada num decreto presidencial emitido após uma
reunião de emergência do Conselho de Estado, mantida anteontem à noite.
Encontro para o qual Aristides Gomes não foi convocado e à qual não iria
se o tivesse sido. Diz que o órgão não é legítima, porque não foi
empossado desde as legislativas de março.
Esta
terça-feira de manhã, publicou no Facebook uma mensagem a dar conta de
que estava no posto "para mais um dia de serviço à Nação". Pouco depois,
após ouvir todos os partidos menos o PAIGC, José Mário Vaz convocava o
segundo partido mais votado - precisamente o Madem G15 - a indicar um
nome e, à tarde, nomeava Faustino Imbali primeiro-ministro.
O
presidente do PAIGC e candidato à presidência guineense, Domingos
Simões Pereira (recusado como primeiro-ministro por Jomav), rejeitou a
medida, que diz ter sido assinada por um candidato e não por um
presidente, cujas funções, definidas no chamado consenso de Abuja, são
protocolares.
O dito consenso foi
assinado após o fim de mandato de Jomav na cimeira da Comunidade dos
Estados da África Ocidental, que ontem realçou "o carácter ilegal" da
demissão do Governo e acenou com sanções. Tanto a Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa como Portugal, pela voz do ministro dos Negócios
Estrangeiros, fizeram saber que só reconhecem o Governo de Aristides
Gomes. E este garantiu entretanto que só sai "se for pela via da força".
Depois das eleições, analisará o futuro.
Faustino
Imbali, o segundo primeiro-ministro, já empossado, garantiu desde o
palácio presidencial ter como prioridade a realização de presidenciais
isentas e livres. Quanto à reação internacional à crise política
guineense, argumentou que "quem anuncia a ilegalidade são os tribunais".
*com Lusa
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