Coronel Doumbouya, líder golpista
Em comunicado, o Ministério da Defesa da Guiné Conacri afirmou este domingo (05.09) que a guarda presidencial, apoiada pelas forças de defesa e segurança leais e republicanas, repeliu a tentativa de golpe de Estado.
As forças especiais anunciaram a criação do "Comité Nacional de Agrupamento e Desenvolvimento" e prometeram iniciar uma consulta nacional para abrir uma transição inclusiva e pacífica, depois da captura do Presidente da República, Alpha Condé no domingo (05.09).
O cientista político Ibrahima Kane, da Open Society Foundation, em declarações à DW, lembra: "Todos nós sabemos que a Guiné está no centro da tempestade há mais de dois anos, por assim dizer. Com crises intermináveis relacionadas com as eleições que o país organizou [em outubro de 2020], em conexão com o referendo para uma nova Constituição que o próprio Presidente tinha elaborado".
Kane diz que não ficou surpreso com o golpe contra o Presidente Alpha Condé e acrescenta que "a Guiné estava em crise permanente! Estava claro que algum dia alguém tentaria consertar as coisas".
Os oficiais das forças especiais anunciaram, no final da noite de domingo, o recolher obrigatório em todo o país "até segunda ordem".
Ameaça velada dos golpistas
Num comunicado na televisão nacional, o coronel e líder das forças especiais, Mamady Doumbouya, garantiu que a integridade física e moral do Presidente não está ameaçada e fez uma convocatória.
"Ministros cessantes e antigos presidentes de instituições são convidados para uma reunião às 11 horas da manhã, no Palácio do Povo. Qualquer falta de comparência será considerada como uma rebelião contra o Comité Nacional de Agrupamento e Desenvolvimento”, amaeçou.
A Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) já manifestou preocupação com a situação política do país e exigiu a libertação imediata do Presidente. Um apelo a que se juntou os EUA e a França, invocando o regresso à ordem constitucional.
Mas o cientista político Doudou Sidibé é cético quanto às condenações ao golpe por parte da comunidade internacional e das organizações africanas e regionais.
“É assim que sempre começa: é condenado, e então os golpistas vêm e distribuem o seu roteiro no qual prometem democracia, desenvolvimento e eleições livres e transparentes. E então vocês verão que a comunidade internacional se acalmará. [vejam] o caso no Mali, Chade etc", alerta Sidibé.
E o analista político sugere: "Depende de como os militares se vão comunicar nos próximos dias. Seria bom se houvesse uma transição muito curta. Pode ser difícil... Mas um ano no máximo e depois organizar eleições para que os civis possam ter o poder de volta".
A candidatura de Condé a um terceiro mandato foi considerado inconstitucional pela oposição, em outubro de 2020, e gerou meses de tensão que resultou em dezenas de mortes.
fonte: DW África
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é sempre bem vindo desde que contribua para melhorar este trabalho que é de todos nós.
Um abraço!
Samuel