Manifestantes exigem a renúncia do presidente, que governa há 27 anos
O presidente de Burkina Faso, Blaise Compaore, declarou estado de emergência para tentar controlar os violentos protestos contra a sua tentativa de se reeleger mesmo após 27 anos no comando do país.
"O chefe das Forças Armadas está à frente da implementação do estado de emergência, que passa a vigorar a partir de hoje", disse Campaore em um comunicado.
O governo e o parlamento do país, que fica no oeste da África, também foram dissolvidos, segundo o documento assinado pelo presidente.
"Dissolvo o governo para criar as condições para mudança. Estou pedindo aos líderes da oposição que deem fim aos protestos. Peço que, a partir de hoje, todos os envolvidos na crise participem de um diálogo para acabar com esta crise."
Multidões enraivecidas haviam incendiado o Parlamento e outros prédios do governo, forçando parlamentares a abandonar uma votação que permitiria ao presidente buscar sua reeleição em 2015.
Manifestantes se concentraram na principal praça da capital, exigindo que Campaore renunciasse.
"O dia 30 de outubro é a 'Primavera Negra' de Burkina Faso", disse uma ativista da oposição, Emile Pargui, à agência de notícias AFP.
Ao menos uma pessoa foi morta nos protestos, segundo o correspondente da BBC Yacouba Ouedraogo.
No entanto, o principal líder da oposição, Zephirin Diabre, disse que dezenas de manifestantes foram mortos no país por forças de segurança.
Testemunhas disseram que militares se uniram aos protestos na praça, inclusive o ex-ministro da Defesa, o General Kouame Lougue.
Os manifestantes pedem que o general seja declarado o novo presidente, segundo o repórter da BBC.
'Primavera negra'
"Em meio à escalada desta violência bárbara, a oposição política exige, em nome do povo, que o presidente Blaise Campaore renuncie ao cargo", ele afirmou.
Militares atiraram contra manifestantes que haviam ocupado o Parlamento para dispersá-los.
Os manifestantes também foram em direção ao palácio presidencial, e um helicóptero do governo lançou gás lacrimogêneo contra eles, segundo a agência Reuters.
A Prefeitura da capital, as residências de parlamentares e um hotel de luxo em Ouagadougou também foram incendiados.
Também houve protestos em Bobo Dioulasso, no sudoeste do país, e em outras cidades.
A TV estatal saiu do ar depois que manifestantes invadiram o prédio da emissora e o saquearam.
O enviado especial da ONU ao leste da África, Mohamed Ibn Chambas, viajará para Burkina Faso na sexta-feira para tentar atenuar a crise.
Este é um dos protestos mais sérios contra o governo de Compaore.
O presidente assumiu o poder em 1987 e ganhou as quatro eleições que disputou desde então.
Ele estaria impedido de participar das próximas eleições de acordo com as leis do país.
Uma emenda constitucional seria votada nesta quinta-feira para acabar com este limite, mas a sessão parlamentar foi suspensa com os protestos.
#BBC
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Samuel