As crises política e financeira em Moçambique foram questões frequentemente abordadas pelo Presidente no arranque da sua visita a Bruxelas. Porém, Filipe Nyusi não avançou detalhes sobre soluções que prometeu encontrar.
O Presidente moçambicano está de visita à capital da União Europeia (UE), na Bélgica, numa altura em que aumenta a ânsia dos moçambicanos por um esclarecimento sobre os escândalos financeiros. Os casos da Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM) e Proindicus já fizeram com que o Fundo Monetário Internacional (FMI) recuasse na intenção de uma visita de avaliação ao país.
Em contrapartida, as idas frequentes de governantes moçambicanos a Washington para prestar esclarecimentos ao FMI e ao Banco Mundial sobre as revelações de novos empréstimos são interpretadas como uma tentativa desesperada de não manter este parceiro.
O tema também é assunto em Bruxelas. Questionado sobre as consequências desses casos na relação com os doadores da UE, Filipe Nyusi respondeu que "o importante é a atitude que o país toma".
Segundo o chefe de Estado, nos encontros mantidos com representantes dos países que apoiam Moçambique, estas questões foram abordadas "de forma direta e frontal". O que, segundo Nyusi, "encoraja" o seu Governo "a continuar com essas medidas, que é o que está acontecer".
Quem recebe esclarecimentos sobre os empréstimos avaliados em 884 milhões de euros é o FMI, segundo o Presidente moçambicano. Nyusi diz que conta para isso com a participação de parceiros e instituições bancárias.
O FMI acusa as autoridades moçambicanas de terem escondido parte dos empréstimos. Mas Filipe Nyusi já tem ideia do tipo de apoio que precisa: o mesmo do caso EMATUM. "A dívida está reestruturada e esperamos que as outras que possam vir a acontecer também sejam reestruturadas", declarou em Bruxelas.
Solução interna para crise política
Relativamente aos impactos desta crise, o Presidente não foi capaz de especificar, limitando-se apenas a garantir que já se está a trabalhar na sua avaliação. Outro assunto que também se mostra difícil de medir é a crise política que se arrasta há meses no país.
Federica Mogherini, alta representante para os Negócios Estrangeiros e vice-presidente da Comissão Europeia
Enquanto entendidos preferem qualificá-la como "guerra não declarada", Filipe Nyusi prefere falar em "distúrbios". Mediadores nacionais ainda não conseguiram resultados satisfatórios. A UE, por sinal proposta pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o maior partido da oposição, como uma das mediadoras das negociações, ofereceu-se já para ajudar o país a sair da crise.
Subtilmente, o Presidente moçambicano deixou claro que a solução interna ainda é a principal aposta. "Moçambique tem referências de comunicação", sublinhou. " Já me reuni com o líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, duas vezes, o que significa que pode haver uma terceira ou quarta vez". Nyusi lembrou ainda que já indicou "um grupo que deve preparar o encontro".
Em fevereiro passado, em Maputo, a alta representante para os Negócios Estrangeiros e vice-presidente da Comissão Europeia, Federica Mogherini, já tinha oferecido ajuda para ultrapassar a crise. Na altura, disse recear que os confrontos colocassem em causa todas as conquistas alcançadas nas últimas décadas, também com a ajuda da UE.
Esta sexta-feira (22.04), segundo e último dia da visita a Bruxelas, Nyusi tem previstos encontros com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e com a comunidade moçambicana. Espera-se ainda que no balanço da visita, agendado para esta tarde, o Presidente moçambicano fale sobre os temas que dominaram os encontros que manteve com a Comissão Europeia.
#dw.de
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é sempre bem vindo desde que contribua para melhorar este trabalho que é de todos nós.
Um abraço!
Samuel