Todos os anos, os organizadores do Afrika Festival procuram novos músicos africanos para apresentar em Würzburg. Na edição deste ano, o destaque vai para a diversidade musical do Senegal e Cabo Verde.
Em quase 30 anos de existência, passaram por Würzburg grandes nomes dos dois países, como as cantoras cabo-verdianas Lura e Nancy Vieira e os senegaleses Youssou N'Dour e Omar Pene. Este ano, marcam presença músicos jovens e pouco conhecidos, distinguidos pelo seu talento.
Elida Almeida: a força das mulheres de Cabo Verde
Elida Almeida atuou pela primeira vez no Afrika Festival, esta sexta-feira (26.05). Sentiu-se particularmente honrada por surgir ao lado de grandes nomes da música africana como Salif Keita, do Mali, e Eneida Marta, da Guiné-Bissau. Mas a jovem cantora cabo-verdiana também está feliz pelo facto de o seu país estar especialmente bem representado este ano, em Würzburg.
Elida Almeida, nascida na ilha de Santiago, faz parte da nova geração de músicos de Cabo Verde. Pega em sons tradicionais das ilhas e dá-lhes um toque moderno pessoal. Batuku e Funaná duas inspirações especiais.
A cantora cabo-verdiana Elida Almeida subiu ao palco na sexta-feira
Elida Elmeida acaba de lançar um novo álbum, intitulado "Djunta Kudjer" ou "unir-se em amizade, solidariedade ou mesmo amor”, em crioulo. "Foi por isso que escolhi este nome, para incentivar mais amizade e mais paz”, diz Elida Almeida. "Hoje, quando o mundo está sob tanta pressão do terrorismo e da guerra, precisamos desta mensagem”.
Nas suas canções, a jovem música canta sobre a vida em Cabo Verde e as tradições do seu país. Discriminação, gravidez na adolescência, o direito à educação e a força das mulheres cabo-verdianas são alguns dos temas que destaca. "Tento sempre transmitir uma mensagem, juntamente com boa música”.
Além de Elida Almeida, também Tibau Tavares e Dino de Santiago representam Cabo Verde em Würzburg.
Do futebol à música
Inicialmente, Wally Seck não queria ser músico, mas sim jogador de futebol profissional. Mas a carreira na Europa não teve o sucesso desejado. Após uma lesão, o jovem senegalês decidiu voltar para casa e seguir as pisadas do pai, o músico Thione Seck. Não se arrependeu desta decisão: hoje, Wally Seck é uma estrela no Senegal. O seu mais recente álbum, "Xel”, é o mais vendido no país.
Cantor senegalês Wally Seck
Agora, quer ajudar outros artistas e fundou a sua própria editora, a Faramarène Music. "Apoio jovens talentos que não têm os meios necessários para promover a sua música”, explica Wally Seck. O trabalho como artista é difícil, mas "é preciso acreditar, ter muita força, muita maturidade e muita fé”.
O músico está especialmente satisfeito por poder representar o seu país no primeiro dia do festival: "Estou muito orgulhoso por estar aqui, como senegalês, cantor e autor, como africano”. E não desiludiu o público em Würzburg. Wally Seck e a sua banda apresentaram a sua música Mbalax – o estilo musical mais popular do Senegal – animando o festival.
Novos ritmos urbanos de Dakar
Para o grupo Takeifa a música é um assunto de família. A banda é composta por cinco irmãos da família Keita – quatro irmãos e uma irmã. Longe dos sons tradicionais, Takeifa desenvolveu o seu próprio estilo, misturando pop, funk e rock.
Grupo Takeifa, do Senegal
"Tivemos sorte porque os nossos país gostavam de música”, diz Jac Keita, líder da banda. "Em casa, ouvíamos jazz, rock, pop e ritmos africanos. Fomos inspirados por Fela Kuti”. Todos estes estilos de música têm influenciado os jovens artistas: "Concentramo-nos em rock e hip hop porque são os que nos dizem mais. Mas há também muitos sons africanos na nossa música”.
Com textos de carácter social, Takeifa quer dar voz aos jovens do Senegal. Há cinco anos, a banda fundou a associação Care Albinos. "Destina-se às pessoas com albinismo, para que recebam meios como protetor solar e óculos de sol”, explica Maah Keita, o baixista do grupo, que sofre com a doença. "Acima de tudo, queremos sensibilizar as pessoas com albinismo e aqueles ao seu redor: temos o direito de viver uma vida normal, apesar das deficiências físicas e visuais. Acima de tudo, passar uma mensagem contra as injustiças sociais”.
Para além de Elida, Wally e os irmãos Keita, o festival conta com a participação de vários artistas da Guiné-Bissau, Senegal e Mali. Este ano, espera-se que 80 mil visitantes passem pelo Afrika Festival.