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terça-feira, 16 de outubro de 2012

Artigo de opinião: PROFESSORA DE ENSINO PRIMÁRIO/S DA VIDA INTEIRA.

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...


Uma justa homenagem às nossas Rainhas do conhecimento, às Professoras Primárias que com a sua oração de sapiência diante da classe, na sala de aula, ao longo de anos, puseram toda a mestria e coração ao serviço dos mais pequenos, ajudando na criação e fortalecimento de alicerces do conhecimento, num projecto harmonioso de arquitectura estética no aparelho mental infantil, colocaram as primeiras pedras projectadas, para continuarem a crescer, progressivamente, nos caminhos do conhecimento científico e maturidade emocional, durante o percurso de vida activa e aprendizagem escolar do aluno.
Das mãos desta classe profissional, autênticas terapeutas dos afectos na relação pedagógica com o aluno, é comum vermos surgir como resultado desta interacção, um “bolo” bem confeccionado, com a melhor “massa-cinzenta” da arte de ensinar, gente especial dedicada ao aluno, que com o seu empenho e magia, transformou os alunos da primeira à quarta classe, durante o projecto educativo de ensino primário, em pessoas mais bem preparadas para a vida intelectual e criativa, com mais autonomia e capacidades, preparados para seguir em frente, depois de uma quarta classe bem trabalhada.
Altura em que as nossas Rainhas permitem substituir-se diante do seu aluno, por outros professores, para fazerem a cobertura do “bolo”, uma habilidade em saber espalhar o açúcar sobre a amostra que desconhece, este aluno que agora chegou ao Ensino Preparatório, pronto para conhecer muitos professores ao mesmo tempo, dá-se um desmame forçado e rápido, passando de um único professor durante o ano, para dez ou mais, logo a seguir, de um nome só a fixar, para muito mais e cada qual com a sua disciplina, uma mudança nada fácil do ponto de vista emocional, mas, conseguem, o desmame acontece sem colagem ao seu passado.
Esta separação física automática abre novos caminhos, longe da primeira escolinha, onde aprendeu a ler, a escrever e a contar. Vai pensar de futuro com as mesmas bases apreendidas na escola primária, “de pequeno, se torce o pepino” é uma realidade, somos hoje, muito do que nos ensinaram nesta fase cronológica, coisas primárias que aprendemos para o resto da vida, e ficaram.
Nunca mais esquecemos da Professora, esta primeira estrela, aquela que iluminou a nossa consciência pelo saber, o gosto pela aprendizagem, que incutiu valores e ensinamentos “primários”, e não esquecemos mais a primeira Professora, porque outros serão como a cereja em cima do bolo, não tem nada que ver com a massa, porque também desconhece a “farinha” de que é feito o Bolo” que há-de cobrir, este aluno novo, acabado de sair da escola-afectiva, para o primeiro baptismo de fogo diante de mais de dez professores em cada ano lectivo.

Mas na estrutura básica da formação do aluno, somente a professora primária sabe da sua receita completa para cada um deles, a massa de que foi feito o “aluno”, na formação básica, porque os outros, somente o viram já depois de quase feitos, e para continuarem um longo caminho das descobertas do conhecimento.

As Professoras Primárias são as mais importantes sabedoras desta iniciação ao conhecimento, nesta fase, mas também são hoje, muitas vezes incompreendidas neste meio institucional, como assistimos na comunicação social, ignorância e injustiças propositadas, com complexos em reconhecer e valorizar sem rodeios, esta mais bonita profissão do mundo e os seus docentes, a figura da Professora Primária.
Torna-se urgente resgatarmos da sombra esta imagem do Professor, devolver com qualidade e justiça a sua importância junto da comunidade e da família, como peça fundamental a cultivar no desenvolvimento da sociedade.

Mais depressa se aumenta o “vencimento” ao professor universitário que forma gente para o desemprego, por exemplo, do que se lembram os políticos de, pelo menos, considerarem e respeitarem esta classe profissional especializada, que trabalha numa das fases do desenvolvimento cognitivo e emocional mais importante na vida escolar do aluno.
Tudo o que se apreende nesta etapa da aprendizagem é permanente em nós e servirá para a vida inteira, tudo que aprendermos nesta fase “primária” do desenvolvimento, porque nunca mais prescindimos do seu manejo como ferramenta importante para desbravar caminhos da sabedoria e do conhecimento futuro, serão alicerces dum saber contínuo (Ensino Primário) que nunca conhecerá o “desemprego” se não com a morte.

Hoje é menos reconhecida esta classe profissional e por vezes até pouco respeitada, a figura do Professor Primário. Sentimos que estão menos protegidos na instituição ou no meio comunitário, vão perdendo o lugar especial no “pódio”, um posto cativo há séculos, porque era o Professor Primário e o Médico, os mais acolhidos na sociedade, (recebiam prendas dadas com amor e carinho dos pais dos alunos, um sentimento de gratidão e homenagem espontânea dos encarregados de educação).
Uma realidade que dispensa comentários é uma necessidade urgente de mais atenção e carinho institucional, dedicado aos professores no geral, em particular às nossas Rainhas da Escola Primária, as nossas terapeutas do afecto e da aprendizagem, que da boca para os ouvidos das crianças, criam a sua “magia” na colocação de voz, na arte de ensinar, sem dúvidas e uma competência profissional à flor da pele.
O ser-se Professor Primário sem aspas, é amar com palavras de ensinamento, para deixar sementes com a certeza absoluta de crescerem bem e serem criativos no futuro.

Dedico ao professor do Ensino Primário, esta pequena homenagem movida por sentimento de gratidão, que temos, pelo bem investido no aluno, quero referir particularmente às Professoras amigas que leccionaram nos finais dos anos sessenta, na Escola Central de Bissau, junto a Mãe-d’água em Gâmbyafada, com muita saudade do tempo em que saímos da casca do ovo, fomos orientados no saber, noutras leituras da sabedoria e do conhecimento, agradeço com carinho toda a ferramenta deixada, que aproveitamos para desbravar caminhos e novas leituras na interpretação do mundo.
Muito especialmente à minha querida Professora Olinda, que já não está entre nós, que Deus lhe dê eterno descanso e Glória, um muito obrigado cheio de saudades, deste seu aluno traquina que bem ajudou e ajuda, estas raízes não se perdem, nunca, são como na fé, não se apalpa mas está, quando entra procuramos em nós o melhor que ela pode trazer, não se perde.
Também nesta homenagem incluo com amor, à Professora Eugénia Pina (minha querida  irmã); e as Professoras: Professora Manuela Rocha; Professora Etelvina; Professora Maria José Rola; Professora Esperança Robalo e muitas mais, gente bonita e dedicada às crianças, que com a sua aptidão especial e capacidades, ajudaram longos anos a optimizar toda esta luz permanente na reflexão, o seu reflexo permanente que ilumina nossa visão do mundo, desde a infância, fazendo parte das nossas recordações mais belas trazidas até hoje.
Um infinito obrigado a todas as Professoras, pelos ensinamentos complementares, pelo amor, carinho e tolerância, com que melhor contribuíram para a nossa formação integral, como aluno e não só, no arranque de uma maratona sem meta como limite, passando pelo ensino secundário, superior, continuando, sem terminar nunca, ainda que na vida activa, aprendamos até morrer, lembrando sempre de coisas primárias que ninguém esquece desde a sua infância, uma memória que a sociedade agradece, é a criança que fomos, uma memória com conteúdos implícitos de Professora Primária dentro, é um sinal de sociedade saudável, só.

Quem não se recorda da sua própria infância, da sua meninice, das traquinices, das brincadeiras umas atrás de outras, intensamente vividas, quase sem parar, imensamente recheadas de coisas bonitas da vida, que falaram connosco o tempo todo durante a infância, adolescência e ainda, numa linguagem colada aos nossos corações, vozes e conteúdos que nunca mais deixaram de respirar nas nossas lembranças, connosco vivem enquanto existirmos na face da terra, não hão-de desaparecer, nunca, porque não param de crescer dentro de nós, a “picar” este poder da mente, brincar sempre, dentro e fora da nossa cabeça, de olhos fechados ou abertos, sozinhos ou acompanhados, sem ninguém tacteado por fora, tudo hoje é imaginado na saudade que vive connosco.
Está na memória contida, toda esta gente que não estando, só eu sei quem são os que ficaram colados na minha cabeça, porque não podendo estar fora, aqui dentro acamparam dentro do meu coração, fazendo parte, sinto como se fosse hoje, são as raízes da minha infância perdida e achada, logo existo para além de mim, onde não preciso tocar ninguém ou nenhum deles, tão perto como longe, vamos estando, ninguém saiu da “tola”, todos ficaram amarrados neste olhar internalizado, num único sentido, para dentro, o invisível em estado de alerta, silencioso, um segredo da alma partilhada, vivida em cada um de nós, permanece neste imaginário que resiste, respira sem ajuda, num corpo que é mental, mas está vivo em cada um de nós.

Brincando, fomos acontecendo frequentemente como um ser pensante em construção e igual a si próprio, dum simples reflexo que nos vem à cabeça nesta saudade, num sentimento ou num desejo, sabemos sempre o que temos dentro, como nós somos, realistas, sem “maquilhagem” enquanto pensador.
Mas saindo à rua no palco da vida, encarnamos os nossos mitos com criatividade, sendo peças originais pré-destinadas na relação humana, faz de nós quase um “brinquedo” partilhado entre mãos, num mundo escorrido e escolhido que temos, às vezes sobra muito pouco por onde escolher, só possível construir-se a partir de uma recriação selectiva, nas nossas escolhas de amor, deixando ficar dentro ou fora desta partilha, os nossos gostos ou desgostos da vida, nada se apagando fácil, tudo se lembra ou não, está dentro, guardados ou não, somos nós.
Muitas vezes sentimos este estado de espírito ao lidarmos com recordações do nosso passado, neste impulso há a certeza que temos gente dentro desta memória, nas escolhas feitas neste percurso da vida e, no entanto, algumas recordações são sinais de prova no tempo e espaço, das cruzadas de caminhos palmilhados a crescer sempre até aqui.
Somos esta verdade como prova de vida cuidada, acolhidos desde o berço pelos nossos pais, cheio de recordações vividas, renascemos mentalmente hoje e a partir de um “clíc” mágico, que nos desperta a criança que há em nós, fiel às brincadeiras, os brinquedos que nos transformaram em peças únicas e espalhadas na sociedade, fazendo parte dum puzzle infinito de peças únicas na dinâmica social e afectiva.
O que é muito amável neste mundo imaginado, inspirado noutros tempos e aparentemente separado, mas que se encontra vezes sem conta dentro de nós, fazendo parte como um conjunto abstracto de ludo-vivências, das tais coisas encaixadas no coração, mas com gente dentro.

Somos família alargada de amigos na infância, hoje a maior parte apenas estão na memória, (animais, plantas, amigos e alguns desconhecidos), as coisas marcantes com que cruzamos ficaram coladas na alma, de onde nunca saíram, por isso não se desgastaram enquanto calcávamos firmemente o palco da vida, caminhando apressado ou lentamente, consoante o ritmo da nossa vida.
Foram acontecimentos dispersos, fazendo parte de numa trajectória de vida complexa, desde a infância, aos dias de hoje, lembranças que trazemos hoje protegidas no baú dos mimos recebidos. Deste tempo que nos fez os braços ficarem longos, agarrados de nascença ainda chegaram até aqui, para abraçarmos o mundo que ficou para trás, não queremos que nos escape nada nunca, tivemos amor e chave do afecto na mão, numa escola vinculativa e perfeita entre professor e aluno. Confiantes que éramos doces preferidos das nossas Professoras, afinal qualquer um o doce que queriam que fossemos, um bom aluno.
Por amor ensinavam, avançávamos no conhecimento, no final do ano lectivo, sabíamos com peso e medida diferente entre alunos, toda a matéria, o suficiente para obter aprovação no exame da quarta classe. Nós gostávamos da nossa sala de aula, do nosso espaço criativo, colorido e cheio de novidades no dia a dia, mesmo com a Professora zangada, com qualquer um que não tivesse a matéria bem estudada, sabíamos que “passava” depressa, éramos seguros disso, era justa e tolerante nas decisões, pois tinha sempre razão, fácil era adivinhar um “ralhete”, por falta de atenção, esquecimento de material, erros no ditado, tabuada ou uma redacção que fosse preciso uma “lupa” para a encontrar no caderno, era proibido e quem se descuidasse sabia que ia haver “sopa”.
Alguém escreveu um dia em jeito de acrescentar “palha” para fazer volume na redacção, qualquer coisa como isto, “tomei o mata – bicho enquanto lavava os dentes, saí a correr para a escola e caí na água choca da porca, voltei para trás, lavei-me, fritei um ovo e comi, sem que a minha mãe soubesse de nada…” Mas, a professora podia saber, como se compreende e talvez, querendo não podia confirmar absolutamente nada, o que importava era uma redacção recheada de argumentos criativos, a uma que fosse “magrinha”, que rapidamente provocasse puxões de orelha fortes ou uma reguada de três furos nas unhas.
Sinais do tempo em que havia tempo para ensinar, com amor sem “espinhas” ou desconfianças mutuas, os pais sabiam disso muito bem, a ética, a deontologia profissional, o respeito pelo trabalho do professor, a colaboração dos pais, o intercâmbio de informação casa-escola, possibilitava uma relação gratificante que só trazia benefícios para ambas as partes, outros tempos e outros sinais.
Hoje somos ex-alunos, que brincamos na mente, mais do que nas ruas e cantos da nossa infância, cada um no seu canto espalhados pelo mundo, lembramos lugares onde deixamos raízes enterradas, como cordão umbilical desta memória de infância que temos ainda hoje, a nossa primeira cicatriz que ninguém vê, está escondida, guardada na intimidade, naquela que é intima e só nós sabemos, guardada como um selo autenticado, o segredo com transparência, embora distantes que estão hoje, vivem connosco, crescem ou morrem, sem darmos conta do seu tamanho, sua idade, seu tempo, e continuamos a crescer brincando, sem darmos conta desta brincadeira prolongada e longa que é a vida enquanto dura, vimos do tempo em que éramos felizes sem saber porquê, tudo corria bem e feliz a nossa volta, parecendo um faz de conta pegado na perfeição, que nunca acaba, e ainda bem esta infância rica e criativa.

Quando falamos de infância, uma certeza temos, haver gente dentro desta memória que cruza toda a amplitude das nossas vidas, marcantes, cheias de histórias bonitas, do tempo em que aprendemos brincando, felizes uns com os outros como família afectiva que éramos, partilhávamos este tempo entre brincadeiras e algumas regras inventadas, para não nos zangarmos uns com os outros por muito tempo, só parávamos para comer, fazer os deveres e cumprir com o horário escolar, mas tudo ficou gravado, como se não existisse mais nada a registar, somente o que é bom das nossas vidas.
Estas brincadeiras infantis acrescentaram vínculos de felicidade na Escola Primária, debaixo de “olho” da D. Maria e do Sr. Armando (funcionários da Escola Central de Bissau) durante os recreios (intervalos das aulas), tínhamos sempre alguém para cuidar de nós.
Interrompidas as brincadeiras, as Rainhas das salas de aula retomavam a sua continuidade, ensinando com mestria, as reguadas assobiavam de quando em vez, mesmo assim, encantaram as flores do seu jardim, deixando perfumada toda a nossa inteligência actual, infiltradas que foram Elas nos ensinamentos que deixaram, no que existe em nós deste período de aprendizagem, no qual aprendemos coisas primárias da vida, válidas e necessárias até hoje, um reconforto e inspiração de base que servirá de alicerce sustentável, um vínculo forte, tudo num período aparentemente frágil da nossa existência, como aprendizes da sabedoria e do conhecimento, permanecemos amantes da mesma sabedoria.
Quem não se lembra da sua Professora Primária, da sua querida e aconchegante voz expressiva e acolhedora, uma voz cheia de tudo para encher os nossos ouvidos do que era preciso, como ingrediente para crescermos sabendo para fazer depois, os conselhos e ensinamentos diluídos como adubo para a planta crescer saudável?
Só de ouvir sua voz de liderança entoada diariamente, de forma persistente para ensinar, ajudava muito. Fomos acariciados com palavras que nos estimulavam, abriram-se as pétalas para o despertar do conhecimento no ensino primário.
Trabalhos de quem conhece a couve da sua horta eram bem sucedidos, respondíamos com agrado e vontade, a todas as exigências da professora, só da leitura do seu olhar adivinhávamos o que nos esperava, adaptados ao feitio e vontades da professora, sabíamos certamente o que “a casa gastava”, quando alguém era desobediente.
O lugar onde aprendemos maneiras de estar e de ser para a vida, na sala de aula, Senhoras que moveram consciências precoces, com palavras sábias, certas para cada situação na relação pedagógica e fora dela, com envolvimento para além do estritamente curricular, eram também maternais, muito queridas e respeitadas na comunidade (outros tempos), amigas do aluno. Todos sentíamos isto.

Aprendemos a juntar as letras de um dia para o outro, a juntar e somar números, a fazer redacções, quase diariamente, a estar quietos e calados enquanto fala a Professora, a falar um de cada vez, quem escapasse a estas regras, era-lhe servida uma “unhada” ajustada às orelhas, que fazia abanar a cabeça, para repor o juízo e a atenção na sala de aula. Era assim que, ao final de poucos dias, todos nós aprendemos a estar com atenção e a respeitar as regras da relação pedagógica. Tudo isto, por norma, se passava em todas as salas de aula, a disciplina e a ordem cumpridas do princípio ao fim do tempo pedagógico.
Certamente que falamos de uma voz que chegou cedo e ficou gravada em primeiro plano na vida escolar e familiar do aluno, tornou-se na voz inesquecível, carregada de sinas em vários tons, de afecto que a sala de aula testemunhou e, sabe tão bem descriminar, tons igualmente doces, ríspidos quando necessário, meigos quando consolam, “chatos”, quando cobranças de tarefas escolares, persistentes e repetitivos quando correcção de um ditado, por exemplo (no mínimo escrever vinte vezes cada palavra errada), mas também eram Professoras tolerantes quando havia indícios de dificuldades de aprendizagem, e persistentes com o aluno preguiçoso (é preciso “negociar” a cada passo sua aprendizagem) na relação pedagógica, mas também justa, quando avalia positivamente ou reprova um aluno.
Também uma voz encorajadora, motivadora nas dificuldades especiais dos alunos, e de raspanetes se preciso, na ausência de educação ou falta de respeito entre alunos, chegando a voz de castigo, se necessário for, porque a disciplina era o principal amigo a conquistar, para merecermos “beijinhos” da professora.
Elogios que fazem a diferença, esta presença amiga, nas virtudes de uma boa educação maternal ou formação institucional, sempre presentes e infiltradas na relação pedagógica, este lamiré afinado em sintonia com os ouvidos da classe, que convive diariamente com a Professora, a querida de todos, a Rainha da voz encantada nos ouvidos da sala de aula, a voz muitas vezes rival da própria voz dos pais, sobretudo da mãe, lideranças que se cruzam através do aluno por motivos pedagógicos, na reconquista de “territórios”, porque na escola manda o Professor, em casa manda a Mãe.
Mas na cabeça do aluno só pensa a escola (nesta fase)“colado” à professora, é dependente do trabalho da Escola e dos desejos pedagógicos da professora, era “sagrado” para o aluno, fazer os trabalhos de casa para mostrar no dia seguinte. É de realçar este prolongamento saudável da Escola chegar a casa, onde é bem recebido, como testemunho de continuidade, partilhada na dinâmica familiar como forma de “acompanhar “ um filho na sua actividade curricular.
Seria um dos reforços positivos na motivação do aluno, confundidos neste prolongamento da exigência pedagógica do ensino, as duas lideranças (mãe e professora) são normalmente bem sucedidas no relacionamento e apoios, estão em sintonia e dedicadas ao aluno, cedo esta exigência do professor ganha esta “batalha”, consegue transferir para casa esta partilha (trabalhos para casa) e deste modo, haver participação dos pais na vida escolar e na aprendizagem do filho, que é também ensinado em casa pelos adultos da família, ou pelo menos vigiado por eles. Alguns pais, sendo analfabetos não o fazem no mesmo sentido, seria então o apoio de garantir que o filho “se sentasse” para estudar em casa, o mesmo que dizer, para fazer o TPC.
Na escola submete-se à liderança do professor, e feliz é o aluno que faz esta adaptação na relação pedagógica, sem problemas.
 A Professora e a Mãe, normalmente estão em sintonia, principalmente nesta idade escolar, cada uma no seu território (escola e casa) manda, acabando ambas por se cruzarem nos desejos e objectivos de carácter cultural e de formação pedagógica do filho. A Mãe em casa, a Professora na escola, fazendo intercepção nas fronteiras de cuidados a ter com o aluno, acaba por não haver uma separação estanque destes objectivos comuns e programados, porque ambas estão curvadas para o “berço” da formação integral do filho/aluno.
O aluno mantém-se como pólo de união entre a Professora e a Mãe por vários anos, efeitos interpessoais que contribuíram para motivação e, que moldaram a personalidade, a sensibilidade do aluno durante este período de aprendizagem na Escola Primária.
No reconhecimento e sabedorias que transportamos hoje, afinal cheios de história, com pedacinhos de coisas na vida que conseguimos juntar, dentro de tudo o que a vida ofereceu, estamos nós, em guarda até hoje da vida que vivemos, um valor cultural que deve muito, à figura da Professora Primária, que fazemos questão de chamar assim, nunca de outra maneira, porque seria redutor (chamar só professora de ensino básico), restringindo a relação de professor aluno à cientificidade na relação, só baseados nos conteúdos da relação pedagógica, presas ao currículo do aluno na escola, isso não seria justo, é muito mais e vai para além do comportamento pedagógico registados, transbordando para a relação humana, sócio-familiar e comunitária, simplesmente porque ensinavam com amor, este dom de amar o que fazemos, torna-se numa chave mestra que abre portas no mundo, chegando a muitos lados, conquista e poisa, numa adaptação quase espontânea, porque magnética e contagiante, é a figura de quem ensina o nosso filho as primeiras letras ou coisas primárias, afinal da vida inteira, qualquer síntese aqui, peca por deixar de fora esta emoção de amor, vivida na relação pedagógica durante os primeiros quatro anos de aprendizagem, só.

Antigamente existiu amor e auto-confiança na relação entre a professora primária, o aluno e a família, relação marcada fora da Escola pela figura da mãe, o aluno como peça fundamental desta inspiração, assim andávamos, num caminho de cabras, apertados e bem controlados, mas com tempo para tudo (brincar, comer, estudar e dormir).

Na Escola a professora era o prolongamento da confiança da mãe, pelo amor e preocupação como Mãe e, quem queria ver o filho triunfar, delegando na professora um papel importante, a confiança absoluta na sua mestria, permitindo-se substituir pela Professora numa confiança cega (“a professora tem sempre razão e não o contrário”) naquele adulto responsável pela aprendizagem do filho. Por isso, a Mãe apoiava e seguia os conselhos de exigência do professor, reconhecidos como sendo para o bem do aluno e com resultados positivos constatados.
Uma queixa do Professor merecia reflexão no lar, qualquer falta de educação, de respeito ou de trabalho de casa, unia família e escola à volta da mesma preocupação, sintonizada e nunca colocando em dúvida esta relação, durante o processo de aprendizagem.
A professora primária sentia o peso destas responsabilidades, a de confiarem um filho, como um sinal inequívoco de identificação com a figura parental, e estava para além da relação pedagogia, sabia depositada em si uma responsabilidade que era também partilhada com a mãe da criança de tenra idade. Era uma troca de papéis e de recados, de boca em boca, sem livro de “reclamações” dentro das pastas, uma “caderneta” dos afectos do aluno existiu.

Não era uma relação sustentada na desconfiança entre responsáveis que asseguram um projecto de desenvolvimento da criança dentro da sala de aula e não só.
Falamos aqui de Professora Primária à moda antiga, o que já diz quase tudo.
Um muito obrigado do fundo do coração para todas, pelo afecto, carinho e amor que ficaram, nesta cambada de “traquinas” que ajudaram, e muito.

Djarama. Filomeno Pina.

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Um abraço!

Samuel

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